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Juscelino Kubitschek, também conhecido como JK, foi um político brasileiro que esteve na presidência de nosso país entre 1956 e 1961. Médico por formação, ele ingressou na política na década de 1930, sendo prefeito de Belo Horizonte, governador de Minas Gerais e presidente do Brasil. Foi o responsável pela construção de Brasília na década de 1950.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Juscelino Kubitschek
- 2 - Videoaula sobre Juscelino Kubitschek
- 3 - Primeiros anos de Juscelino Kubitschek
- 4 - Carreira de Juscelino Kubitschek na medicina
- 5 - Carreira política de Juscelino Kubitschek
- 6 - Eleição presidencial de 1955
- 7 - Governo JK
- 8 - Últimos anos de Juscelino Kubitschek
Resumo sobre Juscelino Kubitschek
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Juscelino Kubitschek veio de uma família humilde e formou-se em Medicina, em Belo Horizonte.
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Ingressou na política na década de 1930, chegando a ser eleito deputado federal.
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Foi nomeado para ser prefeito de Belo Horizonte em 1940.
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Em 1951, assumiu o governo de Minas Gerais.
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Em 1956, assumiu a presidência do Brasil e seu governo procurou promover o desenvolvimento econômico do país pela industrialização.
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Morreu em 1976, devido a um acidente de carro. Muitos falam que o acidente dele foi forjado por agentes da ditadura.
Videoaula sobre Juscelino Kubitschek
Primeiros anos de Juscelino Kubitschek
Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu na cidade de Diamantina, localizada no estado de Minas Gerais, no dia 12 de setembro de 1902. Juscelino era filho de João César de Oliveira e Júlia Kubitschek. Seu pai exerceu diferentes ofícios, como delegado de polícia e caixeiro-viajante, enquanto sua mãe trabalhava como professora primária.
Ao dois anos de idade, Juscelino ficou órfão, pois o pai faleceu vítima de tuberculose. Coube a Júlia Kubitschek cuidar de seus dois filhos, Juscelino e Maria da Conceição. Mesmo com uma situação financeira delicada, a mãe de Juscelino Kubitschek conseguiu que ele se matriculasse em um seminário diocesano.
Depois de concluir o ensino básico, Juscelino decidiu abandonar o seminário, pois ele não desejava seguir carreira religiosa, mas, sim, tornar-se médico. Ele desejava mudar-se para Belo Horizonte, mas não tinha condições de pagar pelos seus estudos na capital mineira, então passou a estudar por conta própria.
Tempos depois ele conseguiu obter certificados de aprovações em todas as disciplinas do Ginásio e, em 1921, foi chamado para assumir função de telegrafista após ser aprovado em um concurso que foi realizado em Belo Horizonte. Com isso, ele pôde mudar-se para a capital mineira e pôde fazer o vestibular para seguir seu sonho de se tornar médico.
Carreira de Juscelino Kubitschek na medicina
Em 1922, Juscelino Kubitschek ingressou na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte e manteve os seus estudos com o trabalho de telegrafista que realizava. A formação de Juscelino Kubitschek, no entanto, não foi fácil, pois ele tinha que conciliar o tempo com o trabalho e os estudos. Além disso, o que ganhava não era muito.
Em dezembro de 1927, Juscelino formou-se em Medicina e logo recebeu sua primeira oportunidade profissional. Com o tempo, ele acumulou funções na carreira médica, o que permitiu que ele pudesse economizar quantia suficiente para financiar uma especialização em urologia. Essa especialização foi realizada em Paris, para onde Juscelino se mudou em abril de 1930.
Quando retornou ao Brasil, ele encontrou um país em um novo momento político. Getúlio Vargas havia assumido a presidência depois de um golpe e nomeado Olegário Maciel para a interventoria do estado de Minas Gerais. Nesse contexto, Juscelino recebeu um convite para trabalhar no Hospital Militar da Força Pública.
Em 1932, ele foi nomeado para coordenar o trabalho médico na Revolução Constitucionalista de 1932. O estado de Minas Gerais permaneceu ao lado do presidente Vargas, e Juscelino atuou no tratamento médico dos soldados das tropas leais ao governo. Durante o conflito, Juscelino aproximou-se de Benedito Valadares, delegado federal na época.
Carreira política de Juscelino Kubitschek
A carreira política de Juscelino Kubitschek se iniciou em 1933, quando Benedito Valadares tornou-se interventor de Minas Gerais. O novo interventor do estado, próximo de Vargas desde a Revolução Constitucionalista de 1932, convidou-o para se tornar chefe do Gabinete Civil de Minas Gerais.
Juscelino, então, abandonou a Medicina e assumiu essa função pública. Ele se filiou ao Partido Progressista de Minas Gerais, assumiu a secretária do partido e candidatou-se à Câmara Federal, sendo eleito deputado federal por Minas Gerais. Ele se mudou para o Rio de Janeiro e foi empossado no cargo em 1935.
Juscelino Kubitschek manifestou seu apoio à candidatura de José Américo para a eleição presidencial que aconteceria em 1938. Entretanto, o golpe do Estado Novo, em 1937, mudou tudo isso, e José Américo nunca chegou a concorrer à presidência. Além disso, o golpe fez com que Juscelino perdesse o cargo de deputado federal, pois o Congresso Nacional foi fechado por ordem de Vargas.
Por essa razão, Juscelino voltou ao ofício da Medicina, assumindo novamente sua posição no Hospital Militar. O afastamento da política durou pouco, pois, em 1940, o interventor Benedito Valadares decidiu nomeá-lo para assumir a prefeitura de Belo Horizonte. Juscelino rejeitou o cargo, mas o interventor de Minas não aceitou a recusa e nomeou Juscelino mesmo assim.
Juscelino conciliou a Medicina com a prefeitura de Belo Horizonte e, durante o exercício do cargo de prefeito, destacou-se a reforma urbanística que ele realizou na capital mineira. Depois que Getúlio Vargas foi destituído e a democratização do país se estruturou, Juscelino atuou na formação do Partido Social Democrático (PSD), o maior partido da República de 1946.
Além disso, Juscelino Kubitschek concorreu ao cargo de deputado federal, sendo novamente eleito. Permaneceu na função até 1950, consolidando-se como uma figura política das mais importantes no interior dos quadros do PSD e da política mineira a nível nacional. Em julho o seu partido escolheu Juscelino para que ele fosse o nome do partido na disputa do governo de Minas Gerais.
Juscelino Kubitschek disputou o governo contra o candidato da União Democrática Nacional (UDN), Gabriel Passos (o político udenista era concunhado de JK). JK percorreu todo o estado de Minas em campanha pela sua eleição e saiu vencedor dessa disputa ao obter mais de 700 mil votos. Em 31 de janeiro de 1951, Juscelino Kubitschek assumiu como governador de Minas Gerais.
Já no governo de Minas Gerais, Juscelino manifestou uma característica que seria a marca de seu governo quando foi presidente do Brasil: o desenvolvimentismo. Juscelino desejava transformar Minas Gerais, um estado baseado na pecuária e agricultura, em um estado industrializado. Para isso, investiu maciçamente na produção de energia elétrica, construção de estradas e no desenvolvimento de novas indústrias. Ao final de seu mandato, ele estava gabaritado para concorrer à presidência e foi isso que ele fez.
Acesse também: Queremismo — movimento pela continuidade de Vargas no poder
Eleição presidencial de 1955
A possibilidade da candidatura presidencial de Juscelino Kubitschek alarmava a UDN e seu grande expoente, o jornalista Carlos Lacerda. Esse partido, de matiz liberal e conservadora, entendia que Juscelino representava uma continuidade do legado político de Getúlio Vargas e procurava impedir uma eventual vitória do mineiro.
A UDN e Carlos Lacerda atuaram de todas as formas possíveis para que um golpe militar e parlamentar acontecesse no país e um governo provisório fosse formado para impedir que a eleição de 1955 fosse realizada. A aliança entre o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o PSD para a disputa presidencial transformou JK no alvo de Carlos Lacerda.
Diariamente, Carlos Lacerda defendia a imposição de um “regime de emergência” para impedir o retorno do PTB ao poder. A eleição presidencial de 1955 foi realizada nesse clima político conturbado e a disputa foi travada pelos seguintes candidatos:
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Juscelino Kubitschek (PSD);
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Juarez Távora (UDN);
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Adhemar de Barros (PSP).
O resultado dessa eleição foi apertado e Juscelino ganhou por uma diferença de pouco mais de 400 mil votos, obtendo 36% dos votos. Em segundo lugar, ficou Juarez Távora, com 30%. Adhemar de Barros obteve 26%. A vitória de JK fez com que o foco de Carlos Lacerda fosse outro: ele trabalhou para impedir a posse de Juscelino, marcada para acontecer em 31 de janeiro de 1956.
Um golpe de Estado passou a ser organizado contra Juscelino Kubitschek e as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling contam que o então presidente, Café Filho, apoiava esse golpe em curso contra JK|1|. No entanto, o golpe não prosperou graças a uma figura central na política brasileira: o ministro da Guerra Henrique Teixeira Lott.
Ele era um militar legalista que defendia o respeito à Constituição. Ele aglomerou apoiadores nas Forças Armadas e realizou um contragolpe para impedir que Carlos Lacerda e outros militares tomassem o poder e impedissem a posse de Juscelino. Esse acontecimento ficou conhecido como Movimento de 11 de novembro ou Golpe Preventivo de 11 de novembro.
Governo JK
Juscelino Kubitschek assumiu a presidência em 31 de janeiro de 1956 e seu governo ficou marcado pela sua política desenvolvimentista, isto é, que incentivava o desenvolvimento econômico do país via industrialização. O político mineiro entendia que a modernização do país passava, essencialmente, pelo desenvolvimento industrial.
Para sustentar sua proposta desenvolvimentista, o governo JK organizou o Plano de Metas, um programa econômico que estipulava 31 metas para garantir o desenvolvimento econômico do Brasil. As áreas consideradas cruciais dentro desse plano eram energia, transportes, indústria de base, alimentação e educação.
Entre as prioridades, as áreas de alimentação e educação foram as que receberam a menor fatia dos recursos alocados para o Plano de Metas. A indústria de base, energia e de transporte receberam somas altíssimas de investimentos do governo, que construiu estradas pelo país, incentivou o desenvolvimento da indústria e ampliou o fornecimento de energia elétrica.
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Construção de Brasília
O grande projeto do governo JK foi a construção de Brasília e a transferência da capital para o Planalto Central. Essa ideia era ventilada na política brasileira desde o final do século XIX e foi transformada em promessa de campanha de Juscelino supostamente após ele ser questionado por um eleitor sobre a construção de uma nova capital para o Brasil.
A construção de Brasília se estendeu por todo o seu mandato e foi um projeto grandioso, movimentando uma enorme soma de dinheiro. Até hoje não se tem certeza da quantia que foi gasta na construção da nova capital. O projeto contou com a participação de nomes como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. A fundação da nova capital aconteceu em 21 de abril de 1960.
Acesse também: Governo João Goulart — o último governo democrático antes do golpe militar
Últimos anos de Juscelino Kubitschek
Depois que seu mandato como presidente se encerrou, Juscelino prosseguiu na política, elegendo-se senador por Goiás. Ele continuava filiado ao PSD e obteve quase 150 mil votos na disputa eleitoral. Anos depois, silenciou-se e consentiu com o golpe militar, votando para a eleição indireta de Humberto Castello Branco, em abril de 1964.
Uma vez estabelecida a ditadura no país, a repressão se voltou contra o próprio Juscelino Kubitschek. O governo militar ordenou a cassação dos direitos políticos de Juscelino por 10 anos. O seu partido tentou reverter a situação, mas a repressão tinha vindo para ficar. Ainda em 1964, Juscelino Kubitschek decidiu mudar-se para a Europa.
Em 1966, ele aderiu à Frente Ampla, movimento encabeçado por Carlos Lacerda pela redemocratização do país. O movimento também contou com o apoio do ex-presidente João Goulart, derrubado pelo golpe em 1964. Em 1967, Juscelino retornou ao Brasil para atuar pela Frente Ampla, mas foi intensamente monitorado pelo governo militar.
Em 1968, a Frente Ampla teve sua atuação proibida pelo governo e Juscelino afastou-se definitivamente da política brasileira. Passou a atuar no ramo empresarial privado e teve uma morte polêmica em 22 de agosto de 1976, quando sofreu um acidente de carro na Via Dutra. Investigações posteriores foram realizadas sobre a morte do ex-presidente.
A Comissão Nacional da Verdade concluiu, em 2014, que a morte de JK foi acidental, mas membros da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo concluíram o oposto e afirmaram que Juscelino Kubitschek foi morto pela ditadura. Já a Comissão da Verdade em Minas Gerais concluiu que é bastante provável que JK tenha sido assassinado pela ditadura.
Como pode ser percebido, a morte de Juscelino Kubitschek é ainda marcada por um grande suspense, uma vez que não existe uma resposta conclusiva que explique o acidente de carro que ocasionou a sua morte.
Notas
|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 413.
Créditos da imagem
[1] FGV/CPDOC