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Dia Mundial da Obesidade: especialistas falam sobre os principais aspectos da doença

O Brasil Escola conversou com profissionais da saúde sobre a obesidade. Saiba como é o diagnóstico, o tratamento e os impactos da doença

Em 03/03/2023 18h50 , atualizado em 04/03/2023 00h23
Duas pessoas gordas caminhando
A adoção de hábitos mais saudáveis como a realização de práticas corporais faz parte do tratamento contra a obesidade. Crédito da Imagem: Shutterstock
Ouça o texto abaixo!

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O Dia Mundial da Obesidade acontece neste sábado, 4 de março.

A data foi definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) com o objetivo de alertar sobre a importância da prevenção e informar acerca do tratamento da doença.

A obesidade é uma doença crônica causada pelo acúmulo de forma anormal ou excessiva de gordura no corpo humano, segundo a OMS. 

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2020, 26,8% dos brasileiros acima de 20 anos são considerados obesos. Quanto aos adolescentes, são 6,7% que convivem com a doença.

A previsão é de que até 2025 cerca de 700 milhões de pessoas no mundo sejam diagnosticadas com obesidade, segundo a OMS.

Veja o comentário da cardiologista e Gerente de Obesidade da empresa farmacêutica Novo Nordisk Brasil sobre os desafios relacionados à obesidade na sociedade atuamente:

O Brasil Escola conversou com especialistas que falam sobre os aspectos gerais da doença quanto à perspectiva da Medicina e da Psicologia

Saiba mais: o que é a obesidade, os riscos e tratamento

Diagnóstico da obesidade

O diagnóstico da obesidade é definido de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), pontua Tarissa Petry, médica endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O cálculo do IMC é feito da seguinte forma: divide-se o peso de uma pessoa em quilogramas (kg) pelo quadrado de sua altura (a altura multiplicada por ela mesma).

A cardiologista Erika de Souza explica que existem três graus de obesidade. Eles são definidos pelos intervalos do IMC.

Confira os graus de obesidade:

  • Grau 1: IMC entre 30 e 34,9; 

  • Grau 2: IMC entre 35 e 39,9;

  • Grau 3: IMC igual ou superior a 40.

Veja também: entenda a doença retratada no filme A Baleia em cartaz nos cinemas

Riscos da obesidade

Os riscos da obesidade são decorrentes da influência que ela possui no desenvolvimento de outras doenças, explica Erika.

Entre essas doenças, estão: 

Entendaa relação entre a obesidade e as doenças cardiovasculares

Tratamento da obesidade

O tratamento da obesidade deve ser realizado de forma multidisciplinar, ou seja, que envolve profissionais de diferentes áreas, defende a cardiologista Erika de Souza.

"O tratamento inclui também mudança de hábitos alimentares, com escolha de alimentos saudáveis, sem alimentos ultraprocessados. Realização de prática de exercícios físicos, suporte psicológico e medicamentos quando indicados" - Erika de Souza. 

Mulher branca gorda se exercitando
Os exercícios físicos são essenciais no processo de tratamento contra a obesidade.

São responsabilidades dos profissionais médicos a indicação da melhor abordagem, o acompanhamento da evolução do paciente e a mudança de estratégia, elenca Erika.

A endocrinologista Tarissa enfatiza que o tratamento é individualizado e que em muitos casos medicamentos são necessários.

Neste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o Wegovy, um medicamento injetável contra a obesidade.

A cardiologista Erika considera essa aprovação uma importante conquista para as pessoas que convivem com a obesidade e sobrepeso. 

"A aprovação é o primeiro passo para  o lançamento do medicamento no Brasil. Ainda não há uma data definida para que ele chegue ao mercado, visto que após a análise de conformidade da Anvisa, deve se aguardar a finalização de outros processos como a definição de preço pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos." - Erika de Souza. 

A importância do suporte psicológico na obesidade

O suporte psicológico para as pessoas em tratamento contra a obesidade é fundamental, defende a psicóloga Juliana Cristina. 

"A obesidade afeta diretamente na autoestima, no humor, na autoconfiança e principalmente nos relacionamentos tanto pessoais quanto sociais.  Uma grande dificuldade que a sociedade possui é entender que obesidade é uma doença, e não uma falta de cuidado." - Juliana Cristina, psicóloga.

A profissional conta que a obesidade pode desencadear "transtornos alimentares, depressão, ansiedade dentre vários outros fatores que afetam principalmente o convívio social e a relação com o corpo."

Mulher negra sentada sorrindo
Juliana Cristina, psicóloga.
Crédito: Arquivo Pessoal.

O suporte psicológico é uma ferramenta que atua no processo de autoconhecimento, o qual pode implicar em uma aceitação e maneiras de lidar de forma direta com as emoções e difuldades enfrentadas por pessoas obesas, conclui Juliana.

Combate à obesidade

A obesidade produz impactos à saúde pública e por isso o combate à doença envolve o poder público.

A endocrinologista Tarissa reforça a importância da promoção de ações de conscientização quanto a alternativas mais saudáveis de estilo de vida desde a infância. Ela também pontua que possibilitar o acesso ao tratamento é essencial no combate à doença.

Tarissa Petry Mulher branca de olhos azuis
Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Crédito: Divulgação

Obesidade infantil 

Na obesidade infantil, Tarissa pondera que são utilizadas curvas de IMC de acordo com a idade para diagnosticar a criança acima do peso.

O tratamento nestes casos envolve orientações quanto à mudança do estilo de vida e associação de medicação, se necessário, às crianças. Alguns medicamentos são liberados somente após os 12 anos, segundo Tarissa.

A psicóloga Juliana Cristina comenta sobre a obesidade infantil. 

"A obesidade infantil também cresceu muito nestes últimos anos principalmente após esse período pós-pandemia, gerando os mesmos transtornos, porém de forma diferente. Muitas das crianças não sabem sobre suas emoções, não entendem a obesidade como doença e começam a lidar com a exclusão, bullying, que se inicia na própria família e na escola. Essas questões podem afetar seu desenvolvimento pessoal, escolar e relacionamentos, uma vez que a maneira que as crianças encontram de lidar com tudo isso é, na maioria das vezes, retraindo suas emoções e sentimentos." - Juliana Cristina, psicóloga.

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Gordofobia 

A gordofobia é definida como o preconceito e discriminação em relação às pessoas gordas.

Nesse sentido, quando se fala em obesidade e os desafios sociais da doença, a gordofobia está instrinsecamente presente na discussão. 

Confira na videoaula abaixo os debates relacionados à gordofobia:

 

Por Lucas Afonso
Jornalista