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Filósofos iluministas

Os filósofos iluministas defenderam com otimismo a razão e o progresso humanos no século XVIII.

Mosaico com as fotos e nomes dos principais filósofos iluministas.
Os principais filósofos iluministas foram Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot e d’Alambert.
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Os filósofos iluministas foram pensadores que participaram de um movimento intelectual conhecido como iluminismo, ilustração ou esclarecimento, que teve origens na Inglaterra no final do século XVII e que alcançou pleno desenvolvimento na França no século seguinte. São exemplos de pensadores ou filósofos do iluminismo:

  • John Locke;
  • Voltaire;
  • Montesquieu;
  • Denis Diderot;
  • Jean Le Rond d’Alembert;
  • Jean-Jacques Rousseau;
  • Adam Smith;
  • Immanuel Kant.

Leia também: Revolução Francesa — acontecimento histórico influenciado pelas ideias iluministas

Tópicos deste artigo

Resumo sobre filósofos iluministas

    • Os principais filósofos iluministas foram os enciclopedistas franceses Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Diderot e d’Alambert.
    • Outros filósofos iluministas foram os ingleses John Locke e Adam Smith, muito importantes para o liberalismo, e o alemão Immanuel Kant.
    • O uso da razão para conhecer cientificamente a realidade e a defesa das liberdades humanas são as duas principais características dos filósofos iluministas.
    • O objetivo dos filósofos iluministas era combater a influência da religião sobre a educação e a cultura para promover o progresso humano. 
    • Os filósofos iluministas criticaram radicalmente o absolutismo monárquico e os privilégios sociais da nobreza, contra a qual eles defenderam a igualdade jurídica de todas as pessoas.

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Principais filósofos iluministas

Os principais filósofos iluministas, na França, foram os pensadores conhecidos como enciclopedistas. A grandiosa obra Enciclopédia, composta por 28 volumes, sendo 17 de textos e 11 de estampas, foi editada por Denis Diderot e d’Alembert.

A Enciclopédia contou com mais de 100 colaboradores, entre eles figuras de destaque como Montesquieu, Voltaire e Rousseau. Contudo, filósofos iluministas também apareceram na Alemanha e na Inglaterra, como é o caso daquele considerado o pai do movimento, John Locke.

  • John Locke

John Locke, o pai do iluminismo.
John Locke, o pai do iluminismo.

O filósofo inglês John Locke (1632–1704) é considerado o “pai do iluminismo”. Em sua principal obra, Ensaio sobre o entendimento humano, afirmou que quando nascemos nossa mente é como um livro feito de páginas em branco nas quais as palavras, os desenhos e as pinturas ainda seriam gravados.

Ou seja, no nascimento a nossa condição mental é marcada pelo vazio completo. Mas no decorrer da vida, com o acúmulo das nossas experiências sensoriais e, depois, pelo esforço da razão, poderíamos adquirir conhecimento. Daí o nome empirismo, que vem do grego empeiría, experiência sensorial.

No plano político, Locke condenou o absolutismo monárquico e o poder inato (divino) dos reis. Por outro lado, defendeu o respeito à liberdade dos cidadãos, a tolerância religiosa e os direitos de propriedade privada e livre-iniciativa econômica.

O trecho a seguir foi extraído do livro Segundo Tratado sobre o Governo, publicado em 1690, e ilustra as ideias liberais no campo político:

A liberdade natural do homem consiste em estar livre de qualquer poder superior na Terra[...], tendo somente a lei da natureza como regra.[...] Sendo os homens, por natureza, todos livres, iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem sem dar o consentimento|1|.

  • Voltaire

Voltaire, outro pensador iluminista.
Voltaire, outro pensador iluminista.

O filósofo e dramaturgo francês François-Marie Arouet, que usava o pseudônimo Voltaire (1694–1778), foi um dos mais conhecidos filósofos do iluminismo. Ele se destacou como um pensador liberal, politicamente ativo e polêmico. Os seus escritos faziam críticas ao clero católico, ao fanatismo religioso e à prepotência dos poderosos. 

Apesar de ser liberal, não era propriamente um democrata. Ele não defendia a participação da maioria do povo no poder, mas considerava que a monarquia devia respeitar as liberdades individuais. Segundo ele, o soberano deveria ser “esclarecido”, isto é, o rei deveria governar com a assessoria de filósofos iluministas.

Os grandes pilares da construção social de Voltaire eram a liberdade para o ser humano e as garantias para a propriedade privada. Foi um eloquente defensor da tolerância e intransigente na sua campanha contra o fanatismo religioso e contra as perseguições brutais que eram cometidas, inspiradas ou consentidas pela Igreja Católica romana. Contra esta, Voltaire costumava usar frases polêmicas que viraram slogans: “Esmagai a infame” e “Acredite em Deus, mas não acredite nos padres”.

  • Montesquieu

Montesquieu, pensador iluminista que elaborou a teoria dos Três Poderes.
Montesquieu, pensador iluminista que elaborou a teoria dos Três Poderes.

O jurista francês Charles-Louis de Secondat Montesquieu (1689–1755), mais tarde barão de Montesquieu (1689–1755), é autor de O espírito das leis, obra em que defendeu a separação dos poderes do Estado em Legislativo, Executivo e Judiciário. Defendia que, dessa forma, a liberdade individual estaria protegida e seriam evitados abusos da parte dos governantes — durante o Antigo Regime, os Três Poderes estavam concentrados na figura do rei.

Montesquieu, entretanto, não defendia um governo burguês. As suas simpatias políticas tendiam para um liberalismo aristocrático, uma monarquia moderada e inspirada na Inglaterra do seu tempo. A seguir, um trecho adaptado do livro O espírito das leis (1748), sobre a questão dos Três Poderes:

Quando os poderes Legislativo e Executivo ficam reunidos numa mesma pessoa ou instituição do Estado, a liberdade desaparece [...]. Não haverá também liberdade se o poder Judiciário não estiver separado do Legislativo e do Executivo. Se o Judiciário se unisse ao Executivo, o juiz poderia ter a força de um opressor. E tudo estaria perdido se uma mesma pessoa — ou uma mesma instituição do Estado — exercesse os três poderes: o de fazer as leis, o de ordenar a sua execução e o de julgar os conflitos entre os cidadãos|2|.

Montesquieu defendeu, enfim, a reconstrução das instituições do Antigo Regime. Ele acreditava que seria possível que elas protegessem a liberdade individual e respeitassem o direito individual de todos. Se organismos diferentes exercessem o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário, isso seria possível.

O filósofo iluminista também advogou em favor da tolerância religiosa e condenou o fanatismo sanguinário das perseguições religiosas que aconteciam na França e em outros países. As obras de Montesquieu, assim como as de Locke e Voltaire, foram postas no Índex, uma lista de livros proibidos por decreto pelo papa, os quais os leitores leigos só podiam acessar por meio de uma permissão concedida pelas autoridades da Igreja.

  • Diderot e d’Alembert

À direita, d’Alembert; à esquerda, Diderot; dois filósofos ligados ao iluminismo.
À direita, d’Alembert; à esquerda, Diderot; dois filósofos ligados ao iluminismo.

Os franceses Denis Diderot (1713–1784) e Jean Le Rond d’Alembert (1717–1783) foram os principais organizadores de uma enciclopédia de 33 volumes, elaborada com o objetivo de resumir os principais conhecimentos da época nos campos artístico, científico e filosófico. A enciclopédia contou com a colaboração de numerosos autores, entre os quais se destacam Voltaire, Montesquieu e Rousseau.

Essa enciclopédia exerceu grande influência sobre o pensamento político burguês. Em linhas gerais, os seus artigos defendiam o racionalismo em oposição à fé religiosa, a independência do Estado em relação à Igreja e a confiança no progresso humano por meio das realizações científicas.

Diderot é considerado, por muitos estudiosos, a principal figura da enciclopédia. Ao contrário de Voltaire, ele rompeu decididamente com a teologia e a filosofia tradicionais, assumindo-se ateu e materialista, como ele próprio expressa no texto seguinte:

Se é que podemos acreditar que veremos quando não tivermos olhos; que ouviremos quando não tivermos mais ouvidos; que pensaremos quando não tivermos mais cabeça; que sentiremos quando não tivermos mais coração; que existiremos quando não estivermos em parte alguma; que seremos algo sem extensão e sem lugar, então consinto. Ou seja, se é possível acreditar em tamanhos absurdos, então consinto que há algo além da matéria. Tudo é matéria e a matéria é a essência do real|3|.

  • Rousseau

Jean-Jacques Rousseau, filósofo iluminista.
Jean-Jacques Rousseau, filósofo iluminista.

Jean-Jacques Rousseau (1712–1778) nasceu em Genebra, na Suíça, e em 1742 mudou-se para a França. Foi um dos principais colaboradores da enciclopédia de Diderot, colaborando com artigos sobre música, botânica, educação e filosofia política.

Emílio ou da Educação possivelmente é a obra mais importante sobre educação desde A República, de Platão. Rousseau é o autor de O contrato social, obra na qual afirma que o soberano deveria conduzir o Estado de acordo com a vontade de seu povo. Segundo ele, somente um Estado com bases democráticas teria condições de oferecer igualdade jurídica a todos os cidadãos.

A partir da sua experiência como cidadão na República de Genebra, Rousseau denunciou que seriam despóticas outras noções de autoridade política, do governo monárquico francês ao parlamentar inglês, afirmando que estes apenas representavam o povo, privando-o assim de se governar a si próprio.

Nenhum dos principais filósofos do iluminismo acreditava mais apaixonadamente do que Rousseau que a nossa natureza humana devia ser originalmente benigna. Nenhum estava mais convencido de que a metamorfose da nossa espécie — ao mudar-nos de simples animais semelhantes a símios para homens ricos e pobres que se comportavam como vampiros e cordeiros — nos fizera sair de um estado naturalmente livre para uma condição de escravatura.

Foi assim que surgiu o mito do bom selvagem. Em outra de suas obras, Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Rousseau enaltece os valores da vida na natureza, elogiando a liberdade e a pureza do homem selvagem em seu estado natural, em contraste com a falsidade e o artificialismo do mundo civilizado. Rousseau considerava a propriedade privada um fato social que corrompeu a bondade natural do ser humano:

O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, disse isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para respeitá-lo. Quantos crimes, guerras, assassinatos, misérias e horrores teria evitado à humanidade aquele que, arrancando as estacas desta cerca, tivesse gritado: não escutem esse impostor pois os frutos são de todos e a terra é de ninguém|4|.

Ao contrário do que outros filósofos iluministas defendiam, Rousseau argumentou que foi o estabelecimento da propriedade privada e do governo que tinha deformado a nossa natureza, alienando os indivíduos de si próprios e uns dos outros, tornando-os sociáveis.

Rousseau destacou-se como um iluminista defensor da pequena burguesia, pequenos comerciantes e artesãos, e foi o inspirador das ideias mais radicais que estariam presentes na Revolução Francesa. No ano de 1794, os revolucionários mais radicais franceses passaram a considerar Rousseau um profeta e transferiram os seus restos mortais para o Panteão, em Paris.

Leia também: Thomas Hobbes — pensador que defendia que o ser humano era naturalmente inclinado ao mal

Outros filósofos iluministas

  • Fisiocratas

O economista francês François Quesnay (1694–1774) é um dos fundadores da escola fisiocrata, que pregava a implantação de um capitalismo agrário, baseado no aumento da produção agrícola. O termo fisiocracia, de origem grega, significa “poder da natureza”. Para Quesnay, o Estado não deveria intervir na vida econômica, ideia que expressou no lema “laissez-faire, laissez-passer” (deixai fazer, deixai passar).

Quesnay sustentou que existia um poder natural agindo nas sociedades humanas, sendo inútil contrariá-lo com leis, regulamentos ou sistemas como os monopólios, as corporações e taxas aduaneiras. Para ele, a agricultura era a atividade verdadeiramente criadora de riquezas para uma nação.

Principalmente por pregarem a liberdade de mercado e a livre concorrência, os fisiocratas teriam grande influência sobre outra corrente de pensamento econômico que surgiria mais tarde, o liberalismo econômico.    

  • Adam Smith

Influenciado pelas ideias fisiocratas, o escocês Adam Smith (1723–1790) foi ainda mais longe na defesa da liberdade de mercado. De fato, o autor de A riqueza das nações (1766) lançou as bases do liberalismo econômico. Nesse livro, Smith criticou a política mercantilista, por meio da qual o Estado interferia na vida econômica e, segundo ele, impedia o enriquecimento dos países.

Para enriquecer, argumentou Smith, o Estado precisa expandir as atividades econômicas capitalistas. E para expandir as atividades econômicas capitalistas, o Estado precisa dar liberdade econômica e política para os grupos particulares de empresários que podiam fazer os investimentos.

Desse modo, Adam Smith defendeu que a economia das nações deveria ser dirigida pelo livre jogo da oferta e da procura de mercado (laissez-faire). Ele ainda reforçou a teoria da propriedade de Locke. Apontando o interesse pessoal como único elemento impulsionador da atividade humana, definiu o trabalho livre como a única fonte de riqueza da sociedade.

Todo homem, desde que não viole a justiça, deve ser livre para que seus produtos possam competir com quaisquer outros. Nesse sistema de liberdade econômica, o Estado só tem três obrigações: proteger a sociedade contra a violência ou invasão de outros países; proteger a sociedade da injustiça e da opressão internas; manter e construir obras que sejam do interesse geral, mas que não interessem aos particulares|5|.

A influência de Adam Smith e do liberalismo econômico foram muito além do Século das Luzes. Além de contribuírem para a formação de vários pensadores econômicos do século XIX, como David Ricardo, John Stuart Mill e Thomas Malthus, suas ideias dariam suporte à formulação do neoliberalismo, corrente dominante do pensamento econômico na segunda metade do século XX e início do XXI.

Além disso, as suas ideias estão presentes hoje na base da economia das nações capitalistas mais desenvolvidas do planeta, especialmente as que versam sobre a importância da livre empresa e da necessidade de o Estado limitar a sua intervenção na vida econômica.

  • Kant

Immanuel Kant (1724–1804) nasceu na Prússia (Alemanha), em Königsberg, cidade de onde nunca saiu. Era profundamente religioso e levava uma vida metódica, regrada pelo relógio, dedicando-se exclusivamente ao ensino e ao estudo. Foi um dos maiores expoentes do iluminismo.

Kant examinou as possibilidades e os limites da razão em sua obra Crítica da razão pura, na qual indagou sobre o que podemos conhecer usando as faculdades racionais. Com essa pergunta, Kant colocou a razão em um tribunal para julgar o que pode ser conhecido legitimamente e que tipo de conhecimento não pode ter fundamento racional.

Em outra obra, Crítica da razão prática, Kant analisou o mundo ético e as possibilidades do ato moral. Enquanto tudo na natureza age segundo leis, apenas o ser humano age segundo princípios, o que exige dele a capacidade de escolha. Portanto, só o indivíduo humano tem uma vontade.

Para agir racionalmente, o ser humano precisa de princípios, que são dados pela nossa consciência moral. Kant chamou a nossa consciência moral de razão prática, instrumento utilizado para compreender o mundo dos costumes e orientar o indivíduo na sua ação.

Entre os seres vivos, apenas o ser humano é capaz de vida moral, porque seus atos resultam do exercício de sua vontade e são avaliados por ele mesmo como “bons” ou “maus”. O que caracterizava uma ação moral, segundo Kant, seria a vontade boa de obedecer a um imperativo categórico.

Características dos filósofos iluministas

Os filósofos iluministas, por mais que fossem diversos, apresentavam alguns pontos em comum, como a rejeição de superstições tradicionais, a crença na razão e a defesa das liberdades humanas. Em sua busca de convencer racionalmente as pessoas, os filósofos iluministas usavam metáforas como “iluminar” ou “esclarecer” a mente delas usando a “luz” da razão.

Por causa dessa atuação iluminante, o século XVIII, no qual viveram os principais filósofos iluministas, passou a ser chamado de Século das Luzes. E os filósofos iluministas acreditavam que só mediante o combate à influência da Igreja Católica sobre a educação e a cultura o ser humano poderia alcançar os seus objetivos.

Gravura de Goya, 1797, mostra a “razão” adormecida e monstros surgindo ao seu redor.
O que aconteceria se a razão adormecesse? O sono da razão procria monstros. Gravura de Goya, 1797.

Por isso os filósofos iluministas criticavam radicalmente o absolutismo monárquico e outras estruturas do Antigo Regime. Como que expressando os anseios gerais da burguesia, os filósofos iluministas atacaram duramente essas estruturas do sistema social vigente na França no século XVIII.

Segundo o historiador Eric Hobsbawm, libertar o ser humano de certas “algemas” que o prendiam parecia ser o objetivo dos principais filósofos iluministas|6|. Entre essas “algemas” estavam o tradicionalismo religioso medieval, as práticas supersticiosas e a divisão social dos homens baseada numa hierarquia determinada pelo nascimento — os pilares do Antigo Regime.

Contra o absolutismo monárquico e suas práticas econômicas mercantilistas, os filósofos iluministas defenderam o liberalismo político e econômico, baseado principalmente na não intervenção do Estado na economia, na divisão de poderes dentro do Estado e na formação de governos representativos. 

Contra a sociedade estamental, hierarquizada a partir do nascimento das pessoas, os filósofos iluministas defenderam a igualdade jurídica dos indivíduos. Os filósofos iluministas também costumavam defender a tolerância religiosa, pela qual as pessoas teriam liberdade para escolher e seguir a religião que quisessem, sem a imposição do Estado.

A defesa das liberdades é outra característica fundamental dos filósofos iluministas. Eles propunham a reorganização da sociedade, com uma política centrada no indivíduo, sobretudo no sentido de garantir o exercício das liberdades política, de expressão, de comércio e de mercado.

Juntamente com essa valorização da liberdade, os filósofos iluministas acreditavam no progresso contínuo da sociedade, desde que as pessoas fossem educadas para tal finalidade. Por esse motivo, os filósofos iluministas defenderam a construção de escolas públicas orientadas pelos princípios da ciência e da razão.

Os filósofos iluministas nem sempre concordavam em relação às soluções para os problemas políticos e sociais daquela época. Mas todos eles alimentavam a crença em que as luzes da razão, cedo ou tarde, triunfariam sobre a ignorância caso a população recebesse outra educação.

Mais especificamente, os filósofos iluministas tinham fé na capacidade do pensamento lógico de explicar os fenômenos da realidade. A fé no triunfo da razão que caracteriza os filósofos iluministas é consequência do impacto exercido sobre eles pelas obras de pensadores como René Descartes (1596–1650) e o físico Isaac Newton (1642–1727).

Os filósofos iluministas, durante o século XVIII, consideravam todos esses elementos — o cultivo da razão, o exercício das liberdades, a tolerância religiosa e a igualdade jurídica entre as pessoas — essenciais para a edificação de uma sociedade mais justa composta por pessoas felizes.

O objetivo deles, mais do que refletir, era intervir na sociedade no sentido de organizá-la racionalmente e assegurar uma vida melhor para as pessoas. Esse discurso conquistou adeptos em um setor da burguesia europeia formado por novos empresários interessados na liberdade de comércio e de mercado.

Essa fração de classe da burguesia constituía oposição às práticas econômicas mercantilistas das monarquias.  Esses movimentos burgueses, na política, adotaram as ideias dos filósofos iluministas em contraposição ao poder absoluto dos reis, dando grande ênfase aos princípios da liberdade e da igualdade naturais, aos direitos humanos básicos, incluindo a tolerância religiosa.

Por conta disso, os filósofos iluministas inspiraram revoluções que combateriam as estruturas do Antigo Regime, como a Revolução Francesa e a insurgência das colônias europeias na América no século XIX.

Notas

|1| LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. In: Locke. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 43, 71.

|2| MONTESQUIEU. O Espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 168

|3| FORTES, Luiz R. Salinas. O Iluminismo e os reis filósofos. Brasiliense: São Paulo, 1982. p. 56

|4| ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. In: Rousseau. Abril: São Paulo, 1978. p. 259.

|5| SMITH, Adam. A mão invisível. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

|6| HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 37.

Fontes

COTRIM, Gilberto. História global: Brasil e geral. São Paulo: Saraiva, 2008.

FORTES, Luiz R. Salinas. O Iluminismo e os reis filósofos. Brasiliense: São Paulo, 1982. p. 56

HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. p. 37.

LOCKE, John. Segundo tratado sobre o governo. In: Locke. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 43, 71.

MONTESQUIEU. O Espírito das leis. São Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 168

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. In: Rousseau. Abril: São Paulo, 1978. p. 259.

SMITH, Adam. A mão invisível. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

Escritor do artigo
Escrito por: Rafael Pereira da Silva Mendes Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuo como professor de Sociologia, Filosofia e História e redator de textos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MENDES, Rafael Pereira da Silva. "Filósofos iluministas"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/iluminismo2.htm. Acesso em 18 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Analise as colunas abaixo, onde constam os nomes de alguns filósofos do iluminismo de um lado, e suas obras de outro.

I - Montesquieu

a - Contrato Social

II - Jean-Jaques Rousseau

b - Enciclopédia

III - Voltaire

c - O Espírito das Leis

IV - Diderot e D’Alembert

d - Cartas inglesas

Indique a alternativa que correlaciona corretamente as duas colunas.

  1. I-c; II-d; III-b; IV-a.
  2. I-d; II-c; III-a; IV-b.
  3. I-d; II-c; III-a; IV-b.
  4. I-b; II-d; III-a; IV-c.
  5. I-c; II-a; III-d; IV-b.

Exercício 2

(UEBA) No período do Iluminismo, no século XVIII, o filósofo Montesquieu defendia:

  1. divisão da riqueza nacional.
  2. divisão dos poderes executivo, legislativo e judiciário.
  3. divisão da política em nacional e internacional.
  4. formação de um Poder Moderador no Congresso Nacional.
  5. implantação da ditadura moderna.