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Tom Jobim

Conhecido como gênio, Tom Jobim ajudou a projetar a Música Popular Brasileira no exterior, em especial, com a canção “Garota de Ipanema”.

Exímio pianista, Tom Jobim exaltava seu amor pelo Rio de Janeiro nas suas canções. [1]
Exímio pianista, Tom Jobim exaltava seu amor pelo Rio de Janeiro nas suas canções. [1]
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Um dos artistas brasileiros que teve maior projeção no exterior, Tom Jobim foi um maestro, músico, cantor, pianista e compositor que, acima de tudo, gostava de enaltecer nas suas canções seu país e sua cidade natal, Rio de Janeiro.

Alguns consideram-no o maior gênio da música brasileira. Suas obras ajudaram a Música Popular Brasileira (MPB) a ficar conhecida no mundo, na década de 60. Um dos maiores compositores do século XX, Tom Jobim, junto com o poeta Vinícius de Moraes, é autor da música brasileira mais famosa da história, a “Garota de Ipanema”.

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Tópicos deste artigo

Vida

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim nasceu no dia 25 de janeiro de 1927, em uma casa localizada na rua Conde de Bonfim, no bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O músico nasceu em sua casa, em um parto realizado pela mesma pessoa que trouxe o sambista e compostor Noel Rosa ao mundo, conforme revela o livro “Antônio Carlos Jobim, um homem iluminado”, de Helena Jobim.

Tom Jobim era filho do diplomata Jorge de Oliveira Jobim e de Nilza Brasileiro de Almeida. Somente teve uma irmã, Helena. Com menos de um ano de idade, a família de Tom Jobim mudou-se para o bairro de Ipanema, na Zona Sul. Desde sempre, o músico amava a alegria, a boemia e o jeito de ser do carioca.

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Durante toda a sua carreira, Tom Jobim homenageou, por meio de suas canções, seu bairro Ipanema, seu estado, Rio de Janeiro, e seu país, Brasil.

Embora se chamasse Antônio, poucos chamavam-no assim. A maioria o conhecia como Tom ou Tom Tom, apelido dado pela irmã dele, Helena, que, quando criança, não sabia pronunciar o nome dele. Jobim cresceu em meio a artistas e à cena boêmia carioca. Desde novo, interessou-se pela música, por influência dos seus tios que tocavam instrumentos.

Aos 14 anos, o maestro teve suas primeiras aulas de piano com o compositor alemão Hans Joachim Koellreutter, que lecionava no Colégio Brasileiro de Almeida, cuja proprietária era sua mãe, Nilza. Tom também tocou guitarra e flauta. O músico chegou a estudar um tempo o curso de Arquitetura e Urbanismo, mas o abandonou para se dedicar à música, sua grande paixão.

Estátua de Tom Jobim no bairro de Ipanema (RJ) [2]
Estátua de Tom Jobim no bairro de Ipanema (RJ). [2]

Em 1949, aos 22 anos, casou-se com Thereza de Otero Hermanny, com quem teve dois filhos, Paulo e Elizabeth. Eles separaram-se em 1978. Ana Beatriz Lontra foi a segunda esposa de Tom Jobim e quem o acompanhou até o final de sua vida. Casou-se com ela em 1986. Juntos, tiveram os filhos João Francisco e Maria Luiza.

O músico mantinha uma casa no bairro carioca Jardim Botânico e um sítio em Poço Fundo (RJ). Além disso, desde os anos 1960 Jobim passou grande parte da sua vida em Nova Iorque (EUA), cidade que adorava. O seu apartamento estava localizado próximo ao Central Park.

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Nova Iorque

Segundo entrevistas, o compositor disse que gostava da cidade norte-americana porque, ao estar nela, não precisava provar nada. Ele afirmou ainda gostar dos arranha-céus do local.

O maestro também concedeu entrevista comentando que gostava de se dedicar aos animais, às artes e à natureza. Ele preocupava-se com a destruição, com os incêndios do Amazonas, com os índios, entre outros.

Tom Jobim também afirmou que, ao estar longe do seu país, teve um ponto de vista diferente, uma consciência maior da sua pátria. Passou a sentir mais saudade e talvez por isso escrevesse mais coisas das raízes brasileiras.

Morte de Tom Jobim

Tom Jobim morreu em decorrência de uma parada cardíaca, em 8 de dezembro de 1994, aos 67 anos, no Hospital Monte Sinai, que ficava perto do seu apartamento em Nova Iorque. A morte de Jobim causou grande comoção não só no Brasil, como no mundo. O velório foi realizado no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.

Obra de Tom Jobim

Compositor, músico, pianista e dono de uma voz suave e harmoniosa, Tom Jobim é apelidado por muitos como maestro e gênio da Música Popular Brasileira (MPB). Na sua carreira musical, teve influência de Chopin, de Debussy e, especialmente, de Heitor Villa-Lobos.

Durante sua vida artística, Jobim compôs sobre três temas com mais frequência: o amor, a natureza, em especial a fauna e flora brasileiras, e o Rio de Janeiro. Nas suas obras, também gostava de falar sobre o Brasil e seus costumes.

Início

Já como músico, na década de 40 e início de 50, Tom Jobim tocava piano em bares e boates dos bairros de Copacabana e Ipanema, apelidados por ele próprio como “inferninhos”. Paralelamente, estudava orquestração, harmonia e composição.

Em 1952, o brasileiro foi contratado pela gravadora Continental. O primeiro grande sucesso musical de Tom Jobim foi um samba-canção intitulado “Tereza da praia”, em 1954.

Principais músicas de Tom Jobim

  • “Chega de saudade” (1958)

  • “Corcovado” (1960)

  • “Samba do avião” (1962)

  • “Só danço samba” (1962)

  • “Wave” (1967)

  • “Águas de março” (1973)

  • “Lígia” (1973)

  • “Samba de uma nota só” (1974)

Parcerias

A carreira de Tom Jobim foi marcada por inúmeras parceiras de sucesso. Entre seus parceiros nacionais, podemos citar:

  • Astrud Gilberto;

  • Baden Powell;

  • Billy Blanco;

  • Dolores Duran;

  • Elis Regina;

  • Eliseth Cardoso;

  • Flora Purim;

  • Gal Costa;

  • João Gilberto;

  • Newton Mendonça;

  • Sergio Mendes;

  • Silvinha Teles, entre outros.

Entre as parcerias internacionais, destacam-se as estabelecidas com Stan Getz, Charlie Byrd, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, entre outros nomes do universo pop e do jazz.

Tom Jobim e Chico Buarque receberam prêmio no Festival da Canção, em 1968. [3]

Parceria com Vinícius de Moraes

Inquestionavelmente, a parceria mais famosa de Tom Jobim foi com o poeta Vinícius de Moraes. Segundo o próprio compositor, foi uma parceria frutífera e muito gratificante, uma das mais importantes da MPB.

Em meados da década de 50, Moraes estava procurando alguém para fazer a música da peça “Orfeu da Conceição”. Jobim foi o escolhido. Começou, assim, a longa parceria de ambos, que também foi levada à vida pessoal. Juntos, compuseram mais de 50 músicas.

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A peça “Orfeu da Conceição” foi lançada em 1956, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Jobim orquestrou, regeu e compôs parte de trilha musical. Fez parte da peça a música “Se todos fossem iguais a você” – um dos maiores sucessos da dupla.

A peça virou o filme “Orfeu Negro”, que, em 1959, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro. Também foi agraciado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes na França.

Confira algumas músicas da parceria entre Tom Jobim e Vinícius de Moraes:

  • “Aquarela”

  • “Chega de saudade”

  • “Derradeira primavera”

  • “Eu não existo sem você”

  • “Eu sei que vou te amar”

  • “Falando de amor”

  • “Insensatez”

  • “Garota de Ipanema”

  • “Por toda minha vida”

  • “Se todos fossem iguais a você”

Garota de Ipanema”

Embora Jobim e Moraes tenham feito várias parcerias musicais, “Garota de Ipanema” é a mais conhecida de todas. Pesquisas indicam que essa canção, mundialmente conhecida, faz tanto sucesso até hoje, porque fala sobre coisas simples da vida e as pessoas têm empatia por isso. 

Em entrevista a uma rádio no final da década de 70, Tom Jobim contou que o episódio narrado na música “Garota de Ipanema”, a mais famosa de sua carreira, realmente aconteceu.

Jobim lembrou que, no início dos anos 1960, em Ipanema, realmente havia uma garota excepcionalmente bonita. Enquanto ele e seus amigos tomavam um chopp no bar Veloso, a moça passava por lá a caminho do mar e todo mundo parava para vê-la, porque a moça “era cheia de graça”.

O compositor criou uns esboços da letra da música e os mostrou ao seu amigo Vinícius de Moraes, que também deu algumas pitadas. Assim, em 1962, nasceu a canção “Garota de Ipanema”. Em 1965, Jobim disse que a garota que serviu como inspiração para a música era real e, na época, tinha 18 anos. Ela chama-se Helô Pinheiro e até hoje tem status de celebridade.

Gravações

A garota de Ipanema existe e
chama-se Helô Pinheiro. [4]

A música foi tocada pela primeira vez em 2 de agosto de 1962, em um pequeno nightclub em Copacabana. Porém, o cantor Pery Ribeiro foi o primeiro artista a gravar a canção, no mesmo ano.

Em 1963, Jobim criou uma versão instrumental para a música e a inseriu na sua primeira produção americana chamada “O compositor desafinado”.

“Garota de Ipanema” foi interpretada em inglês por Astrud Gilberto, em março de 1963, na famosa sala de concertos Carnegie Hall, em Nova Iorque. O saxofonista de jazz Stan Getz também executou a canção por cinco minutos.

Segundo estudos, em 1967, o cantor norte-americano Frank Sinatra ligou para Jobim e pediu-lhe para gravar “Garota de Ipanema”. Com isso, a música tornou-se mundialmente conhecida, causando ainda  a explosão da Bossa Nova nos EUA.

Em 1964, “Garota de Ipanema” ganhou quatro prêmios Grammy.

A canção foi gravada por vários artistas ao redor do mundo, tais como Ella Fitzgerald, Madonna, Cher, Amy Winehouse. Alguns artistas estrangeiros costumam tocar a música nos seus shows para homenagear o Brasil e os brasileiros.

A música Garota de Ipanema foi a primeira que deu a Tom Jobim grande projeção no exterior

Pesquisas apontam que a música “Garota de Ipanema” foi gravada mais de 200 vezes ao redor do mundo. Estados Unidos, Alemanha e Japão são alguns dos países onde foram feitas gravações. Há uma lenda que diz que “Garota de Ipanema” foi a segunda música mais tocada no século 20, somente atrás da canção “Yesterday”, dos Beatles.

Graças a essa música, o pequeno bar onde Tom Jobim e Vinicius de Moraes reuniam-se para ver a “garota passar” mudou seu nome de bar Veloso para Bar e Restaurante Garota de Ipanema.

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Curiosidades de Tom Jobim

  • A música “Chega de Saudade”, de 1957, é considerada o marco do nascimento da Bossa Nova. Foi interpretada por João Gilberto.

  • Em 1960, Jobim compõe “Brasília, Sinfonia da Alvorada”, em homenagem à, então, nova capital brasileira.

  • Tom Jobim lançou seu primeiro disco solo (“The Composer of Desafinado Plays”), em 1963, em Nova Iorque.

  • Tom Jobim chegou a pedir um dicionário de rimas ao poeta Carlos Drummond de Andrade.

  • Em 1968, Jobim e Chico Buarque venceram o 3º Festival Internacional da Canção com a música “Sabiá”. Apesar do prêmio, ambos receberam vaias da plateia, que preferia a música “Para Não Dizer que Não Falei de Flores”, de Geraldo Vandré.

  • O maestro compôs trilhas de filmes nacionais como “Tempo de Mar”, 1970; “Eu te amo”, 1981; “Gabriela”, 1983; e “Para viver um grande amor”, 1983.

  • Em 1984, Tom Jobim fundou a Banda Nova, com a qual excursionou para vários países e da qual fez parte até o fim da vida.

Homenagem

O Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, também conhecido como Galeão, passou a chamar-se, em 5 de janeiro de 1999, Aeroporto Antônio Carlos Jobim em homenagem ao músico. Na placa, constam os seguintes dizeres: “Homenagem da nação brasileira ao maestro Antônio Carlos Jobim, que soube cantar a beleza da cidade maravilhosa.”

Créditos das imagens:

[1] Crédito: Correio da Manhã / Wikimedia Commons

[2] Crédito: Andre Luiz Moreira / Shutterstock

[3] Crédito: Arquivo Nacional / Wikimedia Commons

[4] Crédito: Arquivo Pessoal


Por Silvia Tancredi
Jornalista

Escritor do artigo
Escrito por: Silvia Tancredi Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

TANCREDI, Silvia. "Tom Jobim"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/tom-jobim.htm. Acesso em 26 de abril de 2024.

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