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Sionismo é um termo que deriva da palavra hebraica “Tzion”, Sião, que significa “cume,” “lugar elevado”, “monte”. Sião é uma das colinas próximas a Jerusalém, que foi conquistada pelo rei Davi, e é considerado um dos lugares sagrados das três religiões abraâmicas: cristianismo, judaísmo e islamismo. Aparecido no fim do século XIX, o sionismo foi um movimento nacionalista judaico que tinha por objetivo central a defesa da formação de uma nação judaica, bem como da criação do Estado judeu, ou uma Eretz Israel, isto é, a “Terra de Israel”.
Tópicos deste artigo
- 1 - Criador do termo "Sionismo"
- 2 - A primeira Aliya (1882), o Affair Dreyfus e o I Congresso Sionista (1897)
Criador do termo "Sionismo"
O criador do termo “sionismo” foi o jornalista judeu e austríaco Nathan Birnbaum (1864-1937). Birnbaum empregou a palavra pela primeira vez em um debate público realizado em Viena, em 23 de janeiro de 1892. Esse jornalista foi um dos pioneiros no combate aberto ao antissemitismo presente na Europa e em outras partes do mundo nessa época. Na década de 1880, especificamente entre os anos de 1881 e 1883, os massacres (chamados de pogroms) promovidos contra a comunidade judaica russa pela polícia secreta do czar Alexandre III, a Okhrana, escandalizaram o mundo. A defesa da criação de um Estado nacional judeu começou a tornar-se forte nessa época em virtude de ações como essa. Antes mesmo de haver o I Congresso Sionista, que organizaria as propostas do movimento, muitos judeus da Rússia e de outras regiões começaram a migrar para a Palestina (então sob o domínio otomano) e lá se estabelecerem.
A primeira Aliya (1882), o Affair Dreyfus e o I Congresso Sionista (1897)
Alguns líderes religiosos, como o rabino Yehudá Alkalay (nascido na Sérvia), já haviam se estabelecido na Palestina no início do século XX. Sua geração e a geração de imigrantes do início dos anos 1880, da chamada primeira Alyia, começaram a traçar as primeiras formas de negociação com o Império Otomano para a compra de terras na Palestina. Entretanto, as terras compradas tinham apenas caráter de colônia, e não de Estado.
Em 1894, um novo escândalo internacional envolvendo um oficial judeu do Exército francês acendeu novamente o problema do antissemitismo. Tratava-se do Affair Dreyfus (Caso Dreyfus). Dreyfus, que era de família judaica, foi acusado injustamente de traição por conspiradores do Exército, que diziam que ele forneceu informações de inteligência militar para o Exército alemão. Dreyfus foi julgado e condenado a cumprir pena na Ilha do Diabo. Muitos intelectuais destacaram-se na defesa pública de Dreyfus à época. Um deles era o famoso escritor Émile Zola; outro, o jornalista judeu e húngaro Theodore Herzl, que se tornou o grande difundidor do sionismo.
Herzl foi um dos criadores da Organização Sionista Mundial, criada em 1897 e que realizou o 1º Congresso Sionista nesse mesmo ano, na Basileia. Esse congresso examinou as características da primeira imigração, dos anos 1880, e procurou estabelecer novas diretrizes paras as próximas com vistas à criação definitiva de um Estado judaico. É da autoria de Herzl, inclusive, a obra “O Estado Judaico”, na qual essas diretrizes são esmiuçadas.
Como diz o historiador Henry Chemeris:
A partir de 1897, pôs-se fim à colonização privada meio filantrópica, meio colonial, sustentada por alguns ricos financistas judeus, sendo substituída por um programa estritamente nacionalista de colonização organizada, com objetivos políticos bem definidos e gozando do apoio da massa. Israel Cohen explicita o objetivo maior dos sionistas durante o Congresso da Basileia: “Tal foi o objetivo supremo do sionismo, formulado pelo Congresso da Basileia nos termos seguintes: o objetivo do Sionismo é a criação, na Palestina, de um lar para o povo judeu, garantido pelo direito público.” [1]
Theodor Herzl foi o principal difundidor do sionismo
Como forma de criar uma resolução para o grave problema do antissemitismo, o Estado Judeu foi idealizado por Herzl em suas linhas gerais. Para ele, o grande motivo do antissemitismo era a existência dispersa e desorganizada dos judeus mundo afora, sem uma nação que os amparasse, como explica no livro já citado:
O problema judaico existe. Seria tolice negá-lo. É um resquício da Idade Média, do qual os povos civilizados, com a melhor boa vontade, ainda não sabem desfazer-se. Certamente mostraram sua magnanimidade quando nos emanciparam. O problema judaico existe em todos os lugares em que vive um número apreciável de judeus. Lá onde não existe, é trazido pelos judeus imigrados. Dirigimo-nos, naturalmente, para onde não nos perseguem. E a nossa aparição provoca as perseguições. Isto é uma certeza e continuará acontecendo em todo os lugares, até nos países mais evoluídos, como está sendo demonstrado na França, enquanto o problema judaico não for resolvido por meios políticos. Os judeus pobres levam o antissemitismo à Inglaterra e já o levaram até a América. [2]
A partir da década de 1910, uma nova onda imigratória de judeus para a Palestina começou a ser efetuada com vistas a formas de organização mais complexas. Um dos primeiros impulsos recebidos para o estabelecimento de um possível Estado judaico na Palestina veio com a Declaração Baulfour, em 1917, que consistiu em uma carta escrita pelo secretário de assuntos estrangeiros da Grã-Bretanha, James Balfour, e endereçada ao Barão de Rothschild, líder da comunidade judaica naquele país. Na carta, Balfour fala das intenções dos britânicos de facilitar a construção do Estado judaico.
Todavia, os inúmeros problemas que ocorreram entre o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), sobretudo envolvendo o nacionalismo árabe e a tentativa de construção de um Estado Palestino, postergaram a criação do Estado Judaico para o ano de 1947.
Notas
[1] CHEMERIS, Henry Guenis Santos. Os principais motivos que geraram os conflitos entre israelenses e árabes na palestina (1897-1948). Dep. de História, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, PUC-RS: Porto Alegre, 2002. p. 54.
[2] HERZL, Theodor. O Estado Judaico. Trad. Dagoberto Mensh. Poeteiro Editor Digital: São Paulo, 2015. p. 9.