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Poesia concreta é um tipo de poesia de caráter visual, mas que também valoriza a palavra e a sonoridade. Ela surgiu no Brasil, em 1952, e seus principais autores são os poetas brasileiros Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Esse tipo de poesia apresenta objetividade, universalidade e, algumas vezes, possui caráter metalinguístico.
Leia também: Afinal, o que é poesia?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre poesia concreta
- 2 - O que é poesia concreta?
- 3 - Características da poesia concreta
- 4 - Exemplos de poesia concreta
- 5 - Principais autores da poesia concreta
- 6 - Origem da poesia concreta
- 7 - Poesia concreta no Brasil
- 8 - Exercícios sobre poesia concreta
Resumo sobre poesia concreta
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A poesia concreta é um texto poético verbivocovisual, pois alia palavra, som e imagem.
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Esse tipo de poesia é antilírica, objetiva e possui caráter universal.
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A poesia concreta surgiu no Brasil e foi desenvolvida, concomitantemente, na Suíça e na Suécia.
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Seus principais autores são os poetas brasileiros Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos.
O que é poesia concreta?
A poesia concreta é um texto poético centrado na verbivocovisualidade, ou seja, que trabalha artisticamente a palavra, aliada ao som e à imagem. É marcada pela objetividade, pois se opõe à poesia intimista. O poema concreto é visual e, por vezes, chamado de “poema-objeto”.
Características da poesia concreta
As principais características da poesia concreta são as seguintes:
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temática universal;
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valorização do espaço da página;
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caráter objetivo;
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metapoesia;
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experimentação formal;
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antilirismo;
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antissimbolismo;
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inexistência de versos;
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verbivocovisualidade;
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plurissignificação;
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uso de elipses.
Exemplos de poesia concreta
→ Poema concreto de Haroldo de Campos
→ Poema concreto de Décio Pignatari
→ Poema concreto de Augusto de Campos
→ Poema concreto de Ronaldo Azeredo
Principais autores da poesia concreta
Os autores precursores da poesia concreta, segundo o Plano-piloto para poesia concreta, de 1958, são:
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Stéphane Mallarmé (1842-1898) — França.
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Guillaume Apollinaire (1880-1918) — França.
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Ezra Pound (1885-1972) — Estados Unidos.
Já os principais autores da poesia concreta são os seguintes:
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Salette Tavares (1922-1994) — Portugal.
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Eugen Gomringer (1925-) — Suíça.
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Décio Pignatari (1927-2012) — Brasil.
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Öyvind Fahlström (1928-1976) — Suécia.
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Augusto de Campos (1931-) — Brasil.
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Ronaldo Azeredo (1937-2006) — Brasil.
Origem da poesia concreta
A poesia concreta tem origem brasileira, mas se desenvolveu na Suíça e na Suécia ao mesmo tempo que no Brasil. Gomringer foi responsável por sua divulgação na Suíça durante os anos 1950. Já o brasileiro Fahlström escreveu o “Manifesto para a poesia concreta”, em 1953, e divulgou essa poesia na Suécia. Mas os grandes nomes da poesia concreta são os brasileiros Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari.
Poesia concreta no Brasil
Em 1952, Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos criaram a revista Noigandres, e foi por meio dela que a poesia concreta foi divulgada no Brasil. A revista surgiu com um grupo de escritores conhecido como Noigandres. Faziam parte do grupo Ronaldo Azeredo, José Lino Grünewald (1931-2000), além dos três principais poetas já citados.
Essa foi a gênese da poesia concreta no Brasil, e, a partir daí, outros poetas utilizaram o concretismo na poesia, como, por exemplo, Edgard Braga (1897-1985) e Pedro Xisto de Carvalho (1901-1987). Na poesia mais recente, os destaques são Paulo Leminski (1944-1989), Ricardo Aleixo (1960-) e Arnaldo Antunes (1960-).
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Exercícios sobre poesia concreta
Questão 1
O poema “Margina?”, do livro Festim, de Ricardo Aleixo, distribui assim quatro palavras em uma página em branco:
Sabendo-se que, em inglês, a palavra left significa “esquerda” e a palavra right, “direita”, é possível afirmar que a característica que sobressai nesse poema concreto é:
A) a valorização do espaço da página.
B) a ausência de metalinguagem.
C) o aspecto lírico da obra.
D) a versificação.
E) o antiuniversalismo.
Resolução:
Alternativa A.
O sentido do poema é construído por meio do espaço da página. O autor utiliza o som da palavra “marginal”. Mas isso é feito a partir das palavras em inglês “margin” e “all”, que são colocadas nas margens da folha de papel: esquerda (left) e direita (right). Desse modo, o poema reproduz visualmente o conceito apolítico de marginal. Há, no entanto, certa ironia nessa representação, pois tal palavra, culturalmente, está carregada de sentido político.
Questão 2
A seguir, apresentamos um trecho de um poema visual, sem título, de Arnaldo Antunes, extraído do livro Tudos:
Nesse poema de Arnaldo Antunes, a temática é o crescimento do cabelo, do pelo, da grama e da planta. A poesia concreta tende a reproduzir, visualmente, o tema de que trata. Isso fica especialmente destacado no texto por meio:
A) da repetição do verbo “cresce”.
B) da repetição da conjunção “porque”.
C) do isolamento do verbo no final do poema.
D) dos versos simétricos.
Resolução:
Alternativa C.
A repetição do verbo “cresce” e da conjunção “porque” contribui para a sonoridade do poema, que é imagético e não utiliza versos. A obra termina com o verbo “cresce” isolado, de forma a mostrar, visualmente, o crescimento de que trata o poema.
Questão 3
Analise as seguintes afirmações:
I. Haroldo de Campos, Álvaro de Campos e Olavo Bilac são poetas concretistas.
II. A poesia concreta apresenta versos livres e caráter descritivo.
III. A poesia concreta é visual, sonora e valoriza o significado da palavra.
É possível afirmar que:
A) apenas a afirmativa I está correta.
B) apenas a afirmativa II está correta.
C) apenas a afirmativa III está correta.
D) as afirmativas I e II estão corretas.
E) as afirmativas I e III estão corretas.
Resolução:
Alternativa C.
O poeta Olavo Bilac (1865-1918) é parnasiano. A poesia concreta não possui versos. Mas é marcada pelo seu caráter verbivocovisual, já que valoriza a palavra, o som e a imagem.
Crédito de imagem
[1] Daniel scandurra / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
ALEIXO, Ricardo. Festim. Belo Horizonte: Orikis, 1992.
ANTUNES, Arnaldo. Tudos. São Paulo: Iluminuras, 1990.
AZEREDO, Ronaldo. Velocidade. Noigandres, São Paulo, n. 5, 1962.
CAMPOS, Augusto de. Ver navios. Viva vaia. Cotia: Ateliê Editorial, 2014.
CAMPOS, Augusto de. Ver navios. Viva vaia. Cotia: Ateliê Editorial, 2014.
CAMPOS, Augusto de; PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Haroldo de. Plano-piloto para poesia concreta. Noigandres, São Paulo, v. 4, 1958.
CAMPOS, Haroldo de. Xadrez de estrelas. São Paulo: Perspectiva, 2008.
KHOURI, Omar. Noigandres e invenção: revistas porta-vozes da Poesia Concreta. FACOM, São Paulo, n. 16, jul./ dez. 2006.
MENEZES, Philadelpho. Poesia concreta e visual. São Paulo: Ática, 1998.
PIGNATARI, Décio. Beba coca cola. In: PIGNATARI, Décio. Poesia pois é poesia. Cotia: Ateliê Editorial/ Campinas: Unicamp, 2004.