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Guerras árabe-israelenses

As guerras árabe-israelenses foram os conflitos travados entre Israel e diferentes nações árabes após a criação do Estado de Israel em 1948.

Bandeiras de Israel e Palestina em referência às Guerras árabe-israelenses.
Ao longo do século XX, diversas guerras foram travadas entre Israel e diferentes nações árabes.
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As guerras árabe-israelenses foram os conflitos travados entre Israel e as nações árabes ao longo do século XX. Esses conflitos iniciaram-se a partir da criação do Estado de Israel em 1948 e foram motivados pelo controle da Palestina. Ao todo, foram disputados quatro conflitos entre israelenses e as nações árabes.

Leia também: Dados e curiosidades sobre Israel 

Tópicos deste artigo

Origem histórica dos conflitos árabe-israelenses

A origem dos conflitos entre árabes e israelenses está diretamente relacionada com o surgimento do sionismo no final do século XIX. O sionismo teve origem oficialmente em 1896, a partir de um livro publicado por um jornalista húngaro que se chamava Theodor Herzl. Esse livro chamava-se O Estado Judeu e defendia a ideia da criação de um Estado para os judeus.

O sionismo surgiu no auge dos nacionalismos europeus do final do século XIX e foi uma resposta ao antissemitismo (ódio e aversão aos judeus) que ganhava força na Europa, especialmente no leste europeu. A partir daí, formou-se uma série de organizações sionistas, que passaram a defender politicamente a formação desse Estado judeu, e começou-se a investigar a possibilidade de que esse Estado surgisse na Palestina.

No começo do século XX, a Palestina era majoritariamente ocupada por árabes e muçulmanos. Dos 644 mil habitantes, somente 56 mil eram judeus|1|. Durante a Primeira Guerra Mundial, os ingleses haviam prometido a criação de um Estado judeu para os sionistas em 1917 a partir da Declaração de Balfour.

O grande porém é que os ingleses também haviam feito a mesma promessa para os palestinos durante os anos da guerra. Os ingleses precisavam do apoio dos árabes na luta contra os otomanos. Depois da guerra, a ideia de formação de um Estado judeu na Palestina foi apoiada pela Liga das Nações, o que gerou insatisfação e reforçou o nacionalismo árabe.

Durante a década de 1930, uma série de fatores reforçou a imigração de judeus para a Palestina. As organizações sionistas, por exemplo, estavam contando com apoio dos britânicos no estabelecimento de núcleos de colonização de judeus na Palestina. Além disso, a crise de 1929 havia fortalecido os movimentos fascistas na Europa e registrou-se um crescimento acentuado do antissemitismo.

À medida que a presença judaica na Palestina aumentava, a rivalidade com os árabes também crescia. Isso gerou duas respostas: 1ª) revoltas organizadas pelos movimentos nacionalistas dos árabes palestinos; 2ª) formação de milícias de extrema-direita entre os judeus, que atacavam localidades habitadas pelos árabes.

Depois da Segunda Guerra Mundial e por causa do Holocausto na Europa, a presença dos judeus na Palestina aumentou consideravelmente. Em 1945, os judeus eram 808 mil de 1,97 milhão de habitantes da Palestina|2|. Nesse momento também houve o fim do domínio britânico sobre a Palestina. A resolução da disputa entre árabes e judeus foi entregue para a ONU.

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Criação do Estado de Israel

Com a questão da Palestina entregue à ONU, a criação do Estado de Israel foi levada à votação em uma Assembleia Geral realizada em novembro de 1947. Na Assembleia, decidiu-se por 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções pela criação do Estado de Israel. Além disso, determinou-se que a Palestina seria dividida entre judeus e árabes, ficando 53% do território para os judeus e 45% para os palestinos|3|. A cidade de Jerusalém foi colocada sob controle internacional.

A solução encontrada pela ONU não foi aceita pelas nações árabes, o que aumentou a tensão existente na região. Nesse contexto, registraram-se ataques de milícias israelenses contra civis árabes. Quando houve a proclamação do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, uma guerra iniciou-se. A primeira de muitas

Veja também: Qual é a diferença entre árabes e muçulmanos?

Guerras árabe-israelenses

Essa primeira guerra iniciada após a proclamação do Estado de Israel ficou conhecida como Primeira Guerra Árabe-israelense. Esse conflito estendeu-se até janeiro de 1949 e iniciou-se quando forças do Egito, Síria, Transjordânia (atual Jordânia), Líbano, Iraque, além de forças palestinas, organizaram um ataque contra Israel.

O ataque dos árabes iniciou-se com bombardeios sobre Tel Aviv, capital de Israel, além de terem sido organizados ataques terrestres dos exércitos árabes. Havia, no entanto, uma grande diferença no treinamento entre as duas forças. O melhor preparo das forças israelenses deu-lhes vantagem nesse conflito.

A guerra só foi encerrada em 9 de janeiro de 1949, quando as nações árabes assinaram um armistício com Israel, que saiu como grande vencedor dessa guerra. Ao final da Primeira Guerra Árabe-israelense, o território de Israel aumentou em cerca de 1/3, e os israelenses passaram a dominar cerca de 79% do território da Palestina|4|.

A grande consequência dessa guerra foi colhida pelos palestinos: além das perdas territoriais, a guerra forçou mais de 700 mil palestinos a se refugiar fora dos territórios que haviam sido conquistados por Israel. Isso ficou conhecido pelos palestinos como “nakba”, que, do árabe, significa “tragédia”. O Estado de Israel até hoje não permite o retorno desses refugiados para os antigos territórios.

Após esse conflito, outras guerras foram travadas entre árabes e israelenses ao longo do século, sendo elas:

Depois da primeira guerra, a relação entre Israel e os países árabes seguiu bastante tensa. Na década de 1950, o Egito era governado por Gamal Abdel Nasser e possuía um governo extremamente nacionalista. Em 1956, o governo egípcio anunciou a nacionalização do Canal de Suez (liga o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho), o que desagradou aos governos francês e britânico, que possuíam interesses econômicos no canal. Assim, uma aliança da França e do Reino Unido com Israel foi realizada, e os três países juntos organizaram um plano para atacar as forças egípcias. Isso ocorreu em 29 de outubro de 1956, quando a Península do Sinai foi atacada pelas tropas dos três países, iniciando a Guerra de Suez.

Os israelenses acabaram ocupando a Faixa de Gaza e o Sinai, o que enfureceu Estados Unidos e União Soviética, pois ambos viram seus interesses prejudicados com a intervenção de israelenses, franceses e britânicos. A URSS ameaçou atacar Israel, e os EUA ameaçaram forçar a expulsão de Israel da ONU. Pressionado, Israel cedeu e abandonou a região em 9 de novembro.

Passados onze anos da Guerra de Suez, a relação entre árabes e israelenses ainda era tensa. Nesse contexto, surgiram grupos de resistência palestina: a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Al Fatah. Essa última agia por meio de táticas de guerrilha e promovia ataques contra Israel a partir de suas bases instaladas na Síria.

Em virtude do apoio do governo sírio ao Al Fatah, Israel respondeu com um ataque contra seis aviões sírios. Os seis aviões foram derrubados por Israel enquanto faziam voo nos arredores de Damasco. O ataque israelense enfureceu diversas nações árabes, que pressionaram o Egito a tomar alguma ação contra Israel.

Assim, o Egito deu início a ações militares contra Israel e foi acompanhado por Jordânia e Síria. Os egípcios enviaram tropas para o Sinai e expulsaram as tropas da ONU que estavam na região desde a guerra de 1956. Além disso, bloquearam o estreito de Tiran, impedindo a passagem das embarcações israelenses.

A partir do dia 5 de junho de 1967, o exército de Israel deu início à Guerra dos Seis Dias ao organizar um ataque como resposta aos árabes. Foram conduzidos ataques aéreos e terrestres de maneira fulminante. No prazo de seis dias, os israelenses haviam conquistado uma série de territórios. No dia 10, foi assinado um armísticio, e a guerra teve fim.

Como consequência dessa guerra, Israel conquistou Jerusalém Oriental, a Cisjordânia, Península do Sinai e Colinas de Golã. Foram realizadas negociações posteriores para discutir a devolução dos territórios ocupados por Israel, mas a intransigência das nações árabes fez com que as negociações fossem um fracasso. Alguns desses territórios estão ocupados por Israel até hoje.

Por fim, o último conflito aconteceu sete anos depois, em 1973, e ficou conhecido como Guerra de Yom Kippur. Essa guerra iniciou-se a partir de um ataque surpresa conduzido por egípcios e sírios contra Israel no dia 6 de outubro de 1973, no Sinai e em Golã. Esse ataque foi uma tentativa das duas nações de recuperar os territórios que haviam perdido durante a Guerra dos Seis Dias.

A Guerra de Yom Kippur apresentou diferentes fases: na primeira, houve vantagem das forças árabes; na segunda fase, as forças israelenses impuseram-se. A guerra estendeu-se até o dia 22 de outubro, quando, por mediação dos EUA e da URSS, uma trégua foi assinada. O objetivo das duas nações árabes de recuperar seus territórios, no entanto, não foi alcançado.

Notas

|1| CAMARGO, Cláudio, Guerras Árabe-israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013, p. 429.

|2| Idem, p. 431.

|3| Idem, p. 431.

|4| Idem, p. 435.

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Guerras árabe-israelenses"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/guerras-arabe-israelenses.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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