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A Guerra dos Cem Anos, ocorrida entre 1337 e 1453, não foi uma guerra contínua, mas sim uma sucessão de batalhas envolvendo França e Inglaterra durante o processo de formação das monarquias nacionais europeias.
Essa guerra é lembrada por conta da participação de Joana d’Arc, uma camponesa que lutou junto do exército francês. A Guerra dos Cem Anos foi vencida pela França, acabando com qualquer pretensão da Inglaterra de anexar seu território.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Guerra dos Cem Anos
- 2 - Videoaula sobre a Guerra dos Cem Anos
- 3 - Antecedentes da Guerra dos Cem Anos
- 4 - Causas da Guerra dos Cem Anos
- 5 - A Guerra dos Cem Anos
- 6 - Videoaula sobre Joana d’Arc
- 7 - Fim da Guerra dos Cem Anos
- 8 - Consequências da Guerra dos Cem Anos
Resumo sobre a Guerra dos Cem Anos
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A Guerra dos Cem Anos foi uma série de conflitos envolvendo França e Inglaterra, entre 1337 e 1453.
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Os ingleses se aproveitaram do vácuo de poder na França para invadir seu território e controlar o comércio de Flandres.
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As guerras civis nos dois reinos interferiram no andamento da Guerra dos Cem Anos.
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A camponesa francesa Joana d’Arc teve participação fundamental na vitória francesa contra os invasores ingleses durante o último período da guerra.
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Após mais de cem anos de conflitos, as monarquias inglesa e francesa se fortaleceram, despertando sentimento nacional e patriótico.
Videoaula sobre a Guerra dos Cem Anos
Antecedentes da Guerra dos Cem Anos
A Guerra dos Cem Anos está inserida na transição da Idade Média para a Idade Moderna, período em que se formavam os Estados Nacionais. Se, no período medieval, o poder estava descentralizado nas mãos dos senhores feudais, na Modernidade, os novos Estados surgiam com o poder centralizado em um monarca.
No século XII, a Europa assistia ao fim da Idade Média, período marcado pelo feudalismo e a descentralização do poder, e o surgimento das primeiras monarquias nacionais e reis absolutistas. O comércio e as cidades renasciam em contraposição ao campo, que estava em crise. Os reis, que durante a Idade Média era chefes militares, ganharam força ao conter as revoltas camponesas e as guerras entre os reinos em formação.
Causas da Guerra dos Cem Anos
A origem da Guerra dos Cem Anos está na disputa pelo trono francês, que ficou vago logo após a morte de Carlos IV, em 1328. Os ingleses queriam se aproveitar desse vácuo de poder na França para assumir o seu território e usufruir dos benefícios econômicos, principalmente em Flandres, uma região próspera comercialmente.
O rei inglês Eduardo III, que era neto do monarca francês Felipe, o Belo, usou seu grau de parentesco como justificativa para anexar aos reinos da Inglaterra o da França. Era uma forma de os ingleses dominarem a França e se beneficiarem do seu comércio em expansão. Flandres possuía uma indústria têxtil que lucrava com o comércio de lã com os ingleses e, por conta desse interesse econômico, viu com bons olhos a tentativa da Inglaterra de anexar o reino da França.
A Guerra dos Cem Anos
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Primeiro período (1337-1364)
O primeiro período da Guerra dos Cem Anos foi marcado pelo êxito da Inglaterra no combate contra a França. Isso fez com que os ingleses ocupassem parte do litoral norte francês. As tropas lideradas pelo rei Eduardo III eram em maior número do que as da França. Flandres e a Bretanha, que estavam em território francês, apoiaram a Inglaterra financiando seu exército.
No entanto, a peste negra provocou o fim das primeiras batalhas da Guerra dos Cem Anos. Um terço dos europeus morreu por conta dessa doença. Ao retornar os confrontos, os ingleses mantiveram seus avanços em território francês. Os nobres não eram leais à Coroa francesa e se rebelaram contra os prejuízos da guerra.
Percebendo as derrotas no campo de batalha e a falta de apoio dos nobres e da burguesia, o rei francês Carlos V negociou um tratado de paz com o rei Eduardo III que encerrava o primeiro período da guerra, em 1364, e reconhecia o domínio da Inglaterra em boa parte das terras francesas. Em troca, os ingleses se comprometeram a não mais requisitar o trono da França.
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Segundo período (1364-1380)
Em 1364, o rei francês Carlos V não reconheceu o tratado de paz assinado anteriormente com a Inglaterra e reiniciou o conflito. As tropas francesas atacaram os ingleses e começaram a reverter as derrotas sofridas durante o primeiro período da guerra.
O êxito da França nesse segundo período se deveu a Bertrand Du Guesclin, um cavaleiro francês que unificou as tropas e usou o sistema de guerrilhas para derrotar os ingleses. Essa unificação demonstrou a importância de se ter um poder centralizado, que organizasse os nobres em seu entorno e aumentasse a arrecadação de impostos.
Os ânimos entre a França e a Inglaterra esfriaram por conta da morte dos seus monarcas. Em 1377, morreu Eduardo III. Seu sucessor, Ricardo II, tinha apenas 10 anos de idade. Em 1380, o monarca francês Carlos V morreu, amenizando as forças militares da França.
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Terceiro período (1380-1422)
O terceiro período da Guerra dos Cem Anos foi marcado por guerras internas e disputas pelo trono. Os ingleses enfrentavam as revoltas servis, e o rei Ricardo II entrou em confronto contra os nobres. Desse confronto, a nobreza apoiou a subida de Henrique V para o trono inglês.
Já na França, os confrontos internos se deram por causa de uma revolta na região de Borgonha. Com a morte de Carlos V, seu sucessor foi Carlos VI, em 1380. Os nobres se dividiram entre os Armagnacs, que apoiavam os Orleans, e os Burguinhões, que estavam do lado da região da Borgonha. Essa guerra civil se justificava porque o rei Carlos VI não tinha condições mentais para governar a França.
Os ingleses se aproveitaram dessa desunião entre o rei e sua nobreza para continuarem avançado pelo território francês. Em 1415, o rei inglês Henrique V desembarcou na Normandia, norte da França, e invadiu Harfleur. Os franceses foram derrotados pelos ingleses, que, no mesmo ano, já ocuparam Paris.
Em 1420, foi assinado o Tratado de Troyes, no qual a França reconhecia o domínio inglês sobre o norte e que forçava o rei Carlos VI a deserdar do trono o seu filho Delfim Carlos VII. Além disso, Henrique V se casou com Catarina, filha do rei francês, e se tornou herdeiro do trono. A França se mantinha dividida e ocupada pelos ingleses.
Em 1422, os reis Carlos VI e Henrique V morreram. Os domínios ingleses na França foram controlados pela nobreza. Carlos VII assumiu a realeza em Bourges, no centro francês.
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Quarto período (1422-1453)
O quarto período da Guerra dos Cem Anos é marcado pela participação de Joana d’Arc, uma camponesa e visionária que liderou um regimento do exército francês e conseguiu impor várias derrotas aos ingleses, começando a reação da França contra os invasores. Enquanto na Inglaterra ocorria da Guerra das Duas Rosas, os franceses se aproveitaram disso para retomar o território que estava nas mãos dos ingleses.
Em 1430, Joana d’Arc foi presa pelos Borguinhões e entregue para os ingleses. Ela foi julgada pelo Tribunal da Santa Inquisição e condenada à morte, em 1431.
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Videoaula sobre Joana d’Arc
Fim da Guerra dos Cem Anos
O martírio da guerreira camponesa motivou os soldados franceses a se manterem na luta contra os ingleses. Em 1453, os franceses conquistaram a cidade de Bordeaux, o último inglês, dando fim na Guerra dos Cem Anos. A Inglaterra praticamente abandonou a guerra contra a França para solucionar as disputas internas provocadas pela Guerra das Duas Rosas. Não houve tratados de paz, mas os franceses conseguiram reaver o território que estava sob o domínio da Inglaterra.
A Guerra dos Cem Anos foi, de fato, um conflito envolvendo franceses e ingleses, mas disputas internas alteraram seu curso. Quando não era a França, era a vez da Inglaterra enfrentar a infidelidade dos nobres ao rei ou as disputas internas que geravam guerras civis, beneficiando o inimigo na guerra.
Consequências da Guerra dos Cem Anos
Uma das principais consequências da Guerra dos Cem Anos foi o fim da tentativa da Inglaterra de obter domínio sobre parte continental da Europa. Já para a França, a guerra fortaleceu o sentimento patriótico e colaborou para o surgimento de sua monarquia nacional e absolutista.
Por Carlos César Higa
Professor de História