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O ataque japonês contra a base naval de Pearl Harbor

Em 1941, os japoneses realizaram o ataque contra a base naval americana de Pearl Harbor. Esse episódio ocasionou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

Três embarcações da marinha americana foram danificadas pelo ataque contra a base de Pearl Harbor
Três embarcações da marinha americana foram danificadas pelo ataque contra a base de Pearl Harbor
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O ataque a Pearl Harbor, organizado pela marinha japonesa, aconteceu no dia 7 de dezembro de 1941. Nessa operação militar, os japoneses atacaram a base naval americana que estava localizada em Pearl Harbor, no Havaí. Esse ataque resultou em mais de dois mil mortos para a marinha americana e marcou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial.

Antecedentes

O ataque realizado pelo Japão contra os Estados Unidos, em dezembro de 1941, foi resultado do crescimento da hostilidade entre as duas nações, durante a primeira metade do século XX. O crescimento do nacionalismo e as ambições imperialistas do Japão, ao longo dos séculos XIX e XX, também contribuíram para intensificar as tensões entre os dois países.

Com a Restauração Meiji, o Japão promoveu inúmeras transformações, que levaram à modernização e à industrialização desse país. Uma das etapas desse processo foi a reforma do ensino nacional, que contribuiu para o desenvolvimento de um forte nacionalismo e exaltação religiosa da figura do Imperador. Esse nacionalismo transformou-se em ambição imperialista visando a conquista de territórios na China.

O Japão deu início a algumas guerras com o objetivo de garantir a posse e a exploração de territórios da China. Primeiramente, ocorreu a Primeira Guerra Sino-Japonesa, entre 1894 e 1895, na qual os japoneses disputaram o controle da Coreia. Depois, a Guerra Russo-Japonesa foi travada contra a Rússia, em 1904 e 1905, pelo controle de parte da Manchúria.

As vitórias do Japão nessas guerras fortaleceram os ideais nacionalistas e imperialistas, e, como consequência, no século XX, houve um forte crescimento da extrema-direita militarista. Algumas figuras dessa extrema-direita, já na década de 1920, afirmavam a “necessidade” de uma guerra contra os Estados Unidos.

A tensão existente entre Estados Unidos e Japão deu-se a partir da década de 1910, quando ocorreram atritos diplomáticos entre esses dois países por causa do imperialismo japonês sobre a China. Além disso, nos Estados Unidos, a população nipo-americana sofria intensa discriminação social, o que desagradava a membros do governo japonês.

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Segunda Guerra Sino-Japonesa e a preparação para a Grande Guerra

Na década de 1930, as ambições imperialistas do Japão sobre a China intensificaram-se, o que provocou o conflito aberto entre essas duas nações após dois grandes eventos. Primeiramente, houve o Incidente Mukden, no qual um ataque forjado pelo exército japonês contra uma ferrovia controlada pelo Japão na China foi utilizado como pretexto para a invasão da Manchúria em 1931.

Depois, houve o Incidente da Ponte Marco Polo em que um desentendimento entre soldados japoneses e chineses instalados em Pequim deu início ao conflito em 1937, que ficou conhecido como Segunda Guerra Sino-Japonesa. Com essa guerra, as tropas de resistência da China, lideradas por Chiang Kai-shek, passaram a receber auxílio em suprimentos e armas do exército americano a partir de uma rota pela Indochina.

O Japão, visando o fechamento dessa rota para enfraquecer seus inimigos, realizou a invasão da Indochina Francesa em 1940. Essa invasão fez com que os Estados Unidos impusessem um embargo sobre a importação de petróleo japonês. Isso preocupou as autoridades japonesas, pois as possibilidades de vitória nessa guerra dependiam dessas importações.

O embargo americano sobre a importação de petróleo reforçou a intenção, na maioria da cúpula militar japonesa, de que a guerra contra os Estados Unidos era vital para garantir a existência do Japão. Nesse momento, poucos membros do exército japonês viram a guerra contra os Estados Unidos como algo desnecessário.

O almirante Isoroku Yamamoto era um dos que afirmavam que uma guerra contra os Estados Unidos seria um grande erro. Yamamoto havia morado por alguns anos nos Estados Unidos e afirmava que a capacidade industrial e militar dos americanos era muito grande e que o Japão não possuía condições de suportar uma guerra longa contra esse país.

Esse dado é reforçado ainda por Max Hastings, que aponta que o Japão, em 1941, tinha apenas 10% da capacidade industrial dos Estados Unidos|1|. Mesmo assim, as autoridades japonesas optaram pela guerra, e Yamamoto foi nomeado para organizar o plano contra a frota naval americana do Pacífico.

Por temer os riscos que uma guerra de longa duração traria ao Japão, o almirante Yamamoto traçou a estratégia de, a partir de Pearl Harbor, realizar ataques de alta intensidade com o objetivo de promover a derrota dos adversários de maneira fulminante. O ataque a essa base naval americana foi planejado por Yamamoto e executado por Chuichu Nagumo.

Ataque contra Pearl Harbor

Nas semanas anteriores ao ataque japonês em Pearl Harbor, a inteligência americana tinha informações suficientes que confirmavam as intenções japonesas em realizar um ataque contra os Estados Unidos. Isso fez com que alertas fossem emitidos para as guarnições instaladas ao longo do Oceano Pacífico.

Apesar disso, no dia do ataque japonês contra Pearl Harbor (manhã de 7 dezembro de 1941, pelo horário do Havaí), as defesas americanas não estavam preparadas, e os japoneses tiveram pouca resistência. O elemento surpresa dessa ofensiva foi fundamental para ampliar a destruição e o grande número de mortos.

O saldo do ataque japonês, segundo Antony Beevor, foi o seguinte:

Além dos encouraçados Oklahoma e Arizona, a marinha americana em Pearl Harbor perdeu dois contratorpedeiros. Outros três encouraçados foram afundados ou encalharam e mais tarde foram recuperados e consertados, e três mais foram avariados. O corpo aéreo do exército e o da marinha perderam 188 aviões destruídos e 159 avariados. No total, 2.335 soldados americanos foram mortos e 1.143 feridos|2|.

O ataque contra Pearl Harbor foi celebrado pelos japoneses e pelos membros do Eixo (alemães e italianos) como uma grande vitória e um sucesso estratégico, porém especialistas em estratégia militar apontam a operação japonesa como um grande fracasso tático. Isso porque esse ataque não destruiu nenhum porta-avião americano, além de as cargas de ataque japonesas não alcançarem os estoques de combustíveis dos Estados Unidos.

Essa ofensiva ainda acabou mobilizando um inimigo que, até então, não via a guerra com muita simpatia. A mobilização americana para a guerra fez com que, seis meses depois, os Estados Unidos já começassem a conquistar vitórias importantes contra o Japão. Ao longo da guerra, os japoneses foram sendo encurralados, e o conflito contra os norte-americanos encerrou-se com o ataque atômico contra as cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão.

Notas

|1| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 209.
|2| BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 286.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "O ataque japonês contra a base naval de Pearl Harbor"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/o-ataque-japones-contra-base-naval-pearl-harbor.htm. Acesso em 20 de abril de 2024.

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