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Paulo Mendes Campos nasceu em 28 de fevereiro de 1922, em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Ele iniciou os cursos de Odontologia, Veterinária, Aviação e Direito, mas desistiu de todos eles. Ingressou no serviço público e também escreveu livros de poesia, além de crônicas para diversos periódicos.
O cronista, que faleceu em 1º de julho de 1991, no Rio de Janeiro, faz parte da terceira fase modernista (ou pós-modernismo). Suas obras são marcadas pelo lirismo, que ele levou da poesia para suas crônicas, gênero pelo qual o autor é mais conhecido. Essa característica está presente em seu livro O amor acaba: crônicas líricas e existenciais.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Paulo Mendes Campos
- 2 - Biografia de Paulo Mendes Campos
- 3 - Características da obra de Paulo Mendes Campos
- 4 - Obras de Paulo Mendes Campos
- 5 - Análise de O amor acaba
- 6 - Frases de Paulo Mendes Campos
Resumo sobre Paulo Mendes Campos
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O escritor brasileiro Paulo Mendes Campos nasceu em 1922 e faleceu em 1991.
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Além de poeta, foi funcionário público, tradutor e cronista.
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Ele faz parte da terceira geração do modernismo brasileiro (ou pós-modernismo).
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Suas obras apresentam lirismo, elementos intertextuais e traços surrealistas.
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Um de seus livros mais conhecidos é O amor acaba: crônicas líricas e existenciais.
Biografia de Paulo Mendes Campos
Paulo Mendes Campos nasceu em 28 de fevereiro de 1922, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Muito cedo, o menino se apaixonou pela literatura, por influência de sua mãe, segundo o próprio autor, apesar de seu pai, além de médico, ser escritor. Mais tarde, estudou quatro anos do ginásio em São João del-Rei.
Ali, em 1937, conheceu o escritor Otto Lara Resende (1922–1992). Pouco depois, já em Belo Horizonte, também se tornou amigo de Fernando Sabino (1923–2004) e Hélio Pellegrino (1924–1988). A amizade entre esses quatro escritores é um fato sempre relembrado na história da literatura brasileira.
Antes de se dedicar à carreira de escritor, Paulo Mendes Campos trabalhou como bibliotecário na Diretoria de Saúde Pública de Minas Gerais. Além disso, ele iniciou o curso de Odontologia em 1938, mas desistiu um ano depois. Então, foi para Porto Alegre, onde estudou Aviação na Escola Preparatória de Cadetes, durante um ano.
De volta a Belo Horizonte, retomou a Odontologia. Então, passou a escrever para o jornal O Diário. Desistiu definitivamente de Odontologia e iniciou os cursos de Direito e Veterinária, mas não finalizou nenhum dos dois. Assim, em 1942, concomitantemente ao seu cargo de redator da Folha de Minas, trabalhou na construtora de seu tio.
Em 1945, foi morar no Rio de Janeiro, onde, no mesmo ano, conheceu o poeta chileno Pablo Neruda (1904–1973). Naquela cidade, escreveu crônicas para periódicos como Diário Carioca e Correio da Manhã. Em 1947, atuou como fiscal de obras no Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado.
No ano de 1949, conheceu a Europa. Dois anos depois, publicou seu primeiro livro de poemas: A palavra escrita. No ano de 1951, se casou com Joan Abercrombie. Durante a década de 1950, publicou crônicas no Jornal do Brasil e na revista Manchete. Também dirigiu o Departamento de Obras Raras da Biblioteca Nacional.
Além disso, trabalhou como tradutor e, mais tarde, em 1977, escreveu para a televisão o episódio Poema barroco, da série Caso Especial da TV Globo. Já a aposentadoria do serviço público ocorreu em 1981, quando era técnico em comunicação social da Empresa Brasileira de Notícias. Dez anos depois, o autor faleceu, em 1º de julho de 1991, no Rio de Janeiro.
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Características da obra de Paulo Mendes Campos
Paulo Mendes Campos faz parte da terceira geração do modernismo brasileiro (ou pós-modernismo). Suas obras apresentam as seguintes características:
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fragmentação;
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caráter anedótico;
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temática do cotidiano;
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lirismo;
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humor;
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síntese;
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descritivismo;
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mescla entre coloquial e erudito;
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rigor formal;
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traços surrealistas.
→ Videoaula sobre a terceira geração do modernismo brasileiro
Obras de Paulo Mendes Campos
→ Crônicas
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O cego de Ipanema (1960)
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Homenzinho na ventania (1962)
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O colunista do morro (1965)
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Antologia brasileira de humorismo (1965)
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Hora do recreio (1967)
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O anjo bêbado (1969)
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Os bares morrem numa quarta-feira (1980)
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O amor acaba: crônicas líricas e existenciais (1999)
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Brasil brasileiro: crônicas do país, das cidades e do povo (2000)
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Alhos e bugalhos (2000)
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Cisne de feltro (2000)
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Murais de Vinicius e outros perfis (2000)
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O gol é necessário: crônicas esportivas (2000)
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Artigo indefinido (2000)
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De um caderno cinzento: crônicas, aforismos e outras epifanias (2000)
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Balé do pato e outras crônicas (2003)
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Quatro histórias de ladrão (2005)
→ Poesia
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A palavra escrita (1951)
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Forma e expressão do soneto (1952)
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O domingo azul do mar (1958)
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Testamento do Brasil (1966)
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Transumanas (1977)
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Poemas (1979)
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Diário da tarde (1981)
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Trinca de copas (1984)
Análise de O amor acaba
O amor acaba é um livro de crônicas de Paulo Mendes Campos, publicado após a sua morte. Essa obra póstuma contém 74 textos selecionados por Flávio Pinheiro. Assim, a crônica que dá título à obra foi publicada, inicialmente, em 16 de maio de 1964, na revista Manchete.
Ela começa com a afirmação de que o amor acaba: “Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; [...]”.
Dessa forma, o cronista banaliza (não romantiza) o amor e o torna apenas mais um fato do cotidiano, sem nada de especial. No entanto, usa uma linguagem lírica para, entre outras coisas, dizer que o amor acaba “no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados”.
Ou “na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir”. Dessa maneira, ele acaba definindo, poeticamente, o amor. E nos diz que “no inferno o amor não começa”, de modo a indicar que o início desse sentimento não está associado à dor e à aflição. Mas, na usura, “o amor se dissolve”, pois não resiste à ganância.
Por meio da ideia de que o amor tem fim, o cronista também sintetiza a identidade de cidades brasileiras ao dizer que “em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro”. Mas o que sobressai no texto é a repetição e a certeza de que “o amor acaba”.
Outra característica da crônica é a utilização do ponto-final apenas no fim do texto. Desse modo, as pausas são marcadas pela vírgula e, principalmente, pelo ponto e vírgula: “no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba”.
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Frases de Paulo Mendes Campos
A seguir, vamos ler algumas frases de Paulo Mendes Campos, retiradas de sua crônica “A aurora”, do livro O amor acaba:
“A aurora chegou vestida de cor-de-rosa.”
“A alma de um homem é boba e vadia!”
“A doçura da preguiça de uma criatura que amanhece é infinita!”
“Abençoado sejas, irmão dentifrício, que me refrescas a boca.”
“Os cavalos dos poemas antigos traziam o Sol em atropelada brilhante.”
Créditos da imagem
[1] Arquivo Nacional (reprodução)
[2] Editora Companhia das Letras (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura