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Economia cafeeira e industrialização do Brasil

A economia brasileira durante a República Velha centrou-se em torno do café. Os processos de urbanização e o início da indústria no Brasil estão ligados a esse produto.

Interior de uma típica fábrica de meados do século XIX
Interior de uma típica fábrica de meados do século XIX
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A cultura do café constituiu, no período da República Velha, sobretudo na fase conhecida como “república dos oligarcas” (1894-1930), o principal motor da economia brasileira. Esse produto liderava a exportação na época, seguido da borracha, do açúcar e outros insumos. O estado de São Paulo capitaneava a produção de café neste período e também determinava as diretrizes do cenário político da época. Da economia cafeeira, resultam três processos que se complementam: a imigração intensiva de estrangeiros para o Brasil, a urbanização e a industrialização.

Desde a segunda metade do século XIX, ainda na época do Segundo Império, a imigração de estrangeiros, sobretudo europeus, foi fomentada pelo governo brasileiro. O motivo de tal fomento era a necessidade de mão de obra livre e qualificada para o trabalho nas lavouras de café. Haja vista que, gradualmente, a mão de obra escrava, que era utilizada até então, tornou-se objeto de densa crítica e pressão por parte de grupos políticos abolicionistas e republicanos. Em 1888, efetivou-se a abolição da escravidão e, no ano seguinte, realizou-se a Proclamação da República, fatos que intensificaram a imigração e também a permanência dos imigrantes nas terras trabalhadas, tornando-se colonos.

Algum tempo depois, especificamente após o término da Primeira Guerra Mundial, em 1918, uma nova onda migratória se dirigiu ao Brasil. Nessa época, a economia cafeeira se transformou num complexo econômico com várias extensões. Os imigrantes que vinham à procura de trabalho nas lavouras de café acabavam, muitas vezes, deslocando-se para os núcleos urbanos que começavam a despontar nessa época. O processo de urbanização de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo se desenvolveu, em linhas gerais, para facilitar a distribuição e o escoamento do café, que era direcionado à exportação. A ampliação das linhas férreas que ocorreu neste período, por exemplo, foi planejada para tornar mais fluido esse processo.

A presença dos imigrantes nos centros urbanos, por sua vez, como informa o historiador Boris Fausto, em sua História do Brasil, proporcionou o aparecimento de empregos urbanos assalariados e outras fontes de renda como artesanato, fabriquetas de fundo de quintal e a proliferação de profissões liberais. A junção dessas novas formas de trabalho do imigrante com a estrutura urbana desenvolvida pelo complexo cafeeiro favoreceu o fluxo de produtos manufaturados e o consequente desenvolvimento das indústrias nos centros urbanos.

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Atualmente, São Paulo é um dos maiores centros urbanos do mundo com grandes indústrias e forte comércio.*
Atualmente, São Paulo é um dos maiores centros urbanos do mundo com grandes indústrias e forte comércio.*

Por volta de 1880, já existia a presença de várias fábricas no Brasil, mas sem uma estrutura realmente significativa. Contudo, por volta das décadas de 1910 e 1920, as atividades industriais já eram bastante expressivas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Por meio da intensa exportação de café e importação de outros produtos necessários ao mercado interno brasileiro, várias estruturas de maquinário fabril também aportavam em terras brasileiras, já que muitos produtores de café também passaram a investir nas fábricas.

Os principais tipos de atividades industriais do período estavam relacionados aos setores: têxtil (produção de tecido), de bebidas e de alimentos. A modernização agrícola contribuiu decisivamente para a que indústria se desenvolvesse no âmbito dos setores referidos. E, para que houvesse estabilidade na produção industrial, também foi necessário o controle do valor da moeda brasileira. O motivo para esse controle era não correr o risco de ter o principal produto de exportação, o café, desvalorizado no mercado internacional. Então, por vezes, o governo brasileiro priorizava o café, preterindo a atividade industrial. Esse fato demonstra que apenas na Era Vargas, a partir da década de 1930, é que se teve no Brasil uma política econômica realmente voltada ao desenvolvimento industrial pleno.

Vale notar, porém, que nos centros urbanos, além da proliferação de fábricas e trabalhadores assalariados, formou-se também nesse período as primeiras organizações de trabalhadores com fins de protesto por melhores condições de trabalho, dentre outras exigências. O anarco-sindicalismo se tornou notório entre os trabalhadores brasileiros na década de 1920, influenciados pelas ideias dos anarquistas italianos da mesma época, que aqui chegavam por meio dos imigrantes italianos com experiência no trabalho fabril.

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* Créditos da imagem: Shutterstock Filipe Frazao


Por Me. Cláudio Fernandes

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FERNANDES, Cláudio. "Economia cafeeira e industrialização do Brasil"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/republica-cafe-industrializacao.htm. Acesso em 30 de dezembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

(Cesgranrio-RJ) A identificação dos governos da República Velha com os interesses da economia cafeeira pode ser expresso pelo(a):

  1. financiamento, através do Banco do Brasil, para o plano de novas lavouras, no Encilhamento.
  2. estatização das exportações, com o objetivo de garantir os preços, durante a Primeira Guerra Mundial.
  3. adoção de uma política de valorização, reduzindo a oferta do produto, a partir do Convênio de Taubaté.
  4. controle da mão de obra camponesa e apoio à imigração, com a Lei Adolfo Gordo.

isenção de tributos assegurada no programa de estabilização de Campos Salles.

Exercício 2

A industrialização verificada no Brasil durante a República Velha foi motivada por alguns fatores. Constituem estes fatores todas as alternativas abaixo, menos a letra:

  1. o incentivo à imigração garantiu um afluxo de força de trabalho a baixo custo, motivando os investimentos industriais.
  2. a eclosão da Primeira Guerra Mundial obrigou o Brasil a encontrar formas de superar a restrição aos produtos importados,  produzindo em território nacional parte das necessidades do mercado interno.
  3. os grandes lucros conseguidos com a comercialização do café no mercado internacional proporcionaram a alguns grupos capitalistas, como os comissários do café, investirem na industrialização.
  4. a existência de um setor industrial de base (metalurgia, máquinas, equipamentos etc.) facilitou o processo de industrialização, não necessitando do mercado externo para a aquisição de mercadorias provenientes deste setor.
  5. a mão de obra assalariada, que substituiu  os africanos escravizados, criou uma demanda no mercado interno para o consumo de bens não duráveis.