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Redação nota 1.000 no Enem

A redação do Enem é um texto dissertativo-argumentativo, e sua nota chega até 1.000. Com algumas dicas, sua pontuação pode ser cada vez melhor.

Estudante, sentado em carteira, redigindo a redação do Enem.
Selo top 5 Enem
Algumas dicas podem ajudar a obter a nota 1.000 na redação do Enem.
Crédito da Imagem: shutterstock
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A redação nota 1.000 é uma forma de aumentar consideravelmente a média final do Enem e garantir a vaga tão sonhada na universidade. Como é um texto dissertativo-argumentativo, ela exige uma estrutura particular, e cada novo ano traz um tema que requer novos argumentos. Assim, algumas dicas sobre o pré, durante e pós-escrita podem ajudar a obter uma nota 1.000! Vamos apresentar também alguns exemplos de textos que alcançaram essa nota.

Leia também: Como a redação do Enem é corrigida?

Tópicos deste artigo

Dicas para fazer uma boa redação nota 1.000 no Enem

  • Leia e interprete bem a proposta

O tema da redação do Enem costuma ser ligado ao Brasil e ao universo dos estudantes. Cada palavra é pensada especificamente para que, junto dos textos de apoio, o aluno consiga compreender os objetivos.

Exemplo:

A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira (Tema de 2015)

Nessa proposta, seria incorreto tratar da violência no geral, do sofrimento feminino globalmente ou do porquê a violência é ruim. O foco deve estar na mulher brasileira e na persistência do problema.

  • Faça um projeto de texto

Um projeto de texto é um planejamento anterior à escrita que organiza todas as informações. Ele é importante para que o aluno tenha certeza de que todos os argumentos são coerentes, conectados entre si e que estão de acordo com o tema. Um bom planejamento deve conter:

  • Introdução:
    • Contextualização e tese
  • Desenvolvimento:
    • Argumento 1 e conclusão 1, argumento 2 e conclusão 2.
  • Conclusão:
    • Proposta de intervenção
  • Use argumentos produtivos e não contidos nos textos motivadores

Os textos de apoio, que acompanham o tema da redação, são uma ótima base para entender melhor a proposta e qual o contexto daquelas informações. Entretanto, nada deles deve ser usado como cópia, já que qualquer linha copiada será excluída do texto final. Eles podem, contudo, ser interpretados. Assim, deve-se usar um bom “repertório sociocultural”, ou seja, todo tipo de conhecimento que você adquiriu ao longo de sua formação: filmes, séries, livros, informações históricas, falas de figuras de autoridade, etc. Mobilize-os para comprovar a sua tese!

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  • Faça uma proposta de intervenção direcionada ao tema

A proposta de intervenção aparece no último parágrafo, a conclusão, e deve sugerir uma resolução para o problema que apareceu na proposta. É claro que os corretores não esperam um plano mirabolante, mas a proposta de intervenção deve ser guiada por cinco tópicos:

  1. Quem?
  2. O que?
  3. Como?
  4. Para quê?
  5. Detalhamento das ações, agentes e efeitos.

Para entender melhor como deve ser feita a proposta de intervenção, clique aqui.

  • Verifique a escrita!

A redação do Enem deve ser escrita na modalidade formal do português, e qualquer desvio tirará pontos da Competência 1. Esses são os pontos de atenção que o Inep indica:

  • convenções da escrita: acentuação, ortografia, uso de hífen, emprego de letras maiúsculas e minúsculas e separação silábica (translineação).
  • gramaticais: regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, tempos e modos verbais, pontuação, paralelismo sintático, emprego de pronomes e crase.
  • escolha de registro: adequação à modalidade escrita formal, isto é, ausência de uso de registro informal e/ou de marcas de oralidade.
  • escolha vocabular: emprego de vocabulário preciso, o que significa que as palavras selecionadas são usadas em seu sentido correto e são apropriadas ao contexto em que aparecem.|1|
  • Escreva com letra legível

Além da correção ortográfica e gramatical, o avaliador deve ser capaz de entender a sua letra. As partes do texto que não estiverem compreensíveis podem ser excluídas, e isso pode prejudicar muito a nota final.

  • Respeite os direitos humanos

A prova do Enem preza, em todas as suas partes, por respeito aos direitos humanos, principalmente nos argumentos dos parágrafos de desenvolvimento e na proposta de intervenção. Estes são os princípios considerados:

  • dignidade humana;
  • igualdade de direitos;
  • reconhecimento e valorização das diferenças e diversidades;
  • laicidade do Estado;
  • democracia na educação;
  • transversalidade, vivência e globalidade;
  • sustentabilidade socioambiental.

→ Videoaula com 5 passos para fazer uma redação nota 1.000 no Enem

Exemplos de redação com nota 1.000 no Enem

  • Exemplos de redação nota 1.000 do Enem 2017
    (Tema: Desafio para Formação Educacional de Surdos no Brasil)

Maria Fernanda Gurgel

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há 45 milhões de indivíduos portadores de alguma deficiência no País. Apesar do amplo contingente populacional e dos avanços nos direitos dessa camada da sociedade, esses brasileiros não dispõem de uma inclusão educacional plena, sobretudo os surdos. Esse cenário desafiador demanda a adoção de medidas mais eficientes por parte do Poder Público e de instituições formadoras de opinião a fim de garantir uma melhor qualidade de vida aos deficientes auditivos.

De fato, o acesso à educação pelos indivíduos surdos é assegurado pela Constituição de 1988 e pelo mais recente Estatuto da Pessoa com Deficiência. No Brasil, entretanto, há uma discrepância entre o que é defendido por tais instrumentos jurídicos e a realidade excludente vivida por essa população. Esses indivíduos sofrem, diariamente, com a escassez de materiais didáticos adaptados e com a insuficiente formação de profissionais, que, muitas vezes, são incapazes de oferecer uma educação em Libras. Além disso, grande parte dos brasileiros desconhece tais legislações, o que dificulta a inclusão plena dos deficientes auditivos e evidencia uma atuação negligente do Estado.

Ademais, de acordo com o pensador Vygotsky, o indivíduo é fortemente influenciado pelo meio em que está inserido, o que ressalta a importância de certos setores da sociedade, a exemplo de famílias e escolas, na formação cidadã dos brasileiros. Mesmo com essa ampla relevância, diante da persistência de atos discriminatórios contra os surdos no âmbito escolar, como a recusa de matrícula, a segregação em turmas especiais e o bullying, fica evidente o desrespeito que tipifica como crime qualquer comportamento intolerante contra os portadores de necessidades especiais, incluindo os surdos.

Portanto, a fim de garantir a devida formação educacional dos deficientes auditivos, cabe ao Poder Público, por meio da destinação de mais recursos ao Instituto Nacional de Educação de Surdos, garantir uma melhor capacitação dos professores e uma maior disponibilização de materiais adaptados, além de promover informes educativos, mediante as redes sociais, sobre a existência do Estatuto da Pessoa com Deficiência. Ademais, cabe às escolas garantir, por meio de palestras para os pais de alunos, o devido incentivo de amplos diálogos entre os membros do núcleo familiar, possibilitando uma reflexão quanto ao respeito às diferenças no âmbito domiciliar desde a infância.

Espelho de redação nota mil do Enem 2017 (texto escrito por Maria Fernanda Gurgel)
Clique aqui para ler

Maria Juliana Bezerra Costa

Em razão de seu caráter excessivamente militarizado, a sociedade que constituía a cidade de Esparta, na Grécia Antiga, mostrou-se extremamente intolerante com deficiências corpóreas ao longo da história, tornando constante inclusive o assassinato de bebês que as apresentassem, por exemplo. Passados mais de dois mil anos dessa prática tenebrosa, ainda é deploravelmente perceptível, sobretudo em países subdesenvolvidos como o Brasil, a existência de atos preconceituosos perpetrados contra essa parcela da sociedade, que são o motivo primordial para que se perpetue como difícil a escolarização plena de deficientes auditivos. Esse panorama nefasto suscita ações mais efetivas tanto do Poder Público quando das instituições formadoras de opinião, com o escopo de mitigar os diversos empecilhos postos frente à educação dessa parcela social.

É indubitável, de fato, que muitos avanços já foram conquistados no que tange à efetivação dos direitos constitucionais garantidos aos surdos brasileiros. Pode-se mencionar, por exemplo, a classificação da Libras — Língua Brasileira de Sinais — como segundo idioma oficial da nação em 2002, a existência de escolas especiais para surdos no território do Brasil e as iniciativas privadas que incluem esses cidadãos como partícipes de eventos — como no caso da plataforma do Youtube Educação, cujas aulas sempre apresentam um profissional que traduz a fala de um professor para a língua de sinais. Apenas medidas flagrantemente pontuais como essas, contudo, são incapazes de tornar a educação de surdos efetiva e acessível a todos que necessitam dela, visto que não só a maioria dos centros educacionais está mal distribuída no país, mas também a disponibilidade de professores específicos ainda é escassa, além da linguagem de sinais ainda ser desconhecida por grande parte dos brasileiros.

No que tange à sociedade civil, nota-se a existência de comportamentos e ideologias altamente preconceituosas contra os surdos brasileiros. A título de ilustração, é comum que pais de estudantes ditos "normais" dificultem o ingresso de alunos portadores de deficiência auditiva em classes não específicas a eles, alegando que tal parcela tornará o "ritmo" da aula mais lento; que colegas de sala difundam piadas e atitudes maldosas e que empresas os considerem inaptos à comunicação com outros funcionários. Essas atitudes deploravelmente constantes no Brasil ratificam a máxima atribuída ao filósofo Voltaire: "Os preconceitos são a vazão dos imbecis”.

Urge, pois, a fim de tornar atitudes intolerantes restritas à história de Esparta, que o Estado construa mais escolas para deficientes auditivos em municípios mais afastados de grandes centros e promova cursos de Libras a professores da rede pública — por meio da ampliação de verbas destinadas ao Ministério da Educação e da realização de palestras com especialistas na educação de surdos —, em prol de tornar a formação educacional deles mais fácil e mais inclusiva. Outrossim, é mister que instituições formadoras de opinião — como escolas, universidades e famílias socialmente engajadas — promovam debates amplos e constantes acerca da importância de garantir o respeito e a igualdade de oportunidades a essa parcela social, a partir de diálogos nos lares, de seminários e de feiras culturais em ambientes educacionais. Assim, reduzir-se-ão os empecilhos existentes hoje em relação à educação de surdos na Nação e formar-se-ão cidadãos mais aptos a empreender a necessidade de respeito a eles, afinal, segundo o filósofo Immanuel Kant: "O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele”.

Espelho de redação nota mil do Enem 2017 (texto escrito por Maria Juliana Bezerra Costa )
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  • Exemplos de redação nota 1.000 do Enem 2018
    (Tema: Manipulação do comportamento de usuário pelo controle de dados na internet)

Lívia Taumaturgo

Segundo as ideias do sociólogo Habermas, os meios de comunicação são fundamentais para a razão comunicativa. Visto isso, é possível mencionar que a internet é essencial para o desenvolvimento da sociedade. Entretanto, o meio virtual tem sido utilizado, muitas vezes, para a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados, podendo induzir o indivíduo a compartilhar determinados assuntos ou a consumir certos produtos. Isso ocorre devido à falta de políticas públicas efetivas que auxiliem o indivíduo a “navegar”, de forma correta, na internet, e à ausência de consciência, de grande parte da população, sobre a importância de saber utilizar adequadamente o meio virtual. Essa realidade constitui um desafio a ser resolvido não somente pelos poderes públicos, mas também por toda a sociedade.

No contexto relativo à manipulação do comportamento do usuário, pode-se citar que, no século XX, a Escola de Frankfurt já abordava sobre a “ilusão de liberdade do mundo contemporâneo”, afirmando que as pessoas eram controladas pela “indústria cultural”, disseminada pelos meios de comunicação de massa. Atualmente, é possível traçar um paralelo com essa realidade, visto que milhões de pessoas no mundo são influenciadas e, até mesmo, manipuladas, todos os dias, pelo meio virtual, por meio de sistemas de busca ou de redes sociais, sendo direcionadas a produtos específicos, o que aumenta, de maneira significativa, o consumismo exacerbado. Isso é intensificado devido à carência de políticas públicas efetivas que auxiliem o indivíduo a “navegar” corretamente na internet, explicando-lhe sobre o funcionamento do controle de dados e ensinando-lhe sobre como ser um consumidor consciente.

Ademais, é importante destacar que grande parte da população não tem consciência da importância da utilização de forma correta da internet, visto que as instituições formadoras de conceitos morais e éticos não têm preconizado, como deveriam, o ensino de uma “polarização digital”, como faz o projeto Digipo (“Digital Polarization Iniciative”), o qual auxilia os indivíduos a acessarem páginas confiáveis e, assim, diminui o compartilhamento de notícias falsas, que, muitas vezes, são lançadas por moderadores virtuais. Nesse sentido, como disse o empresário Steve Jobs, “A tecnologia move o mundo”, ou seja, é preciso que medidas imediatas sejam tomadas para que a internet possa ser usada no desenvolvimento da sociedade, ajudando as pessoas a se comunicarem plenamente.

Portanto, cabe aos Estados, por meio de leis e investimentos, com um planejamento adequado, estabelecer políticas públicas efetivas que auxiliem a população a “navegar”, de forma correta, na internet, mostrando às pessoas a relevância existente em utilizar o meio virtual racionalmente, a fim de diminuir, de maneira considerável, o consumo exacerbado, que é intensificado pela manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados. Além disso, é de suma importância que as instituições educacionais promovam, por meio de campanhas de conscientização, para pais e alunos, discussões engajadas sobre a imprescindibilidade de saber usar, de maneira cautelosa, a internet, entendendo a relevância de uma “polarização digital” para a conscientização da razão comunicativa, com o intuito de utilizar o meio virtual para o desenvolvimento pleno da sociedade.

Espelho de redação nota mil do Enem 2018 (texto escrito por Lívia Taumaturgo)
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André Bahia

Segundo Steve Jobs, um dos fundadores da empresa “Apple”, a tecnologia move o mundo. Contudo, os avanços tecnológicos não trouxeram apenas avanços à sociedade, uma vez que bilhões de pessoas sofrem a manipulação oriunda do acesso aos seus dados no uso da internet. Nesse sentido, esse processo é executado por empresas que buscam potencializar a notoriedade dos seus produtos e conteúdos no meio virtual. Sob tal ótica, esse cenário desrespeita princípios importantes da vida social, a saber, a liberdade e a privacidade.

De acordo com Jean Paul Sartre, o homem é condenado a ser livre. Nessa lógica, o uso de informações do acesso pessoal para influenciar o usuário confronta o pensamento de Sartre, visto que o indivíduo tem sua liberdade de escolher impedida pela imposição de conteúdos a serem acessados. Dessa forma, a internet passa a ser um ambiente pouco democrático e torna-se um reflexo da sociedade contemporânea, na qual as relações de lucro e interesse predominam. Faz-se imprescindível, portanto, a dissolução dessa conjuntura.

Outrossim, é válido ressaltar que, conforme Immanuel Kant, o princípio da ética é agir de forma que essa ação possa ser uma prática universal. De maneira análoga, a violação da privacidade pelo acesso aos dados virtuais sem a permissão das pessoas vai de encontro à ética kantiana, dado que se todos os cidadãos desrespeitassem a privacidade alheia, a sociedade entraria em profundo desequilíbrio. Com base nisso, o uso de informações virtuais é prejudicial à ordem social e, por conseguinte, torna-se contestável quando executado sem consentimento.

Em suma, são necessárias medidas que atenuem a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet. Logo, a fim de dar liberdade de escolha ao indivíduo, cabe às empresas de tecnologia solicitar a autorização para o uso dessas informações, por meio de advertências com linguagem clara, tendo em vista a linguagem técnica utilizada, atualmente, por avisos do tipo. Ademais, compete ao cidadão ficar atento a essa questão, de modo a cobrar e pressionar essas empresas. Enfim, a partir dessas ações, as tecnologias, como disse Steve Jobs, moverão o mundo para frente.

Espelho de redação nota mil do Enem 2018 (texto escrito por André Bahia)
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  • Exemplos de redação nota 1.000 do Enem 2021
    (Tema: Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil)

Luiza de Souza Mamede

Uma referência quando o assunto é democracia é a antiga cidade grega Atenas, onde surgiu essa forma de governo com a participação popular na política e a valorização da cidadania, a qual, contudo, era bastante restrita, visto que excluía mulheres, estrangeiros e escravos. Nesse sentido, é possível observar que o Brasil atual vive uma situação análoga à ateniense, dado que, mesmo sendo uma democracia — neste caso, indireta — quase 3 milhões de brasileiros, segundo projeção do IBGE, não possuem registro civil, não sendo, por isso, reconhecidos como cidadãos. Assim, torna-se imprescindível discutir essa situação, pois ela repete erros antigos ao privar grupos sociais da participação democrática e se perpetua por conta da morosidade do Estado que afeta direitos constitucionais.

Sob essa ótica, cabe frisar que a garantia de registro civil a todos os brasileiros é essencial e urgente porque permite a sua participação na sociedade. Acerca disso, o filósofo grego Aristóteles, segundo o conceito de Zoon Politikon, afirmava que o ser humano é um animal político e que a sua finalidade é a obtenção da felicidade, adquirida ao exercer o que lhe é substancial: pensar e viver em sociedade.

Dessa forma, evidencia-se a problemática da falta de acesso à cidadania no Brasil, uma vez que as pessoas que não são reconhecidas pelo Estado, devido à falta de documentação, são, por conseguinte, privadas da participação política e negligenciadas pela sociedade, impedidas de exercer a sua finalidade e alcançar a felicidade.

Ademais, é válido apontar que essa exclusão política e social vem sendo perpetuada pela lentidão administrativa do Estado. Nesse contexto, relembra-se que o sociólogo Gilberto Dimenstein, em sua obra “O Cidadão de Papel”, afirma que, embora o Brasil possua um sólido aparato legislativo, ele mantém-se restrito ao plano teórico. Dessa maneira, verifica-se a materialização do apontado por Dimenstein no fato de que os direitos previstos na Constituição Cidadã de 1988 não são garantidos a todos os brasileiros na prática, o que ocorre em grande parte devido à burocracia e à morosidade do Estado, que dificultam o registro dessas pessoas. Logo, sem documento, esses cidadãos invisíveis são privados do pleno acesso aos seus direitos constitucionais.

Portanto, infere-se que é mister que o Estado — cumprindo seu papel de garantir a cidadania a todos os brasileiros e de efetivar a Constituição Federal — combata as razões de sua própria lentidão por meio do destino de verbas para a construção de novas zonas de registro e para a contratação de profissionais para esse fim. Isso deve ser feito a fim de que não mais existam grupos excluídos da participação democrática, como ocorria em Atenas, e se garantam cidadania e os direitos, além da plena vivência política, a toda a população do Brasil.

Gabriel Borges

Norberto Bobbio, cientista político italiano, afirma que a democracia é um processo que tem, em seu cerne, o objetivo de garantia a representatividade política de todas as pessoas. Para que o mecanismo democrático funcione, então, é fundamental apresentar uma rede estatal que dê acesso a diversos recursos, como alimentação, moradia, educação, segurança, saúde e participação eleitoral. Contudo, muitos brasileiros, por não terem uma certidão de nascimento, são privados desses direitos básicos e têm seus próprios papéis de cidadãos invisibilizados. Logo, deve-se discutir as raízes históricas desse problema e as suas consequências nocivas.

Primeiramente, vê-se que o apagamento social gerado pela falta de registro civil apresenta suas origens no passado. Para o sociólogo Karl Marx, as desigualdades são geradas por condições econômicas anteriores ao nascimento de cada ser, de forma que, infelizmente, nem todos recebam as mesmas oportunidades financeiras e sociais ao longo da vida. Sob esse viés, o materialismo histórico de Marx é válido para analisar o drama dos que vivem sem certificado de nascimento no Brasil, pois é provável que eles pertençam a linhagens familiares que também não tiveram acesso ao registro. Assim, a desigualdade social continua sendo perpetuada, afetando grupos que já foram profundamente atingidos pelas raízes coloniais e patriarcais da nação. Dessa forma, é essencial que o governo quebre esse ciclo que exclui, sobretudo, pobres, mulheres, indígenas e pretos.

Além disso, nota-se que esse processo injusto cria chagas profundas na democracia nacional. No livro “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos, é apresentada a história de uma família sertaneja que luta para sobreviver sem apoio estatal. Nesse contexto, os personagens Fabiano e Sinhá Vitória têm dois filhos que não possuem certidão de nascimento. Por conta dessa situação de registro irregular, os dois meninos sequer apresentam nomes, o que é impensável na sociedade contemporânea, uma vez que o nome de um indivíduo faz parte da construção integral da sua identidade. Ademais, as crianças retratadas na obra são semelhantes a muitas outras do Brasil que não usufruem de políticas públicas da infância e da adolescência devido à falta de documentos, o que precisa ser modificado urgentemente para que se estabeleça uma democracia realmente participativa tal qual aquela prevista por Bobbio.

Portanto, o registro civil deve ser incentivado de maneira mais efetiva no país. O Estado criará um mutirão nacional intitulado “Meu Registro, Minha Identidade”. Esse projeto funcionará por meio da união entre movimentos sociais, comunidades locais e órgãos governamentais municipais, estaduais e federais, visto que é necessária uma ação coletiva visando a consolidação da cidadania brasileira. Com o trabalho desses agentes, serão enviados profissionais a todas as cidades em busca de pessoas que, finalmente, terão suas certidões de nascimento confeccionadas, além de receberem acompanhamento e incentivo para a realização de cadastro em outros serviços importantes do sistema nacional. Por conseguinte, o Brasil estará agindo ativamente para reparar suas injustiças históricas e para solidificar sua democracia, de maneira que os seus cidadãos sejam vistos igualmente.

Leia também: Competências avaliadas na redação do Enem

Qual a importância da nota da redação do Enem?

A redação é uma das notas mais importantes do Enem. A nota final da prova é calculada fazendo a média das cinco provas, ou seja, Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens, Matemática e Redação. Assim, redação representa 20% da sua nota!

Para melhorar ainda mais, ela costuma ser uma das provas com as notas mais altas e a única que pode ter a nota 1.000. Isso acontece porque as questões de múltipla escolha são avaliadas através da técnica TRI, ou seja, Teoria de Resposta ao Item. Esse formato permite que a nota dependa da coerência do aluno para evitar colas ou formas de burlar a prova. Assim, um aluno que só acertou as questões difíceis, um pouco das médias e errou as fáceis terá uma nota menor do que um aluno que acertou as fáceis e médias. Dessa forma, é muito difícil tirar 1.000 nessas matérias.    

Notas:

|1| BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A redação no Enem 2022: cartilha do participante. Brasília, 2022. Disponível em: .

Fontes:

BRASIL ESCOLA. Confira redações nota mil do Enem 2018. Disponível em: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/enem/conheca-as-redacoes-nota-mil-enem-2018/345063.html.

BRASIL ESCOLA. Enem 2017: confira redações nota 1.000. Disponível em: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/enem/enem-2017-confira-redacoes-nota-1.000/342332.html.

BRASIL ESCOLA. Enem 2021: leia 7 redações nota 1.000. Disponível em: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/enem/enem-2021-leia-redacoes-nota-1.000/352425.html.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A redação no Enem 2022: cartilha do participante. Brasília, 2022. Disponível em: https://download.inep.gov.br/download/enem/cartilha_do_participante_enem_2022.pdf

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Redação Nota mil - Ministério da Educação. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/40141-redacao-nota-mil.

Escritor do artigo
Escrito por: Luiza Pezzotti Pugles Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PUGLES, Luiza Pezzotti. "Redação nota 1.000 no Enem"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/redacao-nota-1000.htm. Acesso em 14 de dezembro de 2024.

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