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A etimologia da palavra crônica tem origem no grego chronos, que significa tempo. Conforme definição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a crônica é
(...) compilação de fatos históricos apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo, um texto literário breve, em geral narrativo, de trama quase sempre pouco definida e motivos, na maior parte, extraídos do cotidiano imediato, uma prosa ficcional, relato com personagens e circunstâncias alentadas, evoluindo com o tempo (...). Atualmente abrange um noticiário social e mundano. Originalmente a crônica limitava-se a relatos verídicos e nobres; entretanto, grandes escritores a partir do século XIX passam a cultivá-la, refletindo, com argúcia e oportunismo, a vida social, a política, os costumes, o cotidiano etc., do seu tempo em livros, jornais e folhetins. (HOUAISS; VILLAR, 2001, p. 877)
Gênero textual bastante popular e feito essencialmente para ser veiculado nos jornais impressos, a crônica sofreu inúmeras alterações ao longo do tempo. A partir do século XIX, começou a apresentar características literárias, adquirindo assim o status de gênero autônomo. Embora tenha assumido atributos marcantes da literatura, a crônica nunca abandonou seu cunho jornalístico, ainda que não tenha a obrigatoriedade de informar, tampouco informar com exatidão, tarefa do jornalismo.
No Brasil, escritores como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos, entre outros, ajudaram a divulgar esse interessante gênero que transita com naturalidade entre o jornalismo e a literatura e que geralmente vem carregado de ironia e humor ao relatar acontecimentos sociais, políticos ou culturais. Para que você conheça um pouco mais sobre os autores que se dedicaram à divulgação e consolidação do gênero no país, o Brasil Escola apresenta para você os cinco cronistas mais importantes da literatura brasileira. Boa leitura!
Machado de Assis
Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908, aos 69 anos
Mestre dos mestres, Machado de Assis não foi genial apenas como romancista. A fina ironia do “Bruxo do Cosme Velho” ganhou espaço também em suas crônicas, que, influenciadas pela literatura realista – à qual o escritor era associado –, apresentavam um interessante quadro da sociedade carioca do início do século XX. Embora tenha sido considerado – injustamente – como um escritor alienado, Machado de Assis fez da crônica um instrumento para denunciar as mazelas sociais de seu tempo, entre elas a escravidão.
Lima Barreto
Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1881. Faleceu no dia 1º de novembro de 1922, aos 41 anos
Lima Barreto certamente foi o escritor mais subestimado de seu tempo. A importância de sua obra foi reconhecida tardiamente, quando enfim foi revelada para o público a genialidade desse que é um dos mais importantes cronistas da literatura brasileira do início do século XX. Tido como contra Machado de Assis, escritor que em sua opinião produzia literatura alienada e própria para moças, Lima Barreto foi um cronista de senso crítico agudo, característica que lhe rendeu o rótulo de autor panfletário. A acusação feita pela crítica literária da época, claro, não procede. A História tratou de desmenti-la.
João do Rio
João do Rio nasceu no dia 05 de agosto de 1881, no Rio de Janeiro. Faleceu na mesma cidade, no dia 23 de junho de 1921
João do Rio era um dos pseudônimos de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Jornalista, foi também escritor e precursor da crônica social moderna. Suas crônicas retrataram a cidade do Rio de Janeiro do início do século XX e investigavam a vida dos marginalizados e esquecidos sob uma ótica ao mesmo tempo realista e lírica, características que fizeram dele um dos maiores cronistas brasileiros.
Paulo Mendes Campos
Capa do livro Carta a Otto ou um Coração em agosto, de Paulo Mendes Campos. Instituto Moreira Salles *
Na crônica de Paulo Mendes Campos, podemos observar a simbiose entre jornalismo e literatura. Foi considerado por muitos estudiosos como o melhor cronista de sua época, epíteto que ganha maior importância quando se tem Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Rubem Braga e Fernando Sabino entre seus contemporâneos. Seus textos, embora a crônica seja um objeto do contexto em que está inserida, não ficaram datados, resistem ao tempo e oferecem para os leitores doses exatas de lirismo.
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902. Faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987 **
Embora tenha sido consagrado como poeta e recebido a epígrafe de maior poeta brasileiro do século XX, Carlos Drummond de Andrade reservou tempo para o ofício de cronista, atividade que exerceu com maestria. Durante quinze anos, o escritor publicou três vezes na semana suas crônicas no Jornal do Brasil, totalizando a extraordinária marca de 2300 textos – aproximadamente. A vasta produção literária no gênero foi marcada pelo dialogismo entre literatura e jornalismo, bem como, é claro, pelo lirismo inconfundível do poeta.
*A imagem de Paulo Mendes Campos foi feita a partir da capa do livro Carta a Otto ou um Coração em agosto, de Paulo Mendes Campos. Publicação do Instituto Moreira Salles.
** A imagem de Drummond é capa do periódico 'Cadernos de Literatura Brasileira', do Instituto Moreira Salles.
Por Luana Castro
Graduada em Letras