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A Segunda Guerra Mundial, como sabemos, levou à morte cerca de 70 milhões de pessoas. Entretanto, a morte e a destruição de cidades inteiras não foram os únicos efeitos devastadores da guerra. A fuga de grandes contingentes de pessoas também se enquadrou nos cenários dramáticos da Segunda Guerra Mundial. O número de refugiados desse período, assim como o número de mortos, também é contado em dezenas de milhões.
Os centros em que ocorreram os principais combates e onde atuaram as principais frentes de batalha foram os que produziram o maior contingente de refugiados. Entre esses centros, estavam cidades polonesas, como a capital Varsóvia, que foi incessantemente bombardeada, Londres, Berlim e muitas cidades do Leste Europeu, zona em que os exércitos nazista e soviético enfrentaram-se.
Milhões de poloneses permaneceram em trânsito durante todos os anos da guerra. Só em 1939, primeiro ano da guerra, cerca de 300 mil refugiados polacos deslocaram-se para os domínios soviéticos, fugindo dos nazistas. Porém, no Leste Europeu dominado pela URSS, os poloneses (assim como os judeus) não encontraram a liberdade que almejavam e muitos deles, nos anos seguinte, voltaram para as zonas da Polônia dominadas pelos nazistas.
Nos países do norte, como Inglaterra, Escócia, País de Gales e outros países, como os Países Baixos e a França, a fuga ocorria para regiões rurais, pequenos vilarejos nos quais Seminários, Monastérios, Colégios e outras instituições acolhiam as pessoas consideradas mais vulneráveis, como idosos, mulheres e crianças.
O historiador Norman Davies, em sua obra “A Europa em Guerra”, ressaltou que, na Frente Leste,
“os refugiados encontravam-se numa situação particularmente difícil, dado que as áreas da retaguarda estavam sujeitas ao patrulhamento feroz das forças de segurança. Mas no Inverno de 1944-45, à medida que Exército Vermelho avançava, deu-se a (segunda) grande Ostflucht [fuga de Leste]. Não se sabe ao certo quantos milhões de pessoas estiveram envolvidos, mas grande parte da população alemã do Báltico, da Prússia Oriental, da Pomerânia, da Galícia e da Silésia não perdeu tempo.” [1]
A presença das ações militares, fosse do Exército Vermelho (soviético), fosse das forças nazistas, sempre era motivo de incerteza para a população civil que ficava diante do “fogo cruzado”, sobretudo quando havia ataque aéreo. Norman Davies prossegue a narrativa sobre os refugiados do Leste, ressaltando a devastação que o Inverno da virada de 1944 para 1945 provocou nessas pessoas:
“[…] Estas comunidades eram muitas vezes acompanhadas de não-alemães que tinham iguais motivos para temer a força devastadora dos Soviéticos. Muitos viajavam em carroças puxadas por cavalos, lembrando pioneiros medievais. Outros arrastavam-se, esfarrapados, por entre as colunas exaustas de soldados alemães em retirada. Dezenas de milhares, ou mais, perderam a vida, ao tentar atravessar a pé o Báltico gelado, ou quando foram retidos nos haffs (bacias de água) costeiros.” [2]
NOTAS
[1] DAVIES, Norman. A Europa em Guerra. Edições 70: Lisboa, 2006. p. 391.
[2] Idem. p. 391.
Por Me. Cláudio Fernandes