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Interpretação de texto

A compreensão e a interpretação de texto dependem do contexto de produção, além do conhecimento de mundo e dos conhecimentos linguísticos e literários do(a) leitor(a).

A interpretação é um processo consciente de entendimento do texto.
A interpretação é um processo consciente de entendimento do texto.
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Interpretação de texto é explicar um texto. Para isso, é necessário que, antes, o(a) leitor(a) o tenha compreendido. Nesse percurso, entre o processo inconsciente de compreensão e a ação consciente de interpretação da obra, ele(a) vai depender do conhecimento de mundo, além dos conhecimentos linguísticos e/ ou literários para encontrar o(s) sentido(s) do texto e o explicar.

Leia também: O que é hipertexto?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre interpretação de texto

  • Interpretação de texto é o ato de explicar um texto após a sua compreensão.

  • A compreensão e a interpretação dependem, principalmente, do contexto.

  • Há diferenças na interpretação de um texto literário e de um texto não literário.

  • A interpretação de texto no Enem exige do(a) candidato(a), além de conhecimento de mundo, conhecimentos linguísticos e literários.

  • A compreensão é um processo inconsciente; já a interpretação, um processo consciente.

O que é interpretação de texto?

Interpretar um texto significa não só o compreender, mas também perceber suas nuances, seus detalhes implícitos. Portanto, o(a) leitor(a) precisa entender o contexto de produção desse texto.

Além disso, outros conhecimentos são úteis nesse processo, como: tipologia textual, gêneros textuais, funções de linguagem e, se o texto for literário, noções de estilos de época e figuras de linguagem também são de grande utilidade. Afinal, interpretar um texto é buscar não só seu(s) sentido(s), mas também seu(s) objetivo(s).

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Como fazer a interpretação de texto?

Para interpretar eficazmente um texto, é preciso considerar os objetivos de seu autor (emissor ou enunciador). No entanto, isso não pode ser feito por meio de suposições, pois estão no texto todos os elementos necessários para a sua compreensão e interpretação. É o texto que nos diz qual é a intenção comunicativa de seu autor.

A interpretação é um processo racional de análise do texto. Isso significa que qualquer afirmação que o(a) leitor(a) fizer sobre o que leu deve ser passível de comprovação a partir de elementos textuais. Se o(a) leitor(a) não consegue comprovar sua leitura por meio de argumentos sustentados pelo texto lido, sua interpretação é uma invenção.

É claro que existem textos plurissignificativos, que, portanto, permitem mais de uma leitura. Porém, elas também necessitam de comprovação. Então, o(a) leitor(a) precisa analisar, criticar e fazer perguntas ao texto, para buscar elementos que comprovem a sua interpretação. O bom leitor e a boa leitora não são ingênuos, são críticos e, portanto, questionadores:

  • Quem é o enunciador?
  • Qual é o seu objetivo?

  • Por que ele fez essa ou aquela afirmação?

  • Ele tem uma segunda intenção?

  • Em que contexto ele escreveu o texto?

Além disso, a interpretação também vai depender do repertório do(a) leitor(a), ou seja, do conhecimento de mundo. É isso que permite que determinada leitora entenda certo trecho de um texto, enquanto outro leitor não o compreende. Afinal, os textos vivem em constante diálogo uns com os outros, o que é chamado de intertextualidade.

Veja também: Quais são os elementos da comunicação?

Exemplo:

A seguir, vamos ler e interpretar parte de um texto publicado em 21 de março de 2007, na seção “Economia e Negócios” do site G1, um portal de notícias. Mas, antes de iniciar a leitura, vamos definir o(a) enunciador(a) do texto.

Como a notícia não foi assinada, sabemos apenas que foi escrita por um(a) jornalista, já que é uma notícia, o que nos faz concluir que o texto possui uma linguagem mais objetiva.

Isso nos leva à segunda questão, ou seja, qual é o objetivo do(a) enunciador(a) do texto? A resposta parece óbvia: informar. Sobre o quê? O título nos diz que é sobre o PIB (Produto Interno Bruto) de 1996 e 1999, indica que o cálculo foi revisado e, ao que parece, o resultado foi mais baixo do que o divulgado no passado. Mas terá o(a) autor(a) do texto uma segunda intenção ao divulgar tal informação? Saberemos durante a leitura.

E, por fim, qual é o contexto de escrita do texto? O ano de 2007, durante o governo Lula, que durou de 2003 a 2011. Já a informação está relacionada ao período em que Fernando Henrique Cardoso governou o país, entre 1995 e 2003. A notícia, portanto, pode ter uma motivação política ou ser apenas uma informação imparcial.

PIB DE 1996 E 1999 SÃO REVISADOS PARA BAIXO

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje a revisão do Produto Interno Bruto (PIB) anual para o período de 1996 a 1999. O PIB de 1995 foi incorporado à nova série, calculada com nova metodologia, mas manteve-se inalterado em 4,2%, já que não houve comparação com 1994 e, desse modo, não houve variação na taxa. O PIB de 1996 caiu de 2,7% (série antiga) para 2,2% (nova série). O PIB de 1997 foi revisado um pouco para cima, de 3,3% para 3,4%. O PIB de 1998 recuou um pouco, de 0,1% para 0,0. Já o PIB de 1999 diminuiu bastante, de 0,8% para 0,3%.

Os resultados apresentados nas revisões anteriores ao ano 2000 contrastam bastante com os dados a partir de 2002, quando houve fortes variações no PIB para cima.

O coordenador de contas nacionais do IBGE, Roberto Olinto, alertou que é preciso evitar interpretações políticas em relação a esses dados. Ele fez a ressalva diante da insistência de jornalistas para comparações do governo Fernando Henrique Cardoso (cujos PIBs anuais decresceram na maioria com a nova série) e o primeiro mandato do governo Lula até 2005 (que mostrou crescimentos mais fortes no PIB em relação aos anteriormente divulgados).

[...]

O IBGE vai apresentar os dados e não vai fazer comentários históricos”, alertou Olinto desde o início. Segundo ele, “a gente não olhou os períodos, a gente fez as contas”.

Para o coordenador de contas nacionais, “extrapolar o uso desses dados pode ser perigoso”. A gerente de contas trimestrais, Rebeca Palis, também afirmou, ao ser solicitada para fazer contas do crescimento médio do PIB nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula, que “pode-se comparar (os números), é o melhor que a gente conseguiu fazer, mas não é totalmente comparável em termos políticos”.

Ao ler o primeiro parágrafo, percebemos que o(a) autor(a) da notícia preferiu enfatizar, no título, a queda do PIB de 1996 e 1999, em vez de se referir ao seu crescimento em 1997 (de 3,3% para 3,4%). E também preferiu não destacar a queda ocorrida em 1998 (de 0,1% para 0,0). Por quê?

Ao que parece, sua escolha deve-se ao fato de que, na revisão do PIB, houve uma queda muito grande em 1996 (de 2,7% para 2,2%) e em 1999 (de 0,8% para 0,3%), em relação a 1997 e a 1998.

Quando o(a) enunciador(a) do texto ressalta que os “resultados apresentados nas revisões anteriores ao ano 2000 contrastam bastante com os dados a partir de 2002, quando houve fortes variações no PIB para cima”, imaginamos que pode haver alguma conotação política nessa informação, já que 2002 foi o último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Porém, para mostrar sua imparcialidade jornalística, o(a) autor(a) da notícia cede espaço para o alerta do coordenador de contas nacionais do IBGE, que diz que “é preciso evitar interpretações políticas”.

No entanto, aproveita para informar que os PIBs anuais do governo FHC “decresceram na maioria com a nova série”, mas que o mandato de Lula, até 2005, “mostrou crescimentos mais fortes no PIB em relação aos anteriormente divulgados”.

Note que o(a) jornalista(a) insiste em mostrar o empenho do coordenador em negar qualquer elemento político na variação dos números do PIB: “‘O IBGE vai apresentar os dados e não vai fazer comentários históricos’, alertou Olinto desde o início. Segundo ele, ‘a gente não olhou os períodos, a gente fez as contas’”. Olinto ainda afirma: “extrapolar o uso desses dados pode ser perigoso”.

E, no final do texto, o(a) enunciador(a) dá a palavra para a gerente de contas trimestrais Rebeca Palis, que diz: “pode-se comparar (os números), é o melhor que a gente conseguiu fazer, mas não é totalmente comparável em termos políticos”. Assim, o(a) autor(a) da notícia buscou mostrar-se imparcial, apesar de sua insistência em falar da questão política relacionada ao PIB.

Dicas para uma boa interpretação de texto

Formas geométricas amarelas e pretas com escrito “dicas”.
As dicas podem ajudar você a melhorar sua interpretação.
  1. Observar se o texto é literário ou não literário

A primeira pergunta que você deve fazer antes de ler um texto é se ele é literário ou não literário. Isso porque as características de um texto artístico são diferentes das de um texto funcional.

Você não pode ler um texto literário da mesma forma que lê uma notícia de jornal ou um artigo científico. Então, entenda a diferença entre um texto literário e não literário.

  1. Crie hipóteses antes da leitura

Antes de começar uma leitura mais detalhada do texto, busque criar hipóteses sobre o conteúdo que você vai ler. Assim, você inicia a leitura mais preparado(a), pois já sabe mais ou menos o assunto do texto. Nessa sua pré-leitura, busque saber:

  • Quem é o autor ou enunciador do texto?: conhecer o estilo autoral é um conhecimento prévio relevante para o entendimento do(a) leitor(a).
  • O que sugere o título do texto?: muitas vezes, o título se refere à temática principal.

  • Qual o tipo de texto?: textos narrativos, descritivos, expositivos e argumentativos possuem características diferentes; e o desconhecimento delas pode ser um dificultador da leitura.

  • Qual o gênero textual?: entrevista, notícia, conto etc. também apresentam características próprias; e, assim como no tipo textual, o desconhecimento do gênero do texto pode limitar o entendimento do(a) leitor(a).

  • Por que você quer ler o texto?: o objetivo do(a) leitor(a) também influencia na leitura; afinal, você não pode ler um poema com os mesmos olhos que lê uma bula de remédio.

  • Qual o contexto de produção?: situar o texto é essencial para entendê-lo melhor; pois ele pode ser atual ou escrito em um contexto político, social e cultural diferente do tempo da leitura, o que pode influenciar na linguagem e na temática da obra.

  1. Ler apenas um livro não faz de você um(a) leitor(a) competente

A prática da leitura aprimora a sua compreensão textual, além de permitir que você acumule um repertório, que vai possibilitar o entendimento de vários outros textos, de tipos e gêneros diversos.

  1. O conhecimento de mundo que auxilia a leitura não está restrito aos livros

você acumula informações ao ler e ao assistir a (tele)jornais, ao ampliar seu gosto musical e, também, cinematográfico, e quando você busca saber mais sobre outras artes.

  1. Amplie seus conhecimentos linguísticos e seu vocabulário

Você não precisa saber, por exemplo, que a palavra “cujo” é um pronome, mas se desconhecer a sua função, seu entendimento textual vai ficar comprometido.

  1. Durante a leitura, faça marcações em seu texto.

Sublinhe as informações mais relevantes, circule partes que não compreendeu para retomá-las mais tarde e anote suas dúvidas ou descobertas, pois os textos têm a capacidade de gerar questionamentos e fazer revelações.

  1. Não queira entender completamente um texto com apenas uma leitura.

É preciso ler mais de uma vez para chegar ao entendimento e encontrar, enfim, o(s) sentido(s) e o(s) objetivo(s) do texto.

Exemplo:

A seguir, vamos ler e interpretar um texto do gênero poema, do poeta português Luís Vaz de Camões (1524-1580). Por ser um poema camoniano, pode-se afirmar que é um texto literário. Esse poeta faz parte do Classicismo e, portanto, apresenta obras mais racionais e menos emotivas, além de utilizar a medida nova, os versos decassílabos.

O texto não apresenta título, mas sabemos, pela sua forma, que é um soneto. Esse tipo de composição poética inicia e conclui uma ideia em apenas catorze versos.

Se vou ler um poema, é porque quero refletir sobre determinado assunto, me admirar com a linguagem e ter contato com a beleza estética. Porém, devo estar atento ao contexto de produção dessa obra, que é o século XVI, no período do Renascimento, o qual faz um resgate da cultura greco-latina, que já observamos no primeiro verso:

Apolo e as nove Musas, descantando

com a dourada lira, me influíam

na suave harmonia que faziam,

quando tomei a pena, começando:

 

— Ditoso seja o dia e hora, quando

tão delicados olhos me feriam!

Ditosos os sentidos que sentiam

Estar-se em seu desejo traspassando!

 

Assim cantava, quando Amor virou

a roda à esperança, que corria

tão ligeira que quase era invisível.

 

Converteu-se-me em noite o claro dia;

e, se algüa esperança me ficou,

será de maior mal, se for possível.

Para interpretar um poema, é necessário, em primeiro lugar, ter o entendimento básico, sem considerar a plurissignificação. Como o hipérbato (inversão da ordem direta da oração) é bastante usado em poesia, é preciso localizar os verbos, pois só assim podemos apontar o sujeito e os complementos, para um entendimento mais claro.

Então, podemos entender que Apolo e as noves Musas cantavam ao som de uma lira e exerciam influência sobre (inspiravam) o eu lírico. Ele, então, pegou a pena. Aqui, o conhecimento de mundo do(a) leitor(a) é importante, pois ele(a) precisa saber que “pena”, no passado, era um instrumento de escrita.

Na segunda estrofe, o eu lírico reproduz o que ele escreveu com a pena. Ele afirma que era um dia e uma hora felizes quando olhos o “feriam”. Nesse ponto, nos deparamos com uma metáfora, que dá aos olhos características de uma arma. Provavelmente, o arco e a flecha do Cupido, personagem integrante da mitologia greco-romana. No caso, os olhos machucavam o eu lírico, e essa “dor” estaria associada ao amor.

A partir do primeiro terceto, o eu lírico afirma que “cantava” (fazia versos) quando o Amor fez com que a esperança se afastasse, “tão ligeira que quase era invisível”. Essa esperança está relacionada ao amor do dono ou dona dos olhos que “feriam”. Por isso, no eu lírico, o claro dia (a alegria) converteu-se em noite (tristeza). E se lhe restou alguma esperança, foi de experimentar um mal ainda maior, se é que isso é possível.

Dessa forma, conseguimos ter quase cem por cento de entendimento do texto. E digo “quase” porque é comum não conseguirmos entender uma poesia completamente. Aliás, uma poesia facilmente entendível, normalmente não é uma boa poesia. Porém, se você não consegue entender uma passagem do poema agora, às vezes, em futuras leituras, o entendimento se faz.

Veja também: 5 dicas para melhorar sua interpretação de texto

Interpretação de textos no Enem

Para ser bem-sucedido(a) no Enem, o(a) candidato(a) deve ser capaz de interpretar textos literários e não literários, verbais e não verbais. Assim, as questões buscam comprovar o entendimento profundo do texto lido.

Às vezes, também busca, a partir do texto, verificar se o(a) candidato(a) possui conhecimentos linguísticos e literários variados, como noções de gêneros e tipos textuais, figuras de linguagem, estilos de época etc.

Veja esta questão do Enem de 2019:

Cartum das “Cobras”.

VERISSIMO, L. F. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 2000.

No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em diferentes linguagens, o cartum produz humor brincando com a

A) caracterização da linguagem utilizada em uma esfera de comunicação específica.

B) deterioração do conhecimento científico na sociedade contemporânea.

C) impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o universo.

D) dificuldade inerente aos textos produzidos por cientistas.

E) complexidade da reflexão presente no diálogo.

Nessa questão, é exigido o conhecimento sobre o gênero textual cartum. Além disso, ela busca comprovar que o(a) candidato(a) consegue perceber o que provoca o humor no texto, ou seja, a ideia de que um cientista só consegue explicar algo a partir de uma linguagem científica, e, portanto, só cientistas podem entender outros cientistas, já que eles usam uma linguagem específica, como afirma a alternativa A.

Diferenças entre interpretação e compreensão de textos

Alguns pesquisadores consideram “compreensão” e “interpretação” como uma coisa só. Já outros entendem que esses termos não são apenas sinônimos, mas que possuem diferenças entre si. É o caso do linguista Vilson J. Leffa, o qual defende que “compreender é relacionar”, pois cada texto é “um quebra-cabeça que precisa ser montado”.

Assim, a compreensão depende do(s) contexto(s), de forma que o sentido, no processo de leitura, só é alcançado a partir da interação entre o texto e o(a) leitor(a). Porém, o(a) leitor(a) conta com seu conhecimento de mundo, além de seu conhecimento linguístico, para “montar o quebra-cabeça”, de forma rápida, instantânea e inconsciente.

Segundo Leffa, interpretar “é explicar para o leitor de que modo cada quebra-cabeça pode ser montado”. Assim, a interpretação seria um processo consciente, associado ao ato de explicar o texto. Então, para sermos mais claros, compreensão seria ler e entender um texto. Mas a interpretação seria explicar o objetivo desse texto, o motivo de ele ter sido produzido.

Exercícios resolvidos sobre interpretação de textos

Questão 1 - (Enem)

A porca e os sete leitões

É um mito que está desaparecendo, pouca gente o conhece. É provável que a geração infantil atual o desconheça. (Em nossa infância em Botucatu, ouvimos falar que aparecia atrás da igreja de São Benedito no largo do Rosário.) Aparece atrás das igrejas antigas. Não faz mal a ninguém, pode-se correr para apanhá-la com seus bacorinhos que não se conseguirá. Desaparecem do lugar costumeiro da aparição, a qual só se dá à noite, depois de terem “cumprido a sina”.

Em São Luís do Paraitinga, informaram que se a gente atirar contra a porca, o tiro não acerta. Ninguém é dono dela e por muitos anos apareceu atrás da igreja de Nossa Senhora das Mercês, na cidade onde nasceu Oswaldo Cruz.

ARAÚJO, A. M. Folclore nacional I: festas, bailados, mitos e lendas. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

Os mitos são importantes para a cultura porque, entre outras funções, auxiliam na composição do imaginário de um povo por meio da linguagem. Esse texto contribui com o patrimônio cultural brasileiro porque

A) preserva uma história da tradição oral.

B) confirma a veracidade dos fatos narrados.

C) identifica a origem de uma história popular.

D) apresenta as diferentes visões sobre a aparição.

E) reforça a necessidade de registro das narrativas folclóricas.

Resolução

Alternativa A. O texto preserva uma história da tradição oral (“ouvimos falar”), ao evidenciar o mito da porca e os sete leitões. Quanto às outras alternativas, em nenhum momento, no texto, há a confirmação dos fatos narrados; o narrador não identifica a origem dessa história popular, pois menciona tanto Botucatu quanto São Luís do Paraitinga; não há diferentes visões da aparição, mas algumas informações em relação a ela; e, por fim, o texto não faz a defesa da necessidade de registro das narrativas folclóricas.

Questão 2 - (Enem)

As atrizes

Naturalmente

Ela sorria

Mas não me dava trela

Trocava a roupa

Na minha frente

E ia bailar sem mais aquela

Escolhia qualquer um

Lançava olhares

Debaixo do meu nariz

Dançava colada

Em novos pares

Com um pé atrás

Com um pé a fim

Surgiram outras

Naturalmente

Sem nem olhar a minha cara

Tomavam banho

Na minha frente

Para sair com outro cara

Porém nunca me importei

Com tais amantes

[…]

Com tantos filmes

Na minha mente

É natural que toda atriz

Presentemente represente

Muito para mim

CHICO BUARQUE. Carioca. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2006 (fragmento).

Na canção, Chico Buarque trabalha uma determinada função da linguagem para marcar a subjetividade do eu lírico ante as atrizes que ele admira. A intensidade dessa admiração está marcada em

A) “Naturalmente/ Ela sorria/ Mas não me dava trela”.

B) “Tomavam banho/ Na minha frente/ Para sair com outro cara”.

C) “Surgiram outras/ Naturalmente/ Sem nem olhar a minha cara”.

D) “Escolhia qualquer um/ Lançava olhares/ Debaixo do meu nariz”.

E) “É natural que toda atriz/ Presentemente represente/ Muito para mim”.

Resolução

Alternativa E. O eu lírico demonstra a intensidade de sua admiração nos seguintes versos: “É natural que toda atriz/ Presentemente represente/ Muito para mim”. Chegamos a essa conclusão porque a expressão “para mim” aponta a função emotiva, centrada no emissor do discurso; mas também porque, nesses versos, o eu lírico afirma que toda atriz representa muito, ou seja, tem grande importância para ele, apesar de o verbo “represente” ter um duplo sentido, já que também pode significar o ato de “representar”, no sentido de “atuar”.

 

Por Warley Souza
Professor de Português

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Interpretação de texto"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/a-interpretacao-textual.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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