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Memórias de um sargento de milícias

Memórias de um sargento de milícias é um romance urbano escrito por Manuel Antônio de Almeida. A obra mostra as peripécias do anti-herói brasileiro Leonardo.

Capa do livro “Memórias de um sargento de milícias”, de Manuel Antônio de Almeida, publicado pela editora Moderna.
Capa do livro Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, publicado pela editora Moderna.[1]
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Memórias de um sargento de milícias é um romance urbano do romantismo brasileiro. Publicado, pela primeira vez, em 1854, ele conta a história de Leonardo, um anti-herói nacional. O protagonista, assim, não é perfeito. Desde criança, é dedicado a travessuras e, na juventude, à vadiagem.

Apesar da época de sua produção, a obra possui elementos realistas, já que não recorre à típica idealização romântica. Ela também apresenta protagonistas da classe baixa, é irônica e tem partes cômicas. Dessa forma, Manuel Antônio de Almeida foi um autor inovador no contexto do romantismo brasileiro.

Leia também: O guarani — análise de uma das principais obras do romantismo brasileiro

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a obra Memórias de um sargento de milícias

  • Memórias de um sargento de milícias é uma obra de Manuel Antônio de Almeida.

  • A história desse romance urbano ocorre na cidade do Rio de Janeiro.

  • Apresenta as peripécias do anti-herói Leonardo.

  • Mostra sua trajetória desde o nascimento até ele se tornar sargento de milícias.

  • O romance, publicado em 1854, está associado ao romantismo brasileiro.

  • Apresenta traços realistas ao não idealizar o herói, suas amadas e o amor.

Videoaula sobre a obra Memórias de um sargento de milícias

Análise da obra Memórias de um sargento de milícias

Personagens da obra Memórias de um sargento de milícias

  • Chico-Juca: conhecido de Leonardo-Pataca

  • Chiquinha: filha da comadre

  • Cigana: amante de Leonardo-Pataca

  • Comadre: parteira, e madrinha do protagonista

  • Compadre: barbeiro, e padrinho do protagonista

  • D. Maria: amiga do barbeiro

  • José Manuel: conhecido de d. Maria

  • Leonardo: protagonista

  • Leonardo-Pataca: pai do protagonista

  • Luisinha: sobrinha de d. Maria

  • Maria da hortaliça: mãe do protagonista

  • Maria-Regalada: paixão do Vidigal

  • Teotônio: banqueiro de uma roda de jogo

  • Tomás: amigo de Leonardo

  • Vidigal: major

  • Vidinha: prima de Tomás

Tempo da obra Memórias de um sargento de milícias

A narrativa apresenta tempo cronológico e se passa entre 1808 e 1821, período referente ao governo de d. João VI (1767-1826).

Espaço da obra Memórias de um sargento de milícias

A história transcorre na cidade do Rio de Janeiro.

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Enredo da obra Memórias de um sargento de milícias

Leonardo-Pataca é um português que conhece Maria da hortaliça no navio rumo ao Brasil. Aqui chegando, decidem morar juntos. Do relacionamento entre Leonardo-Pataca e Maria da hortaliça, nasce o herói da história — Leonardo. O pequeno Leonardo não é flor que se cheire: “atormentava a vizinhança com um choro sempre em oitava alta; era colérico; [...], e era estranhão até não poder mais”.|1|

É mimado pelo padrinho, que o protege quando o menino comete alguma traquinagem. Por fim, a mãe abandona o lar; depois, o pai também vai embora. A criança, com sete anos, fica aos cuidados do padrinho.

Quando Leonardo está com nove anos, o padrinho decide lhe ensinar a ler e a escrever; porém o menino tem muita dificuldade de aprender. Apesar de rir de todas as suas traquinagens, o padrinho fica triste com o fato de que ele

[…] tem para a reza, e em geral para tudo quanto diz respeito a religião, uma aversão decidida; não é capaz de fazer o pelo-sinal da esquerda para a direita, fá-lo sempre da direita para a esquerda, e não foi possível ao padrinho, apesar de toda a paciência e boa vontade, fazê-lo repetir de cor sem errar ao menos a metade do padre-nosso; em vez de dizer “venha a nós o vosso reino” diz sempre “venha a nós o pão nosso”.|2|

Por fim, o padrinho coloca o afilhado em uma escola. No primeiro dia de aula, o menino já recebe castigo físico, então declara guerra à escola. Contudo, à custa “de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e sobretudo de muita paciência, conseguiu o compadre que o menino frequentasse a escola durante dois anos e que aprendesse a ler muito mal e escrever ainda pior”.|3|

Certo dia, o padrinho é surpreendido quando Leonardo diz que quer trabalhar como sacristão. Assim, o menino finalmente consegue abandonar a escola. Como sacristão, a criança também faz das suas estripulias; mas o pequeno Leonardo tem sorte, pois, além do padrinho barbeiro, consegue a proteção de d. Maria.

Depois de conhecer Luisinha, sobrinha de d. Maria, Leonardo se apaixona pela moça, tendo assim o seu primeiro amor. Padrinho e afilhado conhecem José Manuel, que frequenta a casa de d. Maria, e “nenhum dos dois lhe ficou por certo querendo muito bem, e este não querer bem foi crescendo de dia em dia, especialmente pela parte do Leonardo”.|4|

O motivo disso é que, instintivamente, Leonardo percebe que José Manuel é uma ameaça que pode lhe tirar Luisinha. José Manuel está de olho na herança que a sobrinha receberá quando a tia morrer. Desse modo, Leonardo, com o padrinho e a madrinha, se empenham para vencer o inimigo.

Paralelamente a isso, Leonardo-Pataca, vivendo em paz com Chiquinha, filha da comadre, se torna pai de uma menina. Um ou dois dias depois, a cidade assiste a um escândalo, uma jovem de família rica foge com um homem. A comadre vai até a casa de d. Maria e mente dizendo que é José Manuel. Desse modo, d. Maria rompe relações com José Manuel.

O padrinho de Leonardo adoece e morre. Assim, o jovem Leonardo, a madrinha, Leonardo-Pataca e Chiquinha passam a morar juntos. Logo a madrasta e o enteado começam a se desentender. Por fim, uma briga, envolvendo o pai, faz Leonardo sair de casa.

Ele encontra Tomás, um companheiro de infância, e conhece Vidinha, prima do amigo. Logo se apaixona por ela. Leonardo passa a morar na casa da família de Tomás, onde também vive Vidinha. Enquanto isso, d. Maria descobre que José Manuel é inocente das acusações feitas pela madrinha de Leonardo. José Manuel então se casa com Luisinha.

Já Leonardo é preso por vadiagem, mas consegue fugir do major Vidigal. Isso só faz aguçar a fúria de Vidigal, que agora quer vingança. Após se indispor com Vidinha, Leonardo é capturado novamente e obrigado a seguir carreira militar.

No entanto, continua aprontando das suas também no quartel e é preso outra vez. Enquanto isso, Luisinha vive um casamento infeliz, já que seu marido não demora a agir conforme sua verdadeira intenção. Isso permite a reaproximação entre d. Maria e a madrinha de Leonardo. D. Maria conhece, faz tempo, Maria-Regalada, paixão do major.

Assim, as três vão pedir a Vidigal que Leonardo seja solto, e o pedido é atendido em função do afeto de Vidigal por Maria-Regalada. Por fim, José Manuel tem um ataque apoplético e falece. Por sua vez, Leonardo é promovido a sargento de milícias e acaba se casando com a viúva Luisinha.

Narrador da obra Memórias de um sargento de milícias

A narrativa apresenta narrador onisciente, conhecedor de todos os detalhes referentes aos personagens, sabedor até mesmo de seus pensamentos mais íntimos.

Características da obra Memórias de um sargento de milícias

Estrutura da obra Memórias de um sargento de milícias

O romance é dividido em 48 capítulos.

Estilo literário da obra Memórias de um sargento de milícias

Memórias de um sargento de milícias, publicado, pela primeira vez, em 1854, é um romance urbano inserido no romantismo brasileiro, mas que apresenta traços realistas. Isso porque não idealiza o amor nem a mulher, além de não apresentar um protagonista da elite burguesa. Seu herói possui imperfeições e convive com a classe baixa carioca. É também uma obra irônica, marcada pelo humor.

Veja também: Memórias póstumas de Brás Cubas — a principal obra realista da literatura brasileira

Contexto histórico da obra Memórias de um sargento de milícias

Devido aos problemas de saúde mental da rainha Maria I (1734-1816), seu filho d. João VI assumiu a regência de Portugal em 1792. Anos mais tarde, em 1806, Napoleão Bonaparte (1769-1821), imperador francês, decretou o Bloqueio Continental, de modo a impedir o comércio entre países europeus e Inglaterra.

No ano seguinte, Portugal foi pressionado a aderir ao Bloqueio. Temendo a invasão francesa, a Corte portuguesa embarcou rumo ao Brasil no final desse ano. Assim, no início de 1808, a frota portuguesa chegou ao Brasil, acontecimento que deu início ao Período Joanino.

No Período Joanino, o príncipe regente abriu os portos brasileiros para o comércio com a Inglaterra. Houve também o incentivo à produção nacional e a criação de uma Faculdade de Medicina em Salvador e outra no Rio de Janeiro. Além disso, foram construídos teatros e bibliotecas no Brasil. Com o desenvolvimento do país, ocorreu um aumento significativo do número de habitantes na cidade do Rio de Janeiro.

Quem foi Manuel Antônio de Almeida, autor de Memórias de um sargento de milícias?

Fotografia de Manuel Antônio de Almeida, o autor de “Memórias de um sargento de milícias”.
Manuel Antônio de Almeida foi um importante autor da literatura brasileira.

Manuel Antônio de Almeida nasceu no dia 17 de novembro de 1831, na cidade do Rio de Janeiro. Era filho de portugueses e ficou órfão de pai ainda na infância. Mais tarde, em 1849, iniciou a Faculdade de Medicina, concluída em 1855. Além disso, ganhava a vida como tradutor e nunca exerceu a medicina.

Dirigiu a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional e foi administrador da Tipografia Nacional. Também atuou como segundo oficial da Secretaria da Fazenda. O romancista morreu no dia 28 de novembro de 1861, durante o naufrágio do navio Hermes. Para saber mais detalhes sobre Manuel Antônio de Almeida, clique aqui.

Notas

|1|, |2|, |3| e |4| ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2004.

Crédito de imagem

[1] Editora Moderna (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Manuel Antônio de Almeida: biografia. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/manuel-antonio-de-almeida/biografia.

ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2004.

ALMEIDA, Manuel Antônio de. Obra dispersa. Rio de Janeiro: Graphia, 1991.

BARBARÁ, Maria Lúcia de Azambuja. Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida: do encalhe à reedição. 1996. Dissertação (Mestrado em Letras) – Instituto de Letras e Artes, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1996.

BIBLIOTECA NACIONAL. Cronologia: período joanino. Disponível em: https://bndigital.bn.br/projetos/expo/djoaovi/cronologia.html.

SILVA, Daniel Neves. O que foi o Período Joanino? Brasil Escola, c2023. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/historia/o-que-foi-periodo-joanino.htm.  

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Memórias de um sargento de milícias"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/memorias-de-um-sargento-de-milicias.htm. Acesso em 27 de abril de 2024.

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