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O que foi a Guerra Fria?

A Guerra Fria foi um dos grandes eventos da segunda metade do século XX, sendo responsável pela polarização do mundo entre Estados Unidos e União Soviética.

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A Guerra Fria é o nome que damos ao conflito político e ideológico que se estendeu do final da década de 1940 até o ano de 1991. Esse acontecimento teve como protagonistas os Estados Unidos e a União Soviética, países que representavam duas ideologias distintas que eram o capitalismo e o socialismo, respectivamente.

A Guerra Fria impactou de diversas maneiras o mundo, ao longo do século XX, e resultou em disputas nos campos científico, econômico, esportivo, bélico, além da clara disputa política e ideológica. Ao longo desse conflito, a rivalidade e a disputa geopolítica levaram à deflagração de uma série de conflitos em outras partes do planeta.

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Tópicos deste artigo

Causas da Guerra Fria

A Guerra Fria foi resultado da rivalidade ideológica existente entre os Estados Unidos e a União Soviética.[1]
A Guerra Fria foi resultado da rivalidade ideológica existente entre os Estados Unidos e a União Soviética.[1]

A Guerra Fria teve início na década de 1940, pouco depois que a Segunda Guerra Mundial teve fim. Esse conflito foi resultado da disputa pela hegemonia mundial entre Estados Unidos e União Soviética, os dois países que saíram com status de potência após a guerra. A diferença de ideologia é a chave para entendermos esse conflito.

Os historiadores consideram um discurso realizado pelo presidente norte-americano Harry Truman o ponto de partida para o início da Guerra Fria. Nesse discurso, realizado em 1947, Truman pedia aumento na liberação de verbas para que os Estados Unidos barrassem o avanço do socialismo pelo mundo.

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A partir daí, nasceu a Doutrina Truman, a ideologia que reunia o conjunto de medidas tomadas pelos Estados Unidos para conter o avanço do socialismo pela Europa. Dentro da Doutrina Truman está o Plano Marshall, que foi o plano de financiamento dos países europeus que haviam sido destruídos com a Segunda Guerra.

O discurso maniqueísta propagado por essa ideologia acabou criando um clima alarmista que contribuiu para acirrar os ânimos entre as duas nações. Conforme a rivalidade aumentou, os soviéticos também aderiram ao discurso maniqueísta, consolidando a polarização do mundo.

Características da Guerra Fria

A polarização do mundo fez com que EUA e URSS investissem maciçamente no desenvolvimento de armamentos.[2]
A polarização do mundo fez com que EUA e URSS investissem maciçamente no desenvolvimento de armamentos.[2]

Ao longo da duração da Guerra Fria (1947-1991), algumas ações puderam ser observadas, como a corrida armamentista, pois a disputa entre americanos e soviéticos fazia com que o clima de guerra entre os dois lados existisse e isso levou as duas nações a investirem maciçamente no desenvolvimento de armas.

Houve também, nesse período, a corrida espacial, pois a rivalidade entre americanos e soviéticos fez com que os dois países investissem no desenvolvimento tecnológico, e a exploração espacial acabou sendo um campo dessa disputa. Os soviéticos foram os primeiros a enviar um satélite, um animal e um ser humano para o espaço, e os americanos conseguiram levar o primeiro humano à Lua.

A interferência estrangeira também foi uma marca desse conflito, uma vez que soviéticos e americanos disputavam a sua influência em diversos países considerados estratégicos do ponto de vista geopolítico. Isso resultou em conflitos em regiões da Ásia e África e na em golpes de Estado na América Latina.

Outra característica marcante da Guerra Fria foi a polarização do mundo em dois grandes blocos: um em apoio aos Estados Unidos e adepto ao capitalismo, e outro em apoio à União Soviética e adepto ao socialismo. A formação desses blocos ocasionou a formação de uma série de tratados econômicos e militares.

No campo econômico, podemos destacar a formação da União Europeia, formada entre as nações capitalistas da Europa Ocidental, e do Comecon, formado pelas nações socialistas do leste europeu; no campo militar, por sua vez, podemos destacar a Organização do Tratado do Atlântico Norte, liderada pelos EUA, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela URSS.

Revolução Chinesa

A guerra entre os comunistas na China e os nacionalistas (capitalistas) estendia-se desde a década de 1920, sendo interrompida por conta da invasão japonesa na década de 1930. Quando a Segunda Guerra Mundial acabou, o conflito foi retomado e os comunistas liderados por Mao Tsé-Tung, consideraram derrotar os nacionalistas. Em 1949, a China converteu-se em uma nação comunista, e os Estados Unidos passaram a intervir mais abertamente na Ásia para impedir que outros países fossem influenciados pela China.

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Guerra da Coreia

A Coreia foi ocupada e dividida por americanos e soviéticos, no final da Segunda Guerra Mundial, e dessa divisão nasceram duas nações: a Coreia do Norte, comunista, e a Coreia do Sul, capitalista. Essa divisão resultou em uma guerra iniciada em 1950, quando os norte-coreanos invadiram a Coreia do Sul com o objetivo de conquistá-la e de reunificar as Coreias.

Os sul-coreanos lutaram com o apoio aberto dos Estados Unidos que chegaram, inclusive, a enviar soldados para participar dessa guerra. Em 1953, um armísticio (tratado de paz) foi assinado entre os dois lados, e a divisão entre Coreia do Sul e Coreia do Norte permanece existindo até hoje.

Guerra do Vietnã

A participação americana na Guerra do Vietnã foi desastrosa e forçou as tropas do país a se retirarem de lá derrotados em 1973.
A participação americana na Guerra do Vietnã foi desastrosa e forçou as tropas do país a se retirarem de lá derrotados em 1973.

Outro símbolo da interferência norte-americana na geopolítica da Ásia durante a Guerra Fria foi o Vietnã. Esse país era uma antiga colônia francesa que conquistou sua independência após uma guerra de oito anos de duração (os EUA apoiaram os franceses). Depois desse conflito, o país dividiu-se em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul, sendo os primeiros influenciados pelo comunismo e os segundos, pelo capitalismo.

A Guerra do Vietnã teve início em 1959, e a entrada dos Estados Unidos nesse conflito aconteceu em 1965. O envolvimento americano na guerra foi extremamente impopular na sociedade norte-americana, teve um peso altíssimo para a economia do país e matou milhares de jovens americanos, além de ter resultado em enorme barbárie no país asiático. Em 1973, as tropas norte-americanas foram retiradas do Vietnã e, em 1976, os comunistas venceram a guerra e reunificaram o país.

Crise dos Mísseis

A Crise dos Mísseis é, provavelmente, o momento de maior tensão em toda a Guerra Fria, uma vez que a possibilidade de guerra entre norte-americanos e soviéticos foi real. Tudo começou quando uma revolução nacionalista aconteceu em Cuba, em 1959. Por conta da pressão norte-americana sobre Cuba, o pequeno país caribenho alinhou-se com os soviéticos para fugir do embargo econômico.

Em 1962, soviéticos e cubanos chegaram a um acordo de instalar uma base de mísseis em Cuba, mas a informação foi descoberta pelos americanos e uma crise diplomática teve início. Os EUA afirmaram que declararia guerra caso os mísseis soviéticos fossem instalados. Depois de duas semanas de negociação, a saída foi encontrada: os mísseis soviéticos não seriam instalados em Cuba, e os americanos retirariam mísseis instalados na Turquia.

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Muro de Berlim

Durante quase três décadas, o Muro de Berlim foi o grande símbolo da polarização da Guerra Fria.
Durante quase três décadas, o Muro de Berlim foi o grande símbolo da polarização da Guerra Fria.

Talvez o grande símbolo da polarização da Guerra Fria tenha sido o caso da Alemanha, país que se dividiu em duas nações e assim permaneceu durante grande parte da segunda metade do século XX. A região ocupada pelos soviéticos, ao final da Segunda Guerra, converteu-se na Alemanha Oriental, enquanto que a parte ocupada por americanos, franceses e britânicos converteu-se na Alemanha Ocidental, cada qual inspirada na sua própria ideologia.

Essa divisão, somada à fuga da população da Alemanha Oriental para a Alemanha Ocidental, principalmente em Berlim, a capital dos dois países, levou os alemães orientais e soviéticos a investirem na construção de um muro que isolava a capital da Alemanha Ocidental e impedia que as pessoas se mudassem para lá.

O Muro de Berlim teve sua construção iniciada em 1961, permanecendo de pé até 1989, quando a crise do bloco socialista na Europa e a crise econômica e política que atingiu a Alemanha Oriental, levou a população a derrubar o muro. Em 1990, a Alemanha reunificou-se.

Fim da Guerra Fria

A Guerra Fria chegou ao seu fim com a decadência da União Soviética e do bloco socialista. A crise soviética relaciona-se com o fato de a economia soviética ter entrado em declínio a partir da década de 1970. O historiador Angelo Segrillo afirma que a crise econômica soviética está diretamente relacionada com a incapacidade do país em adaptar-se ao sistema de produção toyotista e a falta de inovação tecnológica no país em relação aos Estados Unidos|1|.

Os problemas na economia soviética eram mascarados por conta da valorização do preço do petróleo, que fazia com que a arrecadação do país fosse suficiente para esconder problemas latentes, como o da agricultura. O envolvimento da União Soviética com a Guerra do Afeganistão, em 1979, acabou ampliando o desgaste econômico dos soviéticos.

Em 1985, Mikhail Gorbachev assumiu o comando soviético e tinha como função solucionar a crise que o país enfrentava naquele momento. Gorbachev propôs reformas por meio da Glasnot e Perestroika, mas as reformas propostas pelo governante soviético contribuíram para aumentar o desgaste do modelo soviético.

Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev renunciou, e a União Soviética foi dissolvida. No seu lugar, quinze nações conquistaram sua independência, e o bloco socialista deixou de existir no leste europeu. Esses acontecimentos marcaram o fim da Guerra Fria.

Créditos das imagens

[1] Vincent Grebenicek/Shutterstock

[2] Foto011 e Shutterstock

Notas

|1| SEGRILLO, Angelo. The Decline of Soviet Union: a hypothesis on industrial paradigms, technological revolutions and roots of Perestroika. Para acessar, clique aqui [em inglês].

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "O que foi a Guerra Fria?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/guerra-fria.htm. Acesso em 10 de outubro de 2024.

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