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O Canal de Suez é uma abertura artificial construída no território egípcio para conectar os mares Vermelho e Mediterrâneo e permitir a comunicação marítima entre a Europa e a Ásia sem a necessidade de realizar o contorno do continente africano. Essa passagem tornou o Egito uma espécie de portal entre o Ocidente e o Oriente.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Origem do Canal de Suez
- 2 - Principais características do Canal de Suez
- 3 - Novo Canal de Suez
- 4 - Concorrência com o Canal do Panamá
Origem do Canal de Suez
A construção do Canal de Suez foi idealizada pelo francês Ferdinand de Lesseps. A obra foi iniciada em 1859 e levou dez anos para ser concluída, sendo inaugurada em 17 de novembro de 1869. Sua construção foi financiada com capital britânico e utilizou tecnologia francesa. Estima-se que 1,5 milhão de trabalhadores, aproximadamente, foram empregados durante a construção do canal. Destes, 25 mil perderam a vida na realização desse projeto.
O Canal de Suez permitiu que as viagens marítimas entre a Europa e Ásia fossem reduzidas em aproximadamente 7.000 quilômetros, uma vez que contornar o continente africano deixou de ser obrigatório para a efetivação do comércio entre os dois continentes.
Principais características do Canal de Suez
O canal de Suez localiza-se no Egito, na Península do Sinai, e liga as cidades de Suez e Porto Said, passando por cidades importantes como Ismailia e Fayed. O Canal possui 193 quilômetros de extensão, com 24 metros de profundidade e 365 metros de largura. No que se refere ao tempo de travessia, este varia entre 11 e 18 horas.
De acordo com a companhia responsável pela administração do canal de Suez, em 2016, a travessia entre os mares Mediterrâneo e Vermelho foi realizada por 16.833 embarcações, transportando, aproximadamente, 819.154 milhões de toneladas, configurando-o como a principal rota marítima do mundo. Atualmente, passam pelo Canal de Suez 14% do comércio mundial.
O canal de Suez é o maior canal sem eclusas do mundo. A dispensa de eclusas (obra que regulariza um curso de água para torná-lo navegável), como as que são necessárias no Canal do Panamá, justifica-se porque os mares Vermelho e Mediterrâneo estão no mesmo nível altimétrico. Toda a extensão do canal engloba três grandes lagos:
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ao norte, o Manzala;
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depois, Timsah; e,
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ao sul, os lagos Amargos.
Nesses mais de cem anos de operação, o Canal de Suez modificou-se para atender o crescente desenvolvimento tecnológico da indústria naval, pois os navios cargueiros expandiram enormemente sua capacidade de transporte. Para fins de comparação, em 1956, as embarcações possuíam, em média, 148 m de largura no convés (parte superior da embarcação) e 36 m de largura no casco (parte inferior da embarcação). Em 2010, essas dimensões foram ampliadas para 313 m de largura no convés e 121 m de largura no casco. Assim, a capacidade de transporte de cargas, por embarcação, saltou, nesse período, de 30 mil para 240 mil toneladas.
Novo Canal de Suez
Em 2015, o governo do Egito inaugurou o “Novo Canal de Suez” com a construção de um novo canal, paralelo ao existente, de 35 km de extensão. Com essa ampliação, o Canal de Suez passou a ter 115,5 km de via duplicada e possibilitou travessias simultâneas de embarcações nos dois sentidos. Estima-se que a capacidade de travessia no Canal seja ampliada de 49 para 97 embarcações por dia até o ano de 2023, quando toda a obra estiver concluída e em operação.
Especialistas em comércio marítimo veem com resistência as previsões da autoridade marítima do Canal de Suez, que prevê um crescimento tão robusto na procura pela travessia no canal. Dois fatores são utilizados para diminuir essas expectativas: a complexa situação que envolve o comércio mundial (previsões tão otimistas são cada vez mais difíceis de se concretizar) e, também, a instabilidade do mercado do petróleo, que representa o principal custo do transporte marítimo. A variação de preços pode estimular ou retrair o interesse por esse tipo de transporte.
No ano de 2016, a autoridade do Canal de Suez, verificando uma perda de receita em relação ao ano anterior, passou a conceder descontos de 30% para as embarcações que possuem rotas que permitam optar entre a utilização do canal e a travessia pelo Cabo da Boa Esperança (contorno da África). Apesar de parecer sem sentido optar pelo caminho mais longo, essa opção tem sido bastante considerada em razão da acentuada queda no preço do petróleo para navio (Buker). Assim, mesmo tendo de percorrer distâncias maiores, o baixo preço do combustível torna-se mais atrativo em relação aos elevados custos com a travessia no Canal de Suez.
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Concorrência com o Canal do Panamá
Outra preocupação da autoridade do Canal de Suez é com a ameaça que o Canal do Panamá, após concluir sua ampliação, passará a representar. Atualmente Suez possui vantagem na travessia de grandes embarcações, fato que coloca o rival em situação de desvantagem. A ampliação do Canal do Panamá permitirá que os grandes navios cargueiros possam passar por suas comportas e eclusas e, assim, tornar o mercado de travessias pelos istmos geográficos da América e da Ásia ainda mais competitivo.
Por Hugo Mota
Professor de Geografia