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A construção de Brasília foi a concretização de um projeto nacional que existia desde o século XIX, cujo intuito era o de levar a capital do nosso país para o planalto central. Essa obra aconteceu entre 1957 e 1960 e foi viabilizada pelo governo de Juscelino Kubitschek.
Juscelino idealizou a construção de Brasília para que fosse a síntese perfeita do seu plano de modernização do Brasil. Durante as obras, o presidente não poupou recursos para que a cidade projetada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa fosse erguida. Os trabalhadores que a fizeram ficaram conhecidos como candangos. A cidade foi inaugurada em 21 de abril de 1960.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Governo JK
- 2 - Quando surgiu a ideia de transferência da capital?
- 3 - Como foi a construção de Brasília?
Governo JK
A construção de Brasília foi realizada na segunda metade da década de 1950, durante o governo de Juscelino Kubitschek. Esse foi um período de agitação política e de relativo desenvolvimento econômico em nosso país. Kubitschek foi eleito presidente ao vencer disputa apertada na eleição de 1955, obtendo 36% dos votos.
JK era um quadro tradicional do Partido Social Democrático (PSD), o maior partido do Brasil durante a Quarta República. Ele tinha sido prefeito de Belo Horizonte e governador de Minas Gerais, e, na disputa eleitoral, prometeu implantar um projeto de desenvolvimento e industrialização do Brasil. Em seu slogan de campanha, ele propôs avançar o Brasil “50 anos em 5”.
Sua vitória iniciou uma crise política, uma vez que a União Democrática Nacional (UDN), partido de oposição, não aceitava que o poder continuasse nas mãos dos aliados de Getúlio Vargas. Um golpe começou a ser articulado contra a sua posse, mas Henrique Teixeira Lott, ministro da guerra, realizou um contragolpe em novembro de 1955, garantindo a posse de JK, em 31 de janeiro de 1955.
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Desenvolvimentismo econômico
A construção de Brasília foi o evento mais simbólico do referido projeto de desenvolvimento econômico brasileiro, o qual procurava investir pesadamente em áreas entendidas como estratégicas. Esse projeto fazia parte de uma concepção de um novo Brasil.
Essa priorização do desenvolvimento econômico é conhecida pelos especialistas como desenvolvimentismo, e, no governo de JK, ela foi manifestada pelo Plano de Metas. Esse plano econômico visava estruturar o caminho para que o governo pudesse realizar o desenvolvimento do país nos cinco anos do mandato de JK.
O Plano de Metas foi implantado já em 1º de fevereiro de 1956, o segundo dia do governo de JK. Ele estipulava 31 objetivos a serem cumpridos dentro de cinco áreas estratégicas do país: energia elétrica, transporte (infraestrutura), indústria de base, alimentação e educação. O Plano causou grande mobilização do governo para que essas áreas fossem desenvolvidas (alimentação e educação foram menos priorizadas e receberam poucos recursos).
O Plano foi um sucesso, trazendo resultados significativos nas áreas da indústria, da energia elétrica e do transporte. Grande parte desse sucesso deveu-se à construção de Brasília, uma vez que ela movimentou a economia e mobilizou uma vasta quantidade de recursos para viabilizar a transferência da capital.
Quando surgiu a ideia de transferência da capital?
A ideia de transferência da capital para o interior do Brasil existia desde o século XIX. José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como patrono da independência do Brasil, sugeriu, em 1823, a transferência da capital do país para o interior como forma de protegê-la de eventuais ataques promovidos por forças estrangeiras. Ele chegou a sugerir o nome “Brasília” para a nova capital.
Essa ideia não ganhou corpo e permaneceu esquecida durante todo o período monárquico. Com a Proclamação da República, em 1889, um novo governo ocupou o poder do Brasil e uma nova Constituição foi elaborada, em 1891. Essa Constituição determinava, em um de seus artigos, que uma região do planalto central seria reservada para, futuramente, abrigar a nova capital do país.
Com isso, inaugurou-se uma série de estudos e trabalhos para viabilizar esse projeto. O presidente Floriano Peixoto criou a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, que realizou a Missão Cruls, responsável por enviar um grupo para o planalto central a fim de estudar e delimitar a área que receberia a nova capital. Os trabalhos vinculados a essa comissão foram realizados até 1897.
Em 1922, o presidente Epitácio Pessoa realizou o lançamento da pedra fundamental da nova capital em Planaltina, e, depois, somente Eurico Gaspar Dutra e Getúlio Vargas, nas décadas de 1940 e 1950, realizaram ações mínimas nesse sentido. Isso porque a Constituição de 1946 também trazia a possibilidade de transferência da capital.
Os historiadores afirmam que, nas memórias deixadas por Juscelino, ele atribuiu o projeto da construção da nova capital a uma ação súbita, quase que por acaso. Muitos historiadores questionam essa informação demonstrado que a construção de Brasília, na verdade, cumpriu muitos propósitos políticos para ele.
Acesse também: Vice-presidentes que assumiram o governo do Brasil
Como foi a construção de Brasília?
Afirma-se que o ponto de partida para que Juscelino Kubitschek construísse uma nova capital para o Brasil deu-se durante a sua campanha eleitoral. Em 1955, em um comício realizado em Jataí, cidade no estado de Goiás, Juscelino foi questionado por um eleitor chamado Antônio Soares Neto sobre a construção de uma nova capital em cumprimento da Constituição.
A resposta de Juscelino foi a de afirmar que ele obedeceria à Constituição e que colocaria em prática o projeto. Essa história é geralmente contada para explicar onde e quando nasceu essa ideia em JK. Quando ele assumiu a presidência, o projeto de construir Brasília foi levado ao Congresso e aprovado em 19 de setembro de 1956.
A lei nº 2.874 inaugurou o processo de construção da nova capital e nomeou-a Brasília. Para que a obra fosse realizada, o governo criou a Companhia Urbanizadora Nova Capital, empresa conhecida como Novacap. Juscelino entregou o comando dela para uma pessoa de sua confiança, o engenheiro e deputado do PSD Israel Pinheiro.
Essa estratégia foi muito utilizada por JK na construção da nova capital. Ele nomeou técnicos e especialistas de sua confiança nos postos-chave da obra e deu-lhes carta branca para construir a cidade. O presidente também não poupou recursos, e uma jornada de trabalho exaustiva foi implantada para cumprir-se o prazo de entrega da capital.
O arquiteto da construção foi Oscar Niemeyer, diretor do Departamento de Arquitetura da Novacap. O projeto urbanístico foi de autoria de Lúcio Costa, arquiteto que conquistou essa função após ser anunciado como o vencedor do concurso organizado pela Novacap para essa finalidade (obter o projeto urbanístico), em 1957.
Os quatro homens mais importantes na construção de Brasília, portanto, foram:
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Juscelino Kubitschek, presidente que não poupou recursos ou esforços para a edificação de Brasília;
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Israel Pinheiro, diretor da Novacap;
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Oscar Niemeyer, arquiteto que idealizou os principais prédios de Brasília;
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Lúcio Costa, realizador do projeto urbanístico da cidade.
A construção de Brasília foi feita em meio a inúmeros desafios. A cidade com aeroporto mais próxima, Anápolis, ficava a mais de 100 km, e as estradas que ligavam até Brasília eram de terra. Todo o material necessário para viabilizar a obra era levado a Brasília com grande dificuldade. Além disso, o fato de tudo ser levado de avião aumentava os custos da obra.
Do ponto de vista humano, a construção de Brasília também teve alto custo. A maioria dos trabalhadores vinha do Nordeste, mas muitos também vinham de Goiás e Minas Gerais e ficaram conhecidos como candangos. O trabalho era exaustivo, as condições de vida eram ruins, e os trabalhadores ainda sofriam com a violência das autoridades, havendo até casos deles que foram assassinados pelas forças policiais.
A cidade de Brasília foi pensada para ser o símbolo do projeto de modernização e desenvolvimento de JK. A arquitetura inovadora da cidade passava essa ideia, e o projeto materializava o ideal do presidente de interligar os dois Brasis (litoral e interior) como momento-chave para a formação de um novo território, mais moderno e desenvolvido.
A construção de Brasília contou com a forte oposição da UDN. Os udenistas aproveitaram-se da situação para atacar o governo de Juscelino, e os excessivos gastos com a construção da nova capital foram duramente criticados. Apesar das críticas, intento de Juscelino obteve sucesso, e, em 21 de abril, Brasília, a nova capital brasileira, foi oficialmente inaugurada. Não sabe até hoje quanto foi gasto para construí-la.
Créditos das imagens
[1] FGV/CPDOC
Por Daniel Neves
Professor de História