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Machado de Assis é um dos mais importantes escritores brasileiros. Ele nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Mais tarde, trabalhou como aprendiz de tipógrafo e revisor, além de ser funcionário da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
O romancista, contista, dramaturgo, poeta e cronista, que faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, foi o principal representante do realismo brasileiro. Assim, em romances como Memórias póstumas de Brás Cubas, ele trabalhou com a temática do adultério e fez críticas à elite burguesa do século XIX.
Veja também: Gustave Flaubert — o fundador e principal representante do realismo francês
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre Machado de Assis
- 2 - Videoaula sobre Machado de Assis
- 3 - Biografia de Machado de Assis
- 4 - Características da obra de Machado de Assis
- 5 - Principais obras de Machado de Assis
- 6 - Análise da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
- 7 - Legado e homenagens a Machado de Assis
- 8 - Frases de Machado de Assis
Resumo sobre Machado de Assis
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O escritor brasileiro Machado de Assis nasceu em 1839 e faleceu em 1908.
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É mais conhecido por seus livros realistas, mas também escreveu obras românticas.
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Seus livros realistas são marcados pela objetividade, ironia e crítica social.
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Suas obras românticas apresentam idealização e discutem a ascensão social.
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Memórias póstumas de Brás Cubas é um de seus romances mais conhecidos.
Videoaula sobre Machado de Assis
Biografia de Machado de Assis
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis) nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. De origem pobre, era filho de um brasileiro com uma açoriana. Ele teve uma irmã mais nova, que faleceu com quatro anos, em 1845. Quatro anos depois, ficou órfão de mãe.
Em 1854, o pai do escritor se casou pela segunda vez. A madrasta de Machado de Assis se chamava Maria Inês da Silva, e foi para ele uma segunda mãe. Dois anos depois, em 1856, o autor publicou seu primeiro poema, intitulado “Ela”, no jornal Marmota Fluminense. Ainda em 1856, passou a trabalhar como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional.
Em seguida, no ano de 1858, trabalhou como revisor na livraria do jornalista e escritor Paulo Brito (1809-1861). Nesse ano, também iniciou seus estudos de francês e latim. No ano seguinte, trabalhou como crítico teatral para a revista O Espelho. Já em 1860, passou a escrever para periódicos como Diário do Rio de Janeiro e A Semana Ilustrada.
Também escreveu para o periódico literário O Futuro, em 1862. Cinco anos depois, em 1867, recebeu o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa e passou a trabalhar no Diário Oficial. Já em 1869, Machado de Assis se casou com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais (1835-1904).
A nomeação do autor para trabalhar na Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas ocorreu em 1873. Paralelamente ao serviço público, ele escrevia seus textos literários. Assim, Memórias póstumas de Brás Cubas foi publicado em 1881, sendo um de seus romances mais famosos.
Em 1888, recebeu o título de Oficial da Ordem da Rosa. A essa altura, já era um romancista bastante conhecido, e, além de suas poesias, peças de teatro e contos, também escrevia crônicas, publicadas em diversos periódicos da época. Era, portanto, um homem bem-sucedido, apesar de que enfrentava preconceito por ser negro, gago e sofrer de epilepsia.
Ficou bastante abalado com a morte da esposa, em 1904. Assim, em 1906, escreveu o soneto “A Carolina”, em homenagem a ela. Dois anos depois, tirou licença do trabalho para cuidar da saúde, e morreu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro. Em seus últimos momentos, teve o carinho do escritor Mário de Alencar (1872-1925), que era como um filho para o autor.
→ Machado de Assis e a Academia Brasileira de Letras
Machado de Assis foi o principal fundador da Academia Brasileira de Letras, em 15 de dezembro de 1896. No dia 20 de julho do ano seguinte, a ABL foi inaugurada e o escritor se tornou o primeiro presidente da instituição, além de ocupar a cadeira de número 23.
Características da obra de Machado de Assis
Machado de Assis foi o principal representante do realismo brasileiro. Ele é mais conhecido pelos livros de sua segunda fase, caracterizada, principalmente, pela crítica à idealização romântica. Veja, a seguir, sobre suas duas fases.
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Primeira fase: o narrador se entrega à subjetividade romântica, mostra amores idealizados e heroínas perfeitas. Uma característica comum às obras românticas de Machado de Assis é a questão da ascensão social, relacionada a alguns personagens. A ironia está presente, não sendo exclusividade de seus livros realistas.
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Segunda fase: os romances realistas do autor fazem uso da ironia para criticar a elite burguesa, mostrada como corrupta, hipócrita e interesseira. Para a análise psicológica dos personagens, a narrativa apresenta o monólogo interior, e possui uma temática típica desse tipo de romance, isto é, o adultério. Como o realismo é um estilo de época que valoriza a razão em detrimento da emoção, a linguagem das obras realistas é mais objetiva.
Leia também: Liev Tolstói — o principal representante do realismo russo
Principais obras de Machado de Assis
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Hoje avental, amanhã luva (1860) — teatro
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Desencantos (1861) — teatro
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O caminho da porta (1863) — teatro
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O protocolo (1863) — teatro
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Crisálidas (1864) — poesia
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Quase ministro (1864) — teatro
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As forcas caudinas (1865) — teatro
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Os deuses de casaca (1866) — teatro
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Contos fluminenses (1870) — contos
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Falenas (1870) — poesia
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Ressurreição (1872) — romance
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Histórias da meia-noite (1873) — contos
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A mão e a luva (1874) — romance
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Americanas (1875) — poesia
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Helena (1876) — romance
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Iaiá Garcia (1878) — romance
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Ocidentais (1880) — poesia
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Tu, só tu, puro amor (1881) — teatro
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Memórias póstumas de Brás Cubas (1881) — romance
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Papéis avulsos (1882) — contos
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Histórias sem data (1884) — contos
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Casa velha (1885) — romance
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Quincas Borba (1891) — romance
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Várias histórias (1896) — contos
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Não consultes médico (1896) — teatro
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Dom Casmurro (1899) — romance
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Páginas recolhidas (1899) — contos
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Esaú e Jacó (1904) — romance
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Relíquias de casa velha (1906) — contos
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Lição de botânica (1906) — teatro
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Memorial de Aires (1908) — romance
Análise da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis
O romance Memórias póstumas de Brás Cubas inaugurou o realismo no Brasil. Escrito por um narrador em primeira pessoa, o livro é narrado por Brás Cubas, que, após a morte, decide contar a própria história. Como não tem mais nada a perder, ele mostra, sem retoques, a realidade da burguesia brasileira do século XIX.
O protagonista morre em 1869, na cidade do Rio de Janeiro, e passa a relatar a sua vida. Mostra a sua infância de garoto mimado e cruel, quando foi apelidado de “menino diabo”. Tinha, inclusive, um menino negro como escravo, o pobre Prudêncio que era humilhado pelo seu “senhor”.
Na juventude, gastou muito dinheiro do pai para manter um relacionamento amoroso com a interesseira Marcela. Na Europa, como estudante em Coimbra, conseguiu se diplomar, apesar de não se dedicar aos estudos e apenas ocupar o tempo com farras. Quando voltou ao Brasil, apaixonou-se por Virgília.
Após ela se casar com Lobo Neves, Brás Cubas e Virgília se tornaram amantes. Os encontros ocorriam em uma casa alugada para tal fim, a qual era cuidada por D. Plácida. O caso um dia chegou ao fim, e o protagonista, já com 40 anos, planejou se casar com a jovem Eulália, que acabou morrendo antes disso.
Além de projetos malsucedidos, Brás Cubas também entrou para a política e acabou se elegendo deputado. No mais, sua vida se mostrou inútil e vazia. Dessa forma, a obra, de maneira bastante irônica, critica o estilo de vida burguês e aponta a hipocrisia e o jogo de interesses peculiares a essa classe social.
→ Videoaula sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas
Legado e homenagens a Machado de Assis
Machado de Assis deixou como legado obras que, ao mesmo tempo que possuem um traço universal, pois analisam o caráter humano, também fazem uma denúncia do comportamento da elite brasileira. Tanto em suas obras românticas quanto nas realistas, a ironia está presente de forma que tal característica passou a ser bastante valorizada na literatura nacional.
O escritor Machado de Assis é o autor da desconfiança, seu narrador suspeita de tudo e de todos, e sabe que nada é o que parece ser e que há sempre outra verdade por trás das aparências. Assim, do surgimento desse autor até os dias atuais, nossa literatura é marcada pelo realismo e pelo olhar irônico sobre a realidade do país.
Dada a importância desse artista na cultura brasileira, ele já recebeu algumas homenagens, das quais destacamos as seguintes:
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A ABL passou a ser conhecida, a partir de 1941, como a Casa de Machado de Assis.
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Homenagem da Casa de Rui Barbosa pelo cinquentenário da morte de Machado de Assis.
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Lançamento do livro Capitu mandou flores, no qual autores brasileiros recriam histórias de Machado de Assis, em comemoração ao centenário de sua morte.
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Criação do site oficial do autor pelo Ministério da Educação em comemoração ao centenário de sua morte.
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Doodle do Google em comemoração a 178 anos do nascimento do autor.
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Machado de Assis foi proclamado herói nacional pela lei 13.558 de 2017.
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Publicação do livro Amor nenhum dispensa uma gota de ácido (2019), de Carlos Drummond de Andrade, com textos sobre Machado de Assis.
Frases de Machado de Assis
A seguir, algumas frases de Machado de Assis extraídas do livro Crônicas escolhidas, organizado por John Gledson:
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“A ciência é uma pessoa demorada e prudente; não precisa de máquinas para falar e escrever depressa.”
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“O melhor de tudo é possuir-se a gente a si mesmo.”
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“A honestidade é como a chita; há de todo o preço, desde meia pataca.”
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“Podemos errar; mas, ainda errando, a gente aprende.”
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“A descrença é fenômeno alheio à vontade do eleitor: a abstenção é propósito.”
Crédito de imagem
[1] Editora L&PM (reprodução)
Por Warley Souza
Professor de Literatura