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A estratificação social é um processo histórico que distribui sistematicamente vantagens e recursos como riqueza, poder e prestígio entre os membros de uma sociedade, categorizando-os em diferentes status e estratos. Esse fenômeno é universal, presente em todas as sociedades, embora suas formas e critérios possam variar, como em castas, classes sociais, raças e minorias.
A estratificação social difere da simples desigualdade por ser sistemática e influenciar profundamente a mobilidade social e o acesso a recursos. Diferentes teorias, como as de Durkheim, Marx e Weber, oferecem perspectivas sobre a estratificação, abordando desde a coesão social até as lutas de classe e a distribuição de poder.
No Brasil, a estratificação social é fortemente influenciada pela origem socioeconômica, mais do que pelo mérito educacional, e pode ser identificada em cinco estratos socioeconômicos, variando desde trabalhadores rurais informais até funcionários públicos e pequenos empregadores, com diferenças significativas nas condições de vida e acesso a recursos. A estratificação social pode dificultar a mobilidade social, perpetuar desigualdades e influenciar o acesso a serviços essenciais, como educação e saúde.
Leia também: O que significa ter consciência de classe?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre estratificação social
- 2 - Videoaula sobre estratificação social
- 3 - O que é estratificação social?
- 4 - Características da estratificação social
- 5 - Tipos de estratificação social
- 6 - Relação entre estratificação social e desigualdade social
- 7 - Teorias sobre estratificação social
- 8 - Diferenças entre estratificação social e classe social
- 9 - Estratificação social no mundo
- 10 - Estratificação social no Brasil
- 11 - Quais são as consequências da estratificação social?
- 12 - Exercícios resolvidos sobre estratificação social
Resumo sobre estratificação social
- A estratificação social é um processo histórico de distribuição sistemática de vantagens e recursos (riqueza, poder, prestígio) nas sociedades.
- Segundo a perspectiva funcionalista, a estratificação social é necessária para situar e motivar indivíduos na estrutura social.
- É um fenômeno universal, presente em todas as sociedades e influenciado por critérios econômicos, sociais e culturais.
- É caracterizada por mobilidade social, que pode ser maior em sistemas abertos (sociedades modernas) e limitada em sistemas fechados (castas, feudalismo).
- Os tipos de estratificação social variam de acordo com critérios como castas ou ordens, classes sociais, e grupos organizados por sexo ou idade.
- As teorias clássicas de estratificação social remontam a Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim.
- A estratificação social no Brasil é influenciada pela origem socioeconômica mais do que pelo mérito educacional.
Videoaula sobre estratificação social
O que é estratificação social?
A estratificação social é o processo histórico por meio do qual vantagens e recursos, tais como riqueza, poder e prestígio, são distribuídos sistematicamente nas sociedades. Essa distribuição categoriza os indivíduos em diferentes status e estratos da sociedade. Isso ocorre porque a sociedade tem necessidade de situar e motivar os indivíduos na estrutura social, e a base para isso é constituída pela oferta de diferentes status e de diversas posições na sociedade.
Segundo a perspectiva funcionalista, a disputa por essas oportunidades de vida selecionaria as pessoas que ocupam diferentes posições. Como essa distribuição é desigual, o processo de estratificação social categoriza os seus membros em diferentes níveis hierárquicos, com base em critérios como classe, casta, raça ou sexo. Esses níveis, ou estratos sociais, determinam o acesso a recursos e oportunidades, influenciando profundamente a mobilidade social e o aproveitamento de bens e serviços.
A estratificação social difere da simples desigualdade porque é sistemática. Teoricamente, uma sociedade pode ter desigualdades sem ser estratificada, por exemplo, concedendo oportunidades iguais a todos, mas distribuindo as recompensas na base do desempenho. De modo geral, as categorias que constituem os sistemas de estratificação assumem uma das seguintes formas: casta, classe social e elite.
Características da estratificação social
A estratificação social caracteriza-se por ser um fenômeno universal, presente em todas as sociedades conhecidas, embora suas formas e critérios possam variar significativamente entre sistemas de castas, estamentos, classes, raças e minorias. Outra característica da estratificação social é a organização dos indivíduos em diferentes camadas ou estratos, em que cada camada tem um nível distinto de acesso a poder, prestígio e recursos.
Essa hierarquia é visível em todas as sociedades complexas. A estratificação social também é caracterizada por critérios econômicos, sociais e culturais que influenciam a posição de um indivíduo na hierarquia social.
A mobilidade social é uma característica muito importante da estratificação social. Em sistemas abertos, como as sociedades modernas, há maior possibilidade de mobilidade social, permitindo que indivíduos mudem de estrato ao longo da vida. Essa mudança é chamada de mobilidade vertical, referindo-se à capacidade de um indivíduo mover-se para cima ou para baixo na hierarquia social.
Sistemas com alta mobilidade vertical permitem maior mudança de status social. Por outro lado, em sistemas fechados, como o sistema de castas na Índia ou de ordens do feudalismo, a mobilidade vertical é extremamente limitada.
Veja também: Desigualdade de gênero — fenômeno que se expressa pelo sexismo, pelo machismo e pela misoginia
Tipos de estratificação social
Os tipos de estratificação social, a rigor, dependem dos estudos de sociólogos que criam tipologias baseadas em desigualdades (ricos e pobres, povo e elite), em nacionalidades (nacionais, imigrantes e estrangeiros), em religiões e em raças. Os estudos sobre a estratificação também podem observar categorias socioprofissionais, comunidades étnicas e estilos de vida. Os tipos de estratificação mais comuns são castas ou ordens, classes sociais, etárias, e sexo e gênero.
→ Castas ou ordens
Castas são categorias rígidas nas quais pessoas nascem sem possibilidade de mudança. Em alguns sistemas de estratificação social, a distribuição de recompensas e recursos é organizada em torno de castas. Na Índia, o sistema de castas tem consistido, ao longo da história, em quatro categorias básicas — brahmin, kshatriya, vaisya e sudra —, todas elas com localização específica e rígida no sistema de estratificação.
Além dessas castas, há os “párias”, o grupo composto de “intocáveis”, situados abaixo da casta mais baixa. De acordo com o sistema indiano de castas, codificado na religião hinduísta, pessoas podem passar de uma casta a outra em várias vidas via reencarnação. Essa movimentação depende de desempenho bem-sucedido na atual posição na casta, o que significa que o sistema proporciona um forte incentivo para obrigar a aceitação do próprio sistema e de suas desigualdades.
Nas sociedades históricas em que existiram fortes diferenciações sociais, além das castas, apareceram também ordens sociais. Na Europa Medieval, existiram três ordens fundamentais: os que oravam (clero), os que batalhavam (nobreza) e os que trabalhavam (camponeses).
A essa grande divisão em três grupos se sobrepõe uma outra divisão segundo as profissões. Algumas ordens profissionais formam grupos fechados, endogâmicos, e acabam por reter certos privilégios dentro dos limites do seu grupo social.
→ Classes
A classe social é uma categoria histórica. As classes sociais estão ligadas à evolução e ao desenvolvimento da sociedade, elas são encontradas nas próprias estruturas sociais que as caracterizam. As classes formam-se, desenvolvem-se, modificam-se à medida que a sociedade vai se transformando, são o resultado dessas contradições e, ao mesmo tempo, contribuem para o seu desenvolvimento.
Entre as classes e a sociedade, e entre as próprias classes, existe um movimento dialético constante. As classes atuam como forças motrizes na transformação das estruturas sociais, elas constituem parte integrante da dinâmica da sociedade, e são movidas, ao mesmo tempo, por sua própria dinâmica interna.
As classes sociais têm uma base econômica fundamental, o que foi exposto de forma clara por Lênin na seguinte passagem:
As classes são grandes grupos de homens que se diferenciam pelo lugar que ocupam num sistema historicamente determinado de produção social, por suas relações com os meios de produção, pelo papel que desempenham na organização social o trabalho, e, consequentemente, pelo modo como obtêm a parte da riqueza social de que dispõem e pelo trabalho desta. As classes são grupos de homens, dos quais uns podem apropriar-se do trabalho de outros por ocupar posições diferentes num regime determinado de economia social.
A classe social é um dos conceitos mais importantes no estudo da estratificação, e consiste em uma distinção e uma divisão social que resultam da distribuição desigual de vantagens e recursos, tais como riqueza, poder e prestígio.
→ Sexo e classes etárias
Sempre existiu uma estratificação sexual devido a critérios relacionados ao sexo. Desde as mais antigas sociedades de caçadores-coletores, homens e mulheres têm papéis, atribuições e privilégios muito diferentes. Entre os inuítes, os pigmeus, os papuas, os aborígenes e os ameríndios, encontra-se uma estreita repartição sexual do trabalho.
Somente os homens têm direito de caçar e manipular as armas. Do mesmo modo, eles são os únicos que podem assistir a certas cerimônias sagradas. Desse modo, as mulheres estão sujeitas ao poder dos homens. As classes etárias também servem para dividir a estratificação sexual. Nessas mesmas sociedades, para se tornar homem, caçador, é necessário transpor etapas sucessivas marcadas por rituais de passagem.
Relação entre estratificação social e desigualdade social
A relação entre estratificação social e desigualdade social é muito estreita. As desigualdades sociais assumem diversas aparências. Em nossa sociedade, as mais visíveis são as diferenças referentes à distribuição de renda. Além dessas diferenças, existem desigualdades de status, de poder e de prestígio entre homens e mulheres, entre pais e crianças, entre os mais velhos e mais jovens.
Todas essas diferenças são influenciadas pela estratificação social, que cria uma hierarquia em que os recursos são distribuídos de forma desigual. Grupos nos estratos superiores têm acesso privilegiado a recursos econômicos, educacionais e de saúde, enquanto os estratos inferiores enfrentam limitações significativas.
A estratificação social não apenas cria desigualdades como também as reproduz ao longo do tempo. Por exemplo, indivíduos nascidos em famílias de estratos superiores têm mais chances de receber uma boa educação e, consequentemente, melhores oportunidades de emprego, perpetuando sua posição privilegiada. Saiba mais sobre a relação entre estratificação e desigualdade clicando aqui.
Teorias sobre estratificação social
As teorias de estratificação social desenvolvidas por Max Weber, Karl Marx e Émile Durkheim são fundamentais para a compreensão das desigualdades e da organização das sociedades modernas. Cada um desses pensadores oferece uma perspectiva única sobre como a sociedade se estrutura e se estratifica.
→ Estratificação social, segundo Durkheim
Émile Durkheim, além de outros sociólogos, representa a perspectiva funcionalista, que argumenta que a estratificação social é necessária para o funcionamento da sociedade. Durkheim vê a divisão social do trabalho como um fator que promove a coesão social. Ele distingue entre solidariedade mecânica (em sociedades menos complexas, nas quais a coesão é baseada na similaridade) e solidariedade orgânica (em sociedades mais complexas, em que a coesão é baseada na interdependência funcional).
Nos dois casos, a estratificação social é um fato social que se impõe aos indivíduos e é necessário para a estabilidade e a integração social. A especialização do trabalho cria laços de dependência mútua, o que fortalece a coesão social. Durkheim argumenta que os princípios da divisão do trabalho são mais morais do que econômicos, pois geram solidariedade e união entre os indivíduos.
Segundo essa visão, a estratificação assegura que as posições mais importantes e complexas na estrutura social sejam preenchidas pelos indivíduos mais qualificados. Por outro lado, a desigualdade de recompensas e prestígio motiva os indivíduos a se esforçarem e se qualificarem para essas posições, garantindo, assim, a eficiência e a estabilidade social.
→ Estratificação social, segundo Karl Marx
Por outro lado, a perspectiva de conflito, associada a Karl Marx, vê a estratificação como uma consequência das relações de poder e exploração entre diferentes classes sociais. Para Marx, a sociedade capitalista é dividida principalmente entre a burguesia (detentora dos meios de produção) e o proletariado (que vende sua força de trabalho). A estratificação, nesse contexto, é um reflexo das desigualdades econômicas e das lutas de classe que surgem dessas relações de produção.
Para Karl Marx, portanto, a estratificação social é essencialmente econômica. A história da sociedade é vista como uma história de lutas de classes. A burguesia explora o proletariado, gerando desigualdade e conflito. Marx acreditava que essa exploração levaria eventualmente a uma revolução proletária e à criação de uma sociedade sem classes.
→ Estratificação social, segundo Max Weber
Max Weber, um dos fundadores da sociologia, desenvolveu uma teoria da estratificação social que se distingue por considerar não apenas fatores econômicos mas também sociais e políticos. Weber propõe uma abordagem mais complexa da estratificação, identificando três ordens principais: econômica (classes), social (status) e política (partidos). Essas esferas são inter-relacionadas, mas cada uma tem critérios específicos que influenciam a posição dos indivíduos na hierarquia social.
A classe refere-se à posição econômica dos indivíduos no mercado, baseada na posse de bens e oportunidades de vida. O status relaciona-se ao prestígio social e à honra que um indivíduo ou grupo tem, independentemente de sua posição econômica. Já o partido envolve a capacidade de um grupo de exercer poder político e influenciar a legislação e a administração pública.
Cada uma dessas formas representa diferentes maneiras pelas quais o poder e as oportunidades de vida são distribuídos e mantidos dentro de uma sociedade. A “oportunidade de vida” é um termo usado por Weber para descrever diferenças de classe social.
Weber definiu classe social quanto ao acesso de pessoas a oportunidades de vida — bens e serviços que são distribuídos desigualmente e incluem: bens materiais, como alimento e habitação; serviços, como tratamento médico, proteção policial e contra incêndios, e educação pública; e produtos culturais, como arte, música e conhecimento.
Max Weber reconhece que a mobilidade social pode ocorrer entre essas diferentes ordens, e que a estratificação social é mais fluida e complexa do que a visão dicotômica de Marx.
Diferenças entre estratificação social e classe social
As contradições entre estratificação social e classe social são muito importantes. Enquanto as classes são incompatíveis umas com as outras, isto é, excluem-se mutuamente, não acontece o mesmo com os estratos dos diversos sistemas de estratificação.
Isso significa que um indivíduo pode ter diversos status na sociedade, participar em diversas estratificações, mas apenas pode pertencer a uma classe. A estratificação social exerce uma função eminentemente conservadora na sociedade, enquanto as oposições e os conflitos de classes constituem, por excelência, um fenômeno de ordem dinâmica.
A estratificação social, ao mesmo tempo que divide a sociedade em grupos, tem por função integrar a sociedade e consolidar uma estrutura socioeconômica determinada. Essa estrutura é dividida, não pela estratificação, mas sim pelas oposições de classes sociais.
Estratificação social no mundo
Diferentes sociedades ao redor do mundo adotam sistemas variados de estratificação social, cada um com suas características específicas.
O sistema de castas é profundamente enraizado na sociedade indiana, com divisões como os brahmins (sacerdotes), kshatriyas (guerreiros), vaishyas (comerciantes) e shudras (trabalhadores), além dos dalits (intocáveis), que estão fora do sistema tradicional de castas. No Nepal, embora oficialmente abolido, o sistema de castas ainda influencia a vida social e econômica da população.
Nos Estados Unidos e no Reino Unido, a sociedade é dividida em classes como alta, média e baixa, com uma ênfase significativa na meritocracia e na mobilidade social por meio da educação e do trabalho. No caso dos Estados Unidos, até 1863, existiu um sistema de escravidão racial que dividia a sociedade entre proprietários de escravizados e escravizados, baseando-se na cor da pele.
O Reino Unido, por outro lado, é tradicionalmente dividido em classes alta, média e trabalhadora, com uma história de aristocracia e nobreza que ainda influencia a estrutura social.
O sistema de apartheid é um modelo de estratificação fundamentado pela segregação racial. No apartheid, existem leis que formalizam a separação entre diferentes grupos raciais, e a mobilidade social é severamente restrita para os grupos raciais desfavorecidos. Os grupos raciais são segregados em todos os aspectos da vida, incluindo moradia, educação e emprego.
Na África do Sul, entre 1948 e 1994, vigorou um sistema de apartheid que segregava a população em brancos, negros, indianos e mestiços, com privilégios exclusivos para os brancos.
Cada um desses sistemas de estratificação social reflete as particularidades históricas, culturais e econômicas das sociedades onde se desenvolvem, influenciando, por toda história, a vida dos indivíduos e a estrutura social como um todo.
Estratificação social no Brasil
Os estudos mais recentes sobre a estratificação social no Brasil sugerem que a mobilidade social é fortemente influenciada pela origem socioeconômica, mais do que pelo mérito educacional. No Brasil, embora a educação seja importante, as desigualdades históricas e patrimoniais entre as famílias desempenham um papel mais significativo na estratificação social.
Em outras palavras, a transferência direta de bem-estar e oportunidades de vida, entre gerações de uma família, é um fator crucial na reprodução das desigualdades sociais no país. Isso desafia a visão meritocrática de sociedade e destaca a necessidade de políticas que considerem a herança socioeconômica para promover uma maior equidade social.
Na estratificação social no Brasil, levando em consideração variáveis individuais (ocupação profissional, posição na ocupação, sexo e idade) e domiciliares (acesso ao saneamento básico, à internet, e posse de bens duráveis), além de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), podemos identificar cinco estratos socioeconômicos:
- O estrato 1 é composto majoritariamente por trabalhadores rurais informais, com péssimas condições de domicílio, especialmente em relação ao acesso à internet e aos serviços de saneamento básico, além de pouca posse de bens duráveis.
- O estrato 2 é formado principalmente por indivíduos com ocupações de supervisão e técnicas de rotina, ocupações semi e não qualificadas, e ocupações inferiores dos serviços, vendas e escritório. O estrato 2 apresenta maior heterogeneidade do que o estrato 1 e melhor equilíbrio entre trabalhadores formais e informais.
- O estrato 3 é composto por ocupações de rotina, semi e não qualificadas, e ocupações inferiores dos serviços, vendas e comércio. É mais informal que o estrato 2, com condições de afluência domiciliar semelhantes ao estrato 2, mas superior ao estrato 1 e inferior aos estratos 4 e 5.
- O estrato 4 é mais homogêneo, formado em grande parte por trabalhadores formais, principalmente assalariados com carteira, nas ocupações inferiores de serviços, vendas e escritório, ocupações de supervisão e técnicas, e ocupações intermediárias. Tem boas condições de afluência domiciliar.
- O estrato 5, majoritariamente formal, formado sobretudo por funcionários públicos estatutários e pequenos empregadores, com as melhores condições de afluência domiciliar.
A estratificação social no Brasil, portanto, é muito influenciada por dois grupos de desigualdades: as desigualdades de mercado, relacionadas à ocupação, renda e educação, e, principalmente, as desigualdades familiares, que se relacionam às oportunidades de vida, ao bem-estar e ao patrimônio familiar.
Na estratificação social brasileira, para alcançar uma mobilidade vertical, a herança socioeconômica tem um impacto maior no bem-estar dos indivíduos do que a educação formal.
Saiba mais: Marginalização e exclusão social são a mesma coisa?
Quais são as consequências da estratificação social?
A estratificação pode ter consequências para os indivíduos como dificultar a mobilidade social, mantendo indivíduos e grupos em posições fixas dentro da hierarquia social e perpetuando as desigualdades. Outra consequência é que as camadas superiores da estratificação têm acesso privilegiado a recursos como educação, saúde e segurança, enquanto as camadas inferiores enfrentam limitações significativas.
A estratificação também se manifesta geografica e materialmente, com grupos mais ricos vivendo em áreas com melhores serviços e infraestrutura, enquanto os mais pobres residem em regiões menos favorecidas e não conseguem possuir quase nada de bens duráveis.
A estratificação social, portanto, tem consequências devido à distribuição dos recursos, tais como renda e riqueza (herdada, conquistada ou obtida por algum outro meio), qualificações ocupacionais, e educação. Dependendo da sociedade, ela é afetada também por características atribuídas, como sexo, raça e etnicidade. Tudo isso interfere no desfrute das oportunidades de vida e nas desigualdades sociais.
Exercícios resolvidos sobre estratificação social
1. A estratificação social é um conceito central na sociologia que se refere à:
A) distribuição igualitária de recursos e oportunidades entre todos os membros de uma sociedade.
B) organização hierárquica de indivíduos em diferentes camadas sociais com base em critérios como riqueza, poder e prestígio.
C) eliminação de desigualdades sociais por meio de políticas públicas.
D) mobilidade social ascendente garantida para todos os cidadãos.
Gabarito: B
Comentário: A estratificação social refere-se à organização hierárquica de indivíduos em camadas ou estratos sociais com base em critérios como riqueza, poder, prestígio e outras características sociais. Isso implica que existem desigualdades estruturais na distribuição de recursos e oportunidades dentro de uma sociedade. A alternativa B é a correta, pois descreve precisamente esse conceito. As alternativas A, C e D não refletem a realidade da estratificação social, pois não consideram as desigualdades inerentes a esse sistema.
2. Qual dos seguintes fatores NÃO é tradicionalmente considerado um critério de estratificação social?
A) Renda
B) Educação
C) Idade
D) Ocupação
Gabarito: C
Comentário: Os critérios tradicionais de estratificação social incluem renda, educação e ocupação, usados para determinar a posição de um indivíduo na hierarquia social. A idade, embora possa influenciar aspectos da vida social, como a experiência de trabalho ou a aposentadoria, não é um critério tradicionalmente utilizado para definir a estratificação social. Portanto, a alternativa C é a correta. As alternativas A, B e D são critérios comumente usados para analisar a estratificação social.
Créditos das imagens
Fontes
BOURDIEU, P. A distinção: crítica social do julgamento. Porto Alegre: Zouk, 2015.
FERNANDES, D. C.; SALATA, A. R.; CARVALHAES, F. Desigualdades e estratificação: analisando sociedades em mudança. Revista Brasileira de Sociologia, Campinas, v. 5, n. 11, p. 86-112, 2017.
FERREIRA, L. He. S. Novas Categorias para Estratificação Social no Brasil: Um Modelo a Partir de Variáveis Individuais e Domiciliares de 2015. Mediações, Londrina, v. 28, n. 1, p. 1-17, jan.-abr. 2023.