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Os persas eram um povo da Antiguidade que habitava o planalto iraniano e que formou um grande império a partir do século VI a.C. Esse foi o Império Aquemênida, formado por meio da liderança de Ciro II ou Ciro, o Grande. Os persas se rebelaram contra os medos, que dominavam a região, e formaram um dos maiores impérios da Antiguidade.
Os persas viram suas fronteiras aumentarem depois de Ciro e tiveram grandes reis, como Dario I. Estabeleceram uma moeda em todo o império, organizaram seu território em satrapias, para facilitar na administração, e mantinham os sátrapas sob vigilância para garantir sua lealdade. Foram conquistados por Alexandre, o Grande em 330 a.C.
Possuíam uma religião monoteísta conhecida como zoroastrismo e afirmavam que Ahura Mazda era o criador do Universo. Ficaram conhecidos por conceder grande liberdade para que os povos dominados pudessem manter suas tradições e religião, desde que pagassem os impostos devidos. A economia persa se baseava na agricultura e no comércio marítimo.
Leia mais: Guerras Médicas — ocorreram entre Grécia e Pérsia pelo domínio do Mundo Antigo
Tópicos deste artigo
- 1 - Videoaula sobre Império Persa
- 2 - Origem dos persas
- 3 - Império Aquemênida
- 4 - Religião dos persas
- 5 - Cultura e sociedade dos persas
- 6 - Economia dos persas
- 7 - Decadência dos persas
Videoaula sobre Império Persa
Origem dos persas
O Império Persa se desenvolveu na região do planalto iraniano, onde fica a atual República Islâmica do Irã, mas que, na Antiguidade, era a região vizinha da Mesopotâmia. A presença humana no planalto iraniano de maneira semissedentária remonta a 10.000 a.C. Desse período em diante, estabeleceu-se uma série de tribos com estilos de vida semelhantes, embora também com suas particularidades.
Grande parte dessas tribos se estabeleceu na região a partir do terceiro milênio a.C., com destaque para os arianos, entendidos como o grupo de povos de origem indo-ariana. O termo “ariano” é usado aqui para se referir a uma série de povos, como os persas, os partas, os medos, os alanos, entre outros.
Todos esses povos coexistiam no planalto iraniano, mas, em meados do século VIII a.C., um deles, os medos, estabeleceu um pequeno império na região, ao redor de sua principal cidade, Ecbátana. Daí em diante, toda a região passou a ser dominada por eles.
Os persas eram um dos povos sob o domínio dos medos, e, no século VI a.C., eles se rebelaram contra esse domínio. Eles eram formados por algumas tribos, entre as quais estava Pasárgada, liderada pelo clã aquemênida. Em 559 a.C., esse clã passou a ter um novo líder, Ciro II, conhecido posteriormente como Ciro, o Grande.
Ciro conseguiu se unir com outras tribos que habitavam o planalto iraniano e formar um exército que se rebelou contra os medos. Em 550 a.C., os persas, sob a liderança de Ciro, o Grande, derrotaram os medos e passaram a dominar o planalto iraniano. No local da vitória foi construída a nova capital persa: a cidade de Pasárgada.
Império Aquemênida
Como Ciro pertencia à Dinastia Aquemênida, convencionou-se chamar o império formado por ele da mesma forma. Esse império, como já vimos, era controlado pelos persas e foi um dos maiores e mais organizados da Antiguidade. Os primeiros anos do domínio persa sobre o planalto iraniano ficaram marcados pela necessidade de controlar todos os povos que habitavam a região.
Ciro, o Grande teve de lidar com povos que tentaram se aproveitar da queda dos medos para se rebelarem e conquistarem sua própria independência. Além disso, uma série de conquistas territoriais ocorreram durante seu reinado. Ele conquistou a cidade de Sardis, na Lídia, em 546 a.C., e a Babilônia, em 539 a.C., formando um território que se estendia da Turquia às portas da Índia.
Ciro, o Grande estabeleceu um princípio que foi a marca do Império Aquemênida: o respeito à diversidade cultural. Os persas cobravam tributos dos povos conquistados, mas permitiam que eles mantivessem suas tradições culturais e religiosas. Isso, a princípio, contribuiu para assegurar seu domínio.
Em 530 a.C., Ciro II faleceu e o poder foi transmitido para seu filho, Cambises II. O reinado deste rei ficou marcado pela conquista do Egito em 525 a.C. No entanto, em 522 a.C., Cambises II foi assassinado, e Dario I assumiu o poder do Império Aquemênida. Dario I conseguiu estender os domínios persas, conquistando terras no Vale do Rio Indo, e organizou o seu império em satrapias.
As satrapias eram basicamente províncias, sendo 20 no total, e eram entregues ao comando de homens nomeados pelo próprio imperador. Os homens responsáveis pela administração das satrapias receberam o nome de sátrapas. Para evitar que os sátrapas se rebelassem, Dario I mantinha uma rede de espiões que o informavam de qualquer ato de infidelidade.
Dario I promoveu uma série de melhorias ao Império Aquemênida: estabeleceu uma moeda comum para todo o reino; construiu Persépolis e converteu-a na nova capital; construiu estradas para facilitar a locomoção das tropas e dos mensageiros do rei; e melhorou o sistema de envio de mensagens.
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Guerras Médicas
Em 499 a.C., durante o reinado de Dario I, houve uma revolta de cidades gregas na Jônia, região na Ásia Menor, dominada pelos persas. O rei então decidiu realizar uma expedição militar punitiva contra Atenas, cidade grega que forneceu apoio à rebelião grega na Jônia. Isso deu início à Primeira Guerra Médica, em 492 a.C.
As tropas enviadas por Dario I tentaram subjugar os gregos, mas a união de cidades gregas fez com que os persas fossem derrotados nesse conflito, o que se concretizou em 490 a.C., durante a Batalha de Maratona. No entanto, essa derrota não conteve o espírito conquistador dos persas, que, anos depois, tentaram novamente anexar a Grécia.
Durante o reinado de Xerxes I, imperador persa entre 486 a.C. e 465 a.C., foi organizada a segunda invasão da Grécia pelos persas. Dessa vez, os persas organizaram um exército de milhares de soldados, que iniciaram a Segunda Guerra Médica, em 480 a.C. Novamente, os persas foram derrotados, perdendo batalhas fundamentais, como as travadas em Salamina e Plateia.
Com a nova derrota, os persas assinaram um acordo com os gregos, assegurando que não tentariam invadir a Grécia novamente. Esse tratado, no entanto, demorou décadas para ser assinado, uma vez que as derrotas em Salamina e Plateia aconteceram em 480 a.C. e 479 a.C. respectivamente. O acordo de paz entre gregos e persas ficou conhecido como Paz de Cálias, sendo assinado em 449 a.C.
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Videoaula sobre Guerras Médicas
Religião dos persas
Inicialmente, os persas praticavam uma religião politeísta, isto é, com um panteão formado por diferentes deuses. Uma dessas divindades era Ahura Mazda, quem eles acreditavam ser o criador do Universo e da vida, inclusive dos outros deuses. No entanto, a religião persa sofreu uma profunda alteração por meio das pregações de Zoroastro.
Esse profeta viveu nas terras persas em algum momento entre os anos de 1500 a.C. e 1000 a.C. Durante a vida de Zoroastro, sabe-se que ele alegou ter recebido uma revelação que lhe trouxe uma nova verdade religiosa. Nessa revelação, ele viu que Ahura Mazda era a única divindade verdadeira e que todos deveriam seguir alguns princípios.
Esses princípios determinavam que Ahura Mazda era inteiramente bom e que tinha um adversário chamado Angra Mainyu, considerado inteiramente mal. Além disso, as pessoas deveriam manifestar a bondade de Ahura Mazda por meio de ações, práticas e palavras. Cada pessoa tinha livre-arbítrio para seguir o bem ou o mal.
Acredita-se que, por volta do século VI a.C., o zoroastrismo se tornou popular entre os persas, sendo a principal religião do Império Aquemênida, e os persas ficaram conhecidos por sua política de tolerância religiosa. O zoroastrismo também foi muito popular no Império Sassânida e no Império Parta. Caso queira saber mais sobre o tema deste tópico, leia: Zoroastrismo, a religião dos persas.
Cultura e sociedade dos persas
A cultura persa cresceu e se difundiu fortemente depois que o Império Aquemênida foi formado por Ciro, o Grande, no século VI a.C. No âmbito cultural e religioso, Ciro ficou marcado por conceder grande liberdade para os seus súditos, permitindo que eles praticassem sua própria religião, desde que pagassem os impostos necessários.
A pirâmide social persa era diretamente influenciada pela visão de mundo religiosa desse povo, e acreditava-se que o poder do rei havia sido dado pelos deuses. Os persas chamavam essa graça divina dada aos reis de farr, e quando se entendia que um rei perdia essa benção, ele era deposto.
O rei e sua família eram o topo da sociedade persa, e havia ainda outros grupos. Abaixo do rei, estavam os sacerdotes; os nobres, que formavam a aristocracia e eram compostos por pessoas como os sátrapas; os comandantes militares e membros de forças militares de elite, como os imortais; os comerciantes; os artesãos; os camponeses; e, por fim, os escravizados.
Na sociedade persa, homens e mulheres poderiam ter os mesmos trabalhos e havia um notório respeito pelas mulheres, que poderiam assumir posições de grande importância. Existem fontes persas que apontam que o trabalho delas era remunerado de maneira igual ao dos homens.
Leia mais: Hebreus — povo da Antiguidade que se estabeleceu na região de Canaã
Economia dos persas
A base da economia persa era os camponeses, que realizavam o trabalho mais pesado nas terras. Eles poderiam possuir sua própria terra, e nela criavam os seus animais. Também eram convocados para trabalhar nas obras designadas pelo rei. Os escravizados eram o grupo mais baixo e não poderiam ser tratados de maneira violenta, além de receberem alguma compensação financeira pelo seu trabalho.
A atividade econômica persa era mesmo a agricultura, e os persas comercializavam uma série de itens produzidos em suas plantações, como cevada, uvas, gergelim, linho, feijões, entre outros. As boas estradas no interior do Império Aquemênida facilitavam o deslocamento dessas mercadorias, embora os persas também praticassem o comércio marítimo.
O pagamento das mercadorias acontecia pela moeda circulante no Império Aquemênida: o dárico, cunhado a partir do reinado de Dario I.
Decadência dos persas
Depois do reinado de Xerxes I, o Império Aquemênida entrou em decadência, mas sua queda só aconteceu mais de um século depois desse reinado. Aos poucos, o poder dos reis persas foi sendo minado por sátrapas corruptos, pela crise econômica e pela grande quantidade de povos sob o controle da Dinastia Aquemênida.
O fim do Império Persa passa pela ascensão de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia que assumiu o poder em 336 a.C. Em 334 a.C., ele iniciou uma campanha de conquista territorial que levou ao fim do Império Aquemênida, em 330 a.C., depois que o rei Dario III, derrotado pelos macedônicos, foi morto. A morte do rei persa fez com que seu império fosse conquistado pelos macedônicos.
Por Daniel Neves
Professor de História