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Millôr Fernandes (ou Milton Viola Fernandes) nasceu no subúrbio carioca, em 16 de agosto de 1923. Começou a trabalhar com aproximadamente 14 anos de idade, na revista O Cruzeiro, enquanto estudava no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Logo passou a escrever para diversos periódicos e, em 1953, iniciou sua carreira como dramaturgo.
O autor, que faleceu em 27 de março de 2012, dedicou a maior parte de sua vida à escrita. Desse modo, passou a ser identificado com a comédia, a ironia e a crítica de costumes. Além de possuir frases memoráveis, produziu peças que fizeram história no teatro brasileiro, como Liberdade, liberdade (em coautoria com Flávio Rangel) e É..., uma das obras mais famosas do escritor.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Biografia de Millôr Fernandes
- 2 - Características da obra de Millôr Fernandes
- 3 - Obras de Millôr Fernandes
- 4 - Frases de Millôr Fernandes
Biografia de Millôr Fernandes
Millôr Fernandes (ou Milton Viola Fernandes) nasceu em 16 de agosto de 1923, no subúrbio do Rio de Janeiro. Porém, só foi registrado em 1924, como se tivesse nascido em 27 de maio desse ano. Seu pai — Francisco Fernandes — era um espanhol naturalizado brasileiro. Porém, faleceu em 1925, deixando o escritor órfão. Assim, para sustentar os filhos, a mãe foi obrigada a trabalhar como costureira.
Millôr iniciou sua vida escolar em 1931 e, três anos depois, apaixonou-se pelas revistas em quadrinhos. Nessa época, já mostrava seu talento como desenhista. No entanto, em 1935, perdeu também a sua mãe, vítima de um câncer. Então, o menino foi morar com a família de seu tio materno.
Em 1938, o jovem Millôr ingressou no mercado de trabalho, como office-boy em um consultório médico e na revista O Cruzeiro, além de iniciar seus estudos no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Nesse ano, foi o vencedor em um concurso de contos da revista A Cigarra, onde passou a trabalhar.
No ano seguinte, escreveu para o Diário da Noite e se tornou diretor das revistas A Cigarra, O Guri e Detetive. Já em 1942, fez sua primeira tradução: A estirpe do dragão, da escritora americana Pearl S. Buck (1892-1973). Em 1943, terminou seus estudos no Liceu e retornou à revista O Cruzeiro.
Cinco anos depois, em 1948, o autor viajou aos Estados Unidos, onde conheceu Walt Disney (1901-1966). Nesse mesmo ano, casou-se com Wanda Rubino. Já em 1951, fez uma viagem pelo Brasil, durante quarenta e cinco dias, em companhia do escritor Fernando Sabino (1923-2004), com o intuito de conhecerem melhor o país. Em 1952, Millôr viajou para a Europa, conheceu a Itália e, em seguida, Israel.
A primeira peça teatral do autor — Uma mulher em três atos — estreou em 1953. A partir de então, ele iniciou uma carreira bem-sucedida no teatro. Também apresentou o programa de televisão Universidade do Méier, na TV Itacolomi, em 1959. No ano seguinte, sua peça Um elefante no caos estreou após censura. Com ela, Millôr Fernandes ganhou o prêmio de melhor autor da Comissão Municipal de Teatro.
O dramaturgo e desenhista conheceu o Egito em 1961. Dois anos depois, esteve também em Portugal. Nesse mesmo ano, abandonou O Cruzeiro e foi trabalhar no Correio da Manhã. Em 1964, criou a revista Pif-Paf. No mais, colaborou em vários periódicos durante a sua vida, tais como: O Jornal, Tribuna da Imprensa, Veja, O Pasquim, IstoÉ, Jornal do Brasil, O Dia, Folha de S. Paulo, Bundas e O Estado de S. Paulo.
Da década de 1960 até a sua morte, ocorrida em 27 de março de 2012, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o teatro foi um dos principais meios de expressão do artista, mas ele participou também de programas de televisão.
No início de sua carreira, ele usava pseudônimo, mas, depois, decidiu assumir o nome Millôr, pois, em sua certidão de nascimento, o nome Milton ficou com o “t” sem traço, colocado sobre a letra “o”; já o “n” ficou faltando um pedaço, daí a palavra “Millôr”.
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Características da obra de Millôr Fernandes
Os textos de Millôr Fernandes, tanto a prosa quanto as peças de teatro, são caracterizados pelo humor, muitas vezes ácido. A ironia também está presente em sua obra, marcada por um espírito provocativo, que leva os(as) leitores(as) e, também, o público de teatro a refletirem sobre a realidade e sair da zona de conforto a que todos recorremos em nosso dia a dia.
A crítica sociopolítica é marcante em sua obra, que também se presta à reflexão acerca da natureza humana. No texto teatral, em particular, o autor transita entre a crítica de costumes — algo recorrente em sua dramaturgia — e o discurso político.
Por fim, além de ser conhecido por suas comédias sobre o cotidiano carioca, o autor também enveredou pelo caminho do teatro de resistência, como a crítica define o espetáculo Liberdade, liberdade, e pelo chamado teatro do absurdo, assim definida, pela crítica especializada, a peça Um elefante no caos.
Obras de Millôr Fernandes
→ Prosa
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Eva sem costela: um livro em defesa do homem (1946)
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Tempo e contratempo (1949)
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Lições de um ignorante (1963)
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Fábulas fabulosas (1964)
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Esta é a verdadeira história do Paraíso (1972)
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Trinta anos de mim mesmo (1972)
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Livro vermelho dos pensamentos de Millôr (1973)
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Compozissõis imfãtis (1975)
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Livro branco do humor (1975)
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Devora-me ou te decifro (1976)
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Millôr no Pasquim (1977)
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Reflexões sem dor (1977)
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Novas fábulas fabulosas (1978)
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Que país é este? (1978)
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Todo homem é minha caça (1981)
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Diário da Nova República (1985-1988)
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Eros uma vez (1987)
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The cow went to the swamp ou A vaca foi pro brejo (1988)
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Millôr definitivo: a bíblia do caos (1994)
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Crítica da razão impura ou O primado da ignorância (2002)
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100 fábulas fabulosas (2003)
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Apresentações (2004)
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Novas fábulas & Contos fabulosos (2007)
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Circo das palavras (2007)
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O mundo visto daqui: Praça General Osório (2010)
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A entrevista (2011)
→ Poesia
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Papáverum Millôr (1967)
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Hai-kais (1968)
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Poemas (1984)
→ Teatro
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Uma mulher em três atos (1953)
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Do tamanho de um defunto (1955)
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Bonito como um deus (1955)
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Diálogo da mais perfeita compreensão conjugal (1955)
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Um elefante no caos (1962)
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Pif, tac, zig, pong (1962)
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Liberdade, liberdade (1965) |1|
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Pigmaleoa (1965)
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A viúva imortal (1967)
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Computa, computador, computa (1972)
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É... (1977)
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A história é uma história (1978)
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Os órfãos de Jânio (1979)
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O homem do princípio ao fim (1982)
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Duas tábuas e uma paixão (1982)
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A eterna luta entre o homem e a mulher (1982)
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Kaos (1995)
Veja também: Oswald de Andrade – autor que contribuiu com a reformulação da arte no Brasil
Frases de Millôr Fernandes
A seguir, vamos ler algumas frases de Millôr Fernandes, extraídas de seu livro Millôr definitivo — a bíblia do caos.
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“Não se escreve com 11 palavras o que se pode escrever com 10 (a não ser que você seja americano e ganhe por palavra; aí a proposição deve ser invertida).”
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“Todo homem nasce original e morre plágio.”
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“E isso é isso.”
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“Abdômen: palavra machista significando barriga pra ambos os sexos. Deveria haver também abdmulher.”
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“O B é um l que se apaixonou por um 3.”
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“Dar mel não faz da abelha um ser superior.”
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“Aborígine é a maneira pejorativa dos conquistadores chamarem o dono da propriedade.”
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“Só uma coisa preenche tudo — o nada.”
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“Não beber é o vício dos abstinentes.”
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“O pior abutre é o desespero.”
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“Não há problema tão grande que não caiba no dia seguinte.”
Nota
|1| Escrita em coautoria com Flávio Rangel (1934-1988), a peça pode ser considerada um musical.
Crédito da imagem
[1] Companhia das Letras (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura