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A reportagem é um gênero textual de caráter jornalístico. Ela é um texto longo, com informações detalhadas sobre determinado assunto ou acontecimento, que pode ser publicado em jornais e revistas. Já a notícia é um texto direto, curto, que informa sobre determinado acontecimento. Por apresentar caráter investigativo e analítico, a reportagem também cumpre a função de denunciar e discutir questões relevantes em nossa sociedade.
Leia também: Artigo de opinião — detalhes sobre outro gênero textual de caráter jornalístico
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre reportagem
- 2 - Videoaula sobre reportagem
- 3 - O que é reportagem?
- 4 - Principais características da reportagem
- 5 - Estrutura da reportagem
- 6 - Tipos de reportagem
- 7 - Qual a diferença entre reportagem e notícia?
- 8 - Importância da reportagem
Resumo sobre reportagem
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A reportagem é um gênero textual jornalístico que tem a função de informar.
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O texto de uma reportagem é longo e traz detalhes sobre determinado tema.
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Ela pode apresentar não só informações como também fatos e ideias.
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Como todo texto formal, apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
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O tipo de reportagem depende de sua temática, logo, existem reportagens políticas, policiais, turísticas, culturais etc.
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A reportagem e a notícia são diferentes gêneros textuais jornalísticos.
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Enquanto a notícia tem como função informar de forma direta, a reportagem tem a função de informar de forma mais detalhada e aprofundada.
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A reportagem é um gênero textual que tem grande importância social.
Videoaula sobre reportagem
O que é reportagem?
A reportagem é um texto jornalístico que tem a função de informar. É um texto longo e detalhado sobre determinado assunto. O enunciador desse texto é chamado de “repórter”, o qual apresenta fatos ou informações aprofundadas acerca de um tema da realidade.
→ Exemplo de reportagem
A seguir, vamos reproduzir alguns trechos de uma reportagem do Jornal da USP. Observe que a autora introduz o texto com a apresentação do tema da reportagem. Depois, menciona o STF e apresenta citações para dar maior credibilidade ao texto. Por fim, a autora conclui com a retomada da principal temática da reportagem, ou seja, o artigo de pesquisadoras da USP que discute a prestação de cuidados à população trans pela saúde pública:
Discriminação na saúde torna pessoas trans suscetíveis a estratégias informais de cuidado
Camilly Rosaboni
10 de março de 2023
Em um país líder mundial em transfeminicídio, a vulnerabilidade social de corpos transfemininos se dá por um conjunto de violências estruturais, que tornam o ato de existir um desafio diário. “A sociedade brasileira ainda transfóbica limita quase todas as condições materiais de existência da pessoa trans, impedindo que ela seja inserida e tenha seus direitos reconhecidos”, afirma Luz Gonçalves, pós-doutora em Estudos Culturais e de Gênero pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP. No artigo Transfeminine Bodies: Survival and Resilience Experiences in Brazil, publicado no livro Transgender Health — Advances and New Perspectives, Luz Gonçalves e a professora Silvana de Souza Nascimento, do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, analisam a saúde de mulheres trans e travestis em um ambiente social marcado pela transfobia.
[...]
Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) incluiu como crime de racismo a homofobia e a transfobia. A Lei 7.716/2018, que condena os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, também passou a abranger as condutas homofóbicas e transfóbicas, por reconhecer que o conceito de racismo ultrapassa aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos e alcança a negação da dignidade e da humanidade de grupos vulneráveis.
[...]
Luz explica que pessoas trans passam por um conjunto de violências estruturais que se repetem, envolvendo a escola, o trabalho e a família. “Em muitos casos, a pessoa sofre discriminação, é expulsa de casa, sai da escola, sofre exclusão do mercado de trabalho formal e vai passando por vários resultados que novamente alimentam a estrutura das violências”, afirma ela.
A pós-doutora em Estudos Culturais e de Gênero esboçou um modelo explicativo de ciclo de violências a que as pessoas trans estão expostas. São dinâmicas de vulnerabilização que a sociedade constrói por meio do não reconhecimento, dos discursos de ódio, da hostilidade social, da exclusão do mundo do trabalho, da estigmatização, da marginalização e da exclusão. [...].
Além de discutir sobre os grandes desafios enfrentados pelas mulheres trans para existir na sociedade, o artigo também reflete acerca de sua luta pela obtenção de recursos de saúde. “A gente mostra que as pessoas trans precisam construir saberes específicos sobre os seus próprios corpos, em parte pela dificuldade de acesso aos serviços básicos de saúde”, afirma Luz.
As autoras entrevistaram mais de 40 travestis e mulheres trans, de 16 a 40 anos, situadas principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Elas puderam observar que, independentemente de sua origem, há um projeto de ascensão social em comum: ganhar dinheiro com o trabalho sexual e acessar uma rede de consumo estético, tornando seus corpos mais femininos por meio de intervenções hormonais e cirúrgicas.
[...]
O artigo de Luz e Silvana é um capítulo do livro Transgender Health — Advances and New Perspectives, uma coletânea de textos sobre saúde trans, editada pelo médico cirurgião Carlos Miguel Ríos-González. A produção coletiva trata das políticas públicas voltadas a este público, o momento de transição e como melhorar o atendimento a pessoas trans, além de assuntos específicos sobre procedimentos cirúrgicos. Transfeminine Bodies: Survival and Resilience Experiences in Brazil busca trazer um olhar antropológico de análise à população trans e suas atuais necessidades.|1|
Principais características da reportagem
A reportagem apresenta fatos, personagens reais, ideias ou informações importantes. Ela é resultado da investigação e análise jornalística. O objetivo é trazer novidades sobre a realidade para o leitor ou receptor do texto. Portanto, ela não está fundada na imaginação ou ficção, mas sim em acontecimentos fatuais.
A subjetividade é permitida em uma reportagem, pois ela pode apresentar a visão particular do(a) repórter sobre determinado tema. Em outros casos, porém, é necessário objetividade jornalística. Por exemplo, uma reportagem sobre uma viagem à Tailândia é diferente de uma reportagem sobre uma denúncia de corrupção.
A reportagem pode apresentar elementos narrativos, expositivos ou opinativos. Ela pode ser exibida na televisão, se produzida por meio de recursos audiovisuais. Mas o que nos interessa aqui é a reportagem feita para ser publicada em jornais ou revistas, ou seja, o texto feito para ser lido.
Nesse caso, a reportagem pode ser ilustrada, mas o que sobressai é o texto verbal. A linguagem deve ser culta e se adequar ao assunto tratado no texto. Afinal, uma reportagem jurídica (mais formal) não pode usar os mesmos termos que uma reportagem esportiva (menos formal), por exemplo.
Por fim, além do discurso do autor ou da autora da reportagem, é preciso também recorrer a outros discursos, isto é, citar as falas de pessoas envolvidas no acontecimento focalizado pela reportagem ou de especialistas de áreas afins ao assunto tratado. Isso dá credibilidade ao texto jornalístico.
Veja também: Editorial — detalhes sobre outro gênero textual de caráter jornalístico
Estrutura da reportagem
A reportagem costuma apresentar um título grande e atraente, e tem a seguinte estrutura:
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Introdução: apresentação do assunto e de seu contexto.
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Desenvolvimento: detalhes, fatos, ideias, informações etc. relacionados ao tema da reportagem.
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Conclusão: comentários de caráter geral, exposição das consequências dos fatos apresentados ou a opinião final do(a) repórter.
No mais, a reportagem pode apresentar fotos, gráficos, imagens, tabelas e/ou infográficos para ilustrar as informações contidas no texto verbal. Esses recursos devem ser inseridos em pontos estratégicos do texto, em sintonia com as informações, as ideias ou os fatos expostos na reportagem.
Tipos de reportagem
O tipo de reportagem depende de sua temática. Assim, ela pode ser:
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científica;
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cultural;
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policial;
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política;
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esportiva;
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turística etc.
Qual a diferença entre reportagem e notícia?
A reportagem e a notícia são diferentes gêneros textuais jornalísticos. A notícia tem como função informar de forma direta. Normalmente, a notícia aparece acompanhada de texto não verbal, ou seja, fotos (no caso de jornais e revistas) ou elementos audiovisuais (no caso de vídeo). Já a reportagem também tem a função de informar, mas com mais detalhes, isto é, com maior aprofundamento.
Como exemplo, imaginemos que houve um feminicídio em determinada cidade brasileira. A notícia sobre o acontecimento poderia ser assim:
Uma mulher de 42 anos foi encontrada morta no seu apartamento, na manhã de segunda-feira. Vizinhos relataram que ouviram uma briga entre ela e seu marido durante a noite. O marido é o principal suspeito e está foragido. Tudo indica que esse assassinato é mais um caso de feminicídio.
Observe que o texto é direto e informa o fato sem dar muitos detalhes, mas se fosse uma reportagem, seria um texto longo, com vários parágrafos. Detalhes sobre o relacionamento do casal seriam informados. Testemunhos de vizinhos seriam reproduzidos. Haveria dados sobre taxas de feminicídio no país. Poderia haver uma análise das causas desse tipo de crime etc.
Importância da reportagem
O principal objetivo desse gênero de texto é informar, embora reportagens importantes sempre estejam associadas à denúncia. Assim, elas apontam elementos da realidade de um país, ou mesmo questões mundiais, que precisam ser encarados e discutidos.
A reportagem é sempre investigativa, já que é resultado da pesquisa de seu autor acerca de determinado assunto. Ela busca dar visibilidade a acontecimentos e temáticas importantes para uma sociedade para fazer leitoras e leitores refletirem. Por ser um texto mais aprofundado, ela contribui para a disseminação do conhecimento, que pode ser científico, social, cultural, econômico ou político.
Nota
|1|ROSABONI, Camilly. Discriminação na saúde torna pessoas trans suscetíveis a estratégias informais de cuidado. Disponível em: https://jornal.usp.br/diversidade/discriminacao-na-saude-torna-pessoas-trans-suscetiveis-a-estrategias-informais-de-cuidado/.
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; PONTARA, Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. São Paulo: Moderna, 2008. v. 1.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
ROSABONI, Camilly. Discriminação na saúde torna pessoas trans suscetíveis a estratégias informais de cuidado. Disponível em: https://jornal.usp.br/diversidade/discriminacao-na-saude-torna-pessoas-trans-suscetiveis-a-estrategias-informais-de-cuidado/.