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A colocação pronominal é a posição do pronome oblíquo em relação ao verbo. Muitas vezes, na língua portuguesa, o verbo é acompanhado de um pronome oblíquo, que serve como objeto do verbo. Em muitos casos, esse pronome pode se ligar ao verbo, aparecendo antes, depois ou no meio dele. Os tipos de colocação pronominal são:
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próclise;
-
mesóclise;
-
ênclise.
Leia também: Como é feita a separação de sílabas?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre colocação pronominal
- 2 - O que é colocação pronominal?
- 3 - Tipos de colocação pronominal
- 4 - Colocação pronominal nas locuções verbais
- 5 - Exercícios resolvidos sobre colocação pronominal
Resumo sobre colocação pronominal
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A colocação pronominal é a posição do pronome oblíquo em relação ao verbo.
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O pronome oblíquo é aquele que tem função de objeto do verbo.
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Há três tipos de colocação pronominal: próclise, mesóclise e ênclise.
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A próclise ocorre quando o pronome vem antes do verbo.
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A mesóclise ocorre quando o pronome vem no meio do verbo, entrecortando-o.
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A ênclise ocorre quando o pronome vem depois do verbo.
O que é colocação pronominal?
Na língua portuguesa, colocação pronominal é a posição dos pronomes oblíquos átonos em relação ao verbo na frase. Veja, a seguir, quais são os pronomes oblíquos átonos, à qual pessoa do discurso se referem e sua comparação com os pronomes pessoais.
Pessoa do discurso |
Pronome pessoal |
Pronome oblíquo átono |
1ª do singular |
eu |
me |
2ª do singular |
tu |
te |
3ª do singular |
ele, ela |
se, o, a, lhe |
1ª do plural |
nós |
nos |
2ª do plural |
vós |
vos |
3ª do plural |
eles, elas |
se, os, as, lhes |
Esses pronomes são chamados de oblíquos átonos porque não têm acentuação tônica e são usados em contextos específicos: quando têm função de objeto direto e indireto, quando são reflexivos, entre outros casos. Veja:
Nós nos vimos brevemente.
Disseram-me que você estava aqui.
Vamos esperá-los apenas por meia hora.
Em todos esses casos, os pronomes oblíquos destacados se ligam a um verbo, mas não são o sujeito que realiza a ação desse verbo; na verdade, eles são objeto do verbo.
Tipos de colocação pronominal
A colocação pronominal pode variar de acordo com diferentes fatores, como tempo verbal, modo verbal, pessoa do discurso, ênfase, clareza, formalidade, entre outros. Existem três principais posições para os pronomes oblíquos átonos em relação ao verbo: antes do verbo (próclise), depois do verbo (ênclise) e no meio do verbo (mesóclise).
→ Próclise
A próclise ocorre quando o pronome oblíquo átono é colocado antes do verbo. Ela é comumente utilizada quando há elementos que atraem o pronome para antes do verbo, como advérbios negativos (não, jamais, nunca etc.), pronomes relativos (que, quem, cujo etc.), conjunções subordinativas (quando, enquanto, porque etc.) e preposições (de, em, por, com etc.).
Não lhes dê doces, pois eles são diabéticos.
Nunca se deve subestimar o poder da educação.
Ela não perde uma oportunidade de me irritar.
Quem te contou essa mentira deslavada?
Vamos continuar lutando enquanto nos faltarem direitos básicos!
→ Mesóclise
A mesóclise ocorre quando o pronome oblíquo átono é inserido entre o radical do verbo e a terminação verbal. É uma colocação pronominal menos comum na língua portuguesa no Brasil e geralmente está restrita ao uso formal do idioma, ocorrendo em tempos verbais específicos, como o futuro do presente e o futuro do pretérito do modo indicativo, quando o verbo está no infinitivo impessoal. Nesses casos, o pronome entrecorta o verbo, ligando-se a ele por meio de hifens.
Lembrar-se-á do compromisso.
Entregar-lhe-ia o bilhete se ela estivesse presente na sala.
Meus clientes abster-se-ão de opinar sobre o assunto.
→ Ênclise
A ênclise ocorre quando o pronome oblíquo átono é colocado depois do verbo. A ênclise é indicada em qualquer circunstância em que não se justifica o uso de próclise nem de mesóclise, ou seja, quando não há elementos que atraiam o pronome para antes do verbo, nem que justifiquem a ocorrência no meio do verbo. Nesse caso, o pronome liga-se ao verbo por meio de hífen.
Envie-me o relatório até o final do dia.
Penteando-se em frente ao espelho ou perfumando-se, ela passa horas no quarto.
Peça que ele espere e explique-lhe a situação com calma.
Ora, conte-nos o que houve assim que você chegou lá.
Acesse também: Como usar a ênclise no singular e no plural?
Colocação pronominal nas locuções verbais
A colocação pronominal nas locuções verbais costuma seguir as mesmas regras que existem quando em apenas um verbo, mas considerando a seguinte lógica:
-
Próclise: o pronome aparece antes do verbo auxiliar (o primeiro verbo).
Pronome oblíquo + verbo auxiliar + verbo principal
Eles nos devem avisar em breve.
Importante: Na linguagem informal, porém, é muito comum que a próclise também ocorra antes do verbo principal (o segundo verbo), ficando entre os dois verbos, sem se ligar a eles por hífen. Entretanto, essa forma é aceita apenas em contextos informais.
Eles devem nos avisar em breve.
-
Mesóclise: o pronome entrecorta o verbo auxiliar (o primeiro verbo), ligando-se a ele por hífen.
Verbo auxiliar + pronome oblíquo + verbo auxiliar + verbo principal
Ter-lhe-ia entregado o bilhete se ela estivesse na sala.
-
Ênclise: o pronome pode aparecer após o verbo auxiliar (o primeiro verbo) ou após o verbo principal (o segundo verbo), ligando-se por meio de hífen.
Verbo auxiliar + pronome oblíquo + verbo principal
Devem-nos avisar em breve.
Verbo auxiliar + verbo principal + pronome oblíquo
Devem avisar-nos em breve.
Para saber mais detalhes sobre a colocação pronominal em locuções verbais, clique aqui.
Exercícios resolvidos sobre colocação pronominal
Questão 1
(Vunesp)
Leitura como prática
A leitura é uma prática que traz inúmeros benefícios aos leitores, sobretudo quando estimulada desde a infância.
“Acessar o universo das histórias ativa a imaginação, amplia o repertório de mundo e cria condições favoráveis para as crianças lidarem com situações cotidianas sob diferentes perspectivas. É pela linguagem que elas se conectam com o mundo e é por meio das histórias que expressam as descobertas e os aprendizados, construindo a identidade e a memória”, explica a psicopedagoga Glaucia Piva.
Os benefícios se estendem para os vínculos afetivos quando o momento da leitura é compartilhado. “Às vezes a criança tem uma angústia, leva com ela algo que não sabe sequer nomear, mas quando lê, consegue elaborar a dúvida, se identificar com o personagem e fazer conexões propiciadas pela própria trama”, relata Glaucia.
Apesar de compor a rotina de aprendizagem da criança, estimular a leitura não é uma tarefa apenas escolar. A escola cumpre uma função mais pedagógica, enquanto a família promove uma leitura mais emocional.
“O papel da escola é de garantir algumas competências. De fazer, por meio da leitura, a criança exercitar a curiosidade intelectual. A escola precisa procurar livros que instiguem nas crianças esse comportamento mais investigativo, a reflexão apurada”, afirma.
“Já a família precisa cuidar daquela leitura por vezes desprovida dessa intenção, mas que promove a aproximação entre os familiares. Ela pode escolher um livro que cuida de uma necessidade imediata, que passa exatamente aquilo que estão vivendo. Às vezes os pais não têm um repertório tão vasto, mas possuem um repertório que é deles, da infância deles. Então, se escolheram ler aquele livro, é porque aquela história fez muito sentido naquela ocasião, trazendo memória afetiva. Isso precisa ser valorizado. A família não precisa ter uma obrigação técnica na escolha dos livros, mas precisa gostar da leitura e ter o desejo profundo de inserir os filhos nesse gosto.”
Do nascimento até os 3 anos, são indicados aqueles livros “que têm uma pegada mais tátil ou auditiva, que você abre a casinha e o livrinho emite um som ou você passa a mão e sente que aquilo é mais áspero”.
Até os 6 anos, para a especialista, “as crianças passam a se identificar com fadas e bruxas, a ter medo da morte, de perder um ente querido. Cuidar desse terror infantil é uma providência importante, porque ajuda as crianças a visualizarem um caminho mais otimista em relação aos problemas do dia a dia”.
(www.fadc.org.br/noticias/a-importancia-da-leitura-para-o-desenvolvimento- -das-criancas Portal da Fundação Abrinq. 23.07.2021. Adaptado)
De acordo com a norma-padrão de emprego e de colocação dos pronomes, o trecho destacado na frase elaborada a partir do texto pode ser reescrito como indicado entre parênteses em:
A) Para os leitores, a leitura é uma prática que traz aos leitores inúmeros benefícios. (lhe traz)
B) As próprias descobertas e aprendizados, é por meio das histórias que os pequenos reconhecem descobertas e aprendizados. (a reconhecem)
C) A leitura em família pode estar desprovida da intenção pedagógica, mas ela promove a aproximação entre os familiares que praticam a leitura. (praticam-na)
D) Tratando-se de um vasto repertório de leitura, às vezes os pais não têm esse repertório. (o têm)
E) Lendo poemas e narrativas, as crianças identificam-se com fadas e bruxas, têm medo da morte, de enfrentar a morte com a perda de um ente querido. (enfrentar-lhe)
Resolução:
Alternativa D
O pronome “o” substitui adequadamente o substantivo “repertório”, que está no masculino singular. Além disso, a palavra “não” atrai o pronome, justificando a próclise nesse caso.
Questão 2
(Funcern)
SONETO BUROCRÁTICO
José Lino Grünewald
Salvo melhor juízo doravante,
Dessarte, data vênia, por suposto,
Por outro lado, maximé, isso posto,
Todavia deveras, não obstante
Pelo presente, atenciosamente,
Pede deferimento sobretudo,
Nestes termos, quiçá, aliás, contudo
Cordialmente alhures entrementes
Sub-roga ao alvedrio ou outrossim
Amiúde nesse ínterim, senão
Mediante qual mormente, oxalá quão
Via de regra tê-lo-ão enfim
Ipso facto outorgado, mas porém
Vem substabelecido assim, amém.
(Disponível em: https://antoniocicero.blogspot.com. Acesso em 20 nov. 2023)
Na última estrofe, há uma ocorrência de uso de pronome átono na posição
A) enclítica, que ocorre apenas em formas verbais do futuro do pretérito do indicativo e é de uso geral na língua portuguesa, no Brasil, sobretudo em textos escritos.
B) enclítica, que só ocorre apenas em formas verbais do futuro do presente ou do futuro do pretérito do subjuntivo e é de uso geral na língua portuguesa, no Brasil, sobretudo em textos escritos.
C) mesoclítica, que ocorre em formas verbais do futuro do pretérito do subjuntivo e não é de uso geral na língua portuguesa, no Brasil, mesmo em textos escritos.
D) mesoclítica, que só ocorre em formas verbais do futuro do presente ou do futuro do pretérito do indicativo e não é de uso geral na língua portuguesa, no Brasil, mesmo em textos escritos.
Resolução:
Alternativa D
Trata-se de “tê-lo-ão”, em que o pronome “o” aparece no meio da forma verbal “terão”, formando uma mesóclise, que ocorre como explicado na alternativa.
Fontes
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.