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Durante o século XX, o Irã conviveu com um governo totalitário controlado diretamente pela dinastia Reza Pahlevi. Durante a década de 1930, esse novo governo decidiu se afastar da influência política dos russos e britânicos para empreender uma aproximação com o regime totalitarista dos alemães. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), o posicionamento político iraniano acabou sofrendo a oposição das tropas aliadas, que decidiram invadir a nação persa.
Com isso, ocorreu um processo de renovação política no Irã que veio a colocar esse país em proximidade com os países ocidentais. Contudo, a predominância religiosa xiita organizou um forte movimento de oposição que veio a lutar contra o processo de ocidentalização das práticas e instituições do país. No ano de 1977, esse movimento conseguiu promover o retorno do conservador aitaolá Ruholá Khomeini, que viria a transformar o país em um Estado teocrático.
A consolidação do governo do aitaolá Khomeini veio a representar uma ameaça aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos e do Iraque, seu país vizinho. Tal oposição se iniciou quando, o próprio governo iraniano decidiu cortar suas relações diplomáticas e econômicas com os Estados Unidos. Com isso, o governo norte-americano perdia um de seus mais importantes aliados e fornecedores de petróleo em todo Oriente Médio.
Mediante tal impasse, os EUA passaram a estreitar relações com o Iraque visando a deflagração de uma guerra que pudesse derrubar o regime islâmico iraniano. Na época, Saddam Hussein usou de uma injustificada disputa pelo controle do canal de Chatt-el-Arab, por onde ambos os países realizavam o escoamento de seus produtos. Mediante a negativa iraniana em ceder os territórios, Saddam decidiu invadir o espaço iraniano e destruir uma das maiores refinarias do mundo.
Enquanto os iranianos realizavam ataques contra a ação intervencionista do regime de Saddam Hussein, os EUA e outras nações árabes de orientação sunita apoiaram militarmente as forças iraquianas. Nesse meio tempo, a minoria curda que vivia no Iraque aproveitou do período instável para guerrear contra o ditador Saddam Hussein na esperança de estabelecer um governo independente na região. Contudo, o reforço bélico estrangeiro serviu para promover o genocídio dessa famigerada minoria étnica.
A deflagração desse conflito paralelo permitiu que os iranianos resistissem durante oito anos contra as intenções políticas e econômicas de seus principais inimigos. O prolongamento das lutas acabou desgastando os dois lados do conflito e com isso, seguindo a orientação da ONU, assinaram um cessar-fogo que preservou os mesmos limites territoriais anteriores à guerra. Dessa maneira, mais de 700 mil vidas foram ceifadas para que não houvesse nenhum tipo de alteração que acabasse com o impasse.
Depois disso, vários países árabes decidiram se reaproximar do governo iraniano, respeitando seu regime e seus governantes. Por outro lado, Saddam Hussein acabou perdendo o apoio militar dos EUA que também desistiram de intervir indiretamente no cenário político do Oriente Médio. Alguns anos depois, o projeto intervencionista de Saddam viria a entrar em conflito com os interesses dos próprios norte-americanos, no momento em que se iniciou a chamada Guerra do Golfo.
Por Rainer Sousa
Graduado em História