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Você acredita ser possível escrever um texto sem deixar explícitas — ou até mesmo implícitas — nossas intenções? Isso até poderia ser possível, mas escrever sem deixar nossas marcas ou nossa subjetividade vir à tona é um processo pra lá de difícil!
Todos os dias estamos expostos a diversos tipos de discurso. Quando sentamos para assistir à televisão, somos bombardeados por anúncios publicitários que utilizam de diversas artimanhas para convencer o consumidor a comprar determinado produto. Nas telenovelas, muito mais do que enredos e personagens, é apresentado junto à narrativa um discurso persuasivo que tenta nos vender um ideal de vida conforme determinada ideologia. Não se engane, o tempo todo somos alvo de imbricadas técnicas de persuasão. Mas você sabe o que é persuasão?
Linguagem e persuasão são elementos que caminham lado a lado. Normalmente associamos a ideia de persuasão à ideia de convencimento. Quando alguém tenta nos persuadir, temos a impressão de que a intenção que essa pessoa assume é a de nos convencer sobre algo. Contudo, a persuasão extrapola o simples ato de convencer: o ato de persuadir está intimamente associado a um discurso ideológico, subjetivo e temporal, encontrado nos discursos políticos, religiosos, na propaganda e em outros tipos de textos que interferem diretamente em nossa vontade, ainda que de maneira discreta e gradual.
O ato de persuadir é ideológico, temporal, subjetivo e particular, podendo atingir profundamente o interlocutor *
A construção da linguagem persuasiva ocorre de acordo com alguns recursos amplamente empregados, especialmente nos anúncios publicitários:
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Emprego de figuras de linguagem como comparações, analogias, hipérboles e eufemismos;
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Uso do modo imperativo nos verbos;
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Alusão ao mundo conhecido do público-alvo em uma tentativa de aproximar a linguagem ao destinatário da mensagem;
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Emprego de trocadilhos e jogos de palavras.
Vale ressaltar que persuadir nem sempre é sinônimo de convencimento por meio de um argumento de força — aquele que impõe uma ideia, impedindo relações dialógicas com o interlocutor. A persuasão também pode utilizar argumentos que visem a bons objetivos, como as propagandas institucionais, como campanhas de vacinação ou outras cujos objetivos sejam criar na população uma atitude mais reflexiva e responsável.
*Tirinha Calvin e Haroldo, de Bill Watterson.
Por Luana Castro
Graduada em Letras