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Antigamente, uma das alternativas mais utilizadas pelos estudantes para estudar era consultar enciclopédias: quem não tinha uma em casa (o que era quase uma ostentação), precisava correr para uma biblioteca. Acessávamos um verbete e imediatamente entrávamos em contato com a informação procurada. Àquela época, nos primórdios da informática e da internet, o hipertexto fazia-se presente nas páginas de um livro, ganhando forma no papel impresso. Como poderíamos imaginar que, anos mais tarde, a informação estaria disponível em um simples toque na tela de cristal líquido ou no clicar de um mouse?
Substituímos o papel pela informação não física presente em nuvens de elétrons. É nessa imaterialidade que o conceito de hipertexto encontrou o meio de vida ideal, pois nunca antes na história fez tanto sentido falar em dinamismo comunicacional. O hipertexto é uma espécie de texto maior formado por vários outros elementos textuais, o que permite múltiplas leituras em diferentes direções. Quando você acessa um artigo na internet e clica em hiperlinks disponíveis no corpo do texto, você está construindo uma rede de informações com acesso ilimitado a outros textos de forma instantânea.
Os links e hiperlinks permitem que o leitor realize livremente um caminho virtual em busca das informações de que precisa, tudo feito de maneira prática e cômoda, sem que seja necessário sair de casa para consultar, por exemplo, livros em uma biblioteca. A origem do termo hipertexto surgiu na década de 60, seu criador foi Theodor H. Nelson — filósofo, sociólogo e pioneiro da Tecnologia da Informação. Ele definiu o conceito de hipertexto como “escritas associadas não sequenciais, conexões possíveis de se seguir, oportunidades de leitura em diferentes direções”. Ao lermos sua definição, fica difícil imaginar que ele não estava se referindo à internet, mas sim a um tipo de texto eletrônico criado através de uma tecnologia radicalmente nova. Nelson foi um visionário, já que nos anos 60 a internet não era sequer uma possibilidade!
Ted Nelson é um filósofo e sociólogo estadunidense, pioneiro da Tecnologia da Informação e inventor dos termos hipertexto e hipermídia
Se antes a noção de hipertexto já existia, presente nas notas de rodapé, nos dicionários e nos verbetes de enciclopédia, com o advento da internet, ela foi popularizada. Contudo, não devemos associar a ideia de hipertexto apenas ao ambiente virtual, uma vez que é uma forma organizacional encontrada também no papel, embora seja mais dinâmico e facilmente realizável nos textos virtuais. Apesar de ser difícil dissociar o hipertexto da informática, devemos entendê-lo, antes de mais nada, como um tipo de intertextualidade que está intrinsecamente ligado à evolução dos modos de leitura e organização da escrita, área que diz respeito à linguística textual. Esse processo de escrita/leitura não linear e não hierarquizado comprova o fato de que a relação entre o texto e os leitores passou por diversas modificações ao longo da história. Somos constantemente apresentados a uma infinidade de suportes que, consequentemente, oferecem-nos uma infinidade de leituras possíveis, o que apenas contribui com a nossa incessante vontade de conhecer.
Por Luana Castro
Graduada em Letras