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Os cenários de guerra da Ásia e Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial colocaram o Japão contra tropas americanas, britânicas e australianas principalmente. O conflito do Japão contra essas nações iniciou-se a partir de 1941, mas desde 1937 japoneses já estavam em guerra contra a China (Segunda Guerra sino-japonesa). O ataque ao sudeste asiático era parte do projeto de expansão territorial do Japão. O objetivo deste texto é cobrir apenas a primeira parte desse cenário de guerra marcado pelas rápidas vitórias do Japão no sudeste asiático.
Ataque a Pearl Harbor
Imagem digitalmente colorida do ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbor, em dezembro de 1940
Durante toda a década de 1930, a elite política e intelectual do Japão defendeu o militarismo como uma forma de garantir a defesa dos seus interesses internos. Nesse contexto, a guerra contra os Estados Unidos era defendida abertamente por parte da liderança militar do país. Além disso, o Japão possuía uma série de interesses imperialistas sobre os vizinhos asiáticos.
A entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial aconteceu oficialmente a partir do ataque à base naval de Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941. O ataque japonês aconteceu sem uma declaração formal de guerra e tinha como objetivo a destruição total da frota americana do Oceano Pacífico. Isso, entretanto, não aconteceu, pois o ataque a Pearl Harbor conseguiu destruir apenas parcialmente a frota americana. O resultado foi um saldo de mais de dois mil americanos mortos.
Ataque ao sudeste asiático
O próximo passo do Japão foi levar a guerra ao sudeste asiático, nas colônias britânicas da região. Antes disso, em 1940, o Japão havia invadido a Indochina Francesa com o objetivo de fechar uma rota de envio de armamentos aos rebeldes chineses. O objetivo do Japão no sudeste asiático era o de expulsar as forças coloniais britânicas e americanas para garantir o controle sobre os recursos materiais dessa região.
As tropas britânicas do sudeste asiático eram extremamente mal equipadas, e a guerra mostrou que, além disso, eram também mal preparadas e mal lideradas. As melhores tropas britânicas haviam sido posicionadas na Europa e no Oriente Médio. Isso resultou em um fracasso total das forças britânicas quando os japoneses atacaram a região a partir de dezembro de 1941.
O Japão obteve rápidas vitórias em Cingapura, Malásia e Hong Kong e formou tropas extremamente bem preparadas para o conflito. Assim, cobriam grandes faixas de terra por dia e possuíam boa capacidade de se embrenhar na selva da região. Isso garantiu uma grande vantagem em relação às tropas britânicas, que não sabiam lutar na selva tropical. Os relatos das batalhas nesses três locais são repletos de fuga e verdadeira desordem nas defesas britânicas.
Após garantir o controle sobre Cingapura, Malásia e Hong Kong, o Japão partiu ao ataque das Índias Holandesas Orientais (atual Indonésia). A região era controlada pela Holanda e, durante o confronto, contou com o apoio dos Aliados (grupo formado por Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética que lutava contra o Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão).
A disputa nas Índias Holandesas Orientais ocorreu, principalmente, pela ilha de Java (a maior ilha indonésia). A frota naval holandesa foi derrotada pela Marinha Imperial Japonesa em fevereiro de 1942 e, em março, o Japão assegurou o controle sobre a região. A grande importância das Índias Holandesas Orientais era as grandes reservas de petróleo.
A maior disputa nos ataques japoneses ao sudeste asiático ocorreu na batalha da Birmânia. A resistência britânica na região durou 127 dias após o primeiro ataque, que aconteceu em 23 de dezembro de 1941. Apesar disso, o cenário na Birmânia não foi diferente: defesas mal preparadas e que se dispersaram facilmente com os ataques japoneses. Os ataques da aviação japonesa foram importantes para desmontar a frágil defesa britânica na região.
Em aproximadamente seis meses, o Japão havia conquistado uma grande faixa de terras e garantiu o controle sobre fontes importantes de recursos naturais, principalmente reservas de petróleo (não existiam reservas de petróleo no Japão). As perdas em equipamentos e soldados foram muito pequenas, e a velocidade das vitórias foi inesperada.
Com a instalação do Japão na região, os relatos de violência e brutalidade retrataram a realidade da dominação japonesa. O exército japonês tinha uma violência institucionalizada que não poupava prisioneiros de guerra nem civis. Inúmeros prisioneiros foram executados, e os civis sofreram com inúmeros abusos, como os estupros em massa promovidos por soldados japoneses.
Continuidade da guerra: conclusão
A continuidade da guerra viu o declínio total do exército japonês. Esse declínio, porém, aconteceu de maneira lenta, pois os Aliados tiveram de pagar um preço alto por cada nova conquista. A rápida vitória japonesa no sudeste asiático reforçou a propaganda de guerra no Japão, que difundia a importância vital da guerra e o caráter invencível do exército japonês. Eufórico, o povo japonês lutou literalmente até a morte em todas as regiões na Ásia.
As vitórias, porém, tornaram difícil enxergar um fato relevante: a inferioridade japonesa em relação aos Estados Unidos. As vozes contrárias à guerra, além de perseguidas, foram abafadas pelas rápidas vitórias. A história mostrou que o Japão não tinha capacidade financeira e, tampouco, material humano para manter uma guerra a longo prazo contra os Estados Unidos e sua poderosa economia.
Por Daniel Neves
Graduado em História