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Poesia marginal é como ficou conhecida a poesia de caráter independente produzida no Brasil durante os anos 1970. Seus autores não dependeram de editoras para publicar suas obras. Por usarem mimeógrafo para tirar cópias das poesias, com o intuito de as distribuir ou vender nas ruas, esses poetas passaram a ser conhecidos como a geração mimeógrafo.
A liberdade formal e a ironia são características marcantes da poesia marginal. Seus autores trataram de temáticas do cotidiano, além de terem usado linguagem coloquial e antiacadêmica. Waly Salomão, Cacaso, Chacal, Torquato Neto, Ana Cristina Cesar e Paulo Leminski foram famosos poetas desse movimento literário.
Leia também: Poesia concreta — tipo de poesia que mistura palavra, som e imagem
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre poesia marginal
- 2 - O que é poesia marginal?
- 3 - Qual era o objetivo da poesia marginal?
- 4 - Características da poesia marginal
- 5 - Principais autores da poesia marginal
- 6 - Principais obras da poesia marginal
- 7 - Exemplos de poesia marginal
- 8 - Exercícios resolvidos sobre poesia marginal
Resumo sobre poesia marginal
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A poesia marginal é um tipo de literatura brasileira independente produzida nos anos 1970.
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É caracterizada principalmente pela resistência cultural e política.
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Também apresenta liberdade formal, ironia e elementos do cotidiano.
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Ana Cristina Cesar, Chacal e Cacaso foram importantes autores desse tipo de poesia.
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Seus poetas ficaram conhecidos como geração mimeógrafo.
O que é poesia marginal?
A poesia marginal é um tipo de poesia produzida no Brasil durante os anos 1970. Ela ficou assim conhecida porque seus autores não dependeram de editoras para a publicação de seus textos. Eles fizeram cópias de seus poemas e as distribuíram nas ruas ou entre amigos. Para fazer as cópias, usaram um aparelho chamado mimeógrafo. Por isso, os autores da poesia marginal também ficaram conhecidos como geração mimeógrafo.
Qual era o objetivo da poesia marginal?
Os poetas marginais buscaram fazer uma literatura independente. Por isso, não recorreram a editoras. Dessa forma, tiveram independência intelectual e política sobre seus textos. Sua poesia tem cunho de resistência, pois pretende questionar valores morais, editoriais, sociais e políticos. Assim, por meio da poesia, a geração mimeógrafo também se opôs à ditadura militar vigente no período.
Veja também: Poesia social — sua principal característica é a exposição das injustiças sociais
Características da poesia marginal
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Liberdade formal
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Ironia e humor
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Resistência cultural e política
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Caráter independente
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Inovação
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Experimentalismo
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Publicação personalizada
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Linguagem coloquial
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Subjetividade
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Antiacademicismo
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Subversão da linguagem
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Ambiguidade
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Elementos do cotidiano
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Fragmentação
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Uso de palavrões
Principais autores da poesia marginal
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Zuca Sardan (1933-)
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Francisco Alvim (1938-)
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Waly Salomão (1943-2003)
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Torquato Neto (1944-1972)
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Cacaso (1944-1987)
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Paulo Leminski (1944-1989)
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Chacal (1951-)
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Glauco Mattoso (1951-)
Principais obras da poesia marginal
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Me segura qu’eu vou dar um troço (1972), de Waly Salomão
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Os últimos dias de Paupéria (1972), de Torquato Neto
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Preço da passagem (1972), de Chacal
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Passatempo (1974), de Francisco Alvim
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Grupo escolar (1975), de Cacaso
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Línguas na papa (1982), de Glauco Mattoso
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A teus pés (1982), de Ana Cristina Cesar
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Caprichos & relaxos (1983), de Paulo Leminski
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Osso do coração (1993), de Zuca Sardan
Saiba mais: Cinco importantes poemas da obra de Paulo Leminski
Exemplos de poesia marginal
“O riso amarelo do medo”, de Francisco Alvim, é ironicamente antiacadêmico:
Brandindo um espadim
do melhor aço de Toledo
ele irrompeu pela Academia
Cabeças rolam por toda parte
é preciso defender o pão de nossos filhos
respeitar a autoridade
O atualíssimo evangelho dos discursos
diz que um deus nos fez desiguais
“Flores do mais”, de Ana Cristina Cesar, mostra a ambiguidade associada a acontecimentos naturais:
devagar escreva
uma primeira letra
escrava
nas imediações
construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais
Por fim, em “20 anos recolhidos”, de Chacal, o eu lírico expressa a inevitabilidade da mudança:
chegou a hora de amar desesperadamente
apaixonadamente
descontroladamente
chegou a hora de mudar o estilo
de mudar o vestido
chegou atrasada como um trem atrasadomas que chega
Exercícios resolvidos sobre poesia marginal
Questão 01 (Enem)
Reclame
Se o mundo não vai bem
a seus olhos, use lentes
...ou transforme o mundo
ótica olho vivo
agradece a preferência
CHACAL et al. Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2006.
Chacal é um dos representantes da geração poética de 1970. A produção literária dessa geração, considerada marginal e engajada, de que é representativo o poema apresentado, valoriza
A) o experimentalismo em versos curtos e tom jocoso.
B) a sociedade de consumo, com o uso da linguagem publicitária.
C) a construção do poema, em detrimento do conteúdo.
D) a experimentação formal dos neossimbolistas.
E) o uso de versos curtos e uniformes quanto à métrica.
Resolução:
Alternativa A
O poema tem caráter experimental, já que não utiliza uma estrutura poética já consagrada, além de apresentar ambiguidade. O poema também possui tom jocoso, ou seja, irônico, verificado, por exemplo, em “use lentes” e na última estrofe.
Questão 02 (Enem)
Aquarela
O corpo no cavalete
é um pássaro que agoniza
exausto do próprio grito.
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
que a brisa beija e balança:
o verde — de nossas matas
o amarelo — de nosso ouro
o azul — de nosso céu
o branco o negro o negro
CACASO. In: HOLLANDA, H. B. (org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
Situado na vigência do regime militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Cacaso edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando:
A) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.
B) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.
C) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a ditadura.
D) o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência.
E) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado.
Resolução:
Alternativa D
O emblema nacional, isto é, a Bandeira do Brasil, é utilizado como metáfora da violência, já que o verde, o amarelo e o azul surgem da deomposição do sangue em matizes.
Créditos das imagens
[2]Companhia das Letras (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). 26 poetas hoje. 6. ed. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.