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Mao Tsé-Tung é conhecido como o grande líder da Revolução Chinesa, que aconteceu em 1949, e foi o fundador da República Popular da China naquele mesmo ano. Ingressou no Partido Comunista durante sua juventude, liderou tropas chineses na luta contra o Kuomintang e japoneses e governou a China de 1949 a 1959. Manteve-se influente na China até 1976, o ano de sua morte.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Nascimento e juventude
- 2 - Guerra Civil Chinesa
- 3 - Segunda Guerra Sino-japonesa
- 4 - Revolução Chinesa
- 5 - Governo de Mao Tsé-Tung
- 6 - Morte
- 7 - Casamentos
Nascimento e juventude
Mao Tsé-Tung ou Mao Zedong nasceu em Shaoshan, cidade localizada na província de Hunan, na China, em 26 de dezembro de 1893. Seus pais chamavam-se Mao Yichang (pai) e Wen Qimei (mãe). A família de Mao Tsé-Tung tinha ótima condição financeira, pois seu pai era um bem-sucedido fazendeiro na região de Shaoshan.
Durante sua infância, Mao foi enviado para estudar em um colégio confucionista e lá permaneceu até os 13 anos de idade, quando seu pai o chamou para trabalhar na fazenda da família. Os biógrafos de Mao falam que, durante a sua juventude, ele tinha a personalidade rebelde, e um sinal disso aconteceu quando ele se recusou a aceitar um casamento arranjado proposto por seu pai.
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Interesse pelo comunismo
A aproximação de Mao com o comunismo (teoria política e econômica que teve como um dos seus principais mentores Karl Marx) aconteceu após ele ingressar no Ensino Médio, em 1911. Um dos fatores que proporcionaram isso foi a eclosão da Revolução de 1911, ou Revolução Xinhai, acontecimento que marcou a queda da monarquia chinesa e a transformação do país em república.
Além dessa experiência revolucionária, Mao também teve contato com teorias marxistas por meio de seus estudos pessoais e do curso, em uma escola da província de Hunan, que o graduou para ser professor. Depois de sua graduação, ele conseguiu um emprego na biblioteca da Universidade de Pequim.
Foi durante sua estadia em Pequim (1917-1919) que Mao acabou convertendo-se ao comunismo. Uma das pessoas mais próximas de Mao nessa época era Li Dazhao, que conseguiu o emprego para ele na biblioteca. Li Dazhao conduzia um grupo de estudos sobre marxismo, do qual Mao fazia parte. Tempos depois, Dazhao fundou o Partido Comunista Chinês (PCCh), em 1921, e logo Mao aderiu ao partido.
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Guerra Civil Chinesa
Na primeira metade da década de 1920, o PCCh mantinha boa relação com o Partido Nacionalista, também chamado de Kuomintang, um dos principais partidos da China. Essa aproximação do PCChh com o Kuomintang era também parte da estratégia da União Soviética para a China, uma vez que era preciso aliar-se com o Kuomintang para garantir a unificação da China – dividida em feudos – para, em seguida, realizar a revolução no país.
No meio desses acontecimentos, Mao assumiu importantes funções na estrutura do PCCh e foi eleito para assumir o comitê do partido em Xangai, por exemplo. Foi nessa fase entre a fundação do PCChh (1921) e o estourar da Guerra Civil Chinesa (1927) que Mao percebeu a importância de mobilizar a massa de camponeses na defesa de suas ideias. Ele também se envolveu em diversas ações com os camponeses, dando treinamento militar a eles.
A relação boa entre o PCCh e o Kuomintang acabou em 1925, quando o líder dos nacionalistas, Sun Yat-sen, faleceu. O Kuomintang passou a ser liderado por Chiang Kai-shek, que possuía posições conservadoras e começou a encarar os comunistas como uma ameaça. Deu-se início a um período de grande perseguição contra os comunistas.
Essa perseguição resultou na Guerra Civil Chinesa e expulsou os comunistas de cidades como Xangai, por exemplo. Por causa dessa perseguição, o PCCh criou o Exército Vermelho para se defender. Mao acabou sendo nomeado comandante-em-chefe desse exército e liderou tropas comunistas na luta contra o Kuomintang nas províncias de Hunan e Jiangxi.
A experiência revolucionária de Mao ao longo da década de 1920 e a forma como os senhores feudais comandavam e exploravam os camponeses na China convenceram-no de que a revolução que ele defendia só aconteceria por meio do levante armado. Algumas das frases mais conhecidas de Mao falam que “O poder político nasce do fuzil.” e “A revolução é uma insurreição, um ato de violência no qual uma classe derruba a outra.”
O envolvimento de Mao na guerra contra o Kuomintang custou caro para ele, na perspectiva pessoal. Em 1930, forças do Kuomintang sequestraram sua irmã e sua segunda esposa, chamada Yang Kaihui, e ambas foram decapitadas por se recusarem a renunciar publicamente ao comunismo. Mao, por sua vez, continuou sua resistência por meio da guerrilha e fundou o Soviete de Jiangxi, tornando-se seu presidente.
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Grande Marcha
Em 1934, as forças de Mao foram cercadas por tropas do Kuomintang nas montanhas da região de Jiangxi. Por esse motivo, Mao e seus soldados iniciaram o que ficou conhecido como “Grande Marcha” (ou Longa Marcha). Essa fuga mobilizou cerca de 100 mil soldados, que marcharam por mais de 10 mil quilômetros para fugir dos ataques do Kuomintang.
Os sobreviventes da Longa Marcha foram cerca de 10 mil pessoas. O restante morreu de cansaço, fome ou em batalha. Depois que essa marcha dos comunistas chineses encerrou-se, em outubro de 1935, um governo comunista foi estabelecido em Yan’an e Mao Tsé-tung tornou-se líder do PCCh.
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Segunda Guerra Sino-japonesa
Em 1937, China e Japão entraram em guerra como resultado da continuidade do projeto expansionista dos japoneses no território chinês. Esse expansionismo dos japoneses estava em curso desde o século XIX e foi ampliado a partir de 1931 por causa do surgimento de um Estado fantoche chamado Manchukuo. Nessa guerra, rapidamente os japoneses conseguiram conquistar cidades importantes da China, como Pequim, Nanquim e Xangai.
A Segunda Guerra Sino-Japonesa nunca encerrou a rivalidade entre nacionalistas (Kuomintang) e comunistas, mas enfraqueceu as hostilidades entre eles. Entre 1937 e 1945, os comunistas liderados por Mao lutaram contra os nacionalistas, mas principalmente contra os invasores japoneses.
Nos anos de combate aos japoneses, Mao Tsé-Tung conseguiu o apoio de parte do campesinato chinês e organizou suas forças. Além disso, ele prosseguiu na formulação de suas ideias, que ficaram conhecidas como “maoismo”.
Revolução Chinesa
Depois que os japoneses foram derrotados, em 1945, a China viu-se livre de seus invasores e a disputa entre nacionalistas e comunistas pelo poder do país foi reiniciada. Os comunistas estavam muito mais poderosos e organizados em 1945 do que em 1937, enquanto os nacionalistas enfraqueceram-se.
O exército dos comunistas passou a ser chamado de Exército Popular de Libertação. Os comunistas recebiam apoio da União Soviética, e os nacionalistas recebiam apoio dos Estados Unidos. Em outubro de 1948, os comunistas tiveram uma importante vitória ao conquistar Guizhou e, em janeiro de 1949, derrotaram os nacionalistas em Xuzhou. Fortalecido na guerra, Mao, líder do PCCh, inaugurou a República Popular da China em 1º de outubro de 1949.
Isso marcou a vitória dos comunistas da China, e os dissidentes nacionalistas acabaram fugindo e instalando-se na Ilha de Formosa, iniciando um desentendimento entre a China continental e Taiwan que se estende até hoje.
Governo de Mao Tsé-Tung
Imediatamente após fundar a República Popular da China, Mao Tsé-Tung tornou-se governante do país. À frente do governo da China e do Partido Comunista Chinês, Mao conduziu profundas transformações no país. As primeiras medidas de Mao miravam a recuperação econômica da China e, para isso, contou com o apoio financeiro da União Soviética.
Mao também conduziu uma campanha contra os “inimigos do Estado” e os corruptos por meio da Campanha Três Anti e Cinco Anti. Essas campanhas começaram a investigar ex-membros do Kuomintang, pessoas ligadas à burocracia do país e as elites econômicas da China. Grande parte dos investigados foi julgada, humilhada publicamente e condenada. As condenações incluíam pagamento de multa, envio para campos de trabalho forçado e até execução. Muitos dos investigados, desesperados, cometeram suicídio.
Na questão da terra, Mao também realizou reformas sensíveis e iniciou um programa de reforma agrária. Nesse programa, as terras dos senhores feudais foram tomadas pelo governo e distribuídas para os camponeses que não possuíam terras para sobreviver. Durante esse processo, que se estendeu por décadas, milhões de senhores feudais foram executados pelo governo. Estima-se que isso resultou diretamente na morte de até dois milhões de pessoas.
Para desenvolver a economia do país, Mao promoveu planos quinquenais. O segundo plano ficou conhecido como Grande Salto à Frente. Isso aconteceu em 1958 e, durante o Grande Salto, Mao convocou fazendeiros para abandonar a produção de alimentos para trabalharem na produção de aço.
O resultado foi catastrófico, pois a produção agrícola caiu, e milhões de pessoas morreram de fome. Como consequência disso, iniciou-se a Grande Fome, que aconteceu de 1959 a 1961 e forçou o governo chinês a comprar grãos de nações ocidentais, como o Canadá, para amenizar a crise de abastecimento. A fome na China foi tão severa que resultou na morte de 20 a 40 milhões de pessoas, de acordo com estimativas.
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Revolução Cultural
A partir de 1959, Mao abandonou a presidência chinesa, sendo substituído por Liu Shaoqi. Manteve-se como a figura mais poderosa do Partido Comunista Chinês e tinha grande influência no país. Todavia, em 1962, o novo presidente chinês realizou duras críticas ao Grande Salto à Frente, realizado por Mao em 1958.
Esse acontecimento evidenciou que existia um racha interno no PCCh e que existia uma facção no partido insatisfeita com as medidas tomadas por Mao. As críticas a Mao foram influenciadas pela desestalinização (processo que promoveu o fim do culto a Stalin, antigo líder soviético) que acontecia na União Soviética. Por essa razão, o culto a Mao passou a ser questionado na China.
A resposta de Mao às críticas ocorreu por meio da Revolução Cultural, acontecimento que se estendeu de 1966 a 1976. Mao convocou os jovens chineses a aliarem-se na defesa da revolução e deu início a uma tremenda perseguição ideológica contra aqueles que discordavam dele.
Na Revolução Cultural, os “guardas vermelhos” foram instruídos a perseguir e denunciar todos aqueles que apresentassem os “velhos hábitos típicos de burgueses”. Essa perseguição voltou-se, por exemplo, contra professores que não professavam ideais idênticos ao do Livro Vermelho de Mao, contra pessoas que usavam roupas e praticavam hábitos considerados ocidentais etc.
Um dos impactos da Revolução Cultural foi a destruição do sistema de ensino superior da China e a perseguição e morte de milhares de pessoas. O historiador Eric Hobsbawm definiu a Revolução Cultural como a pior campanha contra a cultura, educação e inteligência na história do século XX. Acredita-se que de um a dois milhões de pessoas foram mortas nos dez anos da Revolução Cultural.
Morte
Em 1976, a saúde de Mao Tsé-Tung estava bastante debilitada. Naquele ano, o líder da Revolução Chinesa sofreu três ataques cardíacos, e o último, em 9 de setembro de 1976, acabou sendo fatal. Mao faleceu em Pequim, aos 82 anos de idade, e hoje os historiadores estimam que suas ações entre 1949 e 1976 tenham resultado na morte de 40 a 70 milhões de pessoas.
Casamentos
Ao longo de sua vida, Mao Tsé Tung casou-se quatro vezes e desses casamentos teve o total de dez filhos. Em ordem cronológica, as esposas de Mao foram as seguintes:
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Luo Yixiu (1907-1910);
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Yang Kihui (1921-1927);
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He Zizhen (1928-1939);
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Jiang Qing (1939-1976).
Créditos das imagens:
[1] Hung Chung Chih e Shutterstock
Por Daniel Neves
Graduado em História