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A carta do leitor é um gênero textual utilizado quando algum cidadão deseja posicionar-se criticamente a respeito de algum assunto ou acontecimento do momento. É um texto de curto tamanho, com linguagem concisa e assertiva. Em sua estrutura, há forte presença do tipo textual argumentativo e expositivo, buscando defender uma perspectiva que converge ou discorda do texto-fonte.
Leia também: Carta argumentativa — gênero que busca defender um ponto de vista sobre algo
Tópicos deste artigo
- 1 - O que é carta do leitor?
- 2 - Estrutura e características da carta do leitor
- 3 - Como se faz uma carta do leitor?
- 4 - Exemplos de carta do leitor
- 5 - TSE
- 6 - Bravura
O que é carta do leitor?
O gênero textual carta do leitor serve para quando uma pessoa deseja expressar sua opinião ou seu posicionamento crítico a respeito de algum assunto relevante no momento. Esse gênero se enquadra como um exercício de cidadania e pode ser direcionado tanto a jornais como às revistas de diversos segmentos.
Por sua ampla funcionalidade, a carta do leitor se encontra como gênero em diversos contextos. Um cidadão pode se posicionar perante um jornal, após alguma reportagem ou notícia publicada, a qual o autor pretende tecer uma crítica, mas também pode utilizar o mesmo gênero para se posicionar diante de uma revista de tema específico, como revista de música, literatura, arquitetura, engenharia, etc.
Estrutura e características da carta do leitor
A carta do leitor possui um tamanho reduzido e comumente se apresenta em alguma das páginas do informativo, em uma área específica a essa produção. O autor precisa apresentar a sua crítica de modo objetivo, para se adaptar ao espaço.
Embora seja nomeado como “carta”, esse gênero textual se assemelha muito aos gêneros argumentativos, isso porque, como o intuito é expressar uma opinião crítica, é necessário lançar mão de estratégias que contribuam para o convencimento do leitor.
Sendo assim, a carta do leitor apresenta os elementos e estratégias da argumentação como uma forte característica da sua estrutura, sendo fundamentais para que a carta possua maior impacto no periódico e consiga convencer outros leitores a respeito da tese defendida.
Além disso, por se tratar de algum assunto ou problema em destaque no momento, o gênero exige a presença de exposição do tema abordado. Assim, o tipo textual expositivo também é uma característica presente nesse tipo de carta.
O texto se desenvolve a partir de um “conflito”, não necessariamente no sentido literal, mas pelo fato de existir uma oposição entre a opinião do autor e a opinião criticada. A partir dessa interação, o autor pode escolher algumas estratégias para analisar a questão.
- Situação-Avaliação: estratégia em que há uma situação do mundo real que será explanada e a argumentação é a avaliação crítica a respeito dessa circunstância.
- Geral-Particular: estratégia utilizada quando há uma situação superordenada, uma afirmação generalizante e a argumentação específica, por meio de exemplos que se relacionam compativelmente ou não.
Leia também: Carta aberta — gênero argumentativo que tem função social
Como se faz uma carta do leitor?
Para fazer uma carta do leitor, antes de tudo, é necessário ter uma posição crítica a respeito de algo que foi publicado em algum periódico. É importante considerar os assuntos e temas recentes e relevantes. Além disso, é importante atentar ao veículo no qual a carta será publicada: qual o seu perfil e de seus leitores?
Estar atento às questões pertinentes ao gênero textual e ao contexto de produção é essencial para uma boa produção. O autor precisa considerar que a sua argumentação só terá propósito se conseguir se direcionar ao público-alvo, e isso só é conquistado com uma análise anterior sobre as características desse público, para melhor adequação da linguagem.
Escolhido o assunto e o periódico que receberá a carta, o autor deve iniciar o seu texto com a exposição do problema que será criticado. Essa apresentação deve considerar quais as informações já são conhecidas pelo grande público, para evitar repetições desnecessárias.
Em sequência, apresentam-se as argumentações necessárias para comprovar o ponto de vista defendido. O autor pode apresentar suas críticas de modo objetivo e assertivo, mas deve embasar seus apontamentos, para garantir maior poder de convencimento ao texto.
O texto pode ser acompanhado de um pequeno título e sua linguagem deve ser concisa, direta e assertiva. O leitor precisa trabalhar a escrita no intuito de lapidá-la para ocupar pouco espaço, mas dar conta de defender a afirmação pontual do autor.
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Exemplos de carta do leitor
Abaixo segue alguns exemplos de carta do leitor, retiradas do jornal Folha de São Paulo. Os textos selecionados abordam diferentes assuntos e servem como material de estudo do gênero.
TSE
“O TSE está fazendo campanha para comprarmos celular? Eu não tenho e não quero ter celular, não sou obrigado por lei a tê-lo. Porém sou obrigado por lei a votar, e agora? Estou numa pequena cidade do interior de São Paulo, fugindo do coronavírus, e fui ao cartório para justificar minha ausência no segundo turno. Mas ele estava fechado. Como um eleitor que não quer ter celular irá justificar sua ausência?” Francisco José Bedê e Castro (São Paulo, SP)
Bravura
“O pequeno monumento em recordação ao ato de bravura do marechal Bittencourt, em frente ao Museu Histórico Nacional, foi destruído. A história da República não é respeitada, mesmo quando materializada em frente à porta de um museu histórico. Pobre país que despreza o passado e não mantém os alicerces para construir o seu futuro.” Luiz Felipe Pupe de Miranda (Rio de Janeiro, RJ)
As cartas acima possuem pontos estruturais semelhantes, embora se refiram a assuntos diferentes. Todos os exemplos possuem um tamanho reduzido, aproximadamente um parágrafo. Os temas abordados são recentes e relevantes a toda ou parte da sociedade brasileira. Percebe-se, assim, que o gênero centra-se em temas sociais e coletivos. Além disso, diante do curto espaço para o texto, os autores produzem apontamentos e reflexões diretas, demarcando fortemente seu posicionamento.
Para a contextualização dos problemas, muitos autores apontam brevemente algum fato que serve para situar a circunstância que desencadeia a crítica. Alguns optam por apresentar afirmações assertivas: “Pobre país que despreza o passado e não mantém os alicerces para construir o seu futuro.”. Outros utilizam perguntas provocativas e retóricas para indicar suas críticas: “O TSE está fazendo campanha para comprarmos celular? Eu não tenho e não quero ter celular, não sou obrigado por lei a tê-lo. Porém sou obrigado por lei a votar, e agora?”.
Por Talliandre Matos
Professora de Gramática