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Mobilidade urbana

A mobilidade urbana se impõe como um desafio em todo o mundo. Ela é parte fundamental do planejamento urbano e possui grande importância para a qualidade de vida nas cidades.

Tráfego rodoviário em uma avenida de Las Vegas, no estado de Nevada, nos Estados Unidos.
As condições de circulação de pessoas em uma cidade são chamadas de mobilidade urbana.
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Mobilidade urbana é definida como as condições presentes no espaço que viabilizam a circulação de pessoas, mercadorias e cargas nas cidades. A mobilidade tem se tornado um desafio para os grandes centros urbanos, que experimentaram rápida expansão de seu tecido urbano e da frota de veículos particulares, contrastando com transportes públicos e vias insuficientes e de baixa qualidade em muitos casos. Garantir a mobilidade urbana é proporcionar maior fluidez ao espaço urbano e tornar a cidade mais acessível àqueles que a habitam, assegurando uma melhor qualidade de vida à população.

Confira no nosso podcast: Desafios da mobilidade urbana no Brasil

Tópicos deste artigo

Resumo sobre mobilidade urbana

  • Mobilidade urbana é a capacidade que as pessoas, mercadorias e cargas possuem de circularem pelo espaço urbano levando em consideração a infraestrutura disponível, as normas vigentes e condições intrínsecas a esses agentes.

  • O rápido crescimento das cidades e da frota de automóveis e questões como a falta de planejamento são causadores de problemas de mobilidade urbana.

  • A dinamização do espaço urbano, a realização das atividades nas cidades e o acesso a todos os serviços que elas oferecem dependem da mobilidade urbana, por isso a sua importância.

  • São consequências da falta de mobilidade urbana a lentidão no trânsito em horário de pico (hora do rush), congestionamentos, atrasos e aumento da poluição atmosférica e sonora.

  • No Brasil, o intenso fluxo migratório em direção às cidades a partir da segunda metade do século XX e o fato de que a infraestrutura e o sistema de transportes não foi ampliado são fatores que geram problemas à mobilidade urbana do país atualmente.

  • Existem fóruns dedicados a debates sobre mobilidade urbana em nível mundial e estudos sendo realizados por empresas sobre a mobilidade urbana nas principais cidades do mundo.

  • De acordo com o Índice de Mobilidade Urbana da empresa Here, as cinco cidades com melhor mobilidade urbana do mundo são, respectivamente: Copenhague, Bruxelas, Vancouver, Viena e Zurique.

  • A mobilidade urbana aliada à preservação do meio ambiente e melhoria na qualidade de vida da população das cidades é chamada de mobilidade urbana sustentável.

  • Melhorias e soluções para a mobilidade urbana incluem planejamento urbano, expansão da rede de cobertura do transporte público, adoção da intermodalidade no transporte urbano, ampliação de vias e flexibilização nos horários.

O que é mobilidade urbana?

Mobilidade urbana é a capacidade de realização de deslocamentos nas cidades e áreas urbanizadas. Trata-se de um conceito bastante trabalhado no âmbito da geografia urbana e aplicado principalmente no planejamento urbano e nas políticas voltadas às cidades, referindo-se ao conjunto de condições normativas e infraestruturais, bem como individuais, que permitem a circulação de pessoas e também de cargas nas cidades, garantindo assim a fluidez do espaço urbano.

Essa definição se aproxima bastante daquela apresentada na Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei nº 12.587 de 3 de janeiro de 2012), um dos dispositivos legais que versam sobre essa questão no Brasil.

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Problemas da mobilidade urbana

As cidades de todo o mundo, em especial as metrópoles, enfrentam uma série de problemas atrelados à mobilidade urbana e também à falta dela. Isso acontece em especial naqueles locais que passaram por um rápido processo de urbanização, marcado pelo crescimento desordenado das cidades, isto é, sem qualquer tipo de planejamento que preparasse o espaço para a intensificação dos fluxos de maneira geral.

Outro aspecto importante a ser considerado no estudo dos problemas da mobilidade urbana é o uso dos transportes individuais em detrimento do transporte coletivo, como ônibus e metrôs. A preferência da população por veículos como carros ou motos se deve a vários motivos que vão desde a maior flexibilidade de uso até o sucateamento dos transportes públicos urbanos, o que inclui veículos quebrados ou de baixa qualidade e tarifas elevadas. Dessa forma, nota-se um crescimento da frota de carros e motocicletas nas cidades.

Assim, podemos afirmar que os principais problemas da mobilidade urbana decorrem da falta de planejamento e da ausência de infraestrutura adequada que proporcione a locomoção nas cidades.

Levando isso em consideração, listamos abaixo alguns dos principais problemas da mobilidade urbana:

  • trânsito lento em horário de pico (hora do rush) e aumento dos congestionamentos;

  • baixa cobertura das redes de transporte público, isto é, não chegam a todos os bairros ou ruas da cidade;

  • falta de integração dos diferentes modais urbanos;

  • baixa qualidade do transporte público e tarifas elevadas;

  • baixa qualidade do asfalto urbano, das calçadas e das vias de circulação de modo geral;

  • falta de acessibilidade dos lugares;

  • ausência ou ineficácia de corredores de ônibus e ciclofaixas.

Importância da mobilidade urbana

A mobilidade urbana é um aspecto fundamental das cidades e de sua respectiva população. Ela é importante porque proporciona a maior fluidez do espaço urbano, isto é, mediante as condições adequadas os fluxos de pessoas e cargas acontecem de maneira eficiente, tornando as cidades espaços dinâmicos e funcionais.

A importância da mobilidade urbana se dá pois ela viabiliza o que chamamos de acesso à cidade, proporcionando aos cidadãos a locomoção entre diferentes bairros e localidades, dos mais próximos aos mais distantes do seu local de moradia, com finalidades diversas, como estudo, trabalho ou lazer. Por essa razão, a mobilidade urbana é parte essencial das políticas públicas que tratam do direito à cidade e dos diversos planos voltados ao uso e ocupação do espaço urbano.

Desafios da mobilidade urbana

A mobilidade urbana oferece uma série de desafios aos cidadãos, que os enfrentam cotidianamente, e também aos gestores públicos responsáveis pela administração e gestão do espaço urbano. Tais desafios se tornam ainda maiores nos grandes centros urbanos e nas metrópoles, que são espaços muito populosos onde a circulação de pessoas e de veículos é intensa.

Ambos os aspectos citados acima configuram dois dos principais desafios da mobilidade urbana, junto da expansão do tecido urbano, isto é, com a ocorrência de um contínuo crescimento das cidades, que demanda novas redes de infraestrutura e um sistema de transporte público eficaz, com ampla capacidade de cobertura.

Como vimos, o crescimento da frota de veículos individuais ocasiona lentidão no tráfego e longos congestionamentos, impondo um desafio de melhorias na circulação, com a ampliação das vias e criação de faixas exclusivas para determinados modais, como ônibus e bicicletas, e principalmente na qualidade e eficiência dos transportes coletivos, atraindo assim um maior número de usuários. Outro desafio atrelado ao aumento do número de veículos é a poluição urbana, que afeta não somente as cidades, mas o equilíbrio ambiental como um todo.

Leia também: Conurbação — quando uma cidade ultrapassa seus limites municipais devido ao seu crescimento

Consequência da falta de mobilidade urbana

A falta de mobilidade urbana traz consequências à sua população e ao dinamismo das cidades. Alguns desses impactos são:

  • acesso limitado à cidade, o que impede os cidadãos de desfrutarem de todas as atividades e serviços oferecidos no espaço urbano e dificulta a sua locomoção;

  • atrasos decorrentes do transporte público ineficaz (necessidade de utilizar mais de uma linha de ônibus ou metrô para chegar até o destino, longos tempos de espera etc.) e/ou dos congestionamentos;

  • trânsito lento e engarrafamentos nos horários de pico (hora do rush);

  • aumento da poluição atmosférica e sonora nas cidades;

  • piora na qualidade de vida da população em decorrência dos problemas acima mencionados.

Congestionamento em horário de pico (hora do rush).
Os congestionamentos são consequência da falta de mobilidade urbana.

Mobilidade urbana no Brasil

A mobilidade urbana tem se tornado um dos principais desafios nas cidades brasileiras, notadamente nas metrópoles e regiões metropolitanas, que concentram mais de um terço de toda a população do Brasil.

A modernização da agricultura e o desenvolvimento da indústria brasileira geraram um intenso fluxo migratório em direção às cidades a partir da segunda metade do século XX, provocando o crescimento das áreas urbanizadas.

Embora tenha havido a expansão do tecido urbano e o aumento populacional nas cidades, a infraestrutura e o sistema de transportes não foi ampliado ou adaptado em conformidade, resultando em problemas de mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras.

Entre outros, os problemas comuns no transporte urbano brasileiro e, por conseguinte, de mobilidade urbana são:

  • superlotação do transporte público;

  • longos períodos de espera;

  • necessidade de baldeação;

  • congestionamentos;

  • escassez de linhas que atendam as áreas mais distantes do centro das cidades;

  • falta de manutenção das vias públicas.

É importante ressaltar ainda que a frota de veículos particulares, principalmente de carros, mais do que dobrou na última década no Brasil, intensificando o trânsito nas cidades e afetando a mobilidade nesses espaços. Enquanto em 2001 a taxa era de 168 veículos por mil habitantes, em 2020 esse número saltou para 471 veículos por mil habitantes.|1|

A legislação brasileira apresenta alguns dispositivos legais que regem o uso e a ocupação do solo urbano, o que inclui temas como o da mobilidade urbana. Dentre eles estão o Estatuto da Cidade (Lei 10.257 de 10 de julho de 2001) e o Plano Nacional da Mobilidade Urbana (Lei 12.587 de 3 de janeiro de 2012), os quais preveem a elaboração e execução de planos de mobilidade urbana pelos municípios brasileiros. Para saber mais, acesse: Mobilidade urbana no Brasil.

Mobilidade urbana no mundo

Pessoas trafegando de bicicleta nas ciclovias de Copenhague, na Dinamarca.
Copenhague, na Dinamarca, é considerada a cidade com a melhor mobilidade urbana do mundo. [1]

Melhorias na mobilidade urbana têm se tornado a grande questão das cidades ao redor do planeta, tendo em vista o crescimento populacional nas áreas urbanas, que segue em uma curva ascendente. Hoje, mais de 57% da população do mundo vive nas cidades, enquanto a taxa de crescimento populacional nas áreas urbanizadas é de 1,73% ao ano.|2|

Além de fóruns dedicados ao debate da mobilidade urbana em escala internacional, considerando o contexto das inovações tecnológicas e da necessidade de buscar modos de vida mais sustentáveis, um deles parte do Fórum Econômico Mundial, empresas realizam estudos a respeito da mobilidade urbana nas principais cidades mundiais.

Um desses estudos é de uma empresa estadunidense de tecnologia, a Here, que elaborou um Índice de Mobilidade Urbana com base em quatro critérios: conectividade, sustentabilidade, inovação e acessibilidade.

De acordo com os dados desse índice, as cinco cidades com melhor mobilidade urbana do mundo são:

  1. Copenhague (Dinamarca)

  2. Bruxelas (Bélgica)

  3. Vancouver (Canadá)

  4. Viena (Áustria)

  5. Zurique (Suíça)

Mobilidade urbana sustentável

A mobilidade urbana sustentável alia a eficácia da locomoção das pessoas nas cidades com práticas, meios de transporte e hábitos menos agressivos ao meio ambiente, promovendo melhorias na qualidade de vida nos centros urbanos. Para se atingir uma mobilidade urbana mais sustentável são necessários investimentos no setor de transporte e acessibilidade urbana, além de medidas de planejamento adequadas.

Algumas práticas que ajudam a tornar a circulação nas cidades menos danosa ao meio ambiente são:

  • ampliação do uso de bicicletas e da construção de ciclofaixas;

  • adoção de melhorias no transporte coletivo, incentivando assim a sua utilização por uma maior parcela da população;

  • ampliação das redes férreas nas cidades, com o maior uso de meios de transporte como trens e metrôs;

  • adoção de veículos elétricos ou que utilizem energia limpa;

  • redução da utilização de combustíveis fósseis;

  • maior integração dos transportes urbanos.

Possíveis soluções para a mobilidade urbana

Algumas medidas podem ser tomadas para melhorar a mobilidade urbana nas cidades a médio e longo prazo. Entre elas, estão:

  • diversificação dos modais de transporte utilizados (metrôs, ônibus, trens, bicicletas, carros);

  • flexibilização dos horários das atividades e serviços urbanos, evitando sobrecarga no trânsito e formação de congestionamentos;

  • integração das diferentes vias e modais de transporte;

  • ampliação da cobertura das redes de transporte urbano, aumentando a integração do espaço urbano;

  • adoção de melhorias nas vias e na infraestrutura urbana de modo geral, conferindo maior grau de fluidez ao espaço.

Exercícios resolvidos sobre mobilidade urbana

Questão 1

(Fuvest)

Charge abordando um dos problemas da mobilidade urbana: a falta de fluidez no trânsito (engarrafamento).
Fonte: Adaptado da Revista Atenção. Editora Página Aberta, ano 2, nº 5, 1996.

A charge acima, satirizando uma situação problemática, comum às grandes cidades, sugere a

I. importância da circulação para a dinâmica das atividades urbanas, exigindo da municipalidade a produção de soluções.

II. hegemonia do automóvel particular frente ao transporte público coletivo, resultando em entraves à fluidez do tráfego viário.

III. ausência de instrumentos legais de planejamento urbano, impedindo o processo de metropolização.

Está correto o que se afirma em:

A) I, apenas.

B) I e II, apenas.

C) III, apenas.

D) II e III, apenas.

E) I, II e III.

Resolução:

Alternativa B

A charge aborda questões da mobilidade urbana, como a importância dos fluxos para as atividades urbanas e a dependência atual de veículos particulares, o que resulta na adaptação dos espaços urbanos para a circulação de automóveis e na presença maciça de veículos, condicionantes da falta de fluidez do trânsito nas cidades.

Questão 2

(Enem)

No século XIX, o preço mais alto dos terrenos situados no centro das cidades é causa da especialização dos bairros e de sua diferenciação social. Muitas pessoas, que não têm meios de pagar os altos aluguéis dos bairros elegantes, são progressivamente rejeitadas para a periferia, como os subúrbios e os bairros mais afastados.

RÉMOND, R. O século XIX. São Paulo: Cultrix, 1989 (adaptado).

Uma consequência geográfica do processo espacial descrito no texto é a:

A) criação de condomínios fechados de moradia.

B) decadência das áreas centrais de comércio popular.

C) aceleração do processo conhecido como cercamento.

D) ampliação do tempo de deslocamento diário da população.

E) contenção da ocupação de espaços sem infraestrutura satisfatória.

Resolução:

Alternativa D

A ampliação do tecido urbano e o crescimento das periferias pode gerar um problema de mobilidade urbana quando não há serviços de transporte suficientes, causando a ampliação no tempo que a população que vive nessas áreas leva para se deslocar de um ponto a outro da cidade.

Notas

|1| MOBILIDADOS. Taxa de motorização no Brasil: veja o aumento em 20 anos. Mobilize, [2021]. Disponível aqui.

|2| CIA. Countries: Cambodia. The World Factbook. Disponível aqui.

Crédito de imagem

[1] William Perugini / Shutterstock

 

Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia

Escritor do artigo
Escrito por: Paloma Guitarrara Licenciada e bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestre em Geografia na área de Análise Ambiental e Dinâmica Territorial também pela UNICAMP. Atuo como professora de Geografia e Atualidades e redatora de textos didáticos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

GUITARRARA, Paloma. "Mobilidade urbana"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/mobilidade-urbana.htm. Acesso em 17 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Lista de exercícios


Exercício 1

Trata-se de um conceito bastante trabalhado no âmbito da Geografia urbana e aplicado principalmente no planejamento urbano e nas políticas voltadas às cidades, referindo-se ao conjunto de condições normativas e infraestruturais, bem como individuais, que permitem a circulação de pessoas e também de cargas nas cidades, garantindo a fluidez do espaço urbano.

GUITARRA, Paloma. Mobilidade urbana. Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/mobilidade-urbana.htm.

O enunciado trata de qual assunto?

A) Evolução dos transportes

B) Mobilidade urbana

C) Espaço urbano

D) Macrocefalia urbana

E) Infraestrutura urbana

Exercício 2

Os problemas ligados à mobilidade urbana afetam cidades em todo o mundo, especialmente as grandes cidades que passaram por um processo acelerado de urbanização. O fator que justifica a deficiência de mobilidade em grandes centros é:

A) o relevo, que pode influenciar positiva ou negativamente o desenvolvimento dos meios de transportes nas cidades.

B) o número de habitantes, pois cidades com mais de um milhão de pessoas necessariamente apresentam problemas com a mobilidade.

C) a idade das cidades, uma vez que as cidades mais antigas, fundadas entre os séculos XIV e XIX, apresentam problemas de mobilidade na atualidade.

D) o nível econômico da população, que, nas cidades grandes, é elevado, levando à utilização de veículos particulares de forma predominante, o que gera o problema da mobilidade.

E) o crescimento desordenado, verificado na maioria das grandes cidades, sem planejamento que possa preparar o espaço para a intensificação dos fluxos de maneira geral.