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Richard Nixon foi um político norte-americano, filiado ao partido republicano, e eleito 37º presidente dos Estados Unidos, governando de 1969 a 1972, e reeleito para um segundo mandato, encerrado em 1974, logo após sua renúncia ao cargo por conta das denúncias no caso Watergate. Nixon se formou em advocacia e serviu à marinha norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial.
Ele começou sua carreira política, em 1946, sendo eleito deputado e senador. Foi vice-presidente no governo Eisenhower, entre 1953 e 1961. Nixon se candidatou à presidência dos Estados Unidos em 1960, mas foi derrotado pelo democrata John Kennedy. Logo após a sua renúncia, Nixon recebeu o perdão do presidente George Ford e se afastou da política. Ele morreu em 1994, com 81 anos, após sofrer um acidente vascular cerebral.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Primeiros anos e juventude de Richard Nixon
- 2 - Carreira política e militar de Richard Nixon
- 3 - Richard Nixon na presidência
- 4 - Morte de Richard Nixon
Primeiros anos e juventude de Richard Nixon
Richard Milhous Nixon nasceu em 9 de janeiro de 1913, na cidade de Yorba Linda, no estado da Califórnia, costa oeste dos Estados Unidos. Seus pais, Hannan Milhous Nixon e Francis A. Nixon, eram praticantes do quaker, uma religião cristã protestante de origem britânica. Sua família enfrentou dificuldades financeiras, e a infância de Nixon foi marcada por problemas pulmonares, o que o impediu de praticar esportes.
Seus primeiros anos de estudo foram feitos no Colégio Whittier, e o secundário, na Escola Union Fullerton. Nessa época de colégio, Nixon mostrou-se um líder estudantil e talentoso debatedor, sendo reconhecido por seus professores por conta da sua oratória. Em 1934, Nixon recebeu uma bolsa de estudos para cursar direito na Universidade Duke, e, em 1937, graduou-se como o terceiro melhor aluno de sua classe.
Nixon se casou com Pat Ryan em 1940, e o casal teve duas filhas: Tricia e Julie.
Carreira política e militar de Richard Nixon
Com a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, no final de 1941, Nixon se alistou na marinha norte-americana. Praticante da fé quaker, ele poderia pedir a dispensa do serviço militar obrigatório, mas ingressou na marinha por livre vontade. Seu desenvolvimento foi louvável, e, no ano seguinte, já foi nomeado tenente júnior da reserva da marinha. Nixon atuou como oficial naval na Ásia.
Logo após o final da guerra, Nixon entrou na política, pelo Partido Republicano, e foi eleito deputado e, logo em seguida, senador. Ele começou a chamar atenção nacional em 1948, quando fez parte do Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara. Nixon investigou o caso de espionagem de Alger Hiss, acusado de ser espião soviético. No Senado, ele também manteve o discurso anticomunista e criticou a atuação do presidente Henry Truman na Guerra da Coreia.
Para as eleições presidenciais de 1952, os Republicanos indicaram o general Dwight D. Eisenhower para presidente e Richard Nixon para vice. A chapa saiu vitoriosa e Eisenhower tomou posse no ano seguinte. O novo presidente republicano deu espaço para que o vice, Nixon, atuasse no governo e nas relações exteriores norte-americanas.
Em 1960, os norte-americanos foram às urnas escolher seu novo presidente. Dois candidatos disputavam a Casa Branca: o democrata John Kennedy e o republicano Richard Nixon. Essa disputa ficou marcada pelos debates televisivos. Em um desses debates, Nixon apareceu na televisão muito nervoso, transpirando muito, enquanto Kennedy estava bem-disposto e muito à vontade em frente às câmeras. Contudo, quem ouviu o debate pelo rádio reconheceu que Nixon conseguiu se expressar melhor que Kennedy. O resultado foi a vitória do democrata.
Após a derrota na eleição presidencial, Nixon voltou para a Califórnia, onde retomou seu trabalho de advogado. Em 1962, ele decidiu voltar à política e se candidatou ao governo do seu estado natal, mas perdeu as eleições para Pat Brown. A imprensa considerou a derrota o fim da carreira política de Nixon. Reconhecendo a força de John Kennedy e, após seu assassinato, de Lyndon Johnson, Nixon não quis se candidatar novamente à presidência nas eleições de 1964 e decidiu apoiar o candidato republicano Barry Goldwater, que foi derrotado por Johnson.
Em 1968, Nixon se candidatou novamente à presidência, aproveitando o desgaste dos democratas em relação à Guerra do Vietnã. Nesse período, os Estados Unidos viviam momentos de instabilidade provocados pelos protestos contra a guerra e as mortes do líder negro Martin Luther King e do pré-candidato democrata Robert Kennedy. Nixon conseguiu a nomeação do partido republicano e se tornou novamente candidato presidencial. Pelo lado democrata, Hubert Humphrey, vice-presidente, foi o escolhido.
Durante a campanha, Nixon tentou mostrar ao eleitor norte-americano que ele era um líder moderado capaz de governar o país naqueles tempos de incertezas e mobilizações sociais. Sua campanha se baseou na promessa de encerrar a Guerra do Vietnã, garantindo a paz no Pacífico, e na crítica à taxa de criminalidade. Nixon derrotou Humphrey e foi eleito o 37º presidente dos Estados Unidos.
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Richard Nixon na presidência
Depois de dois mandatos democratas, os republicanos voltavam à Casa Branca. Richard Nixon foi empossado presidente em 20 de janeiro de 1969. Em seu discurso de posse, o novo presidente manteve a promessa de ser um líder pacificador e encerrar o conflito no Vietnã. Os protestos pacifistas continuaram nos Estados Unidos, e Nixon se dispôs a encerrar a guerra o mais rápido possível. Meses após a sua posse, ele iniciou negociações de paz com o Vietnã do Norte e a retirada das tropas norte-americanas. Em Paris, buscava-se um acordo entre as duas partes.
Em julho de 1969, Nixon visitou o Vietnã do Sul e prometeu a retirada progressiva das tropas, porém ele autorizou ações militares contra o Norte. A visita de Nixon à Ásia foi marcada por protestos. A imprensa norte-americana começou a publicar documentos secretos, vazados do Pentágono, sede do Departamento de Defesa, sobre as mentiras que os governos anteriores tinham publicado sobre a Guerra do Vietnã.
A princípio, Nixon não se importou com a divulgação desses documentos, mas foi persuadido por assessores a proibir a divulgação. Acionada, a Suprema Corte deu parecer favorável aos jornalistas. Essas divulgações só aumentaram as críticas à condução da Casa Branca no Vietnã e a pressão para que a guerra acabasse imediatamente.
Em 1971, começaram a retirada das tropas do Vietnã. Dois anos depois, o Acordo de Paris foi assinado, e o cessar fogo permitiu a retirada total das tropas norte-americanas e o encerramento do conflito que matou tantos soldados. Em 1975, o Vietnã do Norte conquistou o Sul, e o país foi unificado.
Nixon procurou se aproximar da China liderada por Mao Tsé-Tung. Henry Kissinger foi seu conselheiro nessa aproximação e se tornou Secretário de Estado. No final dos anos 1960, no auge da Guerra Fria, as relações entre China e União Soviética estavam desgastadas e a cordialidade entre norte-americanos e chineses poderia ser um golpe nos soviéticos. Em fevereiro de 1972, Nixon viajou para a China e se encontrou com Mao, e reconheceu Taiwan como parte da China. A imprensa norte-americana acompanhou a viagem, e Nixon fez questão de que as imagens capturassem seu encontro com as lideranças chinesas.
As relações entre Estados Unidos e Cuba se tornaram instáveis no governo Nixon. Ele tinha aliados entre os cubanos exilados e intensificou operações secretas contra Fidel Castro. Contudo, manteve-se o entendimento de não agressão entre os dois países iniciado em 1962, logo após a Crise dos Mísseis.
No Chile, em 1970, com a vitória de Salvador Allende como presidente, que defendia a aplicação das teses marxistas, Nixon decidiu agir para desestabilizar o governo chileno ao incentivar a oposição a não reconhecer a eleição de Allende e financiar grevistas a se manifestarem contra o governo. O golpe de 11 de setembro de 1973, que depôs e assassinou o presidente chileno, iniciando a ditadura do general Augusto Pinochet, teve o apoio da Casa Branca.
Após a aproximação com a China, Nixon estreitou as relações com a União Soviética a respeito da manutenção da paz nuclear. Ambas superpotências tinham armas nucleares, e era preciso um entendimento, mesmo em tempos de Guerra Fria, para evitar um novo confronto mundial usando armas altamente destruidoras. Em 1972, Nixon desembarcou em Moscou e selou acordos comerciais e de controle de armas. Dois anos depois, ele fez nova visita à capital soviética, mostrando a proximidade entre os dois países.
No Oriente Médio, o governo Nixon aumentou a venda de armas para os países da região e defendeu que Israel fizesse um acordo de paz com os países árabes, evitando novos conflitos. Entretanto, a tensão entre judeus e árabes era permanente, e, em 1973, começou a Guerra do Yon-Kipur, que foi vencida por Israel, que contou com apoio militar norte-americano. Após a guerra, Nixon buscou manter relações diplomáticas com o Oriente Médio, e uma de suas últimas visitas internacionais como presidente dos Estados Unidos foi a essa região.
A Guerra do Vietnã era o centro das atenções do governo tanto na política externa como internamente. Os gastos com o conflito geravam protestos e afetavam a economia por meio do aumento inflacionário. Nixon ampliou o acesso dos negros às escolas públicas e suas participações em cargos do governo. Ele apoiou as políticas ambientais ao criar a Agência de Proteção Ambiental. O governo aumentou o combate às drogas no país.
Na corrida espacial contra a União Soviética, os Estados Unidos obtiveram uma importante vitória ao chegar à Lua por meio da Apolo 11, em 1969. Nixon conversou por telefone com os tripulantes da nave. Apesar desse feito histórico, o presidente não apoiou financeiramente os projetos da Nasa de continuar investindo em viagens à Lua e de estabelecer uma estação espacial por lá. Ele decidiu encerrar a corrida espacial, iniciada por John Kennedy, em 1961, e aprofundada por Lyndon Johnson nos anos seguintes. Em maio de 1972, Nixon aprovou um programa espacial cooperativo entre norte-americanos e soviéticos.
Com as eleições presidenciais de 1972, Nixon foi naturalmente o candidato à reeleição pelo Partido Republicano, tendo como adversário o democrata George McGovern. Nixon foi reeleito com 60% dos votos populares.
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- Escândalo Watergate
O segundo mandato de Richard Nixon ficou marcado com o escândalo mundialmente conhecido como “Watergate” — nome do prédio da sede do Partido Democrata, em Washington. Na noite do dia 17 de junho de 1972, cinco homens foram presos acusados de invadir a sede do partido. O jornal The Washington Post, pelos jornalistas Carl Bernstein e Bob Woodward, denunciaram a invasão e a ligação dos presos com o governo Nixon. A fonte dos jornalistas ficou conhecida como “Garganta Profunda”, e, somente em 2005, sua identidade foi revelada como sendo a de Mark Felt, diretor-associado do FBI.
Nixon minimizou as denúncias do jornal, porém as investigações mostraram que o comitê de reeleição do presidente e a própria Casa Branca tinham conhecimento e participação na invasão da sede do Partido Democrata. O Congresso abriu investigação, e Nixon foi acusado de grampear as conversas que tinha no Salão Oval da Casa Branca.
Ao ser-lhe solicitada a entrega das fitas, o presidente enviou para o Congresso a transcrição das conversas, e não os áudios. Uma fita de áudio tinha lacuna de 18 minutos, levantando a suspeita de que havia sido adulterada. Entre 1973 e 1974, a situação de Nixon se agravavou cada vez mais nesse escândalo. A opinião pública começava a cobrar a saída do presidente.
Richard Nixon renunciou à presidência dos Estados Unidos em 9 de agosto de 1974. George Ford, que assumiu o poder após a renúncia, concedeu-lhe o perdão presidencial, que terminou o processo contra o ex-presidente por conta do seu envolvimento no escândalo de Watergate. A renúncia de Nixon foi um fato relevante para o mundo todo. Para saber mais sobre esse caso que marcou a história estadunidense, leia o texto: Escândalo de Watergate.
Morte de Richard Nixon
Nixon sofreu um acidente vascular cerebral em 18 de abril de 1994. Ele ficou internado por algumas semanas, mas não resistiu e morreu em 22 de abril do mesmo ano. Cumprindo seu desejo, ele não recebeu funerais de um chefe de Estado.
Crédito da imagem
[1] mark reinstein / Shutterstock
Por Carlos César Higa
Professor de História