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Operadores argumentativos

Operadores argumentativos são elementos linguísticos responsáveis por evidenciar as relações e estratégias argumentativas, como conformidade, explicação etc.

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Os operadores argumentativos são elementos que servem para evidenciar as estratégias argumentativas bem como para cooperar na coesão do texto, por meio da relação entre as diferentes ideias apresentadas. Existem diversas funções que podem ser desempenhadas pelos operadores, como comparação entre argumentos, indicação de pressupostos, entre outras. Cada função possui um conjunto de elementos possíveis para ser utilizado, mas é preciso atentar-se ao contexto de uso, pois ele pode interferir ou modificar o sentido do operador.

Leia mais: Textualidade – conjunto de características capaz de garantir que algo seja percebido como texto

Tópicos deste artigo

O que são operadores argumentativos?

Os operadores são como encaixes que conectam as partes do texto e evidenciam as estratégias argumentativas.
Os operadores são como encaixes que conectam as partes do texto e evidenciam as estratégias argumentativas.

A argumentação é, segundo alguns linguistas, uma atividade fundamental da língua, tendo em vista que, sempre que falamos algo, movemos conceitos, ideias e valores em defesa de uma visão sobre o mundo. No entanto, além dessa argumentação implícita, quando temos intenção consciente de defender algumas ideias, explicitamos nossa argumentação e, para isso, utilizamos os operadores argumentativos.

Os operadores argumentativos são, assim, elementos linguísticos capazes de evidenciar os traços argumentativos do enunciado, apontando, com isso, a direção ou o sentido para o qual o texto está se voltando. Eles podem ser tanto elementos únicos, como conjunções, como também elementos mais complexos, como locuções ou estruturas com mais de uma palavra.

Alguns gêneros textuais exigem o uso de operadores, pois são gêneros que têm o tipo textual argumentativo que possui, como intuito principal, apresentar um ponto de vista sobre determinado tema, posicionando-se sobre ele e com estratégias de convencimento aos seus leitores/ouvintes, visando atraí-los ao mesmo pensamento.

A função do operador é indicar qual tipo de raciocínio e estratégia argumentativa está sendo utilizado pelo autor, por isso, na hora de escolher um conectivo para evidenciar tais relações, é necessário atentar-se ao sentido desejado, para que a conjunção dê conta de cumprir com a função almejada.

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Função dos operadores argumentativos

As funções desempenhadas pelos operadores argumentativos são diversas e atendem a diferentes demandas textuais. A seguir, segue uma lista com as principais funções dos operadores argumentativos no texto.

  • Reforçar argumento para uma mesma conclusão: quando se utiliza uma série de ideias, todas voltadas a uma mesma conclusão, e uma delas recebe uma ênfase de peso, iniciada geralmente por algum elemento que demarca essa importância, como “inclusive”.

  • Somar argumentos para uma mesma conclusão: quando se utiliza o operador argumentativo para encadear-se ideias que se somam a uma mesma conclusão.

  • Introduzir conclusão relacionada a argumento anterior: quando se utiliza o operador argumentativo para iniciar-se a conclusão relacionada a argumentos que foram apresentados anteriormente.

  • Introduzir argumentos alternativos que levam a conclusões opostas ou alternativas: quando se utiliza o operador para criar-se possibilidades ou alternativas de conclusões: “ou isso ou aquilo”.

  • Estabelecer relação de comparação para determinada conclusão: quando se utiliza o operador argumentativo para marcar-se uma comparação entre ideias que se direcionam a determinada conclusão.

  • Introduzir uma explicação: quando se explica alguma afirmação feita anteriormente e utiliza-se o operador argumentativo para marcar-se o início dessa explicação.

  • Contrapor argumentos de conclusão contrária: quando o operador argumentativo marca uma ideia de adversidade com a conclusão apresentada.

  • Introduzir conteúdos pressupostos: quando se utiliza o operador para indicar-se pressupostos de ideias que serão desenvolvidas.

Essas são as principais funções que os operadores argumentativos desempenham nos gêneros textuais que exigem a argumentação explícita. Entretanto, outras funções podem ser desempenhadas no texto, a depender da argumentação utilizada. Independentemente da função, o operador argumentativo será o responsável por evidenciar essa relação estabelecida, assim, é imprescindível que ele esteja adequado à função exigida.

Veja também: Como fazer uma redação nota 10?

Tipos de operadores argumentativos

Assim como as funções, os operadores argumentativos dividem-se em tipos. Cada grupo de operadores categoriza uma função argumentativa. A seguir, segue uma lista com a relação de função e tipos de operadores argumentativos:

  • Reforço argumentativo: “até”, “mesmo”, “até mesmo”, “inclusive”.

  • Soma de argumentos: “e”, “também”, “ainda”, “não só”, “mas também”, “acrescenta-se”, “adicionalmente”, “ademais”, “além disso”, “a mesma maneira”.

  • Introdução de conclusão: “portanto”, “logo”, “pois”, “diante do exposto”, “desta forma”, “em resumo”, “por conseguinte”, “a seguir”.

  • Introdução de conclusões opostas: “ou”, “ou então”, “quer isso… quer aquilo”.

  • Comparação entre argumentos: “mais que”, “tão… como”.

  • Introdução de explicação: “porque”, “já que”, “pois”, “isto é”, “assim como”, “no caso”, “prova disso”, “para isso”, “em consequência”, “isto acarreta”.

  • Contrapor conclusão contrária: “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”, “embora”, “ainda que”, “posto que”.

  • Introdução de pressupostos: “já”, “ainda”, “agora”.

  • Indicativo de finalidade: “a fim de que”, “visando”.

  • Indicação de conformidade ou voz de autoridade: “segundo”, “conforme”, “de acordo com”, “como salienta”, “como considera”.

  • Marcação temporal: “à medida que”, “a princípio”, “na mesma época”, “à época”, “anteriormente”, “posteriormente”.

É importante destacar que, apesar de estarem agrupados em uma mesma categoria, os operadores argumentativos não podem ser inseridos ou substituídos apenas com base nesse critério. É necessário analisar-se o contexto no qual o operador será colocado, buscando adequá-lo aos demais sentidos do texto bem como às exigências do gênero textual.

Além disso, é comum encontrar-se elementos enquadrados em diferentes classes gramaticais, como:

Isso é comum, pois os operadores argumentativos não se referem a uma categoria de classes de palavras, e sim a uma estratégia linguística na construção dos textos. É possível ainda que outros operadores sejam utilizados na produção textual, existem diversas possibilidades válidas, mas a adequação ao gênero textual é um exercício fundamental para que a argumentação seja desenvolvida com qualidade.

O bom uso dos operadores argumentativos resulta em um texto mais coeso.
O bom uso dos operadores argumentativos resulta em um texto mais coeso.

Exercícios resolvidos

Questão 1 – (Enem)

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe
Nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
Na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
No breve espaço de beijar.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983)

Nesse poema, o poeta realizou uma opção estilística: a reiteração de determinadas construções e expressões linguísticas, como o uso da mesma conjunção para estabelecer a relação entre as frases. Essa conjunção estabelece, entre as ideias relacionadas, um sentido de:

A) comparação
B) conclusão
C) oposição
D) alternância
E) finalidade

Resolução

Alternativa C. Nessa questão, há um jogo com o operador argumentativo “e”. Ele, que é comumente utilizado para adicionar informações, no poema, exerce uma função opositiva. Lendo atentamente, percebe-se que o eu lírico opõe a ideia de grandeza das coisas à pequenez de onde elas cabem, desse modo, são ideias adversativas. Além disso, se for realizada uma substituição do “e” por “mas”, o leitor perceberá que a oposição entre as ideias fica evidente.

Questão 2 – (Enem)

Os filhos de Ana eram bons, uma coisa verdadeira e sumarenta. Cresciam, tomavam banho, exigiam para si, malcriados, instantes cada vez mais completos. A cozinha era enfim espaçosa, o fogão enguiçado dava estouros. O calor era forte no apartamento que estavam aos poucos pagando. Mas o vento batendo nas cortinas que ela mesma cortara lembrava-lhe que se quisesse podia parar e enxugar a testa, olhando o calmo horizonte. Como um lavrador. Ela plantara as sementes que tinha na mão, não outras, mas essas apenas.

LISPECTOR, C. Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998

A autora emprega por duas vezes o conectivo mas no fragmento apresentado. Observando aspectos da organização, estruturação e funcionalidade dos elementos que articulam o texto, o conectivo mas

A) expressa o mesmo conteúdo nas duas situações em que aparece no texto.

B) quebra a fluidez do texto e prejudica a compreensão, se usado no início da frase.

C) ocupa posição fixa, sendo inadequado seu uso na abertura da frase.

D) contém uma ideia de sequência temporal que direciona a conclusão do leitor.

E) assume funções discursivas distintas nos dois contextos de uso.

Resolução

Alternativa E. Nessa questão, o mesmo operador é utilizado em dois contextos diferentes e também opera funções diferentes. O primeiro “mas” é utilizado para criar uma contraposição das ideias, na medida em que cria o contraste entre o calor e a dureza da vida e a brisa e as possibilidades de vida. No segundo uso, apesar da impressão de contraste, o efeito do “mas” é na verdade o de reafirmar o que foi dito anteriormente, “as sementes que tinha na mão”, isso pode ser comprovado pela substituição do “mas” pelo “e sim”, em que a ideia anterior é reforçada.

 

Por Talliandre Matos
Professora de Redação

Escritor do artigo
Escrito por: Talliandre Matos Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MATOS, Talliandre. "Operadores argumentativos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/operadores-argumentativos.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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