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A carta é um gênero textual de correspondência, o qual visa a estabelecer uma comunicação direta entre os interlocutores, para transmitir diferentes tipos de mensagens. Por seu contexto de circulação, as cartas podem ser divididas em:
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carta pessoal
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carta comercial
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carta oficial
A carta pessoal abarca uma estrutura e linguagem mais flexível. As cartas comercial e oficial apresentam textos concisos e impessoais e com linguagem padrão. De modo geral, as cartas apresentam a estrutura: local, data, vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura.
Leia também: Carta aberta – tipo de carta específico com caráter argumentativo
Tópicos deste artigo
- 1 - Tipos de carta
- 2 - Características e estrutura da carta
- 3 - Passo a passo de como escrever uma carta
Tipos de carta
Existem diversos tipos de cartas que servem para diferentes propósitos sociocomunicativos. Analisando pelo grau de proximidade entre os interlocutores, a carta pode ser pessoal, empresarial ou comercial, e oficial ou pública. Essa divisão determina o tipo de linguagem que se estabelece entre remetente e destinatário.
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Carta pessoal: estabelece comunicação entre pessoas próximas ou com vínculo individual. Isso favorece o uso de uma linguagem coloquial, aplicação de expressões populares e gírias, além de assuntos subjetivos e/ou íntimos. A estrutura da carta pessoal também é aberta, tendo em vista que o autor pode escolher como deseja organizar as informações compartilhadas.
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Carta empresarial ou comercial: é aquela que veicula no ambiente profissional e estabelece comunicação entre diferentes profissionais. Esse tipo de carta exige uma linguagem mais formal e impessoal. A mensagem deve ser objetiva e concisa, e toda relação pessoal deve ser evitada.
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Carta oficial ou pública: é o documento utilizado nas instituições públicas. Esse tipo também exige uma linguagem impessoal, formal e acessível. Muitas vezes a carta oficial não tem um destinatário único, e por isso exige um distanciamento entre os interlocutores.
O gênero carta, ainda, subdivide-se dentro dessas categorias. Diante dos diferentes contextos de circulação e do grau de proximidade entre os interlocutores, as cartas podem ser classificadas com base no conteúdo e na função que desempenham:
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Carta de reclamação: utilizada para expor alguma insatisfação a um destinatário que tenha posição de poder para realizar alguma interferência na questão.
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Carta oficial: utilizada para expor e documentar alguma mensagem, formalizando o que foi dito.
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Carta de candidatura: utilizada para comunicar alguma autoridade sobre o desejo de candidatar-se a algum cargo e/ou função.
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Carta de apresentação: utilizada para fazer uma apresentação de uma pessoa, uma carreira ou um projeto, por exemplo, a algum destinatário de interesse.
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Carta de solicitação: utilizada para formalizar um pedido a algum destinatário de maior valor hierárquico, expressando a necessidade e/ou direito de auxílio.
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Carta de amor: utilizada para expressar afetos pessoais do remetente ao destinatário.
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Carta de desculpas: utilizada para expressar um pedido de perdão em relação a algum fato desconfortável entre os interlocutores.
Características e estrutura da carta
Como exposto, a carta possui diferentes tipos, o que, consequentemente, implica diferentes estruturas e linguagens em sua composição. Antes de analisar ou escrever qualquer carta, é necessário observar as características específicas ao subtipo que está sendo utilizado. Desse modo, o texto será mais adequado às exigências do contexto comunicativo.
Apesar dessa multiplicidade, é possível elencar algumas características comuns à maioria dos tipos de carta:
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Cabeçalho: a parte inicial da carta pode variar a depender do subtipo utilizado. Entretanto, o mais comum é que se identifique a cidade e a data em que a carta foi escrita no canto superior do texto. Em casos de cartas impessoais, é comum também a presença do nome do destinatário, do cargo ocupado e da instituição. É possível, ainda, que haja algum elemento visual, como logotipo.
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Corpo do texto: é onde a mensagem é transmitida de fato. No caso das cartas pessoais, o tamanho e a organização dessa parte pode variar a depender de variáveis individuais. Em cartas oficiais ou comerciais, o corpo do texto deve apresentar uma mensagem clara e concisa, o que acarreta muitas cartas de curto tamanho.
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Desfecho: é a parte final do texto, que pode estar acoplada ao corpo do texto ou destacada abaixo dele. Nessa parte, o autor apresenta uma conclusão da sua mensagem, expressa uma mensagem cordial e se despede.
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Assinatura: as cartas são comumente assinadas ao final da página. A assinatura é essencial principalmente nas cartas comerciais e oficiais. Sua localização pode ser em um dos cantos ou centralizada.
Veja também: Carta argumentativa – gênero que visa a apresentar um ponto de vista a um destinatário
Passo a passo de como escrever uma carta
Para fazer uma boa carta, é necessário considerar todos os elementos contextuais que envolvem a comunicação. Deve-se analisar o destinatário, o nível de proximidade e o conteúdo que será compartilhado. Nos casos de cartas impessoais, é importante se atentar aos pronomes de tratamento com o interlocutor, aos dados, às informações, às provas ou aos argumentos relevantes ao tema, além do cuidado com a economia verbal e clareza de sentido.
Feitas as considerações iniciais, o autor pode se orientar segundo os seguintes passos:
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Inicie sua carta com a marcação do local e da data em que ela foi feita.
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Se necessário, identifique o nome, cargo e instituição do destinatário.
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Utilize um vocativo (pessoal ou formal) para marcar o início do diálogo.
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Se for uma carta formal, apresente uma linguagem direta, evite informações irrelevantes e opiniões pessoais. Expresse sua mensagem com clareza e foco.
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Se for uma carta pessoal, organize as informações do modo que seja mais significativo e interessante aos envolvidos.
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Acrescente anexos sempre que necessário para comprovação do que foi relatado ou solicitado.
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Despeça-se gentilmente ao final do texto.
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Assine seu nome.
Exemplos
Alguns exemplos de tipos de cartas:
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Carta pessoal
Rio de Janeiro, 01 de dezembro de 2018 Querida mainha, Como a senhora está? Estou morta de saudades de casa e mal posso esperar pelo Natal, quando iremos finalmente nos reunir novamente e relembrar os velhos tempos. Estar longe de casa tem sido um grande desafio e só mesmo a senhora para me ajudar e me dar as forças de que necessito. Obrigada por tudo! Ah sim! Os estudos estão indo bem! Estou encerrando as provas, mas até agora me saí bem e acho que não irei para exame. Como andam os padrinhos? Eles conseguirão ir para o Natal? Espero que sim! Diga a meu irmão que é bom que meu quarto esteja limpo e cheiroso quando eu voltar, não quero saber da bagunça dele por lá! Haha! Enfim… te amo muuuuuito, mainha! Saudades, saudades, saudades! Beijos carinhosos da sua filha, Liz. |
Como é possível perceber no exemplo, os interlocutores têm um vínculo pessoal e íntimo: mãe e filha. A comunicação, assim, estabelece-se marcada por elementos inerentes ao contexto familiar específico. A autora cita a saudade da mãe, pergunta sobre padrinhos e chega a comentar sobre o irmão. Além disso, o cuidado com a linguagem não é tão rígido, tendo em vista que a autora usa expressões informais como “muuuuuito”, que marca a intensidade pelo acréscimo exagerado da vogal “u”.
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Carta formal
São Paulo, 23 de março de 2019 Srª Alice Sá Rua X, nº 0 Prezada, Temos a satisfação de comunicar que resolvemos admiti-la em nossa empresa, tendo em vista seu alto desempenho no teste. As condições para atuação são: ENCARGOS – ficarão a seu cargo os serviços da supervisora tal. HORÁRIO – das 8 às 17 horas, com 1 hora para refeição. ORDENADO – Salário inicial: R$ 1.120 (mil cento e vinte). Aguardamos seu pronunciamento, Atenciosamente João Silva CHEFE DO SETOR X |
Nesse segundo exemplo, percebe-se que a organização e estrutura da carta diferem da pessoal. A linguagem é concisa e objetiva, não há marcações de elementos subjetivos ou íntimos no conteúdo. O corpo do texto é curto e as informações compartilhadas são apenas as essenciais ao propósito comunicativo. A assinatura está centralizada e é acompanhada do cargo profissional do autor.
Fontes
MARTINS, Dileta Silveira. Português instrumental: de acordo com as atuais normas da ABNT. São Paulo: Atlas, 2007.
MEDEIROS, João Bosco. Redação Empresarial. São Paulo: Atlas, 2007.
Por Talliandre Matos
Professora de Redação