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O uso da vírgula serve para marcar o deslocamento de um termo na frase, por meio de uma pausa que altera a entonação. Na fala, a intenção de exprimir afirmação, exclamação ou interrogação é marcada pela variação no modo de emitir um som, porém, na escrita, é a pontuação que serve para representar graficamente essa entonação que ajuda a construir o sentido desejado.
Veja também: Três mitos sobre o uso da vírgula que você precisa saber
Tópicos deste artigo
- 1 - Quando não devemos usar a vírgula?
- 2 - Quando usar a vírgula?
- Adjuntos adverbiais em posição padrão
- Adjuntos adverbiais fora da posição padrão
- Adjuntos adverbiais sob forma de oração
- Advérbio de tempo e lugar justapostos
- Termos de mesma função não ligados por conjunção
- Conjunções coordenativas deslocadas para o meio da oração
- Orações deslocadas dentro de outra oração
- Orações adjetivas explicativas
- Vocativo
- Aposto
- Expressões explicativas ou de retificação
- Elipse do verbo
- 3 - Exercícios sobre o uso da vírgula
Quando não devemos usar a vírgula?
A ordem canônica de uma frase em língua portuguesa é sujeito, verbo e complementos. Quando essa sequência é respeitada, não se coloca vírgula alguma. Então, resumidamente, não se separam por vírgula sujeito e predicado, nem verbo e complementos.
Observe o exemplo:
João |
comprou |
um carro para a esposa. |
(sujeito) |
(verbo) |
(complementos) |
Na frase anterior não se admite vírgula tanto depois de “João” quanto depois de “comprou”, pois o uso estaria ferindo as duas regras básicas recém descritas.
Em uma frase pequena, como a do exemplo, é muito mais fácil notar os elementos sintáticos, ou seja, quem é o sujeito, o predicado, o objeto direto e/ou indireto. No entanto, em períodos mais longos, é preciso atentar em não inserir uma vírgula com a intenção de fazer uma pausa e acabar infringindo as regras.
Quando usar a vírgula?
Sabendo quais são os casos em que o emprego da vírgula não é admitido, resta entender quando essa pontuação é exigida.
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Adjuntos adverbiais em posição padrão
Se ao primeiro exemplo for acrescentado um adjunto adverbial em posição padrão, ou seja, ao final da oração, temos:
João comprou um carro para a esposa ontem.
Como há apenas um adjunto adverbial, a vírgula é facultativa, estando adequados:
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João comprou um carro para a esposa ontem.
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João comprou um carro para a esposa, ontem.
No entanto, se mais um adjunto adverbial for acionado, é preciso fazer pelo menos uma quebra:
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João comprou um carro para a esposa, ontem antes do almoço.
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João comprou um carro para a esposa ontem, antes do almoço.
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João comprou um carro para a esposa, ontem, antes do almoço.
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Adjuntos adverbiais fora da posição padrão
Em razão de os adjuntos adverbiais terem grande mobilidade dentro da oração, podem ocupar uma posição que não é a padrão. Isso é representado pelo uso da vírgula, que insere uma pausa:
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Ontem, João comprou um carro para a esposa.
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João, ontem, comprou um carro para a esposa.
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João comprou um carro, ontem, para a esposa.
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Adjuntos adverbiais sob forma de oração
Posto que os adjuntos adverbiais também podem apresentar-se como orações adverbiais, geralmente o uso da vírgula é recomendado para separar a oração subordinada adverbial da oração principal, mas é dispensável se estiver em sua posição padrão, quer dizer, depois da principal:
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João comprou um carro para a esposa quando chegou o Natal.
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Quando chegou o Natal, João comprou um carro para a esposa.
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João comprou um carro, quando chegou o Natal, para a esposa.
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Advérbio de tempo e lugar justapostos
Também se faz uso da vírgula para separar tempo e localidade nas datas, normalmente em correspondências, como em:
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Sexta-feira, 13 de setembro de 2019.
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Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1989.
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Termos de mesma função não ligados por conjunção
A vírgula serve para intercalar elementos que exercem a mesma função sintática, quando não estão unidos por conjunções, como na frase de Machado de Assis:
“Achava os homens declamadores, grosseiros, cansativos, pesados, frívolos, chulos, triviais.”
Entretanto quando as conjunções e, ou e nem repetem-se numa enumeração, geralmente se separam os elementos coordenados, como nesta outra frase do mesmo escritor:
“Nem tu, nem eu, nem ela, nem qualquer outra pessoa desta história poderia imaginar.”
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Conjunções coordenativas deslocadas para o meio da oração
Quando acontece de uma conjunção coordenada sair da posição padrão, isto é, o início da oração:
Todos deveriam fazer alguma atividade física diariamente; isso não quer dizer, entretanto, que todos devem ser superatletas.
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Orações deslocadas dentro de outra oração
Às vezes, intercalamos uma informação ou um pensamento. Esses fragmentos destacam-se da oração e devem ser separados por vírgula:
Todos, penso eu, deveriam empenhar-se para atingirmos o resultado.
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Orações adjetivas explicativas
Uma oração explicativa gera uma quebra em relação à oração principal e, consequentemente, é isolada por vírgulas. Nesse caso, o uso da vírgula é fundamental para a desambiguação do sentido, uma vez que, sem essa separação, a oração passa a ser restritiva, como é possível perceber a seguir:
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Os artistas, que são vaidosos, costumam exagerar nos gastos pessoais.
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Os artistas que são vaidosos costumam exagerar nos gastos pessoais.
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Vocativo
O vocativo, seja qual for sua posição na frase, deve ser separado por vírgula:
“D. Glória, a senhora persiste na ideia de meter o nosso Bentinho no seminário?”
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Aposto
Assim como o aposto, sempre isolado, mesmo que no início da sentença:
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José Saramago, único escritor de língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura, faleceu em 2010.
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Único escritor de língua portuguesa a ganhar o Nobel de Literatura, José Saramago faleceu em 2010.
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Expressões explicativas ou de retificação
Expressões como além disso, por exemplo, ou melhor, inclusive, isto é, ou seja, a saber, aliás, com efeito são isoladas por vírgula:
José Saramago morreu no dia 18 de julho, aliás, junho.
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Elipse do verbo
A língua dá a possibilidade de omitir um verbo que já apareceu na oração anterior, isso se chama elipse. Sua ausência fica assinalada pelo uso da vírgula:
Luíza sai para o trabalho às 7h nos dias de semana; no sábado, às 9h.
Exercícios sobre o uso da vírgula
Questão 1 (Fuvest) Em qual dessas frases a vírgula foi empregada para marcar a omissão do verbo?
a) Ter um apartamento no térreo é ter as vantagens de uma casa, além de poder desfrutar de um jardim.
b) Compre sem susto: a loja é virtual; os direitos, reais.
c) Para quem não conhece o mercado financeiro, procuramos usar uma linguagem livre do economês.
d) A sensação é de estar perdido: você não vai encontrar ninguém no Jalapão, mas vai ver a natureza intocada.
e) Esta é a informação mais importante para a preservação da água: sabendo usar, não vai faltar.
Solução: B. A vírgula está no lugar do verbo ser, seguindo o paralelismo da oração anterior: a loja é virtual; os direitos são reais.
Questão 2 (Fuvest) Escolha a alternativa em que o texto é apresentado com a pontuação mais adequada:
a) Depois que há algumas gerações, o arsênico deixou de ser vendido, em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio, ou envenenamento criminoso, mas aumentou e — quanto... o número de ratos.
b) Depois que há algumas gerações o arsênico, deixou de ser vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou envenenamento criminoso, mas aumentou: e quanto! o número de ratos.
c) Depois que, há algumas gerações, o arsênico deixou de ser vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou envenenamento criminoso, mas aumentou — e quanto! — o número de ratos.
d) Depois que há algumas gerações o arsênico deixou de ser vendido em farmácias — não diminuíram os casos de suicídio, ou envenenamento criminoso, mas aumentou; e quanto — o número de ratos.
e) Depois que, há algumas gerações o arsênico deixou de ser vendido em farmácias, não diminuíram os casos de suicídio ou envenenamento criminoso, mas aumentou; e quanto, o número de ratos!
Solução: C. Única sentença que emprega corretamente a vírgula sem alterar o sentido.