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Barroco no Brasil

O barroco no Brasil (1601-1768) foi marcado pela temática religiosa, presente em obras de artistas como o escritor Padre António Vieira e o escultor Aleijadinho.

A inspiração de São Mateus (1602), do pintor barroco e italiano Caravaggio (1571-1610).
A inspiração de São Mateus (1602), do pintor barroco e italiano Caravaggio (1571-1610). [1]
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O barroco no Brasil ocorreu entre 1601 e 1768, e sofreu influência das medidas da Contrarreforma Católica, ocorrida na Europa. Suas principais características são o fusionismo, o culto ao contraste, o cultismo e o conceptismo. Assim, as principais obras literárias desse estilo no Brasil são Prosopopeia, de Bento Teixeira; Os sermões, de Padre António Vieira; além da poesia de Gregório de Matos. Já na arte, é possível apontar as obras do famoso escultor Aleijadinho, do pintor Mestre Ataíde e do maestro Lobo de Mesquita.

Na Europa, o barroco surgiu no final do século XVI e perdurou até o século XVIII. Apesar de esse estilo ser de origem italiana, os principais autores europeus são os escritores espanhóis Luis de Góngora e Francisco de Quevedo, de onde provêm os termos “gongorismo” (cultismo) e “quevedismo” (conceptismo). No mais, é preciso destacar também os autores portugueses Francisco Rodrigues Lobo, Jerónimo Baía, António José da Silva, Soror Mariana Alcoforado, entre outros.

Leia também: Classicismo – movimento cultural europeu anterior ao barroco

Tópicos deste artigo

Contexto histórico do barroco no Brasil

No Brasil Colônia, no século XVII, a estética barroca passou a influenciar artistas no território brasileiro. Nesse período, Salvador e Recife eram os principais centros urbanos, pois a economia do país era baseada na exploração de cana-de-açúcar, concentrada no Nordeste. Salvador era a capital do Brasil, centro do poder, e lá moraram os dois principais escritores do barroco brasileiro.

A escravidão dos nativos indígenas e dos negros africanos, iniciada no século anterior, estava em curso no país. O trabalho na produção de cana-de-açúcar era, portanto, exercido por escravos. Não havia ainda uma ideia de Brasil como nação, a identidade do país estava em construção. A principal influência cultural era portuguesa. Dessa maneira, a religiosidade cristã ditava o comportamento das pessoas da época, comandadas pela Igreja Católica.

Moenda de cana-de-açúcar (1835), pintura do estilo barroco.
Moenda de cana-de-açúcar (1835), de Johann Moritz Rugendas (1802-1858).

Na Europa, no século anterior, a Reforma Protestante provocou a reação da Igreja Católica naquilo que ficou conhecido como Contrarreforma, criando medidas de combate ao protestantismo, entre elas a criação da Companhia de Jesus. Os jesuítas, responsáveis pela catequização dos índios, chegaram ao Brasil no século XVI e permaneceram no país, onde exerceram grande influência política, até o século XVIII, quando foram expulsos. O autor barroco Padre António Vieira (1608-1697) foi um dos mais importantes.

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Características do barroco

O barroco, no Brasil, durou oficialmente de 1601 a 1768 e apresentou as seguintes características:

  • Fusionismo: combinação da visão medieval com a renascentista.

  • Culto ao contraste: oposição de ideias.

  • Antítese e paradoxo: figuras de oposição.

  • Pessimismo: postura negativa diante da materialidade.

  • Feísmo: obsessão por imagens desagradáveis.

  • Rebuscamento: ornamentação excessiva da linguagem.

  • Hipérbole: exagero.

  • Sinestesia: apelo sensorial.

  • Cultismo ou gongorismo: jogo de palavras (sinônimos, antônimos, homônimos, trocadilhos, figuras de linguagem, hipérbatos).

  • Conceptismo ou quevedismo: jogo de ideias (comparações e argumentação engenhosa).

  • Morbidez.

  • Sentimento de culpa.

  • Carpe diem: aproveitar o momento.

  • Emprego da medida nova: versos decassílabos.

  • Principais temáticas:

  • fragilidade humana;

  • fugacidade do tempo;

  • crítica à vaidade;

  • contradições do amor.

Leia também: Arcadismo no Brasil – escola literária que tinha no bucolismo sua principal característica

Obras do barroco no Brasil

  • Prosa

O livro Os sermões (1679), de Pe. António Vieira, é a principal obra da prosa barroca brasileira e portuguesa, já que esse autor faz parte da literatura de ambas as nações. São textos de cunho conceptista, isto é, com uma argumentação engenhosa na defesa de uma ideia. Para a defesa de seu ponto de vista, Vieira usava comparações, antíteses e paradoxos. Bem ao estilo barroco, contrastante e contraditório, o padre aliava fé à razão, já que o conteúdo de seus textos era religioso, mas também argumentativo, ou seja, sua fé cristã era defendida por meio da razão.

Assim, o famoso “Sermão de Santo António” — “Pregado em S. Luís do Maranhão, três dias antes de se embarcar ocultamente para o Reino” —, entre outras coisas, faz uma crítica aos maus pregadores a partir de metáforas (comparações implícitas), como “o sal da terra”, em que o “sal” é o pregador e a “terra” é o ouvinte da pregação:

Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar.”

Já em “Sermão de Santo António” — “Pregado em Roma, na Igreja dos Portugueses, e na ocasião em que o Marquês das Minas, Embaixador extraordinário do Príncipe nosso Senhor, fez a Embaixada de Obediência à Santidade de Clemente X” —, é possível perceber, como marca do barroco, o paradoxo, quando Vieira diz que Santo António é “um português italiano” e “um italiano português”. Então, ele explica a contradição: “De Lisboa [Portugal], porque lhe deu o nascimento; de Pádua [Itália], porque lhe deu a sepultura”, onde se pode também perceber a antítese na oposição entre “nascimento” e “sepultura”.

Na sequência, o padre usa a metáfora “luz do mundo” para indicar que o santo levou a fé cristã para o mundo, pois, como bom português, não se manteve na terra onde nasceu, já que os portugueses são famosos pelas conquistas durante as Grandes Navegações. Assim, o padre homenageia tanto a Igreja quanto a nação portuguesa. Também é possível perceber o paradoxo quando Vieira diz que o santo saiu de Portugal para ser grande e, depois, afirma que ele era grande e, por isso, saiu:

E se António era luz do mundo, como não havia de sair da pátria? Este foi o segundo movimento. Saiu como luz do mundo, e saiu como português. Sem sair, ninguém pode ser grande: [...]. Saiu para ser grande, e, porque era grande, saiu. [...]. Assim o fez o grande espírito de António, e assim era obrigado a o fazer, porque nasceu português.”

  • Poesia

Apesar de não ser considerado de grande valor pela crítica, o livro que inaugurou o barroco brasileiro é o poema épico Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira (1561-1618). Já o maior representante da poesia barroca no Brasil é Gregório de Matos (1636-1696), que não publicou livros em vida|1|, apesar de o autor ser bem conhecido e comentado em sua época — principalmente por causa de sua poesia satírica —, devido aos manuscritos compartilhados entre seus leitores de então. Além dessa poesia crítica, o poeta escreveu também poesias sacras (de teor religioso) e poesias lírico-filosóficas (de temáticas variadas, inclusive amorosas).

 

Como exemplo de sua poesia lírico-filosófica, vamos ler um soneto clássico, metrificado e com o uso da medida nova (dez sílabas poéticas), em que o eu lírico faz a comparação de uma mulher de nome Angélica com um anjo e uma flor, bem ao estilo cultista, com o jogo de palavras em torno do nome Angélica, que vem de anjo e também é o nome de uma flor:

Anjo no nome, Angélica na cara!
Isso é ser flor, e Anjo juntamente,
Ser Angélica flor, e Anjo florente,
Em quem, senão em vós se uniformara:

Quem vira uma tal flor, que a não cortara,
De verde pé, da rama florescente;
E quem um Anjo vira tão luzente,
Que por seu Deus o não idolatrara?

Se pois como Anjo sois dos meus altares,
Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
Livrara eu de diabólicos azares.

Mas vejo, que por bela, e por galharda,
Posto que os Anjos nunca dão pesares,
Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.

Já como exemplar de sua poesia sacra, vamos ler o soneto A Jesus Cristo nosso senhor, que traz a temática do pecado e da culpa. Nesse texto, o eu lírico demonstra que, por mais que ele peque, será perdoado por Deus, pois o perdão é o que torna essa divindade um ente grandioso. Além disso, apresenta antíteses e paradoxos, como no primeiro verso, em que o eu lírico diz que pecou, mas não pecou.

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque, quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada,
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na sacra história,

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

Gregório de Matos, poeta barroco.
Gregório de Matos criticava a desonestidade e a hipocrisia dos luso-brasileiros.

Por fim, como exemplo de sua poesia satírica, vamos ler o soneto As coisas do mundo. Nele o eu lírico critica a corrupção humana, exemplificada na desonestidade do enriquecimento, na hipocrisia e nas falsas aparências. O soneto é marcado pelo cultismo (jogo de palavras), como se pode observar na última estrofe, com o trocadilho que envolve as palavras “tropa”, “trapo” e “tripa”:

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.

A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.

Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.

Autores do barroco no Brasil

  • Bento Teixeira

Há poucas informações sobre a vida do autor. Até o momento, é sabido que nasceu em Porto (Portugal), em 1561, aproximadamente. Era filho de judeus convertidos ao catolicismo, um cristão-novo, portanto. Veio para o Brasil com seus pais, em 1567, e estudou em colégio jesuíta. Mais tarde, tornou-se professor em Pernambuco, mas foi acusado, pela sua esposa, de realizar práticas judaicas.

Por isso (ou por ela cometer adultério), Bento Teixeira assassinou a mulher e refugiou-se no Mosteiro de São Bento, em Olinda, onde escreveu seu único livro. Depois foi preso, enviado a Lisboa, provavelmente em 1595, e condenado à prisão perpétua em 1599. No mesmo ano de sua condenação, recebeu liberdade condicional; mas, sem posses e doente, voltou à prisão para morrer em julho de 1600.

  • Gregório de Matos

Filho de uma família rica de origem portuguesa, o poeta nasceu em Salvador, em 20 de dezembro de 1636. No Brasil, estudou em colégio de jesuítas e, mais tarde, estudou na Universidade de Coimbra, em Portugal. Formado em Direito, trabalhou como curador de órfãos e juiz criminal, mas voltou à Bahia para assumir os cargos de vigário-geral e de tesoureiro-mor da Sé.

Foi destituído dos cargos por insubmissão e criou muitas inimizades devido às críticas que fazia em seus poemas, o que lhe garantiu o apelido de Boca do Inferno. Em 1694, foi deportado para Angola. Mais tarde, obteve permissão para voltar ao Brasil, mas não à Bahia, e morreu em Recife, em 26 de novembro de 1696 (ou 1695).

  • Pe. António Vieira

Nasceu em Lisboa (Portugal), em 6 de fevereiro de 1608. Filho de família sem posses, veio para o Brasil em 1615. Em Salvador, estudou em colégio de jesuítas e entrou para a Companhia de Jesus em 1623. Exerceu carreira diplomática em Lisboa, em 1641, e ficou amigo de Dom João IV. Mas também conseguiu inimigos em Portugal por defender os judeus.

Então voltou ao Brasil. Porém, perseguido por condenar a escravidão dos índios, retornou a Portugal em 1661, onde foi condenado pela Inquisição por heresia, mas perdoado em 1669. A partir de então, viveu por um tempo em Roma, depois novamente em Portugal e, por fim, voltou ao Brasil em 1681, onde morreu, em Salvador, no dia 18 de julho de 1697.

Veja também: Parnasianismo – movimento literário poético da segunda metade do séc. XIX

Barroco na arte

Nossa Senhora da Porciúncula, na Igreja de São Francisco de Assis, obra do estilo barroco.
Nossa Senhora da Porciúncula, na Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, de Mestre Ataíde.

A arte barroca no Brasil teve seu auge no século XVIII. Inspirados no barroco europeu, os artistas brasileiros imprimiram em suas obras elementos típicos de nossa cultura em formação (como a Nossa Senhora da Porciúncula, de Ataíde, com traços mulatos), caracterizando o rococó — mais sutil que o barroco, com cores mais suaves, traços simétricos e menos excessos —, uma transição para o estilo neoclássico. Originalmente, a arte barroca é caracterizada pelo exagero na ornamentação e nas cores, presença de traços retorcidos e predominância de temática religiosa.

No Brasil, a arquitetura privilegiou a simetria, como ocorreu nas esculturas de Aleijadinho, o mais famoso artista barroco brasileiro. Em suas obras, a dualidade mostrou-se ao aliar a simetria (razão) com a temática religiosa (fé). O barroco-rococó esteve fortemente presente em cidades como Mariana, Ouro Preto, Tiradentes (Minas Gerais) e Salvador (Bahia), na arquitetura de suas igrejas, que, aliás, abrigam em seu interior a pintura de artistas do período.

Estátua do profeta Daniel, de Aleijadinho, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG).
Estátua do profeta Daniel, de Aleijadinho, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG). [2]

Os principais artistas do barroco-rococó no Brasil são:

  • Mestre Valentim (1745-1813): escultor.

  • Mestre Ataíde (1762-1830): pintor.

  • Francisco Xavier de Brito (?-1751): escultor.

  • Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa) (1738-1814): escultor.

  • Lobo de Mesquita (1746-1805): músico.

Barroco na Europa

Apesar de o barroco ser de origem italiana, os principais autores europeus desse estilo são os espanhóis Luis de Góngora (1561-1627) e Francisco de Quevedo (1580-1645). Quanto ao barroco português (1580-1756), é possível apontar os seguintes autores:

  • Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622): A primavera (1601).

  • Jerónimo Baía (1620-1688): poema Ao menino Deus em metáfora de doce.

  • António Barbosa Bacelar (1610-1663): soneto A uma ausência.

  • António José da Silva (1705-1739), “o Judeu”: Obras do diabinho da mão furada.

  • Gaspar Pires de Rebelo (1585-1642): Infortúnios trágicos da constante Florinda (1625).

  • Teresa Margarida da Silva e Orta (1711-1793): Aventuras de Diófanes (1752).

  • D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666): Obras métricas (1665).

  • Soror Violante do Céu (1601-1693): Romance a Cristo Crucificado (1659).

  • Soror Mariana Alcoforado (1640-1723): Cartas portuguesas (1669).

Resumo sobre o barroco

- Contexto histórico:

  • Brasil Colônia;

  • Contrarreforma.

    - Características:

  • fusionismo;

  • culto ao contraste;

  • antítese e paradoxo;

  • pessimismo;

  • feísmo;

  • rebuscamento;

  • hipérbole;

  • sinestesia;

  • cultismo ou gongorismo;

  • conceptismo ou quevedismo;

  • morbidez;

  • sentimento de culpa;

  • carpe diem;

  • emprego da medida nova.

    - Autores e obras:

  • Prosopopeia, de Bento Teixeira;

  • Os sermões, de Pe. António Vieira;

  • poesias sacras, lírico-filosóficas e satíricas de Gregório de Matos.

    - Principais artistas:

  • Mestre Valentim;

  • Mestre Ataíde;

  • Francisco Xavier de Brito;

  • Aleijadinho (Antônio Francisco Lisboa);

  • Lobo de Mesquita.

Exercícios resolvidos sobre Barroco no Brasil

Leia a poesia a seguir para responder às questões 1 e 2.

TEXTO

“A inconstância dos bens do mundo”, de Gregório de Matos:

Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.

MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. São Paulo: FTD, 1998. p. 60.

Questão 1 – (UFJF - adaptado) No poema lido de Gregório de Matos, podemos certificar a seguinte característica barroca:

A) o cultismo, pelos recursos da linguagem rebuscada.

B) a religiosidade medieval e o paganismo.

C) o recurso da prosopopeia na personificação do Sol e da Luz.

D) o conflito entre a idealização da alegria e a realização da tristeza.

E) a consciência da fugacidade do tempo.

Resolução

Alternativa E. No soneto, é recorrente a “consciência da fugacidade do tempo”, pois o eu lírico demonstra sua angústia diante da passagem do tempo e da finitude das coisas.

Questão 2 – (UFJF) Ainda no poema de Gregório de Matos, a 2a estrofe expressa, por meio de perguntas retóricas, o sentimento do eu lírico. Qual opção expressa melhor esse sentimento?

A) Comoção

B) Ressentimento

C) Inconformismo

D) Vulnerabilidade

E) Alegria

Resolução

Alternativa C. Na segunda estrofe, é possível perceber o inconformismo do eu lírico devido aos seus questionamentos: “Porém, se acaba o Sol, por que nascia? / Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia?”. Ao fazer tais perguntas, ele demonstra que não se conforma com a finitude ou inconstância das coisas.

Questão 3 – (Unimontes)

“Vede como diz o estilo de pregar do céu, com o estilo que Cristo ensinou na terra. Um e outro é semear; a terra semeada de trigo, o céu semeado de estrelas. O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja.” (Sermão da Sexagésima, p. 127.)

Com o fragmento em destaque, Pe. António Vieira considera que

A) o pregador deve utilizar-se de elementos naturais na composição da arte de pregar.

B) o pregador deve desprezar as ações humanas para ser bem-sucedido na sua pregação.

C) o pregador deve recorrer a vocabulário culto e exemplos sublimes para compor seus sermões.

D) o pregador deve optar pela clareza das palavras, abandonando os jogos verbais e as inversões.

Resolução

Alternativa D. Ao dizer que “O pregar há de ser como quem semeia, e não como quem ladrilha ou azuleja”, Vieira opta pela simplicidade, pela naturalidade, isto é, pela clareza das palavras.

Nota

|1|A Academia Brasileira de Letras publicou a primeira edição de poemas de Gregório de Matos (ou atribuídos a ele), em seis volumes, entre 1923 e 1933.

Créditos de imagem

[1] PhotoFires / Shutterstock.com

[2] GTW / Shutterstock.com  

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Barroco no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/o-barroco-no-brasil.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(Faculdade Objetivo – SP)

Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos construtivos do Barroco, assinale a única alternativa incorreta:

a) O cultismo opera por meio de analogias sensoriais, valorizando a identificação dos seres por metáforas. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, a argumentação.

b) Cultismo e conceptismo são partes construtivas do Barroco que não se excluem. É possível localizar no mesmo autor e no mesmo texto os dois elementos.

c) O cultismo é perceptível no rebuscamento da linguagem pelo abuso no emprego de figuras semânticas, sintáticas e sonoras. O conceptismo valoriza a atitude intelectual, o que se concretiza no discurso pelo emprego de sofismas, silogismos, paradoxos etc.

d) O cultismo na Espanha, Portugal e Brasil é também conhecido como gongorismo e seu mais ardente defensor, entre nós, foi o Pe. Antônio Vieira, que, no Sermão da Sexagésima, propõe a primazia da palavra sobre a ideia.

e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos poetas foram os de Gôngora e Marini e o conceptismo de Quevedo foi o que maiores influências deixou em Gregório de Matos.

Exercício 2

Entre os nomes e características apresentados a seguir, destaque os que podem ser associados ao Barroco:

1. Cultismo e Conceptismo.

2. Oposição entre mundo material e mundo espiritual.

3. Padre Antônio Vieira e Gregório de Matos.

4. Preocupação com a racionalidade.

5. Gregório de Matos e Basílio da Gama.

6. Gosto por raciocínios complexos, desenvolvidos em parábolas e narrativas bíblicas.

a) 1 – 2 – 3 – 6

b) 1 – 2 – 3 – 5

c) 1 – 3 – 4 – 5

d) 2 – 3 – 4 – 6

e) 2 – 4 – 5 – 6