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Jean-Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau foi um dos principais pensadores do iluminismo francês. Sua filosofia marca o entendimento sobre o ser humano antes e depois da formação da sociedade.

Pintura de Jean-Jacques Rousseau feita por Allan Ramsey em 1766.
Pintura de Jean-Jacques Rousseau feita por Allan Ramsey em 1766.
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Filósofo, escritor e teórico político genebrino, Jean-Jacques Rousseau foi um dos principais pensadores da Modernidade. Curiosamente, apesar de estar alocado historica e filosoficamente no iluminismo, Rousseau é um dos maiores críticos da filosofia de sua época: a filosofia iluminista. Rousseau é considerado um importante teórico contratualista, deixando contribuições para a continuidade do debate acerca da formação de uma estrutura civil.

Leia também: John Locke – assim como Rousseau, era adepto às ideais contratualistas

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Jean-Jacques Rousseau

  • Rousseau foi um filósofo contratualista.

  • A ideia de contrato social parte do pressuposto de que há um estado de natureza.

  • O estado de natureza é um estado hipotético em que não há nenhum tipo de intervenção moral, política ou social.

  • O fim do estado de natureza se dá com a formação de um contrato ou pacto social.

  • Rousseau baseia-se no pressuposto de que o estado de natureza humana é bom e a formação do pacto social (tal como foi estabelecido até então) o corrompe.

Videoaula sobre Jean-Jacques Rousseau

Biografia de Jean-Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau não é francês, como muitos pensam. Ele é suíço, nascido na cidade de Genebra, em 28 de junho de 1712. Sua mãe, Suzanne Bernard, morreu com o filho ainda pequeno. Ela deixou para Rousseau uma vasta biblioteca, que foi usada por Isaac, seu pai, para fornecer a primeira educação do menino. Isaac educou seu filho por meio da biblioteca de Suzanne até que o menino completasse sete anos de idade. Além dessa biblioteca, eles leram a biblioteca herdada do avô materno de Rousseau.

Seu pai teve um problema, envolvendo-se em uma briga com um oficial da lei. Ele não conseguiu provar sua inocência, cumpriu pena e exilou-se de Genebra. Rousseau nunca mais o viu, ficando aos cuidados do tio materno, Bernard. Seu tio o enviou para a França a fim de estudar com o pastor Lambercier.

O futuro filósofo retornou para Genebra em 1724. Seu tio o colocou para ser aprendiz de vários ofícios, como mensageiro e gravador de metais, mas Rousseau não os levou a sério. Ele gostava mesmo de fazer suas leituras, estudar, escrever e ter contato com a natureza por meio de seus passeios em bosques, algo que ele aprendeu com Lambercier.

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Esses passeios deixavam Rousseau longe de Genebra por bastante tempo. Ele saía dos muros da cidade para suas caminhadas e esquecia-se de voltar no horário de fechamento dos portões, o que o deixava de fora. Por várias vezes, ele se atrasou para começar seu trabalho como gravador, o que levou seu mestre a puni-lo bastante. As punições eram, inclusive, físicas. Em um terceiro e último atraso, Rousseau decidiu ir embora da cidade, indo viver sozinho com apenas 16 anos de idade.

Rousseau era filho e neto de protestantes. Estando à deriva, muito jovem, com fome e necessidades materiais, ele procurou os cuidados do padre Confignon, um clérigo que abrigava carentes e fazia um trabalho de conversão para o catolicismo de protestantes “pecadores”. O padre o enviou para a senhora de Warens, que o enviou a Turim, para viver em um abrigo de aprendizes das práticas católicas.

Lá ele trabalhou, estudou latim e música e se tornou uma espécie de professor (preceptor) de filhos da burguesia. Rousseau utilizou-se dessa experiência com ensino de crianças para compor uma de suas obras mais celebradas no âmbito da filosofia da educação, o livro Emílio ou Da educação.

Jean-Jacques Rousseau não foi um homem que seguiu os padrões morais de sua época, como casar-se na igreja e constituir uma família tradicional. Relacionou-se por muito tempo com uma mulher, Thérèse Levasseur, e teve com ela cinco filhos. Por falta de condições financeiras e estrutura familiar, o casal entregou todos os filhos para a adoção.

Jean-Jacques Rousseau era um intelectual e tinha consciência de sua inteligência. Ele queria brilhar, queria fazer sucesso com os seus escritos. Até então ele era um desconhecido. Sua sorte começou a mudar em 1749, quando ele se deparou com um anúncio de um concurso literário da Academia de Dijón.

Esses concursos eram comuns na época e visavam a promover o debate filosófico, científico, artístico e cultural. Eles apresentavam uma pergunta-problema que deveria ser respondida por uma redação. O tema era: “O progresso das artes e das ciências contribui para a corrupção ou a apuração dos costumes?”. Rousseau redigiu um texto, venceu o concurso, conseguiu, como prêmio, a publicação de seu texto e começou a alcançar alguma fama na época. O texto era Discurso sobre as ciências e as artes.

O marco de 1749 mudou a sua vida e ele passou a escrever intensamente. Retornou a Genebra e voltou a praticar o protestantismo. Foi nesse momento que ele se conectou à elite intelectual de sua época, e conheceu o filósofo Denis Diderot, um dos criadores da Enciclopédia. Rousseau foi um dos mais célebres contribuintes da Enciclopédia, tendo escrito sobre música e filosofia.

O período de efervescência intelectual de Rousseau era também o do iluminismo. Os iluministas criticavam o antigo regime (a monarquia absolutista), o que rendeu duras perseguições da Coroa francesa e da Igreja em cima desses pensadores, como Rousseau, Voltaire e Diderot.

Em 1762, ele teve que refugiar-se, indo para Córsega. Em 1767, ele conseguiu voltar ao território francês, casou-se com Thérèse, com quem ele já tinha uma relação antiga; também foi nesse período que escreveu os seus últimos escritos. Rousseau faleceu em 2 de julho de 1778, depois de um longo processo de adoecimento neurológico.

Veja também: O que é filosofia política?

Principais ideias de Jean-Jacques Rousseau

Rousseau foi, sem dúvida, um dos maiores filósofos de todos os tempos. No entanto, sua filosofia é um tanto quanto heterodoxa, se comparada com as teorias comuns na época. Ela mais se aproxima de uma crítica (política, moral e educativa) do que de uma forte rede sistemática, o que não tira seu valor, pelo contrário. Foi por isso que ele foi considerado um pensador ensaístico, um grande escritor de ensaios.

Rousseau tinha uma tese que aparece em toda a sua obra: a de que o ser humano é melhor quando está mais próximo da natureza. Rousseau aprendeu a gostar do contato com o ambiente natural, sem intervenção humana, desde sua juventude. Em Emílio, ele já defendia o contato da criança com a natureza sempre que possível.

Sua teoria geral diz que quanto mais distante o ser humano se encontra da natureza, mais corrompido ele fica. Ele atribui a corrupção moral e intelectual do indivíduo ao distanciamento que o ser humano toma da natureza com a imersão na sociedade, nos costumes e nas convenções sociais. Acontece que as convenções sociais e as criações humanas levam cada vez mais a um distanciamento da natureza. Como convenções sociais e criações humanas, podemos citar: as ciências, as artes, a filosofia, os costumes.

Contrato social e estado de natureza

Retrato de Rousseau desbravando a natureza.
Retrato de Rousseau desbravando a natureza.

Jean-Jacques Rousseau foi um filósofo contratualista. Ele estava inserido em um contexto de pensadores que separam a humanidade em dois estágios: um estágio hipotético chamado de estado de natureza; e o outro que é demarcado pela criação da sociedade civil, com leis e códigos, que dão origem à nossa formação social. Essa criação é estabelecida por um contrato ou pacto social que nos forma, nos molda, colocando, inclusive, as normas sociais, políticas e morais que determinam a nossa sociedade.

Para o filósofo inglês Thomas Hobbes, o estado de natureza humano é marcado pelo caos. Rousseau percorre a linha contrária. Para ele, o estado de natureza humano é o estado de proximidade com a completa liberdade e a não corrupção do ser humano.

Muitas pessoas acabam reduzindo a teoria contratualista de Rousseau à afirmação de que o ser humano é “bom por natureza”. Essa afirmação não está incorreta, no entanto, é necessário cautela para compreendê-la, pois não há moralidade no estado de natureza. Dizer que o ser humano é bom por natureza, levando-se em consideração o termo bom como algo moralmente aprovável, é incorreto. A corrupção começa com a criação do estado civil por meio do pacto social.

  • Videoaula sobre a educação em Emílio, de Rousseau

Obra de Jean-Jacques Rousseau

O célebre filósofo Rousseau deixou para a posteridade músicas, verbetes para a Enciclopédia, peças teatrais e ensaios filosóficos. Obviamente, o pensador é mais conhecido por seus ensaios. Dentre os textos, podemos destacar como aqueles que mais representam sua obra os seguintes:

  • Do contrato social: principal obra de filosofia política, Rousseau busca compreender nesse livro como se dá a passagem do estado de natureza para o estado civil.

  • Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens: fundamenta parte do que foi construído em Do contrato social. É um livro que trata a forma como a propriedade privada foi responsável pela corrupção humana.

  • Emílio ou Da educação: aborda sobre como as crianças deveriam ser educadas para chegarem ao patamar de adultos civilizados, felizes e inteligentes.


Por Francisco Porfírio
Professor de Filosofia

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Jean-Jacques Rousseau"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/jean-jacques-rousseau.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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