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Alexandre III da Macedônia, também conhecido como Alexandre, o Grande, foi o rei do Império da Macedônia entre 336 a.C. e 323 a.C., no período helenístico da história da Grécia Antiga. Alexandre sucedeu seu pai a partir de 336 a.C. e iniciou uma série de campanhas militares, que consolidaram seu poder na Grécia e conquistaram inúmeros territórios na Ásia, estendendo seu império até as margens do Rio Indo.
Veja também: A educação no período Helenístico: a Paideia na época de Alexandre, o Grande.
Tópicos deste artigo
- 1 - Ascensão de Alexandre ao poder
- 2 - Campanha de conquista da Pérsia
- 3 - Morte de Dario
- 4 - Campanha indiana e a morte de Alexandre
Ascensão de Alexandre ao poder
Os macedônios eram um povo que habitava o norte da Grécia e que se considerava helenizado, inclusive compartilhando muitos elementos culturais com os gregos. Em 338 a.C., durante a Batalha de Queroneia, Filipe II da Macedônia venceu uma liga grega liderada por Atenas e Tebas e marcou o início do domínio macedônico na região. Esse foi o fim do período clássico da história grega e início do período helenístico.
Filipe II tinha planos de organizar um grande exército, composto de macedônios e gregos, para iniciar uma campanha de conquista dos territórios do Império Persa e derrotar o rei Dario III. Seu projeto era visto com desconfiança por muitos gregos, sobretudo pelos atenienses. Em 336 a.C., o plano de Filipe II foi colocado em xeque após ele ser assassinado por seu guarda-costas, Pausânias.
O assassinato de Filipe II, segundo os historiadores, pode ter acontecido por questão pessoal e passional envolvendo ele e Pausânias, como pode ter sido também parte de uma conspiração dos inimigos do rei visando assassinar tanto Filipe quanto Alexandre, seu filho e sucessor. Com o assassinato de Filipe II, Alexandre assumiu o trono macedônio aos 20 anos.
O assassinato de Filipe em 336 a.C. desencadeou uma forte crise na Macedônia, e Alexandre teve de assumir posturas enérgicas para reafirmar seu poder sobre a região. Primeiramente, Alexandre precisou impor-se contra usurpadores que tentavam tomar seu trono: seu primo Amintas e os príncipes da família que controlavam uma região chamada Lincestida. As ações de Alexandre foram eficazes, e Amintas e os príncipes da Lincestida foram executados a mando do rei macedônio.
Além disso, povos sob domínio da Macedônia – com destaque para os ilírios – aproveitaram-se da instabilidade do poder e atacaram os macedônios. Alexandre rapidamente contornou essas rebeliões. Por fim, um boato sobre a sua morte em batalha contra os ilírios fez com que a cidade de Tebas se rebelasse contra os macedônios. Alexandre reconquistou-a, esmagou a rebelião e ofereceu o saque da cidade aos seus soldados como punição aos tebanos.
Após consolidar seu poder na Macedônia e na Grécia, Alexandre formou um grande exército composto por gregos, macedônios e outros povos conquistados, como os tribalos e peônios, e iniciou a campanha de conquista da Ásia, dominada pelos persas desde 334 a.C. Na Macedônia, deixou Antípatro como governante de confiança.
Campanha de conquista da Pérsia
Alexandre chegou à Ásia Menor no começo de 334 a.C., acompanhado de aproximadamente 50 mil sodados. Ele iniciou a conquista da região com uma grande batalha travada em abril do mesmo ano: a Batalha de Grânico. Consta nos registros que, nessa batalha, grande número de soldados da cavalaria persa foi morto pelos exércitos de Alexandre e a vitória foi dos macedônios.
Essa vitória permitiu a Alexandre estender o seu controle sobre inúmeras cidades da região, uma vez que o poder persa havia se fragilizado. Assim, em pouco tempo, toda a Frígia e Lídia foram conquistadas por Alexandre. Um último foco de resistência persa concentrou-se em Halicarnasso e também foi derrotado. Com as conquistas, Alexandre transformou essas cidades de origem grega em pólis democráticas.
Com a Ásia Menor conquistada, Alexandre partiu com seus exércitos na direção da Síria em 333 a.C. A resposta de Dario III foi dada com um grande exército enviado para conter os macedônios. O encontro dos dois grandes exércitos aconteceu no mesmo ano, durante a Batalha de Isso. Os macedônios alcançaram grande vitória em Isso, e Dario III fugiu desesperadamente para o oriente, deixando sua família sob a posse de Alexandre.
A vitória em Isso permitiu Alexandre conquistar todas as grandes cidades da faixa que atualmente corresponde a Síria, Líbano e Palestina. A única cidade da região que não se submeteu aos macedônios foi Tiro, que impôs resistência e obrigou os macedônios a realizarem um cerco de oito meses para conquistá-la. Como punição, Alexandre autorizou a pilhagem da cidade e a escravização de seus cidadãos em 332 a.C.
Após a conquista de Tiro, Alexandre partiu rumo ao Egito, local onde foi bem recebido. A estadia de Alexandre no Egito deixou como legado a fundação da cidade de Alexandria em 331 a.C. A fundação dessa cidade tinha um papel militar estratégico para garantir o controle do Mar Mediterrâneo e Egeu pela frota naval dos macedônios. Em 330 a.C., Alexandre marchou novamente ao encontro de Dario.
Leia também: Persas — povo da antiguidade que formou um dos maiores impérios, o Império Aquemênida.
Morte de Dario
Os exércitos do Alexandre marcharam na direção do vale do rio Tigre, ao encontro das forças de Dario III. O rei persa havia novamente organizado um grande exército que se encontrou com os macedônios na Batalha de Gaugamela em 330 a.C. Os registros desse confronto contam da habilidade estratégica de Alexandre em superar as dificuldades no campo de batalha, e Dario novamente foi derrotado.
Com a vitória em Gaugamela, Alexandre conquistou as mais importantes cidades persas: Susa e Persépolis. As novas conquistas renderam ao rei macedônio grandes somas de dinheiro, obtidas dos cofres reais dos persas. Acerca disso, o historiador Claude Mossé narra:
A tomada das capitais reais tinha posto nas mãos do macedônio grandes quantidades de metal precioso. As fontes falam de 40.000 talentos de ouro e prata não fundidos em Susa (Diodoro, XVII, 66, 1), aos quais se acrescentaram 9.000 talentos em moedas de ouro (dárico). A tomada de Persépolis permitiu a Alexandre apossar-se de um tesouro avaliado em 120.000 talentos|1|.
Depois disso, Alexandre iniciou uma caçada para capturar Dario, porém um usurpador chamado Besso, sátrapa da Bactriana, assassinou Dario III. O último rei persa foi, portanto, morto em 330. Alexandre lidou, então, com dois usurpadores em sequência: Besso e Espitámenes. Ambos foram derrotados, o que consolidou o poder de Alexandre sobre a Pérsia.
Campanha indiana e a morte de Alexandre
A última fase das conquistas de Alexandre aconteceu na Índia. Alexandre tentou impor seu domínio sobre os reinos que existiam na região além do Rio Indo e encontrou as batalhas mais difíceis de sua trajetória entre 326 a.C. e 325 a.C. Ele travou (e venceu) uma grande e sangrenta batalha contra Poro, rei dos pauravas, e pôs fim a sua campanha após seus soldados informarem-no o desejo de não continuar com os avanços.
Com isso, Alexandre retornou para a Babilônia, onde permaneceu entre 324 a.C. e 323 a.C. Durante sua estadia nessa cidade, ele passou a planejar a campanha de conquista da Península Arábica. Os planos de Alexandre foram interrompidos após ele contrair uma febre fulminante, que o levou a falecer poucos dias depois, em junho de 323 a.C.
Não se sabe ao certo as causas da morte de Alexandre, mas, atualmente, especula-se que ele possa ter morrido em decorrência de febre tifoide ou malária (a hipótese de envenenamento não é muito aceita pelos historiadores). A morte de Alexandre levou a uma crise sucessória, uma vez que não havia um herdeiro estabelecido (sua esposa Roxana estava grávida). Iniciou-se, então, uma disputa pelo poder entre os generais de Alexandre, o que provocou a fragmentação do Império Macedônio.
|1| MOSSÉ, Claude. Alexandre, o Grande. São Paulo: Estação Liberdade, 2004, p. 35.