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Immanuel Kant

Kant foi um dos mais célebres filósofos modernos. Autor de uma vasta obra, o pensador operou o que chamou de “revolução copernicana na Filosofia”.

Estátua de cera representando Immanuel Kant em Kalingrado, antiga Königsberg, cidade prussiana onde o filósofo nasceu.
Estátua de cera representando Immanuel Kant em Kalingrado, antiga Königsberg, cidade prussiana onde o filósofo nasceu.
Crédito da Imagem: shutterstock
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Immanuel Kant escreveu algumas das principais obras filosóficas da Modernidade. Personalidade influente no meio intelectual de sua cidade e membro da Real Academia das Ciências de Berlim, curiosamente, o pensador nunca saiu de sua cidade natal, Königsberg.

Kant fundou uma nova teoria do conhecimento, chamada idealismo transcendental, e a sua filosofia, como um todo, fundou o criticismo, corrente crítica do saber filosófico que visava, como queria Kant, a delimitar os limites do conhecimento humano.

As obras de Kant possuem uma rara erudição, um estilo literário único e um rigor metodológico e filosófico inigualável. Professor da Universidade de Königsberg por quase cinco décadas, o docente e pesquisador dedicou-se a escrever sobre Lógica, Metafísica, Teoria do Conhecimento e Ética e Filosofia moral.

Leia também: Metafísica de Aristóteles: o que é, resumo e exemplos

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Resumo

O filósofo prussiano Immanuel Kant nasceu e sempre viveu na cidade de Königsberg. Metódico e rigoroso, formou-se em Teologia e, desde cedo, escreveu tratados de Ciências, Filosofia e religião. Doutorou-se em Filosofia e passou a lecionar na Universidade de Königsberg. Sua produção filosófica mais intensa deu-se a partir de 1770, período em que elaborou a sua filosofia criticista e o seu idealismo transcendental — teoria crítica da razão que sintetiza o empirismo e o racionalismo.

Biografia de Immanuel Kant

Filho de uma família chefiada por um artesão descendente de escoceses, Kant nasceu na cidade de Königsberg, na Prússia Oriental, em 22 de abril de 1724. Sua família tradicional protestante marcou a sua vida e relação com a religião. O grande pensador da Modernidade não se dizia ateu, mas sempre manteve uma relação polêmica com a religião por defender, em seu criticismo, que somente podemos conhecer aquilo que podemos intuir, ou seja, aquilo que podemos ver, ouvir, de fato experimentar.

Aos 16 anos de idade, Immanuel Kant entrou para o curso de Teologia da Universidade de Königsberg, onde começou a aprofundar os seus estudos em Filosofia, principalmente em Leibniz. Também se interessou por Física e Matemática, inclusive escrevendo sobre Ciências Naturais.

Em 1746, o falecimento de seu pai fez com que o filósofo fosse obrigado a trabalhar como preceptor, ensinando os filhos de famílias ricas de Königsberg. Para sua sorte, o pensador conquistou certo prestígio e conseguiu adentrar no meio intelectual da cidade, devido à influência adquirida como preceptor e à sua inteligência incomum.

Em 1754, o filósofo retornou para a universidade, onde se doutorou em Filosofia e passou a lecionar como livre docente. Em 1770, o filósofo e professor de Königsberg passou a ocupar a cátedra de Lógica e Metafísica da Universidade de Königsberg, cargo que ocupou até a sua morte.

A entrada como professor catedrático também impulsionou os trabalhos filosóficos de Kant, que se ocupou de suas principais obras, as quais promoveriam o que ele chamou de “revolução copernicana da Filosofia”, devido à sua inclinação para o criticismo, que resolveria os impasses de filósofos e correntes filosóficas anteriores.

Kant foi proibido de escrever sobre religião pelo Rei Frederico Guilherme II, da Prússia, devido às suas teses polêmicas, que levariam a uma espécie de agnosticismo intelectual. Kant publicou textos sobre religião somente em 1797, após a morte do rei.

Alguns dos principais livros de Kant são: Crítica da razão pura, Crítica da razão prática, Crítica da faculdade de julgar e Fundamentação da Metafísica dos costumes. Extremamente rigoroso e metódico, o filósofo nunca se casou e não teve filhos, dedicando-se, quase integralmente, à pesquisa e à docência em Filosofia. Curiosamente, o pensador prussiano nunca saiu de sua cidade natal, e sua extrema erudição e seu conhecimento geral eram obtidos por meio de leituras e contato com pessoas de fora.

Algumas curiosidades sobre a personalidade de Kant saltam aos olhos de leitores de suas biografias. Um homem muito inteligente, sagaz, bondoso e gentil, o filósofo tinha também certos hábitos que remetiam à sua personalidade metódica. Sabe-se que ele tinha uma rigorosa rotina e cumpria, fielmente, seus afazeres em horários rigorosamente controlados. Ele tinha horário certo para dormir, acordar, comer, estudar, escrever e fazer suas caminhadas vespertinas.

Conta-se que os habitantes de Königsberg, alguns vizinhos do filósofo, acertavam seus relógios quando viam Kant passando pela rua, pois ele sempre passava pelos mesmos lugares no mesmo horário. Uma única vez, o pensador prussiano atrasou-se por estar absorto em uma leitura, e esse atraso foi suficiente para despertar a curiosidade dos vizinhos.

Após sofrer de uma doença degenerativa, o filósofo faleceu do dia 12 de fevereiro de 1804, aos 79 anos de idade.

Veja também: Conheça a vida e obra deste grande nome da Escolástica

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Filosofia de Kant

Immanuel Kant ficou conhecido por ter formulado o que ele denominou ser uma “revolução copernicana na Filosofia”. Grande leitor do racionalista Gotfried Wilhelm Leibniz e do empirista inglês David Hume, Kant tratou de juntar elementos das duas correntes que mais movimentaram a Filosofia europeia moderna em uma teoria criticista, sem cair em qualquer tipo de relativismo.

O idealismo transcendental kantiano construiu uma complexa teia de conceitos para explicar que nem o empirismo estava certo e nem o racionalismo explicava plenamente o conhecimento humano. Para Kant, o conhecimento é obtido com base na percepção do que ele chamou de “coisa em si”, que é o objeto.

Esse processo dá-se pelo que o pensador denominou intuição, e é a racionalidade, por meio das faculdades mentais, que proporciona ao ser humano o conhecimento, pois a nossa mente é capaz de relacionar conceitos puros aos dados da percepção.

Para Kant, há a coisa em si e o conceito transcendental, sendo a nossa relação com esses dois elementos estritamente pessoal e psicológica, mas o fato de haver um conceito universal, que serve de parâmetro, impede que a teoria kantiana seja relativista.

No campo moral, Kant formulou uma teoria chamada Metafísica dos costumes, baseada no imperativo categórico, que tenta desfazer qualquer relativismo moral empregando forças para descobrir as máximas ou leis morais universais. Para Kant, existe um dever universal baseado em leis morais e esse dever está submetido ao estrito cumprimento das leis morais em qualquer situação racional. O ser humano ou qualquer outro ser racional deve cumprir aquilo que é estabelecido pela lei moral.

No campo político, Kant escreveu o livro A paz perpétua, em que ele elabora um tratado de paz e cooperação universal imaginário entre os Estados. Esse tratado, de inspiração iluminista e republicana, visava a garantir a paz entre as nações, o respeito aos Direitos Humanos e à vida. A obra kantiana, publicada em 1795, influenciou fortemente a consolidação da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 150 anos depois.

Kant também escreveu um artigo denominado “O que é esclarecimento?” ou “O que é Iluminismo?”. A relação estabelecida entre iluminismo e esclarecimento dá-se na tradução dos termos para alemão (a palavra Aufklärung designa, simultaneamente, esclarecimento e iluminação) na obra de Kant. Elaborado em estilo de resposta à pergunta, o texto defende que o ser humano deve sair da “menoridade”, que seria o estado de desconhecimento que impede o desenvolvimento autônomo, e chegar ao conhecimento, que seria a garantia da autonomia e do esclarecimento.

No campo estético, Kant desenvolveu uma complexa teoria, ligada à sua teoria do conhecimento, denominada estética transcendental. Essa teoria está presente na Crítica da razão pura, livro que trata, majoritariamente, de epistemologia, e no livro Crítica da faculdade do juízo, que fala especificamente dos juízos estéticos.

Veja também: Saiba mais sobre este ramo filosófico desenvolvido por Sartre

Principais ideias de Immanuel Kant

  • Criticismo: filosofia voltada para estabelecer os limites do conhecimento humano com base em um intenso exercício filosófico, estabelecendo uma crítica revisionista da Filosofia.

  • Idealismo transcendental: doutrina filosófica voltada para entender como ocorre o conhecimento humano, com base em noções como juízo analítico, juízo sintético e juízo estético.

  • Iluminismo: a indicação de uma iluminação por meio do conhecimento é o requisito para a formação de uma mente autônoma.

  • Imperativo categórico: é a formulação de uma lei moral, máxima da ação ética em qualquer situação. O imperativo kantiano pode ser formulado da seguinte maneira: age de tal maneira a tornar a sua ação uma lei universal. Isso significa que a ação deve ser universalmente correta ou estar, em qualquer situação, em correspondência com o dever. Há também a máxima: age de tal modo a utilizar a natureza e as pessoas como fim e nunca como meio. Isso significa que há uma obrigação moral de não usar as pessoas como meio para que se consiga algo.

Citações de Immanuel Kant

  • “Não se pode aprender Filosofia alguma. [...] Só se pode aprender a filosofar, isto é, exercitar o talento da razão na observância de seus princípios universais.”

  • "A guerra é má, por originar mais homens maus do que aqueles que mata."

  • "A felicidade não é um ideal da razão mas sim da imaginação."

  • "Duas coisas que me enchem a alma de crescente admiração e respeito, quanto mais intensa e frequentemente o pensamento delas se ocupa: o céu estrelado sobre mim e a lei moral dentro de mim."

  • "A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade."

  • "É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade."

  • "Pensamentos sem conteúdos são vazios; intuições sem conceitos são cegas."



 

Escritor do artigo
Escrito por: Francisco Porfírio Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PORFíRIO, Francisco. "Immanuel Kant"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/immanuel-kant.htm. Acesso em 28 de abril de 2024.

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