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Carta argumentativa

A carta argumentativa é um gênero textual que busca, por meio da estrutura da epístola, defender um ponto de vista.

Pessoa escrevendo no caderno a frase "carta argumentativa".
A carta argumentativa é muito requisitada nos concursos e provas de vestibulares.
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A carta argumentativa é um gênero discursivo que mistura duas estruturas fundamentais, presentes já em seu nome: a forma de carta (também conhecida como epístola) e a tipologia argumentativa. Via de regra, esse tipo de texto visa a defender um ponto de vista de um remetente para um destinatário.

Tópicos deste artigo

Estrutura da carta argumentativa

A estrutura de uma epístola é comum em diversos tipos de subgêneros, como a carta aberta, a carta pessoal ou a carta do leitor. Embora, na atualidade, essa estrutura seja relativizada, a depender do espaço em que é publicada, ainda há uma relativa rigidez quando o gênero é exigido por vestibulares. Nesses casos, na estrutura, deve haver:

  • Data: Normalmente, na primeira linha de uma carta, identificam-se o local e a data que a carta está sendo escrita. Isso ocorre porque tal gênero é anterior aos avanços tecnológicos que permitiram uma comunicação instantânea no mundo. Dessa forma, era necessário dizer quando e onde o texto estava sendo escrito, a fim de orientar melhor o leitor da carta.

  • Destinatário: O destinatário de uma carta costuma apresentar-se logo após a transcrição da data. Dessa forma, na segunda linha do texto, coloca-se um vocativo — ou seja, uma referência direta à segunda pessoa do discurso (no caso, o destinatário) —, sempre se lembrando de usar um pronome de tratamento adequado à figura com quem se fala. Por exemplo, caso a carta seja destinada a um reitor ou uma reitora de universidade, é de praxe que se escreva, na segunda linha do texto, “Vossa Magnificência,”; caso a carta seja para um político(a) ou juiz(a), diz-se “Excelentíssimo(a) senhor(a),” etc.

  • Corpo do texto: Nesse espaço, localizado abaixo do vocativo e, portanto, normalmente na terceira linha da carta, há o texto argumentativo em si. É nesse trecho, com introdução, desenvolvimento e conclusão, que o autor da carta deve apresentar o que o levou a escrever tal epístola.

  • Saudação: Terminado o corpo do texto, é necessário despedir-se do destinatário com uma saudação cordial, tal qual “Atenciosamente,” ou “Com todo o respeito e admiração,” etc.

  • Assinatura do remetente: Por fim, na última linha do texto, logo em seguida da saudação, o autor ou remetente da carta assina seu nome. Atenção, é comum, em vestibulares, ser proibido assinar o texto por uma questão de segurança do exame. Nesses casos, a carta deve terminar no fecho.

Leia também: Técnicas de redação: A impessoalização da linguagem

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Características da carta argumentativa

Para além da estrutura comum a todas as cartas, e explicitada acima, é necessário estar atento para as características do gênero argumentativo.

Nesse sentido, vale sempre lembrar que é preciso, na introdução (primeiro(s) parágrafo(s) do texto, a depender do tamanho da carta), apresentar o tema abordado e a tese (ponto de vista sobre o assunto).

Nos parágrafos intermediários, deve-se argumentar em defesa do ponto de vista, ou seja, é preciso apresentar fatos, informações e análises que comprovem que a tese apresentada pelo remetente é verdadeira.

No último parágrafo do corpo do texto, é importante reiterar as posições assumidas no decorrer da carta e concluir repetindo o ponto de vista, agora comprovado pelos argumentos.

Além de tais características da argumentação, é bom lembrar que a linguagem de uma carta argumentativa deve obedecer à norma-padrão da Língua Portuguesa. É comum, por fim, que existam, nas epístolas, interlocução — ou seja, um diálogo direto com o leitor, marcado pelo uso de verbos flexionados na segunda pessoa do discurso ou por referências como “a leitora observe que...”, ou “o leitor deve pensar que...”.

Leia também: Passo a passo para escrever uma boa redação

Exemplo de carta argumentativa

Veja, a seguir, a carta do ex-presidente do Brasil Getúlio Vargas escrita momentos antes de seu suicídio, em que o então Chefe do Executivo defende a tese de ser perseguido por defender “o povo, principalmente os humildes”.

24 de agosto de 1954

Brasileiros,

Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e  desencadeiam-se sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam; e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci.

Iniciei o trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.

A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo desencadearam-se os ódios.

Quis criar a liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação avoluma-se. A Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre, não querem que o povo seja independente.

Assumi o governo dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se nosso principal produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo e renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser o meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos.

Quando vos vilipendiarem, sentireis no meu pensamento a força para a reação.

Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com perdão. E aos que pensam que me derrotam respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.

Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue terá o preço do seu resgate.

Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.

 Getúlio Vargas

Escritor do artigo
Escrito por: Fernando Marinho Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MARINHO, Fernando. "Carta argumentativa"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/carta-argumentativa.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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