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Status social

Status social é a posição de cada pessoa na estrutura da sociedade. É uma classificação que condiciona culturalmente as relações, as oportunidades e os papéis sociais.

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O status social corresponde à posição que cada grupo ocupa na dinâmica social. A diferenciação geralmente implica algum grau de hierarquia e, mesmo que se dê na ordem social, impacta a ordem econômica e a jurídica, todas se influenciando mutuamente. Essa construção histórica muda ao longo do tempo, com maior ou menor intensidade. Quanto maior for a flexibilidade à mudança, maior será a possibilidade de que dentro dela se desenvolvam percursos de mobilidade social.

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Tópicos deste artigo

O que é status social?

O status social, como conceito sociológico, é uma posição ocupada por cada indivíduo na gama de relações da estrutura social em que ele vive. Essa posição pode ser elevada, mediana, desprestigiada. É, antes de tudo, uma classificação que delimita as expectativas da sociedade sobre uma pessoa e delineia para ela os caminhos possíveis de mobilidade social. Possui uma função organizacional baseada em uma hierarquia, mais ou menos rígida conforme o local e o período histórico.

O status social organiza os grupos na dinâmica social.
O status social organiza os grupos na dinâmica social.

Esse conceito é trabalhado por sociólogos que se dedicaram a estudar a estratificação social pela qual as sociedades são organizadas. A posição de cada indivíduo dentro dessa hierarquia é o seu status social, que determina não só seu repertório comportamental, o relacionamento com as outras pessoas, mas suas oportunidades, seu acesso a recursos culturais, materiais e sua capacidade decisória.

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O status social está relacionado com as diferentes funções que desempenhamos na organização da sociedade da qual fazemos parte. Pode ser atribuído ou adquirido e determina nossa posição a partir da articulação de diversas características, como o posto de trabalho, o sexo, o nível de instrução formal, o núcleo familiar, a condição econômica, etc. Além disso, delineia papéis sociais pelos quais a conduta de cada pessoa será modulada. Não é rígido, mas mutável, assim como a cultura.

Leia também: Karl Marx – teórico que propôs um modelo que visava transformar a estrutura social

Max Weber e o status social

Max Weber foi um grande estudioso da estratificação social. A palavra estratificação deriva de estrato, que, por sua vez, quer dizer camada. Para visualizarmos o conceito, podemos imaginar uma pirâmide com faixas diferentes em sua base até o topo, cada uma representando uma camada social conforme sua concentração de ativos, como riqueza, conhecimento formal e capacidade de influência em decisões importantes. Portanto, o estudo da estratificação social no âmbito da Sociologia possibilita compreender como se configura a hierarquia social e como as desigualdades são estruturadas e reproduzidas.

Max Weber, um dos pais da Sociologia Clássica.
Max Weber, um dos pais da Sociologia Clássica.

Para Weber, a estratificação social é multidimensional, ou seja, envolve múltiplos aspectos, como renda, status e poder. Esses três mecanismos conformam o processo de dominação entre desiguais, socialmente diferenciados em classes, castas ou estamentos. Sua estruturação não se dá somente em termos econômicos, mas também em termos de poder, que ele define como sendo a capacidade de um indivíduo ou grupo de indivíduos impor sua vontade aos demais.

Weber cunhou o conceito de grupos de status ou estamentos. Esses constituem comunidades dentro da sociedade caracterizadas por respeitabilidade, honorabilidade e estima social. Diferentemente da classe social, sua legitimação não deriva do poder econômico, mas de educação, cultura própria e um estilo de vida específico de quem participa dessa comunidade por relações familiares, amizade, casamento ou atuação política. Os grupos de status distribuem o poder dentro de uma comunidade. Quanto mais estável for a estratificação econômica, maior será a preponderância da distinção a partir de honrarias sociais.

Para Weber, o status social não envolve exclusivamente o fator econômico, mas a busca por honrarias, distinção e prestígios, que podem ser alcançados também pelo poder político, pelo estilo de vida, pelo arcabouço cultural. A maneira como as honras são distribuídas determina a ordem social e influencia a distribuição e utilização dos bens e serviços. Para saber mais informações sobre esse importante autor da Sociologia, leia: Max Weber.

Tipos de status social

  • Status social atribuído: independe da vontade de seu possuidor, é conferido a ele por circunstâncias alheias à sua vontade, como a família em que nasce, se é homem ou mulher, irmão mais velho ou mais novo. O status social atribuído é também anterior ao seu possuidor, ou seja, antes que ele nasça, essa valoração já está delegada à sua família, à região onde nasceu, à sua faixa econômica, por uma construção social e histórica pregressa a ele.
  • Status social adquirido: por sua vez, depende da ação individual, dos esforços pessoais, para ser alcançado. Prosseguindo no paralelo feito acima, ser um filho obediente, ser uma mulher com formação superior, ser um político. Para esse status, é crucial a maneira como se desempenha o papel social para galgar e manter determinada posição. Portanto, o status social adquirido está diretamente relacionado com o desempenho dos papéis sociais de cada indivíduo.

Exemplos de status social

A partir da teoria weberiana, serão apontados três exemplos de grupo social e como o status social opera em cada um deles.

  • Sociedades estamentais

Weber construiu seu conceito de grupos de status com base em sociedades estamentais, como as antigas sociedades feudais europeias. Aos estratos favorecidos, como a nobreza, além do monopólio da tradição cultural, era atribuído também o monopólio das oportunidades e dos privilégios, negados a quem não fizesse parte deles.

O Contrato de Casamento, de William Hogarth, representando a nobreza do período feudal.
O Contrato de Casamento, de William Hogarth, representando a nobreza do período feudal.

O estamento envolvia prestígio, poder, hábitos culturais considerados refinados, linhagem, pertencimento social, tradição, vassalagem. Esses ativos serviam para classificar as pessoas e arbitrar suas relações. O status social poderia ser modificado, porém as possibilidades de ascensão social eram bastante reduzidas. Os grupos que gozavam de prestígio consideravam-se dignos dele e atribuíam-no a um glorioso passado, enquanto os grupos menos prestigiados postergavam para um futuro determinado por Deus a honra que almejavam também possuir neste mundo ou após a morte.

  • Sociedades de castas

Em sociedades de castas, como a indiana, os grupos de status são fechados com conjuntos de deveres e direitos definidos pelo hinduísmo. A posição social de cada casta está ligada a uma configuração histórica, que envolve elementos como linhagem, hereditariedade, função religiosa.

Na rigidez do sistema de castas, a distância social é praticada a partir da distinção entre puros e impuros, diferenciação válida para pessoas e também para alimentos, assim, determinada casta não pode se relacionar com pessoas consideradas impuras nem se alimentar dos alimentos considerados impuros, logo, desenvolvem-se hostilidades engendradas a partir da posição social.

Os casamentos só se realizam entre pessoas da mesma origem, isto é, pertencentes à mesma casta. A conduta dos integrantes de cada casta é prescrita pelos deuses, sendo assim, a vontade divina é determinante no processo de socialização. Os costumes são transmitidos de geração em geração e têm pouca variação ao longo do tempo. Não há mobilidade social, pois as posições da casta são determinadas pelo nascimento e não podem ser modificadas via casamento, estudo formal, ocupação ou qualquer outro recurso.

  • Classes sociais

As classes sociais, diferentemente das sociedades estamentais ou de castas, são definidas pelo componente econômico e suas variáveis, tais como renda, posse de propriedade, serviço ofertado no mercado de trabalho, capacidade de consumo. Aqui, não há fixidez de posição, é possível transitar entre as classes e mesmo pertencer a mais de uma.

Weber tipifica a classe social, que é geracional, como a pequena burguesia e o proletariado; a classe lucrativa, cujos bens e serviços são valorizados, como profissionais liberais, banqueiros, comerciantes, industriais, empresários; e a classe proprietária, cujo prestígio depende do tamanho e importância da propriedade, desde monopolistas de serviços e donos de grandes patrimônios até endividados, que têm somente sua força de trabalho como objeto de propriedade.

A posição social invariavelmente é perpassada pelo mundo do trabalho. Assim, a hierarquização é definida a partir do mercado de trabalho. O status social aqui, entre outros fatores, entrelaça-se à instrução formal, a habilidades de trabalho que são valorizadas e à capacidade de influir em decisões importantes.

Nós, por exemplo, chamamos de doutores, em sinal de deferência, aqueles que estudam anos a fio nas instituições de ensino superior; chamamos de doutores os médicos, que têm por missão salvar vidas, e chamamos de doutores os juízes que desfrutam de uma posição de influência no Estado. Se quiser saber mais sobre esse importante conceito sociológico, acesse: classe social.

Diferenças entre status social e papel social

Como já vimos, o status social determina nossa posição dentro de uma sociedade. O papel social define nossos direitos e deveres, os quais demarcam a posição que ocupamos em relação às outras pessoas, em outras palavras, o que se espera de nós, que tipo de ações devemos tomar para corresponder àquele status, qual o comportamento adequado para a função que desempenhamos no grupo social do qual fazemos parte. Por exemplo: quais são os meus direitos e deveres como mulher? E como mãe? E como filha? E como socióloga? Cada uma dessas perguntas corresponde a um papel social. E o status social é composto pela soma dessas funções.

O papel social é um conceito que possui estreita relação com o teatro.
O papel social é um conceito que possui estreita relação com o teatro.

Papel social é uma expressão que alude ao teatro. Assim como personagens agem de acordo com cada cena e com seus interlocutores, os papéis sociais são desempenhados conforme a ocasião, o contexto e o interlocutor. Nossa conduta é diversa quando estamos em casa de quando estamos no trabalho, na escola, em um local público. Também muda conforme a pessoa com quem nos relacionamos e nossa posição em relação a ela: cônjuge, chefe, funcionário, pai, filho, líder religioso, professor, aluno, etc.

Somos socialmente constrangidos a seguir um padrão de conduta e, caso nos desviemos dele, haverá sanções, desde uma advertência até expulsão ou mesmo reclusão. Os direitos e deveres atribuídos a cada papel social acabam por formar padrões de comportamento que delimitam o que é aceitável ou não como atitude praticada.

O status e o papel social classificam, dentro de uma estrutura social, as funções de cada pessoa, de modo a organizar as relações conforme os conjuntos de ações esperadas, em um arranjo coeso, produtivo e com baixo potencial de conflito. Nas sociedades capitalistas, as profissões, conforme a valorização de sua função social e sua capacidade de produzir ganho material, estão diretamente relacionadas com o valor da posição que um indivíduo ocupa, portanto com o seu status social.

 

Por Milka de Oliveira Rezende
Professora de Sociologia

Escritor do artigo
Escrito por: Milka de Oliveira Rezende Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

REZENDE, Milka de Oliveira. "Status social"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/status-social.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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