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Fernando Sabino nasceu em 12 de outubro de 1923, em Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais. Decidiu ser escritor com 10 anos de idade, e, dois anos depois, publicou seu primeiro conto. Mais tarde, formou-se em Direito, escreveu para alguns periódicos, foi cineasta e morou em cidades como Nova Iorque e Londres.
O romancista e cronista, que faleceu em 11 de outubro de 2004, no Rio de Janeiro, fez parte da terceira fase do modernismo brasileiro (ou pós-modernismo), e ficou famoso por suas crônicas irônicas e bem-humoradas, bem como pela publicação dos romances O encontro marcado e O grande mentecapto.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Fernando Sabino
- 2 - Biografia de Fernando Sabino
- 3 - Características da obra de Fernando Sabino
- 4 - Obras de Fernando Sabino
- 5 - O grande mentecapto
- 6 - Frases de Fernando Sabino
Resumo sobre Fernando Sabino
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Nasceu em 1923 e faleceu em 2004.
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Além de romancista, foi cronista, editor e cineasta.
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Fez parte da terceira fase do modernismo brasileiro (ou pós-modernismo).
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O humor e a ironia são as principais características de seus romances e crônicas.
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Recebeu o Prêmio Jabuti pelo seu livro O grande mentecapto.
Biografia de Fernando Sabino
Fernando Sabino nasceu em 12 de outubro de 1923, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Nessa cidade, estudou no Grupo Escolar Afonso Pena, no Ginásio Mineiro, e, com 10 anos de idade, decidiu ser escritor. Dois anos depois, publicou seu primeiro conto na revista Argus. Com 15 anos, escreveu um artigo para a revista Mensagem.
Em 1941, ingressou na Faculdade de Direito. Nesse ano, publicou seu primeiro livro — Os grilos não cantam mais. Enviou um exemplar para o escritor Mário de Andrade (1893-1945), e os dois passaram a se corresponder. Mais tarde, chegaram até a se conhecer pessoalmente.
No ano de 1944, Sabino se mudou para o Rio de Janeiro, onde terminou a faculdade. Em 1946, foi morar em Nova Iorque, onde trabalhou no Escritório Comercial do Brasil. Ali também escreveu crônicas sobre a vida americana, publicadas em periódicos brasileiros, como O Jornal e Diário Carioca.
Ao voltar ao Brasil, em 1948, passou a trabalhar como escrivão, enquanto escrevia para o Diário Carioca. Porém, em 1957, pediu exoneração do cargo no cartório e decidiu viver de literatura. Assim, três anos depois, foi um dos fundadores da Editora do Autor. Em 1964, mudou-se para Londres, onde exerceu a função de adido cultural, além de ser correspondente do Jornal do Brasil.
Depois de dois anos na Inglaterra, voltou às terras brasileiras e vendeu sua parte na Editora do Autor, para fundar, em sociedade com Rubem Braga (1913-1990), a editora Sabiá, vendida anos mais tarde para a editora José Olympio. Então, por um tempo, dedicou-se ao cinema e produziu alguns documentários.
Encerrada essa sua fase como cineasta, passou a escrever para a revista Manchete e Jornal do Brasil. Em 1980, ganhou o Prêmio Jabuti por um de seus livros mais famosos: O grande mentecapto. Ganhou também o Prêmio Machado de Assis, em 1999. Faleceu em 11 de outubro de 2004, no Rio de Janeiro.
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Características da obra de Fernando Sabino
Fernando Sabino foi um autor da terceira fase modernista (ou pós-modernismo). Desse modo, seus romances apresentam questionamentos existenciais e monólogo interior. Mas o escritor também é bastante conhecido por suas crônicas urbanas e bem-humoradas. Elas tratam, às vezes de forma lírica, da confusa e absurda realidade cotidiana.
O cronista e romancista utilizava recursos como a metáfora, metalinguagem e intertextualidade. O humor e a ironia de romances como O grande mentecapto também podem ser encontrados em suas crônicas. Além disso, é possível observar, em ambos os gêneros, o tom coloquial da linguagem, a fragmentação e uma estrutura não convencional.
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Videoaula sobre a terceira fase do modernismo brasileiro
Obras de Fernando Sabino
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Os grilos não cantam mais (1941)
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A marca (1944)
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A cidade vazia (1950)
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A vida real (1952)
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Lugares-comuns (1952)
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O encontro marcado (1956)
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O homem nu (1960)
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A mulher do vizinho (1962)
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A companheira de viagem (1965)
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A inglesa deslumbrada (1967)
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Deixa o Alfredo falar (1976)
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O encontro das águas (1977)
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Crônica irreverente de uma cidade tropical (1977)
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O grande mentecapto (1979)
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Medo em Nova York (1979)
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Gente (1979)
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A falta que ela me faz (1980)
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O menino no espelho (1982)
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O gato sou eu (1983)
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A vitória da infância (1984)
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Macacos me mordam (1984)
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A faca de dois gumes (1985)
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O pintor que pintou o sete (1987)
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Martini seco (1987)
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O tabuleiro de damas (1988)
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De cabeça para baixo (1989)
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A volta por cima (1990)
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Zélia, uma paixão (1991)
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O bom ladrão (1992)
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Aqui estamos todos nus (1993)
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O outro gume da faca (1996)
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Amor de Capitu (1998)
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No fim dá certo (1998)
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A chave do enigma (1999)
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O galo músico (1999)
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Cara ou coroa? (2000)
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Duas novelas de amor (2000)
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Livro aberto (2001)
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Os caçadores de mentira (2003)
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Os movimentos simulados (2004)
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Bolofofos e finifinos (2004)
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O grande mentecapto
O protagonista de O grande mentecapto é José Geraldo Peres da Nóbrega e Silva, mais conhecido como Geraldo Viramundo. Ele é uma criança na cidade mineira de Rio Acima quando seu amigo Pingolinha é morto por um trem, o que marca a vida do personagem. Mais tarde, por volta dos 15 anos de idade, ele se torna seminarista na cidade de Mariana.
Quando o expulsam do seminário, com 18 anos, Viramundo decide perambular por Minas Gerais. Em Ouro Preto, apaixona-se por Marília Ladisbão. Em Barbacena, é internado, por um tempo, em um hospício. Em Juiz de Fora, ele se torna militar. Depois, é preso na cidade de Tiradentes.
Confronta um touro em Uberaba, bate um papo com um fantasma em Curvelo e vive outras aventuras em diversas cidades do estado mineiro, como Sabará, Araxá, Pirapora, Varginha, entre outras. Mas, em Belo Horizonte, novamente é internado em um manicômio e acaba participando de uma rebelião de loucos e marginalizados. Ao sair da capital, o grande mentecapto segue em direção à sua morte.
Assim, depois de um relato cômico e trágico, o narrador mostra sua tristeza em finalizar o seu romance:
“É com pesar que ponho o ponto final neste relato. Tanto me queixei ao longo do caminho que me trouxe até aqui, acidentado e cheio de tropeços como a própria vida do meu personagem, e agora que dele me despeço sinto na alma um vazio, e certo aperto no coração. É que acabei me afeiçoando ao grande mentecapto, e seu destino foi ficando de tal maneira identificado ao meu, que já não sei onde termina um e começa o outro.”
Frases de Fernando Sabino
Vamos ler, a seguir, algumas frases de Fernando Sabino, extraídas de seu romance O encontro marcado:
“É preciso ver a realidade que se esconde além, onde a vista não alcança.”
“Quem fala em sangue, e não está sangrando, é um impostor.”
“A consciência é inútil sem uma convicção adquirida.”
“Não somos donos de verdade nenhuma, temos de buscá-la fora de nós.”
“Às vezes é mais importante perguntar do que ouvir a resposta.”
“Na literatura, como na natureza, nada se cria e nada se perde: tudo se transforma.”
“O suicida é aquele que perdeu tudo, menos a sua vida.”
Créditos das imagens
[1] Luis War / Shutterstock.com
[2] Grupo editorial Record (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura