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Os ciclos econômicos do Brasil são formas de se periodizar a história brasileira valorizando fatores econômicos. São eles:
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ciclo do pau-brasil;
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ciclo da cana-de-açúcar;
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ciclo do ouro;
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ciclo do café;
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ciclo da borracha.
Os ciclos econômicos brasileiros foram e ainda são baseados na produção de commodities para o mercado externo, o que faz com que a economia do nosso país seja muito suscetível às mudanças internacionais.
A cana gerou riqueza no Brasil, e diversas atividades foram criadas para manter essa atividade principal, como a pecuária, que criava o gado para mover moendas e carros de boi. Quando o preço internacional do açúcar caiu, a economia brasileira entrou em crise. O mesmo ocorreu quando o ouro se esgotou ou quando o preço do café caiu no mercado externo.
O Brasil passa atualmente por um processo de desindustrialização, e, novamente, as commodities ganham importância na economia nacional e nas exportações. Alguns economistas defendem que o Brasil vive o ciclo da soja. Atualmente o país é o segundo maior produtor de soja do mundo.
Leia também: Pacto Colonial — acordo que dava à Coroa portuguesa exclusividade sobre a exploração do Brasil Colônia
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre ciclos econômicos do Brasil
- 2 - Ciclos econômicos na história do Brasil
- 3 - Quais foram os principais ciclos econômicos do Brasil?
- 4 - Importância dos ciclos econômicos do Brasil
- 5 - Exercícios resolvidos sobre ciclos econômicos do Brasil
Resumo sobre ciclos econômicos do Brasil
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Os ciclos econômicos do Brasil foram: o do pau-brasil, da cana-de-açúcar, do ouro, do café e da borracha.
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Atualmente alguns economistas defendem que o Brasil vive o ciclo da soja.
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O pau-brasil foi a principal atividade nos anos iniciais da colonização brasileira, sendo uma atividade extrativista que não desenvolveu cidades.
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A cana-de-açúcar se tornou o principal produto de exportação do Brasil no século XVII. A atividade econômica foi responsável pela introdução do uso de mão de obra escravizada no Brasil.
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O ouro foi descoberto em grande quantidade no Brasil no fim do século XVII e foi responsável pela interiorização da colonização. O ciclo do ouro durou um século.
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O café se tornou o principal produto da economia brasileira no século XIX. Durante a Primeira República, os cafeicultores compunham a maior parte da oligarquia que governou o Brasil.
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O ciclo da borracha trouxe desenvolvimento econômico para a região Norte do Brasil.
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Atualmente a soja e o farelo de soja são os principais produtos exportados pelo Brasil, representando quase um quarto das exportações.
Ciclos econômicos na história do Brasil
Existem muitas formas de se periodizar a história do Brasil, a mais utilizada leva em conta fatos políticos, como o Brasil Colônia, Primeiro Império, Período Regencial, Segundo Império, Primeira República e assim por diante. Durante o século XX, a historiografia brasileira foi fortemente influenciada pelo marxismo e, como tal, valorizou a economia para periodizar a história do Brasil.
Foi nesse período que os chamados “ciclos econômicos” passaram a ser ensinados nas escolas de todo o Brasil e apontados como os principais fatores de formação da sociedade e da cultura brasileiras. Todos os ciclos econômicos do Brasil foram marcados pelo avanço do ser humano sobre a natureza, pelo desmatamento e pelos conflitos e extermínios de populações indígenas e outras populações tradicionais.
Quais foram os principais ciclos econômicos do Brasil?
→ Ciclo do pau-brasil
Em 1503, um cristão-novo chamado Fernão de Loronha enviou ao Brasil uma expedição para explorar pau-brasil nas terras encontradas, três anos antes, por Cabral. O pau-brasil era a matéria-prima de uma tinta vermelha muito valorizada na Europa na Idade Moderna. Loronha obteve sucesso na empreitada e recebeu do rei português a ilha que hoje tem seu nome, Fernando de Noronha, como uma capitania hereditária.
Diversas outras expedições foram enviadas ao litoral brasileiro nos primeiros anos de colonização para a exploração do pau-brasil. Os portugueses obtinham as toras de pau-brasil por meio do escambo feito com as populações indígenas, dando em troca da preciosa madeira preciosos bens para os indígenas, como ferramentas de metal, tecidos, peças de roupa e acessórios, facas, entre tantos outros.
A Coroa portuguesa expedia as concessões para exploração do Brasil mediante o pagamento de um imposto. No primeiro ano, a pessoa que recebia a concessão não pagava imposto; no segundo ano, pagava 1/6; e, no terceiro, pagava 1/3 dos lucros obtidos com a comercialização do pau-brasil. A concessão estabelecia que os exploradores deveriam se fixar no mesmo local por três anos, o que muitas vezes não ocorreu, uma vez que as toras de pau-brasil acabavam na região.
Na prática, a atividade econômica da comercialização do pau-brasil não fixou os portugueses em terras brasileiras, por esse motivo, muitos historiadores chamam o intervalo do ciclo do pau-brasil de Período Pré-Colonial.
Ainda, a atividade de exploração do pau-brasil não foi exercida apenas pelos portugueses no nosso país, ela foi exercida por outros povos, principalmente pelos franceses. Estes últimos fizeram alianças com tribos indígenas, como os tupinambás, na região do atual Rio de Janeiro, e passaram a extrair pau-brasil das terras que, pelo Tratado de Tordesilhas, pertenciam a Portugal.
O ciclo do pau-brasil durou pouco. No século XVII, ele passou a se tornar escasso, e outras formas de produzir tintar vermelha, mais baratas, foram desenvolvidas. Contudo, a sua madeira continuou valorizada e nunca cessou.
Em 1605, um regimento régio determinou que a extração do pau-brasil só poderia ser realizada com autorização do rei e previa pena de morte para quem não cumprisse o regimento régio. Mesmo proibida, a extração de pau-brasil ainda ocorre no Brasil. Ela é feita por quadrilhas especializadas que vendem arcos de violino feitos da árvore e que chegam a custar milhares de dólares em alguns países. Para saber mais sobre o ciclo do pau-brasil, clique aqui.
→ Ciclo da cana-de-açúcar
Ao contrário do pau-brasil, a cana não é uma espécie nativa do Brasil, sendo originária da Ásia. O açúcar era uma especiaria muito valorizada na Europa, e os portugueses passaram a produzi-la nas suas ilhas africanas. No Brasil, os portugueses encontraram as condições ideais para o cultivo da cana, como o solo de massapê e o clima chuvoso e quente.
Na década de 1530, diversos engenhos passaram a ser construídos no Brasil, principalmente nas capitanias de Pernambuco e de São Vicente. Nas próximas décadas, engenhos foram construídos em toda zona costeira do Brasil, mas a maior parte deles foi edificada no Nordeste, na Zona da Mata.
A produção de açúcar no Brasil foi fundamental para os portugueses criarem as bases para o povoamento luso no Brasil, fundando as primeiras cidades brasileiras.
No início, os indígenas foram escravizados nos engenhos, e, com o passar do tempo, foram substituídos por escravizados africanos. A vida do engenho era comandada pelo senhor de engenho, que exercia sua autoridade sobre a família, os trabalhadores livres do engenho e os escravizados. A vida nos engenhos era marcada pelo autoritarismo, pela violência física e pelo patriarcalismo.
O ciclo da cana-de-açúcar durou mais de um século, mas entrou em decadência em meados do século XVII. Após serem expulsos do Nordeste do Brasil, em 1654, os holandeses passaram a cultivar a cana nas Antilhas, aumentando a produção mundial de açúcar e, consequentemente, reduzindo o valor dessa mercadoria. A queda do valor do açúcar no mercado mundial provocou uma grave crise no Brasil e o consequente declínio da produção açucareira.
Apesar da crise, a cana-de-açúcar não deixou de ser cultivada em nosso país. Com a Crise do Petróleo e o desenvolvimento do etanol, combustível produzido com a cana-de-açúcar, a produção voltou a crescer no Brasil. Atualmente o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar, sendo responsável por mais de 30% do açúcar consumido em todo o planeta.|1| Saiba mais sobre o ciclo do açúcar clicando aqui.
→ Ciclo do ouro
No final do século XVI, ouro foi descoberto no planalto paulista, as principais minas se localizavam no Pico do Jaraguá, ponto mais alto do município de São Paulo. Em 1604, Afonso Sardinha afirmou em testamento deixar grande quantidade de ouro, “enterradas em botelhas de barro”.
Ainda hoje existem ruínas no Pico do Jaraguá do sistema criado por Afonso Sardinha para extrair o minério. O ouro encontrado em São Paulo durou pouco, o que fez com que os paulistas continuassem a penetrar o interior do território em busca de novas minas.
Com a crise na produção de açúcar, a Coroa portuguesa e os próprios colonos brasileiros passaram a buscar metais preciosos no interior do Brasil. No final do século XVII, os paulistas descobriram ouro na região de Minas Gerais e começaram a explorar a região.
Com a derrota na Guerra dos Emboabas, os paulistas foram expulsos de Minas e continuaram a descer o Rio Tietê, explorando outros rios da Bacia do Paraná e descobrindo novas minas de ouro em Goiás e Mato Grosso. Nesse momento, iniciou-se o ciclo do ouro.
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O imposto sobre o ouro
Durante o ciclo do ouro, a Coroa portuguesa cobrou o imposto chamado de quinto, 20% do ouro extraído. Ao extrair o ouro, o proprietário deveria levá-lo até a casa de fundição, onde o imposto era cobrado e o ouro restante era fundido e transformado em barra, com o selo de Portugal e um número de registro. O ouro só podia sair de Minas Gerais quintado.
Outro imposto que durou pouco foi a capitação, em que cada senhor de escravo deveria pagar um valor em ouro por cada escravizado, o imposto era cobrado semestralmente.
No ciclo da cana-de-açúcar, o centro dinâmico da economia brasileira estava no Nordeste, onde a maior parte da produção de açúcar ocorria. Nesse período, a capital da colônia era Salvador, na Bahia. Com a crise açucareira e ascensão da mineração em Minas Gerais e no Centro-Oeste, o eixo econômico mudou para o Sudeste, onde a maior parte do ouro era produzida e por onde a quase totalidade dele era escoada para a Europa.
Durante o ciclo do ouro, a capital do Brasil foi transferida para o Rio de Janeiro, em 1763. O aumento demográfico também foi outra consequência da mineração, que estimulou diversas outras atividades econômicas na colônia. Durante o ciclo do ouro, a população brasileira aumentou 10 vezes.
Os bandeirantes, em busca do ouro e de diamantes, adentraram no território que, pelo Tratado de Tordesilhas, pertencia à Espanha. Povoados portugueses foram construídos no Mato Grosso e em Goiás, áreas consideradas espanholas. Em 1750, foi assinado o Tratado de Madri, em que os espanhóis reconheceram essas regiões povoadas por portugueses como de Portugal. Após a independência do Brasil, em 1822, esse território passou a fazer parte do Brasil.
No final do século XVIII, o ouro em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás tornou-se cada vez mais raro, levando ao fim do ciclo do ouro e a uma nova crise econômica na colônia portuguesa. Com o fim da mineração, as populações das regiões mineradoras passaram a se dedicar à agricultura e à pecuária.
Atualmente o Brasil exporta mais de 90 toneladas de ouro por ano.|2| Na época do auge do ciclo ouro do Brasil, em 1754, o Brasil exportou para Portugal pouco mais de 15 toneladas. Em 2022, o Brasil exportou 96,3 toneladas oficialmente, mas a Polícia Federal acredita que a mesma quantidade de ouro sai do país de forma ilegal.
→ Ciclo do café
O café é uma planta originária do nordeste da África, e, no século XVIII, passou a ser uma mercadoria muito apreciada e valorizada na Europa. No Brasil, o café começou a ser cultivado no Pará, na década de 1720. Segundo a tradição oral, foi o militar Francisco de Melo Palheta que, de forma ilícita, teria conseguido na Guiana Francesa mudas ou sementes de café, levou-as para o Pará e iniciou o cultivo em nosso país.
Durante o século XVIII, o cultivo de café expandiu-se pelo Brasil, em 1781 passou a ser cultivado no Rio de Janeiro. No início do século XIX, o café passou a ser cultivado em grande escala no Vale do Rio Paraíba do Sul, entre Rio de Janeiro e São Paulo.
A principal mão de obra utilizada foi a escravizada, e quase toda a produção de café era destinada ao mercado externo. Por volta de 1840, o cultivo do café começou a se expandir para o oeste de São Paulo. Esse processo, conhecido como expansão cafeeira, foi marcado pelo extermínio de povos indígenas e pelo desmatamento da Mata Atlântica e do Cerrado paulista.
A produção de café no oeste paulista inicialmente utilizou a mão de obra escravizada, mas, com a Lei Eusébio de Queiroz e o aumento do custo dos escravos, os barões do café passaram a utilizar mão de obra livre. Imigrantes europeus e japoneses começaram a trabalhar nos cafezais, primeiro no sistema de parceria e, por fim, no sistema de colonato.
No Vale do Paraíba, onde a mão de obra predominante era escravizada, boa parte dos lucros obtidos na produção do café eram reinvestidos na compra de novos escravos. Em São Paulo, com a mão de obra livre, os lucros do café puderam ser investidos em outras áreas, como no sistema financeiro ou industrial. A cidade de São Paulo se tornou a maior cidade do Brasil graças ao café e os lucros gerados por ele.
O aumento da produção de café levou à necessidade de construção de infraestrutura para o escoamento da produção. A ferrovia Santos-Jundiaí foi inaugurada em 1867, transportando o café do interior de São Paulo para o Porto de Santos, de onde o café ia para a Europa. A ferrovia também foi utilizada para trazer os imigrantes de Santos para São Paulo.
Durante o ciclo do café, os “barões do café” se tornaram o grupo político mais poderoso do Brasil. Durante a Primeira República (1889-1930), os cafeicultores foram muito influentes nos Três Poderes, e diversas leis foram aprovadas para garantir seus lucros, como o Convênio de Taubaté, que estabeleceu que o Estado compraria parte da produção de café do Brasil para garantir que seu preço não caísse.
O ciclo do café se encerrou no Brasil em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova Iorque. Na época, o Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, os norte-americanos reduziram as compras, diminuindo a demanda mundial e, consequentemente, o preço do café.
Ainda hoje o Brasil é o maior produtor de café no mundo. Em 2023, o nosso país produziu 66,3 milhões de sacas de café; em segundo lugar, ficou o Vietnã, que produziu 27,5 milhões de sacas. Para saber mais cobre o ciclo do café, clique aqui.
→ Ciclo da borracha
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A borracha no mercado mundial
Desde a Pré-História, povos mesoamericanos utilizavam a borracha. Com ela era produzida uma bola de borracha maciça com a qual jogavam o Pok ta Pok, além de objetos de uso cotidiano, como recipientes para o transporte de água.
No início do século XIX, algumas fábricas que utilizavam borracha como matéria-prima foram criadas na Europa, como fábricas de suspensórios para calças. No entanto, a borracha mudava sua consistência de acordo com a temperatura, tornando-se mole e grudenta no calor, e frágil e quebradiça em baixas temperaturas.
Em 1867, o norte-americano Charles Goodyear desenvolveu a vulcanização. Em 1898, foi fundada, nos Estados Unidos, a fábrica de pneus Goodyear, por Frank Seiberling.
Em 1903, a Goodyear passou a fornecer pneus para as fábricas da Ford. Com a vulcanização, a borracha passou a ser um produto valorizado no mercado mundial e o Brasil se tornou seu principal exportador.
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Extração da borracha no Brasil
A seringueira, da qual se extrai o látex para a produção de borracha, é uma árvore da Floresta Amazônica e da floresta tropical da América Central. As seringueiras ficam dispersas na floresta, o que exige que o seringueiro ande muitos quilômetros na mata para extrair o látex.
O seringueiro submetia o látex a um processo que usava fumaça para coagular o material, produzindo grande bolas de borracha que pesavam, em média, 50 quilos. A borracha era vendida pelo seringueiro para um intermediário, que a revendia nas cidades amazônicas, como Belém e Manaus, para grandes comerciantes. Estes últimos ficavam com a maior parte do lucro da extração da borracha.
O ciclo da borracha trouxe desenvolvimento econômico para a região Norte. Muitas pessoas migraram para a região, sobretudo provenientes do Nordeste, que enfrentava severas secas no período. As principais cidades da região passaram a ter rede elétrica, telegráfica, ruas pavimentadas e diversas obras foram construídas.
Um dos símbolos do ciclo da borracha foi o Teatro Amazonas, fundado em 1896 na cidade de Manaus. Para a construção do teatro, diversos materiais foram importados da Europa, como mármore carrara italiano, estruturas de metal fabricadas na Inglaterra e telhas fabricadas na França. Além de materiais, profissionais europeus vieram para o Brasil para trabalhar na construção do teatro, como arquitetos, carpinteiros, pintores e escultores.
Sementes e mudas de seringueiras foram retiradas do Brasil, e imensas plantações foram feitas nas colônias inglesas na Ásia, principalmente na Malásia. O caso de biopirataria é atribuído ao botânico inglês Henry Alexander Wickham, que teria contrabandeado mais de 70 mil sementes da seringueira brasileira para a Ásia. Com a produção inglesa, que produzia borracha mais barata e de melhor qualidade, a produção de borracha brasileira entrou em crise.
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Segundo ciclo da borracha no Brasil
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Império do Japão conquistou a região produtora de borracha dos ingleses, e os Aliados, que necessitavam de borracha para a guerra, recorreram à borracha brasileira, dando início ao segundo ciclo da borracha. Para atender a demanda, o governo brasileiro criou o Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia, em 1943.
Com a promessa de enriquecimento rápido, mais de 50 mil nordestinos foram enviados para a Amazônia para produzirem borracha. Eles foram chamados de soldados da borracha e enfrentaram diversas dificuldades na Amazônia, como o clima, as doenças e a fome. O segundo ciclo da borracha foi rápido, durou apenas até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.
→ Ciclo da soja
A soja é cultivada na China há mais de quatro mil anos, e seu cultivo se restringiu a esse país até o século XIX, quando passou a ser cultivada em outros locais. Existem relatos de viajantes que indicam que a soja era cultivada em pequena escala no Brasil no final do século XIX.
Entretanto, o marco inicial do cultivo de soja no Brasil é 1901, quando o Instituto Agronômico de Campinas, fundado por Dom Pedro II em 1887, passou a produzir sementes de soja e a distribuí-las para agricultores do Brasil.
Na década de 1960, o aumento da produção de aves e de suínos intensificou a demanda por farelo de soja, elevando seu preço e levando agricultores do Sul do Brasil a cultivá-la. Segundo a Embrapa, em 1966, o Brasil já produzia 500 mil toneladas de soja.
Em 1995, plantas transgênicas de soja passaram a ser cultivadas aqui, sendo bem mais produtivas e resistentes a pragas e às intempéries climáticas. Uma lei permite que a soja transgênica seja livremente cultivada no Brasil, representando hoje a quase totalidade da produção brasileira.
O cultivo da soja se adaptou bem no Centro-Oeste, região que hoje é a maior produtora de soja no Brasil. Atualmente o Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, a soja, sozinha, representou 16% de todas as exportações brasileiras em 2023.
O farelo de soja representou 8% das exportações no mesmo período, dessa forma, a exportação de soja representa um quarto das exportações brasileiras. Atualmente a produção de soja conta com alta tecnologia, desde a produção da semente até a colheita, feita por modernas colheitadeiras que são guiadas por GPS e que custam milhões de dólares.
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Críticas à produção de soja no Brasil
Os críticos defendem que a soja gera poucos empregos, por ser altamente mecanizada, e gasta muito recursos naturais, com água e solo. Ainda, defendem que os latifúndios de soja geram a riqueza de poucas famílias e a pobreza de milhões de brasileiros.
Nos últimos 20 anos, houve queda de mais de 30% da produção de arroz e feijão no Brasil. Pelo alto valor da soja, muitos agricultores deixaram de plantar arroz e feijão e passaram a cultivar a soja, fenômeno que faz com que o preço dos alimentos básicos do brasileiro aumente.
Importância dos ciclos econômicos do Brasil
Os ciclos econômicos brasileiros foram importantes para o desenvolvimento da economia nacional, mas geraram diversos problemas para a nossa economia que perduram até hoje.
Os ciclos econômicos da história do Brasil foram extrativistas (o pau-brasil, o ouro e a borracha) e agrários (a cana-de-açúcar e o café). A produção dessas commodities tornou o Brasil altamente dependente do mercado externo, e, cessando o interesse deste pela mercadoria brasileira, além da queda do preço internacional, grave crise econômica se abateu sobre o país.
Nas últimas décadas, o Brasil tem passado por um processo de desindustrialização, e as commodities ganham cada vez mais importância na balança comercial, principalmente a soja. Novamente a economia brasileira é refém do mercado interno, jogando todas as suas fichas em um único cultivo.
Saiba mais: Moedas do Brasil — história e evolução da moeda brasileira
Exercícios resolvidos sobre ciclos econômicos do Brasil
1 - (Fuvest) No século XVIII, a produção do ouro provocou muitas transformações na colônia. Entre elas, podemos destacar:
a) a urbanização da Amazônia, o início da produção do tabaco, a introdução do trabalho livre com os imigrantes.
b) a introdução do tráfico africano, a integração do índio, a desarticulação das relações com a Inglaterra.
c) a industrialização de São Paulo, a produção de café no Vale do Paraíba, a expansão da criação de ovinos em Minas Gerais.
d) a preservação da população indígena, a decadência da produção algodoeira, a introdução de operários europeus.
e) o aumento da produção de alimentos, a integração de novas áreas por meio da pecuária e do comércio, a mudança do eixo econômico para o Sudeste.
Gabarito: Alternativa E
A atividade mineradora em Minas Gerais, no Mato Grosso e em Goiás fez com que novas redes de estradas fossem construídas, aumentando a interdependência entre as diversas províncias. Outra consequência do ciclo do ouro foi o deslocamento do eixo econômico do Nordeste para o Sudeste brasileiro. O Rio de Janeiro se tornou a capital da colônia em 1763.
2 - (Enem) “Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.”
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e:
a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) o papel dos senhores na administração dos engenhos.
e) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.
Alternativa E
No sermão Antônio Vieria compara a Paixão de Cristo ao sofrimento pelo qual os escravizados dos engenhos passavam no Brasil Colônia. Vieira fez diversos sermões nos quais denunciou os horrores da escravidão.
Notas
|1|EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. A Cana de Açúcar. Embrapa, 2024. Disponível em: https://www.embrapa.br/visao-de-futuro/trajetoria-do-agro/desempenho-recente-do-agro/cana-de-acucar#:~:text=A%20Cana%20de%20A%C3%A7%C3%BAcar&text=O%20Brasil%20%C3%A9%20o%20maior,2017%20(Souza%2C%202018).
|2|MOURA E SOUZA, M. de. Exportações de ouro caem após novas regras contra mercado ilegal. Globo.com, 6 fev. 2024. Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/02/06/exportacoes-de-ouro-caem-apos-novas-regras-contra-mercado-ilegal.ghtml
Créditos das imagens
[2]FGV CPDOC
[3]Museu Paulista (USP) / Wikimedia Commons
[4]Altrendo Images/ Shutterstock
Fontes
FERRAZ, E. A origem do centro de estudos do ciclo do ouro. Editora C/ Arte, João Pessoa, 2006.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. Companhia das Letras, São Paulo, 2007.
MACHADO, I. F.; FIGUERÔA, S. História da mineração brasileira. Editora CRV, Curitiba, 2021.