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A contrarreforma é entendida como a reação da Igreja Católica ao avanço do protestantismo pela Europa. Ela se deu por meio de uma série de ações realizadas pela Santa Sé, que incluíram a catequização de pessoas por meio dos jesuítas, a reativação do tribunal da Inquisição, a proibição de certos livros etc. Alguns dos princípios estabelecidos para a reforma da Igreja Católica foram debatidos durante o Concílio de Trento.
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Reforma protestante
As ações que caracterizaram a contrarreforma começaram a ser estabelecidas a partir da década de 1530, mas se deram principalmente após o Concílio de Trento. A contrarreforma é entendida por grande parte dos historiadores como um movimento de reação ao avanço do protestantismo no continente europeu.
O protestantismo surgiu na Europa com base nas críticas realizadas pelo monge alemão Martinho Lutero por meio de uma carta escrita por ele e conhecida como 95 teses. O documento escrito por Lutero tinha como objetivo iniciar um debate a respeito da utilização das indulgências como forma de conceder perdão aos pecados dos fiéis.
Lutero era contra essa prática e achava que não era um atributo do papa obrigar as pessoas a pagarem pelo perdão e salvação. Seu intuito era reformar a Igreja por meio da moralização das práticas do clero, e sua ação manifestava uma insatisfação de longo prazo que existia contra os abusos promovidos pela Igreja de Roma.
No desenrolar dos acontecimentos, Lutero acabou sendo excomungado pelo papa Leão X e foi considerado herege por Carlos V, imperador do Sacro Império. Essa repressão ao reformista naturalmente levou à sua ruptura com a Igreja, fazendo com que ele abandonasse sua posição nela. A teologia desenvolvida com base em suas ideias ficou conhecida como protestantismo.
O protestantismo espalhou-se pelo continente por diversos fatores que envolviam questões econômicas, políticas e, claro, religiosas. O uso da imprensa contribuiu para espalhar os escritos do alemão por todo o continente. O sentimento latente de insatisfação das pessoas com a Igreja Católica fez com que o protestantismo ganhasse muito espaço, sobretudo no norte europeu.
Além disso, uma série de derivações do protestantismo luterano, como o calvinismo e o anglicanismo ganharam força. Assim, regiões como a Inglaterra, Países Baixos, Suécia, Suíça, Alemanha, entre outras, presenciaram um crescimento rápido das doutrinas protestantes. A repressão a Lutero foi uma primeira reação da Igreja, mas, a partir da década de 1530, foi necessário que medidas mais assertivas fossem tomadas para garantir a primazia católica sobre a cristandade. Para saber mais sobre esse polêmico e audaciosos movimento religioso, leia: O que foi a reforma protestante?
Contrarreforma
A contrarreforma foi o esforço da Igreja Católica para barrar o protestantismo e seu avanço pela Europa. No entanto, alguns historiadores apontam que já existia de modo embrionário uma reforma na Igreja conduzida desde o final do século XV, com Francisco de Cisneros, na Espanha, sendo um caso.
Da Espanha também veio Inácio de Loyola, o fundador da Companhia de Jesus, mais conhecida aqui como Ordem Jesuíta. Alguns historiadores entendem os jesuítas como uma reação católica contra o protestantismo. Essa interpretação foi feita porque os jesuítas acreditavam na difusão do catolicismo pelo mundo por meio das missões de catequese.
Outros historiadores não entendem a fundação da Ordem dos Jesuítas, em 1535, como um acontecimento inserido em uma relação de causa e efeito, com a causa sendo a reforma protestante, mas eles concordam que seus representantes cumpriram um papel fundamental no fortalecimento da Igreja Católica a partir da segunda metade do século XVI, pois espalharam o catolicismo pelo mundo.
Umas das medidas tomadas para a reforma do clero católico foi a criação de seminários que garantiam uma melhor formação dos sacerdotes. Por meio dessa decisão, foi definido que padres deveriam estudar em seminários e que seu sacerdócio só poderia iniciar-se após completarem 25 anos. Além disso, medidas mais enérgicas foram tomadas, pois o papa Paulo III, em 1542, deu início à Inquisição Romana, uma das respostas de Roma ao crescimento do protestantismo.
A Inquisição era uma instituição que promovia a perseguição aos hereges, e sua atuação foi muito forte entre os séculos XII e XIV, perdendo um pouco de sua força durante o século XV. Por meio do papa Paulo III, a Inquisição ganhou força novamente e foi utilizada como forma de silenciar aqueles que não professavam o catolicismo.
Acesse também: Inquisição no Brasil colônia – iniciada a partir da década de 1590
Concílio de Trento
Uma ação mais efetiva para barrar o avanço do protestantismo deu-se por meio do Concílio de Trento, realizado em três ciclos entre 1545 e 1563. Um concílio é uma espécie de assembleia que reúne as maiores autoridades da Igreja para promover a discussão de pontos importantes da fé católica.
Ao longo da história, diversos concílios aconteceram, e o Concílio de Trento foi convocado pelo papa Paulo III, sendo que seus encontros aconteceram em 1545-1547, depois 1551-1552 e, por fim, em 1562-1563. Ao longo dessas sessões que se estenderam por 18 anos, uma série de decisões foram tomadas, sendo que algumas delas reforçavam princípios e práticas do catolicismo e outras tentavam estabelecer formas de fortalecer-se o combate à heresia.
Primeiramente, o Concílio de Trento debateu e reforçou algumas questões doutrinárias importantes do catolicismo. Assim, foram tratadas de questões como o pecado original, os sacramentos e questões relativas ao ritual da missa, por exemplo. Nessa questão doutrinária também foram analisados os princípios do protestantismo, e eles foram novamente rechaçados.
A infalibilidade do papa foi outra questão debatida, sendo mantida como parte da doutrina católica, e foi determinado que a venda de indulgências, o estopim da reforma protestante, estava proibida. Entretanto, o Concílio de Trento não ficou apenas nos debates litúrgicos e doutrinários do catolicismo, mas estabeleceu outras práticas para combater o avanço do protestantismo na Europa.
A proibição da circulação de determinados livros foi a principal delas. Os membros da Igreja identificaram que o protestantismo beneficiou-se bastante da circulação de ideias, o que foi possível por meio da imprensa. Esse instrumento era uma novidade e permitiu que a publicação de escritos aumentasse vertiginosamente. Assim, para impedir que os fiéis fossem influenciados por esse tipo de literatura, decidiu-se pela sua proibição.
Esse ato ficou conhecido como Index Librorum Proibitorum e continha uma extensa lista de obras. Aqueles que fossem descobertos com livros proibidos seriam julgados pelo Tribunal do Santo Ofício, o responsável pela Inquisição. Caso queira saber mais sobre o tema deste tópico, leia: Concílio de Trento.
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[1] Chintung Lee e Shutterstock
[2] Adam Jan Figel e Shutterstock