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Derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial

A derrota japonesa na Segunda Guerra começou a ser construída em 1942 e foi consolidada após três anos de guerra, em 1945, com a utilização das bombas atômicas.

Imagens aéreas dos incêndios em Tóquio após os bombardeios americanos sobre a cidade em 1945
Imagens aéreas dos incêndios em Tóquio após os bombardeios americanos sobre a cidade em 1945
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Após anos em guerra com os Estados Unidos, o Japão oficialmente se rendeu em 14 de agosto de 1945 após os Estados Unidos lançarem bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. A rendição japonesa colocou fim à Segunda Guerra Mundial após seis anos de conflito em todo o planeta.

Confira no nosso podcast: Consequências da Segunda Guerra Mundial para o Japão

Antecedentes

O confronto entre Estados Unidos e Japão começou quando o Japão realizou o ataque surpresa à base naval americana de Pearl Harbor, localizada no Havaí, em 7 de dezembro de 1941. O ataque deu início a um breve período de expansão territorial japonesa por regiões do sudeste asiático. Entre dezembro de 1941 e junho de 1942, o Japão havia conquistado Malásia, Birmânia, Cingapura, Índias Ocidentais Holandesas (atual Indonésia), Filipinas etc.

Esse primeiro momento deixou evidente a despreparação dos exércitos Aliados na Ásia e em posições no Oceano Pacífico. Importante lembrar que, em meados de 1942, os Aliados eram formados por Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido (que contava com o apoio de suas tropas imperiais). O cenário asiático da guerra também contou com a participação de tropas australianas e neozelandesas.

As rápidas vitórias alcançadas no sudeste asiático e o controle de partes importantes da China deram o combustível que inflou o nacionalismo japonês e a crença na vitória. Entretanto, parte da cúpula japonesa sabia que uma guerra a longo prazo contra os Estados Unidos seria desastrosa, pois a capacidade econômica e industrial do Japão era muito inferior à norte-americana.

A derrota japonesa foi algo construído ao longo de anos de guerra e foi iniciada em 1942, durante a Batalha de Midway. Essa batalha realizada entre a Marinha Imperial japonesa e a Marinha americana foi considerada pelos americanos um dos principais momentos da guerra na Ásia. As ilhas Midway são pequenas ilhas localizadas a cerca de 4 mil quilômetros do Japão. Sua conquista era importante porque permitiria ao Japão interromper as rotas de suprimentos dos Aliados na Austrália.

O que o Japão não esperava era que a inteligência norte-americana soubesse do ataque japonês a Midway. Isso fez com o que o resultado de Midway fosse desastroso ao Japão, pois quatro de seus porta-aviões foram afundados: Kaga, Soryu, Akagi e Hiryu. As perdas da Marinha japonesa nessa batalha foram tão grandes que a indústria japonesa nunca conseguiu suprir as carências a partir desse momento.

A guerra para o Japão após a derrota em Midway

O que aconteceu em Midway foi essencial para o resultado da guerra porque marcou o ponto da virada americana. Em 1943 e 1944, o Japão acumulou derrotas em diferentes partes da Ásia. No entanto, cada derrota japonesa era conquistada a um preço altíssimo pelos Estados Unidos. A resistência dos japoneses era obstinada e, em geral, eles lutavam até o último homem em suas posições defensivas.

Em 1944, a situação japonesa era extremamente delicada, pois, além das derrotas nas batalhas travadas, a inferioridade marítima afetou o abastecimento do Japão. Por ser uma ilha de poucos recursos, todo o abastecimento japonês na guerra contra os Estados Unidos vinha do que os territórios ocupados (China e sudeste asiático) produziam. Toda essa produção era enviada ao Japão por mar. Como os Estados Unidos impuseram grande domínio marítimo, o abastecimento japonês foi gravemente afetado na medida em que mais navios eram afundados, conforme o relato de Max Hastings sobre a atuação dos submarinos americanos na guerra:

Os submarinos americanos foram responsáveis por 55% de todas as perdas marítimas japonesas durante a guerra, que totalizaram 1.300 embarcações e mais de seis milhões de toneladas; o clímax de sua proeza destruidora ocorreu em outubro de 1944, quando afundaram 322.265 toneladas de navios. Depois disso, as perdas japonesas diminuíram porque sobrara pouca tonelagem para afundar; as importações japonesas caíram 40% |1|.

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Japão em 1945

Soldados americanos atacando posições defensivas do Japão em Okinawa, em 1945
Soldados americanos atacando posições defensivas do Japão em Okinawa, em 1945

Em 1945, o cerco ao Japão foi completamente fechado. Muitos bolsões de resistência japonesa existiam em diferentes partes da Ásia, porém, os Estados Unidos voltaram-se para o objetivo principal: a invasão do Japão.

Em 19 de fevereiro de 1945, começou o ataque a Iwo Jima, uma ilha a cerca de 1.200 quilômetros da ilha principal. Cerca de 30 mil soldados foram enviados para tomar Iwo Jima. A resistência japonesa – como se esperava – estava bem posicionada e resistiu até 27 de março. A tomada de Iwo Jima para os Estados Unidos custou cerca de 24 mil baixas entre mortos e feridos. A conquista de Iwo Jima foi contestada por alguns historiadores, que não viram nenhuma importância estratégica na conquista da ilha.

Outras ações importantes da guerra contra o Japão em 1945 foram: os bombardeios incendiários sobre grandes cidades japonesas e a tomada da ilha de Okinawa. Os bombardeios incendiários realizados pelos aviões B-29 castigaram severamente o Japão: estima-se que um bombardeio a Tóquio em 1945 resultou em 100 mil mortes.

A conquista de Okinawa mobilizou cerca de 170 mil soldados americanos para invadir a ilha, que tinha cerca de 150 mil habitantes. A defesa japonesa em Okinawa não se posicionou próximo das praias para evitar o ataque dos navios americanos. Com a resistência japonesa localizada no sul da ilha, criou-se um bolsão de resistência quase intransponível. Em 22 de junho, a resistência japonesa foi oficialmente derrotada após quase três meses de luta e cerca de 12 mil mortos e 50 mil feridos do exército americano.

O fim da guerra

A resistência obstinada dos exércitos japoneses, além de ter sido obtida após anos de doutrinação da população japonesa, era parte da estratégia de luta da cúpula japonesa. A liderança japonesa acreditava que, se o Japão impusesse um custo muito alto para as conquistas americanas, os Estados Unidos poderiam aceitar negociar o fim da guerra e garantir ao Japão o controle de suas posses coloniais na China e Coreia.

No entanto, os Estados Unidos possuíam outra estratégia para pôr fim à guerra: bombas atômicas. Desde 1941 os Estados Unidos produziam bombas atômicas no Projeto Manhattan. Em 1945, cerca de 125 mil pessoas trabalhavam a todo vapor para finalizar a produção das armas. O projeto contou com a parceria do Reino Unido.

A utilização das bombas atômicas foi resultado da indisposição americana em invadir a ilha japonesa, pois ela resultaria em milhares de mortes de soldados americanos. Além disso, havia a possibilidade de que a guerra contra o Japão se arrastasse por muitos meses e isso era considerado desastroso pelas lideranças americanas.

Com a negativa do Japão de se render, os Estados Unidos utilizaram suas bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki nos dias 6 e 9 de agosto de 1945. Os ataques ocasionaram a rendição japonesa em 14 de agosto de 1945. No dia 2 de setembro de 1945, a rendição do Japão foi oficializada com a assinatura do documento de rendição no encouraçado Missouri.

Nota

|1| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 579.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/derrota-japonesa-na-segunda-guerra-mundial.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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