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Segunda Guerra Mundial na Ásia

A Segunda Guerra Mundial na Ásia ficou marcada pelos confrontos entre Japão e os Estados Unidos que aconteceram entre 1941 e 1945. O resultado foi desastroso para o Japão.

O nacionalismo extremista e o militarismo foram os grandes fatores que levaram o Japão à guerra.
O nacionalismo extremista e o militarismo foram os grandes fatores que levaram o Japão à guerra.
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A Segunda Guerra Mundial na Ásia manifestou-se por meio dos confrontos militares travados na Segunda Guerra Sino-Japonesa, entre Japão e China; e na Guerra do Pacífico, entre Japão e Estados Unidos. Esses conflitos foram motivados pelo militarismo expansionista do Japão que desejava expandir-se sobre a China e combater a influência norte-americana na região.

Os conflitos na Ásia iniciaram-se com a Segunda Guerra Sino-Japonesa, iniciada em 1937, quando o Japão deu início a operações militares contra a China. A Segunda Guerra iniciou-se oficialmente em 1939, e os cenários de guerra expandiram-se quando os japoneses atacaram uma série de regiões no sudeste asiático, em 1940 e 1941. No final de 1941, os japoneses iniciaram um conflito contra os norte-americanos por meio do ataque à base de Pearl Harbor.

Acesse também: Batalha de Stalingrado – a maior batalha da história da humanidade

Tópicos deste artigo

Antecedentes da Segunda Guerra Mundial na Ásia

Os conflitos existentes na Ásia, durante a Segunda Guerra Mundial, têm relação direta com a postura do governo japonês, nas décadas de 1930 e 1940. Nesse período, o Japão possuía um governo extremamente nacionalista que defendia o militarismo como forma de defender os interesses imperialistas do país.

Existia retórica de guerra contra os Estados Unidos, desde a década de 1910, e a partir da década de 1920 esse discurso fortaleceu-se ainda mais. Os japoneses advogavam a ideia de que o país não poderia aceitar que potências estrangeiras dominassem territórios na Ásia, por isso acreditavam que a guerra deveria ser levada como forma de expulsá-los de lá.

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Havia uma retórica também contra os russos, uma vez que um grupo de japoneses defendia uma guerra contra a União Soviética para expandir os domínios japoneses até a Sibéria. O grande alvo do imperialismo japonês, no entanto, foram os chineses. Em 1931, os japoneses haviam invadido a Manchúria e estabelecido um Estado fantoche chamado Manchukuo.

Em 1937, os japoneses utilizaram o Incidente da Ponte Marco Polo como pretexto para iniciar a invasão do território chinês, iniciando, assim, a Segunda Guerra Sino-Japonesa. Esse conflito estendeu-se até 1945 e fundiu-se aos conflitos da Segunda Guerra Mundial. O confronto com a China foi motivo de intenso desgaste para o Japão e intensificou os desejos imperialistas do país.

Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, o exército japonês realizou inúmeras atrocidades contra a população chinesa.[1]
Durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, o exército japonês realizou inúmeras atrocidades contra a população chinesa.[1]

Em 1939, o Japão envolveu-se em conflitos de fronteira com tropas soviéticas, o que ficou conhecido como Incidente de Nomonhan ou Batalha de Khalkhin Gol. Entre maio e setembro, tropas soviéticas e japoneses enfrentaram-se em confrontos que resultaram em uma dura derrota para os japoneses. Essa derrota enfraqueceu os ideais de expansão para o norte e levou o Japão a concentrar-se na expansão pelo sul contra os norte-americanos.

Acesse também: Como ficou a situação do Japão após a rendição na Segunda Guerra Mundial?

Expansão no Sudeste Asiático

A derrota em Khalkhin Gol levou os japoneses a assinarem um acordo de neutralidade com os soviéticos e os levou a se aproximar dos alemães ao assinarem o Tratado Tripartite, um acordo no qual Alemanha, Itália e Japão garantiam declarar guerra contra qualquer nação que atacasse uma delas. Esse acordo visava a intimidar os Estados Unidos.

Como os japoneses não atacariam a União Soviética, sua ambição voltou-se para o sudeste asiático. Os adversários do Japão na China, sobretudo os nacionalistas liderados por Chiang Kai-shek, recebiam dos Estados Unidos uma série de suprimentos e armamentos por rotas que vinham da Indochina Francesa.

Os japoneses invadiram a Indochina Francesa, em setembro de 1940, e no ano seguinte já tinham estacionados ali cerca de 40 mil soldados. Lá da Indochina, os japoneses enviavam para o Japão recursos, como arroz, carvão e borracha, além de tecidos utilizados pela indústria têxtil japonesa. A resposta dos Estados Unidos foi impor um embargo de importações ao Japão, em julho de 1941.

Esse embargo afetava contundentemente o Japão, pois 80% do petróleo consumido pelos japoneses era obtido dos Estados Unidos ou das Ilhas Orientais Holandesas (atual Indonésia)|1|. Correndo o risco de ter de abrir mão de seus interesses imperialistas, e incentivado pelo sucesso dos alemães, o Japão optou por lançar-se à conquista do sudeste asiático.

Rapidamente, os japoneses conquistaram a Birmânia, a Malásia, Cingapura e Índias Orientais Holandesas. Enquanto a conquista do sudeste asiático estava em curso, os japoneses tomaram a decisão que mudou em absoluto o curso da Segunda Guerra Mundial: atacar os Estados Unidos.

Acesse também: Como se deu a participação do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial?

Ataque a Pearl Harbor

O ataque a Pearl Harbor foi realizado em 7 de dezembro de 1941 e motivou a entrada dos EUA na guerra.
O ataque a Pearl Harbor foi realizado em 7 de dezembro de 1941 e motivou a entrada dos EUA na guerra.

O ataque a Pearl Harbor foi, portanto, uma decisão baseada no ideal imperialista dos japoneses. Eles desejavam formar uma alternativa ao colonialismo europeu que ficou conhecido como “Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia”. Esse conceito resumia a ideia de ser formado um grande império na Ásia comandado pelos japoneses.

Fazia parte desse conceito a ideia de colocar fim a todo o tipo de influência ocidental na Ásia. Por isso que os japoneses voltaram-se contra britânicos, franceses e holandeses no sudeste asiático e, por isso, que eles decidiram atacar os Estados Unidos no Pacífico. Antes disso, uma série de negociações entre Japão e Estados Unidos aconteceram, mas elas acabaram fracassando.

O estopim para os japoneses foram as exigências feitas pelo secretário de Estado, Cordell Hull. Em um documento conhecido como “Hull Note”, os Estados Unidos exigiram que o Japão respeitasse a soberania da Indochina e da China, por exemplo. O documento foi considerado um ultraje pelos militares japoneses – a maioria deles desejosos pela guerra.

Assim, o primeiro-ministro do Japão, Hideki Tojo, ordenou que a guerra fosse declarada contra os Estados Unidos. Para o primeiro ataque, os japoneses decidiram que o alvo seria Pearl Harbor, local onde ficava estacionada a frota da Marinha norte-americana no Pacífico. O almirante Isoroku Yamamoto era contrário à guerra, mas acabou planejando o ataque de forma a causar a máxima destruição possível.

A inteligência norte-americana sabia da possibilidade do ataque japonês e a informação foi repassada a todas as bases norte-americanas. Ainda assim, quando o ataque japonês aconteceu, a base de Pearl Harbor estava totalmente despreparada para o ataque. Os japoneses iniciaram o seu ataque repentinamente, isto é, não houve declaração formal de guerra antes que o ataque fosse realizado.

Os historiadores interpretaram o ataque a Pearl Harbor como um erro estratégico dos japoneses. Primeiramente, porque mobilizou a população norte-americana em defesa da guerra – até 1941, a guerra era impopular nos EUA –, além disso, mobilizou um inimigo pelo qual o Japão não tinha capacidade econômica e industrial de lutar no longo prazo.

O ataque japonês causou a morte de 2335 soldados norte-americanos e danificou encouraçados dos EUA, mas não destruiu por completo o poder de guerra dos Estados Unidos. Em poucos meses, o Japão passou a sofrer duros golpes dos norte-americanos no conflito.

Acesse também: Houve campos de concentração nos Estados Unidos durante a 2ª Guerra?

Derrota japonesa

O ponto de inflexão da Segunda Guerra Mundial na Ásia aconteceu em junho de 1942, com a batalha aeronaval que aconteceu em Midway. Essa batalha aconteceu entre os dias 4 e 7 de junho e foi um total desastre para o Japão: quatro porta-aviões foram afundados, sendo eles Kaga, Akagi, Hiryu e Soryu.

Com essa batalha, o Japão perdeu um significativo poderio de guerra e nunca mais conseguiu recuperar o seu poderio de antes de Midway. Lentamente, os japoneses foram acumulando derrotas em diferentes locais do Pacífico. Em Guadalcanal, por exemplo, que aconteceu entre agosto de 1942 e fevereiro de 1943, os japoneses acumularam 30 mil baixas e foram obrigados a recuar.

A indústria japonesa mostrou-se incapaz de produzir na velocidade que a guerra demandava e, assim, o Japão viu seus esforços fracassarem em locais como Ilhas Salomão e Papua Nova Guiné, por exemplo. A campanha na China mostrava-se desastrosa, uma vez que a resistência era implacável e os japoneses não conseguiam avançar.

A partir de 1944, o desgaste japonês tornou-se significativo e o Japão perdeu as Filipinas, Tarawa e as Ilhas Marianas. O avanço dos EUA acabou fazendo com que os norte-americanos conquistassem territórios no Japão. Em 1945, este país perdeu Iwo Jima e Okinawa e, internamente, o país estava à beira do colapso.

As linhas de comunicação japonesas estavam severamente prejudicadas, os navios norte-americanos dificultavam a obtenção de recursos e o envio de reforços e as forças aéreas do Japão estavam praticamente neutralizadas. Em 1945, dezenas de cidades sofreram com ataques intensos das forças aéreas norte-americanas.

O objetivo desses ataques era, principalmente, de prejudicar o moral do exército e da população do Japão. O historiador Max Hastings afirma que, aproximadamente, 170 mil toneladas de bombas foram lançadas sobre o Japão e para cada norte-americano morto durante esses ataques (3015 mortos), quase 100 japoneses morreram|2|. O avanço dos Aliados e o colapso do Japão demonstrou que a derrota japonesa era certa.

Rendição japonesa

Em 9 de agosto, foi lançada uma bomba atômica sobre a cidade de Nagasaki.
Em 9 de agosto, foi lançada uma bomba atômica sobre a cidade de Nagasaki.

Mesmo nesse cenário, o comando japonês não aceitava a rendição do país. A última etapa da guerra era a invasão da ilha principal do território japonês – Honshu. Membros do comando japonês defendiam a paz e fizeram esforços para que a União Soviética mediasse um acordo do Japão com os Estados Unidos.

Os japoneses tinham o interesse de permanecer com as terras que ainda estavam sob seu controle na Ásia. Essa ideia não avançou, porque os soviéticos demonstraram não ter interesse em mediar um acordo de paz entre EUA e Japão. Como os japoneses não se rendiam, os Aliados reuniram na Conferência de Potsdam, em julho de 1945.

Nessa conferência, foram estabelecidos os termos para a rendição do Japão. Estados Unidos, Reino Unido e China exigiram dos japoneses|3|:

  • Remover as autoridades que levaram o país à guerra;

  • Ocupação estrangeira até que uma nova ordem de paz fosse criada no país;

  • Estabelecimento da soberania japonesa exclusivamente às ilhas de Honshu, Hokkaido, Kyushu, Shikoku e outras que seriam escolhidas pelos Aliados;

  • Desmantelamento do exército japonês e retorno de todas as tropas ao Japão;

  • Estabelecimento da democracia;

  • Desarmamento do país;

  • Pagamento de indenização de guerra;

  • Rendição incondicional.

A declaração ainda vinha com uma ameaça: caso o país não aceitasse os termos de Potsdam, os Aliados ameaçavam “destruir imediatamente e totalmente” o país. Os japoneses recusaram-se a aceitar os termos de Potsdam, uma vez que muitos membros do exército defendiam uma batalha final travada na ilha de Honshu.

O resultado foi catastrófico para o Japão. Sofrendo pressão popular para que a guerra fosse encerrada rapidamente e temeroso do desgaste causado pelos possíveis combates em Honshu, o presidente norte-americano usou uma medida extrema: autorizou o lançamento de bombas atômicas sobre Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto).

Milhares de pessoas morreram instantaneamente, outros milhares sofreram com as duras consequências dessas bombas (queimaduras e doenças causadas pela radiação) e as duas cidades foram reduzidas a cinzas. Ainda em 9 de agosto, o Japão sofreu um duro golpe: os soviéticos declaram guerra ao país e iniciaram a invasão da Manchúria.

O imperador Hirohito estava disposto a prosseguir com a guerra, caso os EUA não aceitassem a manutenção do sistema imperial.[2]
O imperador Hirohito estava disposto a prosseguir com a guerra, caso os EUA não aceitassem a manutenção do sistema imperial.[2]

Nesse cenário, houve inúmeras negociações e reuniões entre o comando japonês sobre o término da guerra. Alguns contra, outros a favor, a saída pela paz sobressaiu-se por causa de uma condição: o sistema imperial foi mantido. Como os norte-americanos aceitaram manter Hirohito no trono japonês, ele aceitou a rendição. O historiador Yoshikuni Igarashi, no entanto, aponta que se os americanos não tivessem aceitado a condição japonesa, Hirohito estava disposto a continuar a guerra tanto quanto fosse possível|4|.

A rendição japonesa foi oficializada no dia 14 de agosto de 1945. No dia seguinte, uma transmissão de rádio com a voz do imperador anunciou a rendição japonesa e, no dia 2 de setembro, os termos de rendição dos japoneses foram assinados. Os crimes de guerra cometidos pelos japoneses ao longo de oito anos de conflito na Ásia foram julgados no Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente.

Créditos da imagem

[1] Everett Historical/Shutterstock

[2] Sergey Goryachev/Shutterstock

Notas

|1| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 203.

|2| Idem, p. 662.

|3| BROOKS, Lester. História secreta da rendição japonesa de 1945: fim de um império milenar. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019, p. 162-163.

|4| IGARASHI, Yoshikuni. Corpos da memória: narrativas do pós-guerra na cultura japonesa (1945-1970) São Paulo: Annablume, 2011, p.67-68.

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Segunda Guerra Mundial na Ásia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/segunda-guerra-mundial-na-asia.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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