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Poesia concreta

Poesia concreta é um tipo de poesia que trabalha artisticamente a palavra, o som e a imagem. Seus principais autores são Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari.

Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo e Augusto de Campos, importantes autores da poesia concreta.
Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo e Augusto de Campos, importantes autores da poesia concreta, durante a Exposição Nacional de Arte Concreta. [1]
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Poesia concreta é um tipo de poesia de caráter visual, mas que também valoriza a palavra e a sonoridade. Ela surgiu no Brasil, em 1952, e seus principais autores são os poetas brasileiros Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Esse tipo de poesia apresenta objetividade, universalidade e, algumas vezes, possui caráter metalinguístico.

Leia também: Afinal, o que é poesia?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre poesia concreta

  • A poesia concreta é um texto poético verbivocovisual, pois alia palavra, som e imagem.

  • Esse tipo de poesia é antilírica, objetiva e possui caráter universal.

  • A poesia concreta surgiu no Brasil e foi desenvolvida, concomitantemente, na Suíça e na Suécia.

  • Seus principais autores são os poetas brasileiros Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos.

O que é poesia concreta?

A poesia concreta é um texto poético centrado na verbivocovisualidade, ou seja, que trabalha artisticamente a palavra, aliada ao som e à imagem. É marcada pela objetividade, pois se opõe à poesia intimista. O poema concreto é visual e, por vezes, chamado de “poema-objeto”.

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Características da poesia concreta

As principais características da poesia concreta são as seguintes:

  • temática universal;

  • valorização do espaço da página;

  • caráter objetivo;

  • metapoesia;

  • experimentação formal;

  • antilirismo;

  • antissimbolismo;

  • inexistência de versos;

  • verbivocovisualidade;

  • plurissignificação;

  • uso de elipses.

Exemplos de poesia concreta

Poema concreto de Haroldo de Campos

Poema “Ver navios”, de Haroldo de Campos, um exemplo de poesia concreta.
Poema concreto “Ver navios”, de Haroldo de Campos, do livro Xadrez de estrelas.

Poema concreto de Décio Pignatari

Poema “Beba coca cola”, de Décio Pignatari, um exemplo de poesia concreta.
Poema concreto “Beba coca cola”, de Décio Pignatari, do livro Poesia pois é poesia.

Poema concreto de Augusto de Campos

Poema “Luxo”, de Augusto de Campos, um exemplo de poesia concreta.
Poema concreto “Luxo”, de Augusto de Campos, do livro Viva vaia.

Poema concreto de Ronaldo Azeredo

Poema “Velocidade”, de Ronaldo Azeredo, um exemplo de poesia concreta.
Poema concreto “Velocidade”, de Ronaldo Azeredo, do livro Noigandres.

Principais autores da poesia concreta

Os autores precursores da poesia concreta, segundo o Plano-piloto para poesia concreta, de 1958, são:

  • Stéphane Mallarmé (1842-1898) — França.

  • Guillaume Apollinaire (1880-1918) — França.

  • Ezra Pound (1885-1972) — Estados Unidos.

Já os principais autores da poesia concreta são os seguintes:

  • Salette Tavares (1922-1994) — Portugal.

  • Eugen Gomringer (1925-) — Suíça.

  • Décio Pignatari (1927-2012) — Brasil.

  • Öyvind Fahlström (1928-1976) — Suécia.

  • Haroldo de Campos (1929-2003) — Brasil.

  • Augusto de Campos (1931-) — Brasil.

  • Ronaldo Azeredo (1937-2006) — Brasil.

Origem da poesia concreta

A poesia concreta tem origem brasileira, mas se desenvolveu na Suíça e na Suécia ao mesmo tempo que no Brasil. Gomringer foi responsável por sua divulgação na Suíça durante os anos 1950. Já o brasileiro Fahlström escreveu o “Manifesto para a poesia concreta”, em 1953, e divulgou essa poesia na Suécia. Mas os grandes nomes da poesia concreta são os brasileiros Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari.

Poesia concreta no Brasil

Em 1952, Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos criaram a revista Noigandres, e foi por meio dela que a poesia concreta foi divulgada no Brasil. A revista surgiu com um grupo de escritores conhecido como Noigandres. Faziam parte do grupo Ronaldo Azeredo, José Lino Grünewald (1931-2000), além dos três principais poetas já citados.

Essa foi a gênese da poesia concreta no Brasil, e, a partir daí, outros poetas utilizaram o concretismo na poesia, como, por exemplo, Edgard Braga (1897-1985) e Pedro Xisto de Carvalho (1901-1987). Na poesia mais recente, os destaques são Paulo Leminski (1944-1989), Ricardo Aleixo (1960-) e Arnaldo Antunes (1960-).

Acesse também: Poesia social — um texto lírico que expõe os problemas sociais de um país

Exercícios sobre poesia concreta

Questão 1

O poema “Margina?”, do livro Festim, de Ricardo Aleixo, distribui assim quatro palavras em uma página em branco:

Poema concreto “Marginal”, doe Ricardo Aleixo, em uma questão do Brasil Escola sobre poesia concreta.

Sabendo-se que, em inglês, a palavra left significa “esquerda” e a palavra right, “direita”, é possível afirmar que a característica que sobressai nesse poema concreto é:

A) a valorização do espaço da página.

B) a ausência de metalinguagem.

C) o aspecto lírico da obra.

D) a versificação.

E) o antiuniversalismo.

Resolução:

Alternativa A.

O sentido do poema é construído por meio do espaço da página. O autor utiliza o som da palavra “marginal”. Mas isso é feito a partir das palavras em inglês “margin” e “all”, que são colocadas nas margens da folha de papel: esquerda (left) e direita (right). Desse modo, o poema reproduz visualmente o conceito apolítico de marginal. Há, no entanto, certa ironia nessa representação, pois tal palavra, culturalmente, está carregada de sentido político.

Questão 2

A seguir, apresentamos um trecho de um poema visual, sem título, de Arnaldo Antunes, extraído do livro Tudos:

Poema concreto, sem título, de Arnaldo Antunes, em uma questão do Brasil Escola sobre poesia concreta.

Nesse poema de Arnaldo Antunes, a temática é o crescimento do cabelo, do pelo, da grama e da planta. A poesia concreta tende a reproduzir, visualmente, o tema de que trata. Isso fica especialmente destacado no texto por meio:

A) da repetição do verbo “cresce”.

B) da repetição da conjunção “porque”.

C) do isolamento do verbo no final do poema.

D) dos versos simétricos.

Resolução:

Alternativa C.

A repetição do verbo “cresce” e da conjunção “porque” contribui para a sonoridade do poema, que é imagético e não utiliza versos. A obra termina com o verbo “cresce” isolado, de forma a mostrar, visualmente, o crescimento de que trata o poema.

Questão 3

Analise as seguintes afirmações:

I. Haroldo de Campos, Álvaro de Campos e Olavo Bilac são poetas concretistas.

II. A poesia concreta apresenta versos livres e caráter descritivo.

III. A poesia concreta é visual, sonora e valoriza o significado da palavra.

É possível afirmar que:

A) apenas a afirmativa I está correta.

B) apenas a afirmativa II está correta.

C) apenas a afirmativa III está correta.

D) as afirmativas I e II estão corretas.

E) as afirmativas I e III estão corretas.

Resolução:

Alternativa C.

O poeta Olavo Bilac (1865-1918) é parnasiano. A poesia concreta não possui versos. Mas é marcada pelo seu caráter verbivocovisual, já que valoriza a palavra, o som e a imagem.

Crédito de imagem

[1] Daniel scandurra / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.

ALEIXO, Ricardo. Festim. Belo Horizonte: Orikis, 1992.

ANTUNES, Arnaldo. Tudos. São Paulo: Iluminuras, 1990.

AZEREDO, Ronaldo. Velocidade. Noigandres, São Paulo, n. 5, 1962.

CAMPOS, Augusto de. Ver navios. Viva vaia. Cotia: Ateliê Editorial, 2014.

CAMPOS, Augusto de. Ver navios. Viva vaia. Cotia: Ateliê Editorial, 2014.

CAMPOS, Augusto de; PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Haroldo de. Plano-piloto para poesia concreta. Noigandres, São Paulo, v. 4, 1958.

CAMPOS, Haroldo de. Xadrez de estrelas. São Paulo: Perspectiva, 2008.

KHOURI, Omar. Noigandres e invenção: revistas porta-vozes da Poesia Concreta. FACOM, São Paulo, n. 16, jul./ dez. 2006.

MENEZES, Philadelpho. Poesia concreta e visual. São Paulo: Ática, 1998.

PIGNATARI, Décio. Beba coca cola. In: PIGNATARI, Décio. Poesia pois é poesia. Cotia: Ateliê Editorial/ Campinas: Unicamp, 2004. 

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Poesia concreta"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/poesia-concreta.htm. Acesso em 17 de novembro de 2024.

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