Dezembro Vermelho: campanha alerta sobre o HIV/aids e ISTs
Dezembro Vermelho: campanha alerta sobre o HIV/aids e ISTs
Médicos infectologistas explicam sobre as diferenças entre HIV e aids, o tratamento, medidas de prevenção e falam dos desafios enfrentados
Em 13/12/2022 17h39
, atualizado em 14/12/2023 14h57
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Neste mês é realizada a campanha nacional Dezembro Vermelho sobre a prevenção ao HIV, vírus causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). As demais infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), tais como sífilis, hepatites B e C, herpes genital, clamídia, entre outras, também são alvo da campanha.
O Dezembro Vermelho possui a intenção de promover ações de conscientização, bem como informar sobre as medidas de prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos das pessoas que convivem com o HIV.
A Lei nº 13.504, de 2017, é a responsável por instituir oficialmente a campanha no país. A iniciativa dá continuidade aos trabalhos e ações desenvolvidas no Dia Mundial da Luta Contra a Aids, o 1º de dezembro. Essa data foi criada em 1988 pela Assembleia Geral das Organizações Unidas (ONU) e Organização Mundial da Saúde (OMS).
É comum as pessoas acharem que HIV e aids são a mesma coisa, mas os termos se referem a condições diferentes.
O HIV é o vírus da imunodeficiência humana, que possui a capacidade de infectar seres humanos de forma assintomática por anos, afirma o médico infectologista Klinger Faíco.
Já a aids é a síndrome da imunodeficiência adquirida. A pessoa que convive com o HIV que não é submetida ao tratamento, pode evoluir para o quadro de aids. Nesta condição, o sistema imunológico fica comprometido e doenças oportunistas começam a aparecer, segundo Klinger.
O infectologista conta que com o avanço da medicação e do tratamento para controlar o vírus HIV, os casos de pessoas acometidas pela aids tendem a reduzir.
Ele afirma que as pessoas que convivem o HIV, se estiverem em tratamento adequado, não devem evoluir para a fase da aids.
As pessoas que convivem com o vírus costumam não apresentar nenhum sintoma. Já aquelas que estão com aids podem ter perda de peso, febre, fraqueza, queda de cabelo e feridas na pele, destaca a médica infectologista Lissa Rodrigues.
Klinger menciona também que os sintomas da aids estão diretamente relacionados aos sintomas provenientes das doenças oportunistas que podem ocorrer, tais como a pneumocistose, neurotoxoplasmose e Sarcoma de Kaposi.
O principal desafio no enfrentamento ao vírus HIV e à aids é o preconceito, destaca Lissa.
Devemos encarar o HIV como qualquer outra infecção, mas todo o estigma e preconceito em cima do HIV acaba por dificultar o diagnostico precoce, pois se as pessoas ficam com medo de ir fazer exame, quem faz o exame acaba negando o diagnóstico e postergando tratamento. Na maioria das vezes por não ter apoio social e familiar.
Lissa Rodrigues - Médica infectologista
Confira o comentário do infectologista Klinger Faíco sobre o tema:
A campanha Dezembro Vermelho é importante, na perspectiva de Klinger, para discutir uma temática que é tabu na sociedade. "O HIV não mata, mas o preconceito, sim! É importante levarmos esse debate sobre a qualidade de vida que o paciente possui, o avanço no tratamento, as possibilidades de prevenção, tudo isso para conscientizarmos a população, acolher as pessoas que vivem com HIV/aids, desmarginalizar essas pessoas que precisam de cuidado e atenção", completa.
Transmissão do HIV
A transmissão do HIV pode ocorrer das seguintes formas:
Relação sexual de forma desprotegida;
Transmissão vertical (de mãe para filho);
Acidentes com material biológico;
Transfusão de sangue;
Compartilhamento de seringas.
A transmissão de mãe para filho pode acontecer durante a gestação, parto ou amamentação.
O tratamento para controlar o vírus HIV, e evitar consequentemente a evolução da aids, é feito por medicamentos conhecidos como antirretrovirais, pontua Klinger.
O infectologista conta que antigamente a quantidade de remédios era maior e não apresentavam tanta eficácia quanto os mais recentes.
Atualmente, são dois comprimidos em média que podem permitir a pessoa a ficar indetectável. O que significa que a quantidade de vírus em circulação no sangue é muito baixa e a pessoa não o transmite.
A médica infectologista Lissa Rodrigues conta que a medicação possui poucos efeitos coletarais e que geralmente são leves.
A distribuição da medicação é feita de forma gratuita no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O acompanhamento é feito em diferentes espaços, a depender da cidade, tais como o Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e o Serviço de Assistência Especializada (SAE).
O SUS garante tratamento de forma completa para as pessoas que convivem com o HIV, reforça Faíco. Entre os serviços estão: exames laboratoriais, consultas com médicos infectologistas, avaliação com outras especialidades, suporte psicológico, nutricional e a distribuição da medicação de forma contínua.
A utilização do preservativo é uma medida de prevenção à infecção do HIV. Para Klinger, é interessante adotar o que é chamado de prevenção combinada, que quer dizer várias ações associadas que fortalecem a prevenção.
Uso de preservativos masculino e feminino, bem como gel lubrificante;
O infectologista Klinger Faíco cita duas estratégias que são mais recentes e que são muito importantes na prevenção ao HIV.
Profilaxia Pré-Exposição (PrEP): é um medicamento que previne em quase 100% a infecção pelo HIV. A medicação está disponível para homens que fazem sexo com homens, casais sorodiscordantes (um convive com HIV e o outro não possui o vírus) e profissionais do sexo que tenham tido relações sexuais desprotegidas nos últimos meses. É possível encontrar a medicação tanto na rede pública quanto em farmácias, mas é necessário acompanhamento médico.
Profilaxia Pós-Exposição (PEP):utilizado quando houve relação sexual desprotegida, por vítimas de violência sexual e acidentados com material pérfuro-cortante. O uso se dá por 28 dias e deve ser iniciado em até 72 horas após a situação.
Casos de HIV e aids
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Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)
A campanha Dezembro Vermelho também alerta sobre as outras infecções sexualmente transmissíveis, tais como:
De acordo com Klinger, o Brasil enfrenta atualmente uma epidemia de sífilis que deve ser considerada com cuidado. Os casos estão aumentando e é necessário alertar à população sobre a necessidade de realizar testes, tratamento, bem como o uso de preservativos, defende.