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Helena Morley (pseudônimo de Alice Dayrell Garcia Brant) nasceu em 28 de agosto de 1880, em Diamantina, no estado de Minas Gerais. Quando tinha 12 anos de idade, começou a escrever um diário, que foi publicado décadas depois, em 1942. A obra logo alcançou grande sucesso.
A autora, que faleceu em 20 de junho de 1970, no Rio de Janeiro, escreveu apenas um livro: o diário Minha vida de menina. Essa obra tem grande valor histórico, já que registra a cultura, os costumes e os preconceitos da sociedade mineira do fim do século XIX. Além disso, evidencia o universo feminino de uma adolescente dessa época.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Helena Morley
- 2 - Biografia de Helena Morley
- 3 - Características da obra de Helena Morley
- 4 - Obras de Helena Morley
Resumo sobre Helena Morley
- A autora brasileira Helena Morley nasceu em 1880 e faleceu em 1970.
- Além de escrever seu diário, também atuou como professora.
- Minha vida de menina é a única obra literária escrita pela autora.
- Seu diário traz a realidade de uma adolescente do século XIX.
Biografia de Helena Morley
Helena Morley é pseudônimo de Alice Dayrell Garcia Brant, que nasceu em 28 de agosto de 1880, em Diamantina, no estado de Minas Gerais. Ela era descendente de ingleses por parte de pai: o minerador Felisberto Moirell Dayrell.
No final do século XIX, por influência de seu pai, decidiu escrever um diário, onde registrou suas vivências entre 1893 e 1895. Ela também cursou a Escola Normal e trabalhou como professora. Em 1900, se casou com seu primo, jornalista e futuro deputado Augusto Mário Caldeira Brant (1876–1968), com quem teve seis filhos.
Alice Dayrell morava no Rio de Janeiro, quando, em 1942, por sugestão do marido, decidiu publicar seu diário Minha vida de menina. Assim, escolheu Helena como pseudônimo e acrescentou o sobrenome de sua avó materna: Morley. A autora ficou surpresa com o enorme sucesso do livro, sucesso que a acompanhou até o fim de sua vida.
Ela faleceu em 20 de junho de 1970, no Rio de Janeiro, com quase 90 anos de idade, e se tornou patrona da cadeira 13 da Academia Feminina Mineira de Letras (Afemil). Além disso, no centenário de seu nascimento, o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902–1987) escreveu uma crônica em sua homenagem, intitulada Helena e Alice num centenário. O texto foi publicado no Jornal do Brasil, em 30 de agosto de 1980.
Características da obra de Helena Morley
- Escrita memorialística ou autobiográfica.
- Protagonismo da voz feminina.
- Elementos do gênero diário.
- Retrato da sociedade mineira do fim do século XIX.
- Caráter de crônica.
- Fatos do cotidiano.
- Linguagem simples e objetiva.
- Regionalismo.
- Humor.
- Crítica social.
Saiba mais: Carolina Maria de Jesus — escritora brasileira de um diário que faz profundas críticas sociais
Obras de Helena Morley
Helena Morley escreveu apenas uma obra: o famoso diário Minha vida de menina.
→ Minha vida de menina
Minha vida de menina é um diário que retrata a adolescência de Helena Morley. Mais especificamente, ele mostra a vida da menina entre 12 e 15 anos de idade. A história, portanto, se passa logo depois da abolição da escravatura e em plena república. Assim, começa a ser escrita em 5 de janeiro de 1893 e termina em 31 de dezembro de 1895.
Na obra, Alice Dayrell não alterou apenas seu nome, mas também o da mãe, do pai, dos irmãos, da irmã e do primo, que no livro se chamam, respectivamente, Carolina, Alexandre, Renato, Nhonhô, Luisinha e Leontino. Um dos personagens de destaque em seu diário é sua avó materna, Teodora, uma viúva rica que parece gostar mais de Helena do que dos outros netos.
Outro personagem que também chama a atenção é seu avô paterno, não pela recorrência, mas por sua importância cultural. Ele era protestante, por isso, não teve o corpo sepultado na igreja e foi para o “céu dos ingleses”. Esse fato gera comentários na cidade:
Meu avô não foi enterrado na igreja porque era protestante; foi na porta da Casa de Caridade e até hoje se fala nisso em Diamantina.
Apesar de ter uma avó rica, os pais dela são pobres. O pai é minerador, mas não tem sucesso. Durante os três anos de diário, a menina tece reflexões sobre vários acontecimentos do cotidiano de Diamantina. Ela menciona boatos, costumes e superstições da cidade. Também faz comentários sobre integrantes de sua família e conta coisas que ocorrem na vizinhança.
Além disso, algo recorrente na obra é a referência a pessoas negras. Nesse caso, é perceptível a ênfase na diferença e nos preconceitos da época. A avó materna é uma escravocrata, e, segundo a menina, na chácara,
moram ainda muitos negros e negras do tempo do cativeiro, que foram escravos e não quiseram sair com a Lei de 13 de Maio. Vovó sustenta todos.
Em outro momento, Helena comenta que ela e a irmã gostam muito de criança e quando
não encontramos menino branquinho carregamos mesmo os negrinhos da Chácara.
Além disso, a vizinha Siá Ritinha não deixa Helena brincar com as “colegas escuras” e diz:
Isto é para te tirar da charola das negrinhas. Já te disse que você não é menina para brincar com elas!.
Há muitos relatos na obra que demonstram o forte racismo da época. Quando Helena começa a dar aula na escola de sua tia Madge, mas pensa em desistir, ouve este comentário da tia:
O quê? Não volta? Então quer me desiludir e me convencer de que uma mulata como Zinha é mais capaz do que você?.
O livro Minha vida de menina tem grande importância histórica. Afinal, retrata a cultura, os costumes e os preconceitos da época. Mostra não só o universo feminino, mas o lugar ocupado pelas mulheres na sociedade daquele tempo, além de explicitar o racismo e a forte religiosidade presente na vida dos habitantes de Diamantina, Minas Gerais.
→ Videoaula sobre a análise literária de Minha vida de menina
Crédito de imagem
[1] Companhia das Letras (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura